15 de março de 2011

Pobreza

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Não pode ser considerada somente como antônimo de riqueza
A riqueza e a pobreza não se distinguem apenas por elementos econômicos; sem dúvida, esses elementos constituem referências básicas, porém, há outros aspectos a considerar como, por exemplo, a face social, a expressão ética, o caráter moral e a dimensão religiosa. Com efeito, riqueza e pobreza situam pessoas, grupos e povos em lugares e posições muito diferentes, criando, em muitos casos, um verdadeiro fosso que, socialmente, os distancia. De conformidade com a concepção ética que têm as pessoas, a luta pelo aumento da riqueza e o interesse pela manutenção da pobreza são considerados totalmente normais; sem o alicerce dos valores morais, justifica-se "a exploração do homem pelo homem"; se faltar a dimensão religiosa na vida das pessoas, o materialismo e o consumismo levam à exclusão social.

A intervenção dos poderes públicos, por intermédio de políticas públicas pertinentes, faz avançar a qualidade de vida da população; sua omissão nessa matéria deixa marcas comprometedoras. Embora se constate, no Brasil dos últimos, um índice de crescimento da qualidade de vida da população, ainda permanece muito distoante o quadro da realidade social, de modo que muitos se encontram "abaixo da linha da pobreza". No Brasil: conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), "a proporção de brasileiros em pobreza absoluta (...) é de 28,8%. Segundo a regra adotada pelo referido instituto, estão em pobreza absoluta os membros de famílias com rendimento médio por pessoa de até meio salário mínimo mensal". Segundo as estatísticas sociais e econômicas, "A taxa de pobreza está caindo desde 2003 no Brasil". Conforme relatório do Banco Mundial (Bird), "Enquanto as desigualdades de renda se agravaram na maioria dos países de renda média, o Brasil assistiu a avanços dramáticos tanto em redução da pobreza quanto em distribuição de renda"(...). "A desigualdade permanece entre as mais altas do mundo, mas os avanços recentes mostram que nem sempre o desenvolvimento precisa vir acompanhado de desigualdade".

O magistério da Igreja tem clareza sobre o que é a pobreza, como ensina João Paulo II: "O espírito de pobreza vale para todos e cada um necessita colocá-lo em prática, de acordo com o Evangelho". Bento XVI diz o que não é a pobreza: "É este ponto decisivo, que nos faz passar ao segundo aspecto: há uma pobreza, uma indigência, que Deus não quer e que é 'combatida' – como diz o tema da atual Jornada Mundial da Paz; uma pobreza que impede as pessoas e as famílias de viverem segundo sua dignidade; uma pobreza que ofende a justiça e a igualdade e que, como tal, ameaça a convivência pacífica. Nesta acepção negativa cabem também as formas de pobreza não material que se reencontram justamente nas sociedades ricas e progredidas: marginalização, miséria relacional, moral e espiritual" (cf. Mensagem para a Jornada Mundial da Paz 2008, 2). Na Sagrada Escritura, veem a pobreza, diferentemente, os bons e os maus: "É boa a fortuna, quando não há pecado na consciência; mas péssima é a pobreza, na opinião do ímpio" (Eclo, 13,30). Jesus considera bem-aventurados os pobres (cf. Mt 5,3).

A pobreza tem sua dignidade; há pobres, por convicção, que também a têm porque assimilam o valor da pobreza, incorporando-a ao seu "modus vivendi". A pobreza não pode ser considerada tão somente como antônimo de riqueza; por conseguinte, ela não é definida, propriamente, como falta de dinheiro e de bens. É claro que a face econômico-financeira é a identificação mais imediata da pobreza. Torna-se antievangélico, em qualquer tempo e lugar, o estado de pobreza que chega ao nível da miséria porque atinge a dignidade humana.

Dom Genival Saraiva
Bispo de Palmares - PE

11 de março de 2011

A personificação da caridade

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Uma mulher que jamais perdeu a oportunidade de falar do amor
Madre Teresa de Calcutá é a personificação da caridade. Poucos na história se dedicaram tanto ao próximo e se assemelharam tanto a Nosso Senhor Jesus Cristo como ela. Deixou a segurança do convento, no qual lecionava havia cerca de 20 anos na Índia, para ir às ruas cuidar dos miseráveis, doentes e moribundos, por não mais conseguir ver tanta dor e descaso e ficar indiferente à situação a que todos esses excluídos de Calcutá eram submetidos, pois além da miséria e das doenças, estes eram desprezados, humilhados e abandonados. A maioria destes nunca teve um lar, nem um banho quente ou uma refeição feita na hora, tampouco um beijo na face...


Assim viveu ela: de esmolas, contando unicamente com a Divina Providência, sem endereço fixo durante anos, cuidando e amando esses pequeninos de Deus, até conseguir um espaço para abrigar "os mais pobres dos pobres". Depois de muita luta, persistência, escárnio e, sobretudo, fé, fundou a Congregação das Missionárias da Caridade com a adesão de algumas antigas alunas, no início, e mais tarde de outras jovens, que, pouco a pouco, foram chegando atraídas pelo testemunho.


Dedicou toda a vida, da juventude à velhice, a esses desvalidos por ver neles o rosto de Cristo.


"Nós queremos que eles saibam que há pessoas que os amam verdadeiramente. Aqui eles encontram a sua dignidade de homens e morrem num silêncio impressionante... Deus ama o silêncio.

Os pobres não merecem só que os sirvamos, merecem também a alegria e as Irmãs oferecem-na em abundância.
O próprio espírito da nossa congregação é de abandono total, de amor confiante e de alegria... É a nossa regra, para procurarmos 'fazer alguma coisa de belo por Deus!'", afirma a beata.

Essa grande mulher de Deus jamais perdeu a oportunidade de falar do amor de Deus a todos que conhecia, independente da religião ou posição social destes. - "Vamos, primeiro, cumprimentar o Dono da casa", dizia ela, referindo-se a Jesus Sacramentado, assim que chegavam para visitar os acolhidos por ela.

Amou, como poucos, aqueles que são desprezados por todos, fez da vida uma profissão de fé, de esperança e caridade, com gestos concretos de desprendimento e doação ao próximo, ensinando-nos que, como cristãos, somos chamados a amar, a agir e a não "nos acomodar em nosso comodismo".

Madre Teresa é modelo de caridade e coragem para todas as mulheres. Deus nos criou como "a ajuda adequada" (cf. Gênesis 2, 18) e a Palavra em Provérbios, 31,10-31, fala da "mulher virtuosa", por isso devemos deixar uma marca de amor e generosidade por onde passarmos. 

Que, como esse sacrário vivo do amor, possamos semear bondade por onde passarmos, contribuindo na construção de um mundo mais humano e fraterno.

Pois Jesus nos assegura: "Tudo o que fizerdes a um dos meus pequeninos, é a mim que o fazeis" (Mateus 25, 40).

Denise Dinkel
Portal Canção Nova

9 de março de 2011

O pecado nos prejudica?

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O espírito de permissividade exige liberação de todos os tabus
Com o nobre intuito de nos libertar dos complexos de culpa, das fixações mórbidas e das doentias tendências para escrúpulos intermináveis, a humanidade joga duro contra a existência do pecado. O espírito de permissividade exige liberação de todos os tabus. Não há mais limites para as mentes livres. Praticar atos ilícitos seria uma busca de saúde mental. Garantiria uma consciência leve. Seria a libertação das inibições destruidoras. O que nos liberta, no entanto, é a verdade e não a enganação.

"A verdade vos libertará" (Jo 8, 32), já avisava Jesus. Uma personalidade madura sabe distinguir entre um desarranjo psicológico e uma culpa verdadeira, que devemos reconhecer. O pecado é um mal, que nos fere no nosso "eu". O Criador generoso, conhecendo a nossa constituição, para evitar o caminho dos desvios, já nos deu as instruções sobre o que devemos fazer positivamente e o que devemos evitar. Se praticamos o mal a nossa alma fica ferida. No "self" se aninha o descontentamento. Não podemos ficar em paz porque fizemos o mal ao nosso semelhante; ofendemos o amor paterno de Deus; e cedemos às más tendências do egoísmo. Com isso nos afastamos dos irmãos. Você quer conhecer uma personalidade mais sadia do que a de São Paulo? E ele dizia com convicção: "Jesus Cristo veio para salvar os pecadores, dos quais eu sou o primeiro" (I Tim 1, 15).

Existe remissão do pecado? A minha consciência pode ser purificada dessa potência maléfica? A primeira condição é reconhecer o erro. "Tende pena de mim que sou pecador" (Lc 18, 13) dizia o publicano. E junto com isso, devemos avivar a fé na pessoa de Cristo, que é o grande libertador. Assim começamos a arrebentar a rede de permissivismo que perpassa o mundo de hoje. Quem quer se livrar do peso inútil do mal, particularmente quando se trata de faltas menores, deve fazer obras de caridade em favor do próximo, ler com fé a Sagrada Escritura, amar a Deus especialmente na oração, participar de celebrações litúrgicas. Isso nos purifica e centra a alma. Mas, sobretudo, devemos nos aproximar do sacramento da penitência, sacramento concedido por Jesus, que tem o poder de perdoar qualquer pecado. Não seria uma ótima tarefa para a Quaresma que se inicia?


Dom Aloísio Roque scj - Arcebispo de Uberaba (MG)
domroqueopp@terra.com.br

4 de março de 2011

Camisinha: uma "roleta russa" no combate à Aids

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O uso da camisinha não é absolutamente seguro
A verdade cientificamente verificada é que o uso da "camisinha" não é absolutamente seguro. Inúmeras pesquisas têm sido feitas a esse respeito nos meios científicos, como estudos de microscopia eletrônica e testes de passagem de micropartículas.


Pesquisa realizada com Richard Smith, um especialista norte-americano sobre a transmissão da Aids, apresenta seis grandes falhas do preservativo, dentre as mencionadas por ele, por exemplo, há a deterioração do látex, ocasionada pelas condições de transporte e armazenagem.

Tomadas, porém, todas as precauções e conseguindo-se que os preservativos cheguem em perfeitas condições aos usuários, seriam ainda seguros para prevenir a Aids, pergunta-se o autor? Sua resposta é esta: "Absolutamente não. O tamanho do vírus HIV é 450 vezes menor que o espermatozoide. Esses pequenos vírus podem passar entre os poros do látex tão facilmente em um bom preservativo como em um defeituoso".

Levando-se em conta o resultado dessas investigações, poderíamos dizer que, servir-se de um preservativo para proteger-se contra o vírus HIV, significa, tanto como, apostar nos resultados de uma "roleta russa". Com mais de uma bala no tambor, no caso em que a prática sexual se torna mais frequente e promíscua ao sentirem-se os usuários, persuadidos pela propaganda, com absoluta segurança no uso da "camisinha". Deste modo, tanto mais aumentará a probabilidade de um contágio quanto mais aumentarem a promiscuidade e o falso convencimento de proteção oferecida pelo método.

Por essa razão, o risco de infecção, ainda que reduza a percentagem de perigo a uns 10% - em realidade pode ser maior – e, evidentemente excessivo.

Que educador, pai, amigo consentiria que um filho ou uma pessoa amada embarcasse num avião que tem 10% de probabilidade de espatifar-se no chão?

A propaganda para difundir o uso do preservativo é, por isso mesmo, totalmente inadequada porque, por um lado, favorece a proliferação da promiscuidade e, por outro, não evita devidamente a contaminação. Dessa forma, em vez de se tornar um método inibidor da doença, torna-se, de fato, um método propagador dela.

Pedagogicamente, corre-se o risco de que a campanha venha a ser entendida assim: "Tenha relações sexuais, basta tomar as devidas precauções". Não seria essa uma forma de incentivar a prática do sexo prematuro?

Se as adolescentes e os adolescentes viessem a ser induzidos a pensar que é normal a prática do sexo precoce, prestar-se-ia um péssimo serviço a uma educação sadia e enriquecedora.

Não se pode mudar a ordem natural em função de uma solução imediatista e inadequada que, além de não solucionar o problema da proliferação da Aids, propicia e incentiva a prática desregrada do sexo.

Trecho do livro Sexualidade, o que os jovens sabem e pensam de padre Mário Marcelo Coelho*

*Padre Mário Coelho, sacerdote do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos), mestre em Teologia, autor e assessor
na área de Bioética e Teologia Moral. Professor da Faculdade Dehoniana.

2 de março de 2011

Vão-se as máscaras e ficam os filhos

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Neste carnaval você pode escolher entre o ser e o representar
Existe um velho ditado popular que diz: "Vão-se os anéis e ficam-se os dedos!" Fazendo um trocadilho, podemos dizer que, no carnaval, vão-se as máscaras e ficam ....?


Nas máscaras caídas, após uma grande noite de carnaval, podem ser encontrados pedaços de pessoas. Olhando mais de perto, encontramos as lágrimas daqueles que saíram envolvidos por uma máscara e, por alguns dias, se transformaram em grandes atores fazendo o papel de uma vida que não lhes pertencia, e por fim, caíram no chão, como o resto de suas fantasias.

A palavra "persona", no uso coloquial, significa um "papel social" ou "personagem" vivido por um ator. É uma palavra italiana derivada do latim e que se refere a um tipo de máscara feita para ressoar a voz do ator (per + sonare = "soar através de"), permitindo que fosse bem ouvida pelos espectadores, assim como dar ao ator a aparência exigida pelo papel. A máscara é usada para fazer ecoar um personagem.

Personagens, no entanto, são os objetos de uma história. Pode ser um homem ou animal, mas sempre é um ser fictício, um objeto ou qualquer coisa que o autor quer representar.

Personagens são encontrados em obras de literatura, cinema, teatro, televisão, desenho, videogames, marketing. Existem para isso, ou seja, são seres irreais que dão forma a uma ideia. Nós não somos personagens, não precisamos de máscaras para inventar nossas histórias, não precisamos nos servir delas para que a nossa voz seja ecoada. Pois Deus nos criou à Sua imagem (cf. Gn 1,27), assim, não devemos agir como escravos das máscaras que fomos colocando ao longo da vida.

Neste carnaval você pode escolher entre o ser e o representar, mas lembre-se de que todos nós somos frutos de nossas escolhas e devemos conviver com as consequências delas. Não são poucos jovens que, durante estes dias de festa, se decidem por representar com o uso das drogas, da violência e do sexo desregrado e sem limites e, no final de 4 dias de "folia", o ser está despedaçado, como objetos que foram usados e depois jogados fora.

Portanto, ao longo do caminho, mesmo que pedaços de nós estejam no chão, somos chamados a recolher nossos cacos, levantar a cabeça, e recomeçar, sem mascaras, livres, pois, já não somos mais escravos, mas sim, filhos; e, como filhos, também somos herdeiros: isto é obra de Deus (cf. Gl 4,7).

Assim, vão-se as máscaras e ficam os filhos, eleitos, livres, criados à imagem e semelhança do Pai.

Ricardo Gaiotti Silva
Advogado, missionário da Comunidade Canção Nova

ricardo@geracaophn.com

28 de fevereiro de 2011

A Moralidade é Ouro

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É preciso criar o gosto pela transparência e pelo que é honesto
A sociedade está povoada de notícias que comprovam o quanto a corrupção e a desonestidade estão corroendo relações, provocando prejuízos irreversíveis na vida de cidadãos e de famílias, com sérios comprometimentos sociopolíticos. A confiança que se deposita em pessoas, no exercício de suas responsabilidades funcionais e ofícios, está e certamente continuará sendo abalada. O mesmo ocorre também na relação com as instituições, que têm tarefas de proteção aos direitos e à integridade de todos, constituídas para proteger o bem público, garantir a ordem e a justiça. Quando menos se espera, estouram aqui e ali acontecimentos que provocam decepção e generalizam a insegurança. Não se esperam conivências interesseiras dos que têm tarefa de garantir a justiça. Conveniências que comprometem a vida de jovens e de outros que têm seus sonhos inviabilizados de maneira irreversível.


As providências que governos, instituições e outras instâncias da sociedade precisam e devem tomar diante de fatos graves no tecido social e cultural, não podem retardar mais a consideração da moralidade como ouro na história de todos. Esse cenário, com suas violências, desmandos, corrupções, tráficos e outras condutas imorais, é origem de tudo o que esgarça o tecido moral da cidadania. Valor que é a base para vencer seduções e ter força para permanecer do lado do bem, com gosto pela justiça e fecundo espírito de solidariedade. É imprescindível redobrar a atenção quanto à moralidade que baliza a vida de cada indivíduo e regula suas relações. É urgente e necessário avaliar o quanto o relativismo tem emoldurado critérios na emissão de juízos, na formatação de discernimentos, trazendo direções equivocadas e prejudiciais nas escolhas, tanto no âmbito privado quanto no exercício da profissão, da política e de outras ocupações na sociedade.

É preciso diagnosticar esses pontos críticos na moralidade sustentadora da conduta cidadã e honesta. Não se pode desconsiderar a gravidade da situação vivida neste tempo de avanços e conquistas - marcado pela "démarche" (disposição para resolver assuntos ou tomar decisões) - imposta pela falta de moralidade pública, profissional e individual. Jesus, em Seus preciosos ensinamentos para bem formar os discípulos, não deixava de advertir e indicar critérios para comprovar os comprometimentos da moralidade. Ele dizia que "o irmão entregará o irmão à morte, o pai entregará o filho; os filhos ficarão contra os pais e os matarão", convidando-os para não se escandalizarem e a permanecerem firmes diante do caos provocado pela imoralidade. A decomposição das relações familiares configura o paradigma da perda da moralidade, considerando a família com seu insubstituível papel de formadora de consciência.

Com a família, o conjunto das instituições educativas, religiosas e outras prestadoras de serviços à sociedade, é preciso fortalecer o coro de vozes, como o fez a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), quanto à necessidade de incluir na pauta da sociedade a compreensão da moralidade como um tesouro do qual não se pode abrir mão. Sua ausência significa a produção de perdas irreparáveis, de vidas, de credibilidade e de conquistas e avanços de todo tipo, pelos inevitáveis comprometimentos advindos de uma cultura permissiva e cega a valores balizadores da vida cidadã. Nesse âmbito, é preciso retomar a tematização da responsabilidade dos meios de comunicação - também sublinha a CNBB. A apurada qualidade técnica e os admiráveis recursos da mídia, em particular da televisão, lamentavelmente, estão a serviço de programas que atentam contra a dignidade humana. Não se pode simplesmente ajuizar que os cidadãos são livres para escolher o que é de baixo nível moral. É melhor não produzi-los. Então, é preciso combatê-los, investindo na formação da consciência moral, com uma consistência tal que se rejeite, com lealdade, os fascínios da celebridade fugaz, o gosto mórbido pelo dinheiro e pelo poder, e substituí-los pelo apreço ao bem, à verdade; criar o gosto pela transparência e pelo que é honesto.

As culturas e as sociedades não podem prescindir de investimentos, abordagens e compreensões da consciência na sua insubstituível e específica função de discernimento e juízo moral. É urgente superar considerações de que tratar e investir na moralidade é um viés antigo, e até superado. A liberdade e a autonomia que caracterizam a sociedade contemporânea não podem prescindir do exercício dos valores morais sob pena de continuarmos a fabricar o precioso tempo do Terceiro Milênio como um tempo de abominação da desolação.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

25 de fevereiro de 2011

Nós colhemos o que semeamos

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Se deseja mais amor neste mundo, semeie amor ao seu redor
O quanto e como damos é a medida do que recebemos. O banco da vida é justo e nos devolve o mesmo que antes depositamos. São Paulo nos adverte, baseado em sua própria experiência: "O que alguém tiver semeado, é isso que vai colher. Quem semeia na sua própria carne, da carne colherá corrupção; quem semeia no espírito, do Espírito colherá a vida eterna" (Gal 6, 7-8).


No Cânion do Colorado, um pai passeava com seu filho de sete anos. A manhã estava quente e o sol resplandecia num céu aberto. De repente, o pequeno cai, machuca o joelho e grita: "aaaaaahhhhh!!"

Para sua surpresa, ouve uma voz oculta que também se queixa: "aaaaaaaaahhhhhhh!!"

Curioso o menino grita: "Quem está aí?"

Das profundezas do Cânion, uma voz lhe faz a mesma pergunta: "Quem está aí?"

Irritado com a resposta anônima, o menino grita: "Covarde, por que se esconde?".

Do outro lado, alguém lhe responde agressivamente: "Covarde, por que se esconde?".

O menino olha para o pai e pergunta: "Que acontece?".

O pai sorri e lhe diz: "Meu filho, preste atenção".

Então, o pai grita para a montanha: "Te admiro".

Do fundo do Cânion, alguém lhe confessa várias vezes: "te admiro, te admiro, te admiro".

Mais uma vez o homem exclama: "És um campeão".

A voz lhe responde: "És um campeão, campeão, campeão".

O pai sussurra em voz baixa: "Te amo".

A voz lhe responde com suavidade: "Te amo, te amo, te amo".

O pequeno fica espantado, porém, não entende.

O pai lhe explica olhando em seus olhos: "Nós chamamos isso de eco, filho, porém, na realidade, é a vida".

E acrescenta em voz alta: "Ela te devolve o que diz ou faz..."

Cada um colhe e recebe o que tem semeado e feito.

Se desejas mais amor neste mundo, semeia amor ao teu redor. Porém, se desejas pouco amor, dá pouco [amor]. Se esperas felicidade, dá felicidade a quem te cerca. Se queres sorriso e bênçãos, sorri e abençoa. Se gostas de colher desprezo, menospreza. Se desejas bem materiais, compartilha-os. Se busca amigos, faze-os. Se preferes solidão, fecha-te em ti mesmo. Se te interessa o meio ambiente, semeia uma árvore e não contribua com o aquecimento do planeta. Se necessitas que te escutem, escuta os demais.

Se até o dia de hoje tens colhido solidão, enfermidade, tristeza, traições, não culpes os outros. Antes, reveja suas atitudes, as sementes que tens semeado, e mude se preciso for, para que, rápido, muito rápido, possas colher frutos abundantes e permanentes (cf. Jo 16, 8-16).

José H Prado Flores
Pregador internacional, Fundador e Diretor Internacional
das Escolas de Evangelização Santo André
http://www.escoladeevangelizacao.com.br/