9 de março de 2011

O pecado nos prejudica?

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O espírito de permissividade exige liberação de todos os tabus
Com o nobre intuito de nos libertar dos complexos de culpa, das fixações mórbidas e das doentias tendências para escrúpulos intermináveis, a humanidade joga duro contra a existência do pecado. O espírito de permissividade exige liberação de todos os tabus. Não há mais limites para as mentes livres. Praticar atos ilícitos seria uma busca de saúde mental. Garantiria uma consciência leve. Seria a libertação das inibições destruidoras. O que nos liberta, no entanto, é a verdade e não a enganação.

"A verdade vos libertará" (Jo 8, 32), já avisava Jesus. Uma personalidade madura sabe distinguir entre um desarranjo psicológico e uma culpa verdadeira, que devemos reconhecer. O pecado é um mal, que nos fere no nosso "eu". O Criador generoso, conhecendo a nossa constituição, para evitar o caminho dos desvios, já nos deu as instruções sobre o que devemos fazer positivamente e o que devemos evitar. Se praticamos o mal a nossa alma fica ferida. No "self" se aninha o descontentamento. Não podemos ficar em paz porque fizemos o mal ao nosso semelhante; ofendemos o amor paterno de Deus; e cedemos às más tendências do egoísmo. Com isso nos afastamos dos irmãos. Você quer conhecer uma personalidade mais sadia do que a de São Paulo? E ele dizia com convicção: "Jesus Cristo veio para salvar os pecadores, dos quais eu sou o primeiro" (I Tim 1, 15).

Existe remissão do pecado? A minha consciência pode ser purificada dessa potência maléfica? A primeira condição é reconhecer o erro. "Tende pena de mim que sou pecador" (Lc 18, 13) dizia o publicano. E junto com isso, devemos avivar a fé na pessoa de Cristo, que é o grande libertador. Assim começamos a arrebentar a rede de permissivismo que perpassa o mundo de hoje. Quem quer se livrar do peso inútil do mal, particularmente quando se trata de faltas menores, deve fazer obras de caridade em favor do próximo, ler com fé a Sagrada Escritura, amar a Deus especialmente na oração, participar de celebrações litúrgicas. Isso nos purifica e centra a alma. Mas, sobretudo, devemos nos aproximar do sacramento da penitência, sacramento concedido por Jesus, que tem o poder de perdoar qualquer pecado. Não seria uma ótima tarefa para a Quaresma que se inicia?


Dom Aloísio Roque scj - Arcebispo de Uberaba (MG)
domroqueopp@terra.com.br

4 de março de 2011

Camisinha: uma "roleta russa" no combate à Aids

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O uso da camisinha não é absolutamente seguro
A verdade cientificamente verificada é que o uso da "camisinha" não é absolutamente seguro. Inúmeras pesquisas têm sido feitas a esse respeito nos meios científicos, como estudos de microscopia eletrônica e testes de passagem de micropartículas.


Pesquisa realizada com Richard Smith, um especialista norte-americano sobre a transmissão da Aids, apresenta seis grandes falhas do preservativo, dentre as mencionadas por ele, por exemplo, há a deterioração do látex, ocasionada pelas condições de transporte e armazenagem.

Tomadas, porém, todas as precauções e conseguindo-se que os preservativos cheguem em perfeitas condições aos usuários, seriam ainda seguros para prevenir a Aids, pergunta-se o autor? Sua resposta é esta: "Absolutamente não. O tamanho do vírus HIV é 450 vezes menor que o espermatozoide. Esses pequenos vírus podem passar entre os poros do látex tão facilmente em um bom preservativo como em um defeituoso".

Levando-se em conta o resultado dessas investigações, poderíamos dizer que, servir-se de um preservativo para proteger-se contra o vírus HIV, significa, tanto como, apostar nos resultados de uma "roleta russa". Com mais de uma bala no tambor, no caso em que a prática sexual se torna mais frequente e promíscua ao sentirem-se os usuários, persuadidos pela propaganda, com absoluta segurança no uso da "camisinha". Deste modo, tanto mais aumentará a probabilidade de um contágio quanto mais aumentarem a promiscuidade e o falso convencimento de proteção oferecida pelo método.

Por essa razão, o risco de infecção, ainda que reduza a percentagem de perigo a uns 10% - em realidade pode ser maior – e, evidentemente excessivo.

Que educador, pai, amigo consentiria que um filho ou uma pessoa amada embarcasse num avião que tem 10% de probabilidade de espatifar-se no chão?

A propaganda para difundir o uso do preservativo é, por isso mesmo, totalmente inadequada porque, por um lado, favorece a proliferação da promiscuidade e, por outro, não evita devidamente a contaminação. Dessa forma, em vez de se tornar um método inibidor da doença, torna-se, de fato, um método propagador dela.

Pedagogicamente, corre-se o risco de que a campanha venha a ser entendida assim: "Tenha relações sexuais, basta tomar as devidas precauções". Não seria essa uma forma de incentivar a prática do sexo prematuro?

Se as adolescentes e os adolescentes viessem a ser induzidos a pensar que é normal a prática do sexo precoce, prestar-se-ia um péssimo serviço a uma educação sadia e enriquecedora.

Não se pode mudar a ordem natural em função de uma solução imediatista e inadequada que, além de não solucionar o problema da proliferação da Aids, propicia e incentiva a prática desregrada do sexo.

Trecho do livro Sexualidade, o que os jovens sabem e pensam de padre Mário Marcelo Coelho*

*Padre Mário Coelho, sacerdote do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos), mestre em Teologia, autor e assessor
na área de Bioética e Teologia Moral. Professor da Faculdade Dehoniana.

2 de março de 2011

Vão-se as máscaras e ficam os filhos

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Neste carnaval você pode escolher entre o ser e o representar
Existe um velho ditado popular que diz: "Vão-se os anéis e ficam-se os dedos!" Fazendo um trocadilho, podemos dizer que, no carnaval, vão-se as máscaras e ficam ....?


Nas máscaras caídas, após uma grande noite de carnaval, podem ser encontrados pedaços de pessoas. Olhando mais de perto, encontramos as lágrimas daqueles que saíram envolvidos por uma máscara e, por alguns dias, se transformaram em grandes atores fazendo o papel de uma vida que não lhes pertencia, e por fim, caíram no chão, como o resto de suas fantasias.

A palavra "persona", no uso coloquial, significa um "papel social" ou "personagem" vivido por um ator. É uma palavra italiana derivada do latim e que se refere a um tipo de máscara feita para ressoar a voz do ator (per + sonare = "soar através de"), permitindo que fosse bem ouvida pelos espectadores, assim como dar ao ator a aparência exigida pelo papel. A máscara é usada para fazer ecoar um personagem.

Personagens, no entanto, são os objetos de uma história. Pode ser um homem ou animal, mas sempre é um ser fictício, um objeto ou qualquer coisa que o autor quer representar.

Personagens são encontrados em obras de literatura, cinema, teatro, televisão, desenho, videogames, marketing. Existem para isso, ou seja, são seres irreais que dão forma a uma ideia. Nós não somos personagens, não precisamos de máscaras para inventar nossas histórias, não precisamos nos servir delas para que a nossa voz seja ecoada. Pois Deus nos criou à Sua imagem (cf. Gn 1,27), assim, não devemos agir como escravos das máscaras que fomos colocando ao longo da vida.

Neste carnaval você pode escolher entre o ser e o representar, mas lembre-se de que todos nós somos frutos de nossas escolhas e devemos conviver com as consequências delas. Não são poucos jovens que, durante estes dias de festa, se decidem por representar com o uso das drogas, da violência e do sexo desregrado e sem limites e, no final de 4 dias de "folia", o ser está despedaçado, como objetos que foram usados e depois jogados fora.

Portanto, ao longo do caminho, mesmo que pedaços de nós estejam no chão, somos chamados a recolher nossos cacos, levantar a cabeça, e recomeçar, sem mascaras, livres, pois, já não somos mais escravos, mas sim, filhos; e, como filhos, também somos herdeiros: isto é obra de Deus (cf. Gl 4,7).

Assim, vão-se as máscaras e ficam os filhos, eleitos, livres, criados à imagem e semelhança do Pai.

Ricardo Gaiotti Silva
Advogado, missionário da Comunidade Canção Nova

ricardo@geracaophn.com

28 de fevereiro de 2011

A Moralidade é Ouro

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É preciso criar o gosto pela transparência e pelo que é honesto
A sociedade está povoada de notícias que comprovam o quanto a corrupção e a desonestidade estão corroendo relações, provocando prejuízos irreversíveis na vida de cidadãos e de famílias, com sérios comprometimentos sociopolíticos. A confiança que se deposita em pessoas, no exercício de suas responsabilidades funcionais e ofícios, está e certamente continuará sendo abalada. O mesmo ocorre também na relação com as instituições, que têm tarefas de proteção aos direitos e à integridade de todos, constituídas para proteger o bem público, garantir a ordem e a justiça. Quando menos se espera, estouram aqui e ali acontecimentos que provocam decepção e generalizam a insegurança. Não se esperam conivências interesseiras dos que têm tarefa de garantir a justiça. Conveniências que comprometem a vida de jovens e de outros que têm seus sonhos inviabilizados de maneira irreversível.


As providências que governos, instituições e outras instâncias da sociedade precisam e devem tomar diante de fatos graves no tecido social e cultural, não podem retardar mais a consideração da moralidade como ouro na história de todos. Esse cenário, com suas violências, desmandos, corrupções, tráficos e outras condutas imorais, é origem de tudo o que esgarça o tecido moral da cidadania. Valor que é a base para vencer seduções e ter força para permanecer do lado do bem, com gosto pela justiça e fecundo espírito de solidariedade. É imprescindível redobrar a atenção quanto à moralidade que baliza a vida de cada indivíduo e regula suas relações. É urgente e necessário avaliar o quanto o relativismo tem emoldurado critérios na emissão de juízos, na formatação de discernimentos, trazendo direções equivocadas e prejudiciais nas escolhas, tanto no âmbito privado quanto no exercício da profissão, da política e de outras ocupações na sociedade.

É preciso diagnosticar esses pontos críticos na moralidade sustentadora da conduta cidadã e honesta. Não se pode desconsiderar a gravidade da situação vivida neste tempo de avanços e conquistas - marcado pela "démarche" (disposição para resolver assuntos ou tomar decisões) - imposta pela falta de moralidade pública, profissional e individual. Jesus, em Seus preciosos ensinamentos para bem formar os discípulos, não deixava de advertir e indicar critérios para comprovar os comprometimentos da moralidade. Ele dizia que "o irmão entregará o irmão à morte, o pai entregará o filho; os filhos ficarão contra os pais e os matarão", convidando-os para não se escandalizarem e a permanecerem firmes diante do caos provocado pela imoralidade. A decomposição das relações familiares configura o paradigma da perda da moralidade, considerando a família com seu insubstituível papel de formadora de consciência.

Com a família, o conjunto das instituições educativas, religiosas e outras prestadoras de serviços à sociedade, é preciso fortalecer o coro de vozes, como o fez a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), quanto à necessidade de incluir na pauta da sociedade a compreensão da moralidade como um tesouro do qual não se pode abrir mão. Sua ausência significa a produção de perdas irreparáveis, de vidas, de credibilidade e de conquistas e avanços de todo tipo, pelos inevitáveis comprometimentos advindos de uma cultura permissiva e cega a valores balizadores da vida cidadã. Nesse âmbito, é preciso retomar a tematização da responsabilidade dos meios de comunicação - também sublinha a CNBB. A apurada qualidade técnica e os admiráveis recursos da mídia, em particular da televisão, lamentavelmente, estão a serviço de programas que atentam contra a dignidade humana. Não se pode simplesmente ajuizar que os cidadãos são livres para escolher o que é de baixo nível moral. É melhor não produzi-los. Então, é preciso combatê-los, investindo na formação da consciência moral, com uma consistência tal que se rejeite, com lealdade, os fascínios da celebridade fugaz, o gosto mórbido pelo dinheiro e pelo poder, e substituí-los pelo apreço ao bem, à verdade; criar o gosto pela transparência e pelo que é honesto.

As culturas e as sociedades não podem prescindir de investimentos, abordagens e compreensões da consciência na sua insubstituível e específica função de discernimento e juízo moral. É urgente superar considerações de que tratar e investir na moralidade é um viés antigo, e até superado. A liberdade e a autonomia que caracterizam a sociedade contemporânea não podem prescindir do exercício dos valores morais sob pena de continuarmos a fabricar o precioso tempo do Terceiro Milênio como um tempo de abominação da desolação.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

25 de fevereiro de 2011

Nós colhemos o que semeamos

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Se deseja mais amor neste mundo, semeie amor ao seu redor
O quanto e como damos é a medida do que recebemos. O banco da vida é justo e nos devolve o mesmo que antes depositamos. São Paulo nos adverte, baseado em sua própria experiência: "O que alguém tiver semeado, é isso que vai colher. Quem semeia na sua própria carne, da carne colherá corrupção; quem semeia no espírito, do Espírito colherá a vida eterna" (Gal 6, 7-8).


No Cânion do Colorado, um pai passeava com seu filho de sete anos. A manhã estava quente e o sol resplandecia num céu aberto. De repente, o pequeno cai, machuca o joelho e grita: "aaaaaahhhhh!!"

Para sua surpresa, ouve uma voz oculta que também se queixa: "aaaaaaaaahhhhhhh!!"

Curioso o menino grita: "Quem está aí?"

Das profundezas do Cânion, uma voz lhe faz a mesma pergunta: "Quem está aí?"

Irritado com a resposta anônima, o menino grita: "Covarde, por que se esconde?".

Do outro lado, alguém lhe responde agressivamente: "Covarde, por que se esconde?".

O menino olha para o pai e pergunta: "Que acontece?".

O pai sorri e lhe diz: "Meu filho, preste atenção".

Então, o pai grita para a montanha: "Te admiro".

Do fundo do Cânion, alguém lhe confessa várias vezes: "te admiro, te admiro, te admiro".

Mais uma vez o homem exclama: "És um campeão".

A voz lhe responde: "És um campeão, campeão, campeão".

O pai sussurra em voz baixa: "Te amo".

A voz lhe responde com suavidade: "Te amo, te amo, te amo".

O pequeno fica espantado, porém, não entende.

O pai lhe explica olhando em seus olhos: "Nós chamamos isso de eco, filho, porém, na realidade, é a vida".

E acrescenta em voz alta: "Ela te devolve o que diz ou faz..."

Cada um colhe e recebe o que tem semeado e feito.

Se desejas mais amor neste mundo, semeia amor ao teu redor. Porém, se desejas pouco amor, dá pouco [amor]. Se esperas felicidade, dá felicidade a quem te cerca. Se queres sorriso e bênçãos, sorri e abençoa. Se gostas de colher desprezo, menospreza. Se desejas bem materiais, compartilha-os. Se busca amigos, faze-os. Se preferes solidão, fecha-te em ti mesmo. Se te interessa o meio ambiente, semeia uma árvore e não contribua com o aquecimento do planeta. Se necessitas que te escutem, escuta os demais.

Se até o dia de hoje tens colhido solidão, enfermidade, tristeza, traições, não culpes os outros. Antes, reveja suas atitudes, as sementes que tens semeado, e mude se preciso for, para que, rápido, muito rápido, possas colher frutos abundantes e permanentes (cf. Jo 16, 8-16).

José H Prado Flores
Pregador internacional, Fundador e Diretor Internacional
das Escolas de Evangelização Santo André
http://www.escoladeevangelizacao.com.br/

23 de fevereiro de 2011

A força do amor

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'Faze o que fazes com doçura'
Quando um homem e uma mulher se unem diante de Deus para formarem uma família, esse relacionamento se transforma num instrumento de cura um para o outro. Eu tenho muita pena quando um verdadeiro sacramento do matrimônio é abandonado, quando o marido e esposa decidem viver um longe do outro por causa das feridas, que um acabou causando no outro ao longo de suas vidas. Eu tenho muita pena porque esse relacionamento longe de Deus se transformou numa arma, porque conviveram juntos e sabem dos limites um do outro.


Qual a maneira concreta por meio da qual o sacramento se torna instrumento de cura um para o outro? "Meu filho, faze o que fazes com doçura" (cf. Eclesiástico 3, 19ss). Se você faz todas as coisas com doçura, você ganha o afeto da pessoa que está com você; quando somos doces, mais do que sermos estimados e reconhecidos nós ganhamos o afeto da pessoa, porque afeta a pessoa que é querida e é amada. O que é dar afeto? É você afetar a pessoa; e nós afetamos uns aos outros quando no decorrer do dia fazemos tudo o que devemos fazer com doçura.

Eu não estou falando de coisas que fogem do seu dia a dia, estou falando das coisas que você faz no ordinário da vida. Quando prepara a mesa do café, fazendo do jeito que o seu marido gosta, do jeito que seus filhos gostam de se sentar à mesa, preparando as coisas com carinho, porque você já os conhece, você já sabe o que cada um vai pegar na mesa. Estou falando da maneira que você chega ao seu trabalho, da forma que você dirige; eu estou falando do momento do almoço ou do jantar que vocês se encontram para compartilharem a refeição, de uma palavra que você dirige à sua esposa. Já que você tem de fazer essas coisas, faça-as com ternura, faça-as de forma doce. Não é fazer mais coisas, é fazer tudo o que você já faz com bondade e ternura. Existem pessoas que dizem "mas, eu já faço tudo o que ele gosta", mas, às vezes, falta doçura no fazer. Não fez de maneira terna. Não importa só darmos ou fazermos coisas, mas a forma como as damos e as fazemos.

A Palavra de Deus nos diz que quando agimos assim, ganhamos mais do que uma estima, e sim, o afeto. Estima é como ir levar uma joia ao joalheiro e dizer: "Quanto o senhor estima que vale esta joia?", ou seja, é aquilo que tem valor por si só, é aquilo que admiramos. Admirar é reconhecer o valor do outro, e na admiração há uma certa distância, mas o afeto é diferente, não há admiração apenas. Nós podemos admirar até um inimigo, você pode até reconhecer que o seu inimigo tem qualidades, mas casamento sobrevive de doçura, de ternura, de toque, ou seja, a pessoa foi atingida por outra que está na mesma condição que ela. Às vezes nós amamos uma pessoa que não nos ama, mas a força do amor é tão grande que quando passamos a amar aquela pessoa, ela que não nos amava antes passa a nos amar. É tão grande a força do amor que você que ama acaba fazendo a outra pessoa o amar também. É algo simples? Sim, é simples. Mas é fácil amar? Fácil não é, mas é o único caminho para a transformação da outra pessoa.

Quando nós queremos que uma pessoa mude há três coisas simples e poderosas a fazer:

1º) Você deve utilizar no relacionamento a máxima exigência com você mesmo;
2º) Você deve ter o máximo de compreensão com a outra pessoa e
3º) Ter sempre um sorriso para a outra pessoa.

No casamento nós queremos o máximo de exigência com o outro e o máximo de compreensão conosco, mas o que transforma não são as exigências com os demais, mas sim com nós mesmos. É preciso haver exigência com nós mesmos e compreensão com os outros.

Muitas vezes, erramos porque colocamos o foco no lugar errado. Quando eu cobro do outro o que eu não dou, as coisas não mudam. Como é diferente um casal que troca palavras de carinho, de apoio, de elogios! Como é bom encontrar um casal que se promove e que se ama! Como é bom encontrar uma mulher apaixonada pelo marido, que, quando tem algo a dizer dele, é sempre uma coisa boa. Como é bom encontrar um marido que ama, que tem uma verdadeira devoção à sua mulher. É claro que há brigas para que ambos coloquem as coisas nos eixos; o que não deve haver são brigas destrutivas. Por outro lado, como é ruim encontrar casais que só têm palavras ruins e críticas mordazes um para com o outro; censuras que, quando feitas, você não sente ternura, só uma punhalada no coração.

Quantos casais destroem os casamentos por causa dessas críticas, pois, geralmente, estas não permanecem só entre os cônjunges, mas transbordam para os filhos, visto que, em pouco tempo, pai e mãe começam a ser cruéis com os estes [filhos].

A Palavra de Deus se preocupa tanto com isso que, São Paulo, em uma de suas cartas, afirma que um dia nós vamos prestar contas de cada palavra inconsiderada que dissemos, porque a maioria das feridas existentes dentro de um casamento acontecem por causa de nossas declarações. "A flecha atirada e a palavra proferida não têm volta", diz um provérbio. A palavra fere como a flecha, pois quantos matrimônios se esvaziaram por palavras malditas. Quantos casais entraram nos casamentos felizes e encantados e no momento de um apoiar o outro começaram as palavras de destruição. Irmãos, nós vamos prestar contas a Deus por causa destas palavras de destruição!

Se os maridos soubessem o quanto as palavras ditas na hora do nervoso e da raiva destroem as mulheres eles não as diriam. Porque a raiva e as brigas passam, mas as palavras ficam lá dentro, "cozinhando" no coração da pessoa a quem você ofendeu. Da mesma forma, se as mulheres soubessem a força das palavras proferidas por elas contra o marido elas também não diriam. Homem tem a mania de fazer de conta que não está ouvindo, mas aquilo fica armazenado dentro do coração e quando "explode" leva junto o casamento da pessoa.

Há coisas que não são amor. Nós somos enganados a todo momento pelas novelas, pelos filmes, com mulheres e homens perfeitos, com o beijo perfeito. Isso é mentira, isso é ilusão, isso não existe! Você quer saber o que é amor? É quando um homem olha para a esposa e sabe que ela teve um dia difícil, por isso, ela está sendo áspera nas palavras, e para não brigar com ela, ele se cala para não se desentender com ela. Amor é quando você está numa casa, numa família mais pobre e pega aquele pedaço que mais gosta e põe para outra pessoa porque você quer o melhor para ela. Amor passa por uma panela de carne. Amor é quando depois de ter brigado, de ter discutido, ainda preparar uma cama gostosa para os dois dormirem, pois não conseguem dormir sem dizer uma palavra boa um para o outro. Isso é amor.

Foto Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com

21 de fevereiro de 2011

O tempo está no homem e o homem está no tempo

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Fomos criados com a possibilidade de sempre superar e crescer
O tempo está no homem e o homem está no tempo. E para melhor precisar o verbo, o homem "é no tempo".


A temporalidade – como condição inerente ao homem – carrega consigo o limite e a finitude, categorias essas que acabam condicionando os nossos sonhos e a nossa visão.

Contudo, em virtude da nossa vocação à Eternidade, somos constantemente impulsionados pela Graça a sermos pessoas que estão/são no tempo, mas, que sonham e que tudo contemplam com a lógica da Eternidade.

Pelo fato de sermos no tempo, estaremos sempre sujeitos às precariedades próprias da temporalidade. O desgaste, a fadiga, o envelhecimento, tudo isso se tornará concretude em nossa existência e, com a dureza peculiar à sua aplicabilidade.

O desafio/chamado acontece precisamente neste paradoxo: A virtude – a que somos vocacionados – consiste em ser no tempo, inserindo-se concretamente nele (sem alienação), mas, "já" vivendo tudo com a mentalidade que transpassa a faticidade do transitório e, assim, pautando os próprios sonhos e escolhas em valores que não se resumem ao "aqui".

Quem contempla o real com essa lógica é capaz de construir a felicidade atemporal, já aqui, no solo de nosso tempo. Aquele que se aventura a ser assim já no tempo, não para nas esquinas das próprias dores e fragilidades, mas descobre que foi feito para ser mais e para transcender o puramente finito.

Fomos criados com a possibilidade de sempre superar e crescer. As fragilidades do temporal existem para se tornarem escada para nossa ascese e impulso para nossa superação, e não para nos encerrarem no limite da dor/finitude.

O tempo é sempre "presente", é sempre condição de possibilidade para a construção de uma nova e encarnada realização. Ele não é nosso inimigo, mas um amistoso parceiro na estrada da existência com o qual precisaremos constantemente nos reconciliar.

Tal é o desafio a nós proposto: convivamos com o tempo e, no arquipélago de nossas experiências, o utilizemos na concretude de nossas lutas para a construção de uma Acompanhada Eternidade.

Trilhando as sendas dessa prática o ser se descobrirá no tempo, contudo, perenemente vocacionado a transcendê-lo, dando significado às dores temporais por meio de elementos que constituem a Eternidade.

Foto Adriano Zandoná
verso.zandona@gmail.com