6 de junho de 2011

As cartas que não foram lidas

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Seguramente há fortunas de ensinamentos nos aguardando
Estes dias, li uma parábola que dizia o seguinte: "Uma família sofria grandes dificuldades econômicas e escreveu a parentes ricos da América do Norte lhes pedindo ajuda. Pouco tempo depois essa família recebe um pacote destes parentes. Abriram-no com grande ansiedade e euforia, pois ali estava a grande chance de melhora, porém, não encontraram nada de importante, apenas algumas coisas de pouco valor material. Zangados, jogaram a embalagem no depósito, achando que os parentes ricos, além de não os ajudarem financeiramente, também queriam divertir-se à custa de sua aflição. Na limpeza geral, que eles costumavam fazer antes da Páscoa, tudo iria para o fogo, no entanto, ao rasgar o papelão interno do pacote, o filho mais novo da família descobriu um fundo duplo, no qual havia uma carta muito atenciosa e no mesmo envelope cem mil dólares".

Quantas vezes, diante dos sofrimentos temos a mesma atitude dessa família. Na ansiedade de ver resolvido nosso problema, muitas vezes, acabamos vendo o acontecimento apenas superficialmente e jogamos no "depósito de entulhos" a riqueza que tal situação quer nos proporcionar. Tenho aprendido que, em muitas situações de sofrimento permitidas por Deus, há uma carta de amor com uma fortuna de ensinamentos escondida em algum lugar. O desafio é a acharmos e tomarmos posse do que ela nos traz.

Dessa forma, damos ao nosso sofrimento o valor que ele merece e o reconhecemos como uma graça que nos torna espiritualmente fecundos e ricos interiormente. Os fatos me fazem acreditar que somente as virtudes provadas nas tempestades da vida são capazes de atingir um grau heroico e se tornarem seguramente posse da alma.

Talvez ao longo de nossa vida já tenhamos recebido muitas "cartas" que ainda não foram lidas, as quais estão ainda nas embalagens que chegaram, entulhadas nas lembranças de nossa história.

Que tal voltarmos hoje ao "depósito de entulhos" e procurarmos ler as cartas que não foram lidas!?... Com certeza, nelas existem grandes e inumeráveis declarações do Amor de Deus e fortunas de ensinamentos nos aguardando.

Foto Dijanira Silva
dijanira@geracaophn.com

3 de junho de 2011

Comunicar a presença de Deus

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O relacionamento humano acontece num processo de comunicação
Celebramos o 45º Dia Mundial das Comunicações Sociais, com o tema "Verdade, anúncio e autenticidade de vida, na era digital". Dia que coincide com a Festa da Ascensão do Senhor, como fato que solidifica a comunicação de Deus com o Seu povo, criando possibilidade do humano se tornar divino.


Na Ascensão o Senhor Jesus volta para a casa do Pai, de onde saiu, confirmando e abrindo caminho para todo aquele que procura vivenciar a autenticidade da vida de fé e de testemunho da verdade. Esse fato acontece dentro de uma dimensão de comunicação e de relação consciente com Deus, na vivência comunitária.

O relacionamento humano acontece num processo de comunicação, seja no "calor humano", seja intermediado pelos meios da tecnologia, pelas ondas midiáticas, destacando hoje a admirável força da internet, podendo aproximar ou também distanciar as pessoas no seu relacionamento e convivência.

Os cristãos se esforçam para comunicar a presença de Deus no meio das pessoas. Foi o que fizeram os apóstolos do Senhor com o instrumental que tinham. O mesmo ocorre nos novos tempos com recursos de alta qualidade. A tecnologia é a grande aliada do anúncio da Palavra de Deus, qualificando as formas de comunicar. A mídia faz com que a comunicação transcenda os limites do próprio comunicador. É o milagre da vida que passa pelo avanço tecnológico, revelando perfeitamente o mistério de Deus e o mistério da criatura humana na capacidade de comunicação. Esta é a dinâmica com o Criador tornando possível o existir por força de Sua Palavra.

Neste dia dos meios de comunicação social damos destaque para a imprensa, o rádio, a televisão e a internet. Podemos até dizer que, para o cristão tornar-se testemunha da fé, no contexto de hoje, ele deve estar presente nesses meios, fazendo com que ali haja o espírito de vivência cristã.

A mídia, para ser autêntica, não pode ser marcada tão fortemente pelo sensacionalismo, provocadora de consumismo e maliciosa em favor da opressão e da injustiça. É fundamental ter em conta o "senhorio" de Cristo, que vence o mal com a vida.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Bispo de São José do Rio Preto

1 de junho de 2011

A disposição para receber os dons do Espírito

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Se não o escutamos, não saberemos o que Ele deseja de nós
O que podemos e devemos fazer para que o Espírito de Deus venha a nós e nos satisfaça com Seus dons? Quais devem ser nossas atividades e disposições interiores para atrair e receber ao Espírito Santo?

1- Uma primeira disposição: Deveríamos despertar ainda mais em nossos corações o desejo pelo Espírito Santo e Seus dons. É o mesmo desejo que tinham os apóstolos e a Santíssima Virgem quando estavam reunidos no cenáculo esperando o Espírito Santo prometido. É a súplica é: Vem, Espírito Santo! Esperamos-Te com ânsias, porque somos tão débeis, porque necessitamos Teu poder transformador.

Deveríamos despertar profundos afetos de ânsias para que Ele tome em Suas mãos nossa educação, nossa transformação em autênticos filhos de Deus, em homens simples com alma de criança. Por isso, temos que chegar a ser homens e mulheres que anelam pelo Espírito de Deus.

2- Uma segunda disposição: Devemos esforçar-nos mais para estar em silêncio, para estar sós e tranquilos interiormente. Trata-se de um isolamento e uma solidão repleta de Deus. As forças da alma devem estar concentradas não em nós, mas em Deus. Somente assim poderemos escutar o que o Espírito Santo nos sopra. Se ao nosso redor e, sobretudo, se em nosso interior, existe tanto ruído, tantas vozes alheias, tanto espírito mundano, então não poderemos escutá-Lo. E se não O escutamos, tampouco saberemos o que Ele deseja de nós e nos sugere. E assim nunca vamos perceber Sua presença em nossa alma nem vamos acreditar em Sua atuação e influência em nossa vida.

3- Outra disposição é a oração humilde. Diz o Padre: "Parece-me que chegou o momento em que iremos juntar as mãos e orar. Necessitamos muito mais de oração que de exercícios. Certamente, isso não quer dizer que devamos deixar de praticar o amor filial. Mas sabendo que só possuímos as velas e que é o Espírito Santo quem deve insuflá-las, nos sentimos em dependência total diante de Deus. Devemos cultivar, então, o heroísmo da oração humilde". Havemos de ser mestres da oração e da humildade.

4- Uma última disposição que atrai o Espírito Santo é o espírito mariano. Sabemos que a Virgem Maria, no Dia de Pentecostes, encontrou-se no meio dos apóstolos. E não duvidamos que, sobretudo, por sua poderosa súplica maternal o Espírito Divino veio sobre cada um deles. E assim também nós devemos unir-nos a ela na espera do Espírito Santo de Deus.
Haveremos escutado alguma vez as palavras de São Luís Maria Grignion de Montfort, que o padre-fundador repetia tantas vezes: O Espírito Santo quisera encontrar nas almas a Santíssima Virgem, quisera encontrar atitude e espírito marianos, quisera encontrar um amor profundo a ela. E quando Ele descobre numa alma a Maria, então não há alternativa que penetrar nesta alma com seus dons e realizar milagres de transformação.

E a causa disso? Como na Encarnação o Espírito Santo e a Virgem Santíssima colaboraram para que nascesse Jesus, assim o Espírito de Deus quer também hoje em dia cooperar com Maria, para que Cristo, o Filho do Pai, nasça e viva em cada alma. Por isso, não é casualidade que o Padre nos convida a ampliar nossa Aliança de Amor celebrando essa mesma Aliança também com o Espírito Santo. Então, Ele nos dará Seus dons, o dom da sabedoria, para que todos possamos conquistar o espírito filial.

Padre Nicolás Schwizer - Shoenstatt mov.apostólico
pn.reflexiones@gmail.com

30 de maio de 2011

Integrar a própria incompletude

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Quando conhecemos o que somos podemos estabelecer metas
O ser humano traz em si certa medida de incompletude e ausência, e a isso atesta a imensa "procura" que ele realiza ao longo de toda a sua vida.Todos estão sempre à procura de algo. Todos buscam incansavelmente na vida – consciente ou inconscientemente – uma realidade que os possa completar. Muitos a procuram nos vícios, alguns em amores destemperados, outros ainda no dinheiro e nas posses… Mas o fato é que, se buscarmos em fontes erradas, nossa incompletude se tornará ainda maior e nos sentiremos cada vez menos saciados.

Tal incompletude pode ser percebida nos mais variados momentos de nossa história, principalmente, naqueles nos quais parece que, irremediavelmente, nos falta algo para nos sentirmos realmente completos na vida. Essa incompletude é humana, é puramente existencial. Diante de tal constatação, o que se faz necessário para o coração que quer crescer é a madura atitude de buscar integrar as próprias ausências. Mas como realizar isso?

Para tal pergunta nem sempre respostas prontas e encomendadas serão eficazes – apesar de muitos as perseguirem e até as exigirem… Contudo, diante desse questionamento torna-se perceptível que, para que este êxito de integração aconteça, é necessário recorrer a fontes que, de fato, nos possibilitem um encontro com nossa própria identidade, e isso sem negar nossa real essência e verdade. Nesse encontro é preciso também renunciar a toda deformidade que possa ter sido agregada a essa identidade, mas que, na verdade, não é parte integrante do que essencialmente se é.

Quando conhecemos o que somos e como funcionamos, e também o que não somos – e que a vida e as circunstâncias acabaram nos acrescentando –, podemos verdadeiramente estabelecer metas que nos possibilitem compreender aonde queremos chegar, integrando, dessa forma, nossas ausências em um projeto maior.

Assim não empreenderemos energias à toa, apenas "procurando" uma forma concreta para eliminar a própria incompletude. Mas, de maneira consciente, nos reconciliaremos com esta (incompletude), dando passos concretos na busca de ideais que nos integrem e nos tornem mais completos (lembrando que isso não é uma resposta pronta e absoluta, mas somente uma provocação para construí-la…).

Conhecer-se é o primeiro requisito para integrar-se. Quem se conhece e se compreende, retirando de si inverdades assumidas, conseguirá procurar um sentido para a vida de maneira certa. Quem se assume no que é – desde que não seja em uma deformidade falsamente agregada – eliminará a parte de incompletude que brota do fato de não saber em qual direção empreender os dias.

Integrar a própria incompletude é tarefa que só se acontece a caminho. A cada passo dado, assumindo-se e assumindo um Sentido que agregue sentido à vida, as ausências se dissiparão e os vazios poderão ser portadores de infinitas presenças. Desse modo, o coração poderá se tornar mais completo e menos perdido na vida e, assim, poderá empregar seus belíssimos esforços na aquisição de uma integrada e, possível, felicidade.

Foto Diácono Adriano Zandoná
verso.zandona@gmail.com

27 de maio de 2011

Irmã Dulce, uma santa nordestina

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Deixou-nos grandes lições de vida, como a humildade
Quando se fala de santos, a tendência das pessoas é pensar naqueles que estão nos altares representados pelas imagens, ou que se encontram no céu, ou ainda num passado muito distante. De fato, inúmeros santos viveram há séculos ou há quase dois mil anos, porém, muitos outros viveram em nosso tempo. Antes de serem imagens sacras ou de chegarem ao céu, foram pessoas que viveram na terra em meio aos desafios e alegrias da vida cotidiana, como nós. Assim aconteceu com a baiana Irmã Dulce, que foi beatificada em Salvador, sua terra natal, no dia 22 de maio. Sua beatificação é relevante para todo o Brasil, porém, enaltece especialmente a Bahia e todo o nosso querido Nordeste. Sua figura e atuação vão muito além da Igreja Católica, sendo muito querida e admirada também por gente de outras denominações religiosas. Para a sua beatificação foi importante o reconhecimento de um milagre por intermédio de sua intercessão, a recuperação de uma mulher sergipana que havia sido desenganada por médicos após sofrer hemorragia durante o parto. Contudo, a sua beatificação é, acima de tudo, o reconhecimento de uma vida santa que serve de exemplo para todos nós.

Falecida em 1992, já com fama de santidade, a Irmã Dulce, conhecida como o "Anjo bom da Bahia", chamava-se Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. Ao tornar-se religiosa na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, passou a ser chamada Irmã Dulce. Quando enferma, teve a graça de ser visitada pelo beato Papa João Paulo II, em 1991.

Ela nos deixou grandes lições de vida como a humildade, a caridade, o serviço, a solidariedade e a partilha, motivada pela fé em Cristo e animada por uma vida intensa de oração. Consagrou-se a Deus servindo aos que sofrem e testemunhando o valor da vida dos que não têm a própria dignidade e direitos reconhecidos. Dedicou-se, com admirável caridade, ao serviço dos pobres, dos desamparados e dos doentes, reconhecendo neles o rosto sofredor de Jesus Cristo. Confiando na Divina Providência e contando com a solidariedade das pessoas, fundou diversas obras sociais e estabelecimentos, dentre os quais se destaca o renomado Hospital Santo Antonio, em Salvador, em cuja capela encontra-se sepultada. Louvamos a Deus pela nova beata declarada pela Igreja, Irmã Dulce, assim como, por tantas mulheres e homens que se dedicam generosamente ao serviço da caridade em nossas famílias, hospitais, casas de acolhida e comunidades. "Beato", isto é, "feliz" quem vive o mandamento do amor que Jesus nos deixou, como fez Irmã Dulce.

 

Saiba mais sobre a Beatificação de Irmã Dulce

Dom Sérgio da Rocha
Arcebispo de Teresina – PI

25 de maio de 2011

O tesouro da honradez

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Não se pode relativizar princípios e normas morais
O evangelista João narra no final do primeiro capítulo do seu Evangelho o elogio à honradez de Natanael, que encontrado por outro discípulo, Filipe, foi abordado com a boa nova de ter encontrado Jesus. Ao ouvir a notícia Natanael reagiu, fazendo consideração preconceituosa ao expressar descrédito a respeito do que poderia ter de bom em Nazaré, na Galileia. O comentário de Jesus, dirigindo-se a Natanael, foi que ele era um verdadeiro israelita, no qual não havia falsidade. Este ficou surpreso e quis saber de onde Jesus o conhecia. A resposta, carregada de simbolismo, indica que o Mestre o vira debaixo da figueira. O contexto revela que era um homem sério e de fé, para além dos próprios limites. Porém, banhado por preconceitos, frutos de sentimentos ou de inteligência estreitos, mas que privilegiava a busca da verdade e do bem.


Essa cena evangélica remete a pessoa humana e as instituições à seriedade da condição moral, tocando o exigente desafio de articular princípios e valores como garantia de condutas e abordagens que teçam a honradez como tesouro indispensável para a vida pessoal, social e política. Honradez se constrói com honestidade. No entanto, está comprometida na consideração quanto à honra como valor, a qual, parece, está em baixa no tempo atual. Explica-se a confusão pela qual passam instituições, grupos, famílias e outros segmentos da sociedade. Não se pode omitir a desordem entre instituições brasileiras, uma imiscuindo-se no que é próprio da outra, exorbitando competências.

A honradez que sustenta e dá consistência se compromete facilmente em razão da falta de fidelidade. Isso exige sacrifício e coerência com princípios, identidades e, também, com o prometido no assumir lugares, cargos, responsabilidades, missões e tarefas próprios de cada instituição, partido ou instância. A avaliação da honradez é um balizamento que articula o que se assume como postura e obrigação, em confronto com princípios éticos e morais que norteiam a instituição à qual se pertence, ao partido afiliado, à academia na qual se ocupa um lugar, ao clube escolhido... Não pode ser diferente ao se tratar de instituição religiosa.

É interessante ouvir falar de fidelidade partidária. Sua desconsideração, em razão de jogos ideológicos e interesses cartoriais, ou os mesquinhamente individuais, provoca a lambança política que desfigura um parlamento, usurpado no poder próprio pela corte suprema, aplaudida como corajosa - embora com ato inconstitucional; transforma uma assembleia legislativa em palco de negociatas, ou câmaras municipais um lugar de mediocridades. O politicamente correto vence e, como afirmam juristas respeitados, o Parlamento não tem coragem de anular a decisão de um Supremo Tribunal Federal (STF) que usurpou sua competência constitucional.

Não é diferente quando o tesouro da honradez se compromete por parte de religiosos e, em particular, dos que assumem lugares e condições consagradas no serviço e na fidelidade a princípios e valores éticos e morais da fé que professam. Sob pena de equívocos graves e comprometedores na profissão de fé, não se pode radicalizar, por exemplo, no âmbito social e relativizar em questões e princípios morais.

É preciso retomar o assunto abordado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) quanto à união estável de pessoas do mesmo sexo, ao afirmar: "a diferença sexual é originária e não mero produto de uma opção cultural". A afirmação de que todos merecem respeito nas opções que fazem, com repúdio a todo tipo de violência e discriminação, não pode relativizar princípios e normas morais que permitam equiparar, pura e simplesmente, a família com a união estável entre pessoas do mesmo sexo. A fidelidade a valores, princípios e normas morais dá à Igreja o direito - e é um dever que tem – de questionar e confrontar-se com instituições, como o STF, a propósito de interpretações que levam a equívocos e comprometimentos éticos na política.

Voltando ao tema da honradez, é natural pressupor que a profissão da fé cristã católica tenha em conta essa orientação e esse embasado entendimento. Particularmente, é uma exigência para os que se consagram à missão do anúncio dessas verdades. O compromisso com a honradez é evidente pelo comprometimento da fidelidade prometida. Fica, então, evidente a manipulação de oportunidades e o usufruto indecente de benesses institucionais, chamando ações disciplinares e correção de rumos para não comprometer o que conta para todos os cidadãos, em especial para o discípulo de Jesus, o tesouro da honradez.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte

23 de maio de 2011

Caminho, Verdade e Vida

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Temos modos de proceder que implicam moralidade
Três palavras envolventes, relacionadas à realidade de cada pessoa humana, que marcam o perfil de sua identidade e de seu ser. A prática de cada uma delas depende da forma da ação humana a partir da liberdade e da capacidade de atuação.


A Sagrada Escritura dá a Jesus Cristo e à Sua missão como Filho de Deus o qualificado de Caminho, Verdade e Vida. De "Caminho" quando Ele mesmo diz: "Segue-me...". De "Verdade" tendo como base a Sua coerência nas ações. E de "Vida" quando na cruz venceu a morte ressuscitando.

Na origem de tudo está o exercício responsável de nossas ações. Isso tanto na vida profissional como no empenho pela transformação da sociedade, na humanização, no mundo da cultura, entre outros. Toda pessoa deve agir de forma coerente na construção de uma realidade nova.

Podemos aqui falar da dimensão de pastor e ovelha, de assentimento mútuo, englobando Caminho, Verdade e Vida. É uma porta de entrada no ambiente saudável, sem corrupção, sem inverdades e de respeito incondicional à vida, seja de pastor e de ovelha.

Temos modos de proceder que implicam moralidade e responsabilidade nos seus frutos. O que deve estar em jogo é o valor da vida e da verdade como o fez Jesus na prática de construção do Reino de Deus. Isso supõe amor e fidelidade até o fim.

O nosso modo de agir cristão deve ter um selo de garantia, de atuação do Espírito de Deus em Jesus Cristo como Caminho, Verdade e Vida. Não podemos trair a nossa fé, jogando por terra as habilidades que recebemos como virtudes e dons para o bem comum.

As atitudes desumanas desabonam o nosso caminho e nos deixam fragilizados para produzir os frutos que contribuem com a vida como Dom de Deus. Assim sendo, deixamos de ver "além de nossos horizontes", e a vida perde o seu real sentido.

Ser cristão não é apenas proclamar um credo de voz alta ou de pertencer a alguma instituição, mesmo religiosa, mas colocar na própria vida as riquezas do Deus-Amor, que significa trilhar os caminhos, a exemplo de Jesus Cristo.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Bispo de São José de Rio Preto