9 de setembro de 2010

A vontade de Deus para os esposos

Imagem de Destaque

Se o casal não for unido, o lar não será feliz
A família começa no matrimônio; por isso a Igreja exige do casal de noivos – no altar – um juramento de fidelidade até a morte, sem a qual a família não tem sustentação. A infidelidade conjugal é a grande praga de nossos dias que vai corroendo os lares.

Para fazer a vontade de Deus, a esposa deve ser fiel em tudo a seu esposo; viver para ele e para seus filhos; nunca desejar outro homem e jamais ter intimidades com outro. Hoje vemos alguns casamentos chegarem ao fim por causa de mulheres que conhecem outros homens pela internet e acabam se apaixonando por eles. Para a mulher casada só deve existir um homem a quem possa desejar: o seu esposo. Qualquer sentimento e desejo por outro é traição e infidelidade conjugal.

Da mesma forma para o marido; não pode existir outra mulher em seus desejos a não ser a sua esposa. São Paulo já falava claro sobre isso para ambos há dois mil anos.

"Considerando o perigo da incontinência, cada um tenha sua mulher, e cada mulher tenha seu marido.  O marido cumpra o seu dever para com a sua esposa e da mesma forma também a esposa o cumpra para com o marido. A mulher não pode dispor de seu corpo: ele pertence ao seu marido. E da mesma forma o marido não pode dispor do seu corpo: ele pertence à sua esposa. Não vos recuseis um ao outro, a não ser de comum acordo, por algum tempo, para vos aplicardes à oração; e depois retornai novamente um para o outro, para que não vos tente Satanás por vossa incontinência" (I Cor 7,2-5). 

Para fazer a vontade de Deus, marido e mulher devem buscar a cada dia chegar aonde Ele quer que todo casal chegue: "Sereis uma  só carne" (cf. Gn 2, 24); isto é, serem unidos. Que nada os separe, que nada seja motivo de brigas: nem a moda, nem o dinheiro, nem os bens, nem os parentes, nem a religião, nem os programas e passeios. Nada! Que tudo seja combinado sem brigas e sem egoísmos, pois um casal egoísta é como duas bolas de bilhar: só se encontram para se chocarem e se separarem.

Como diz a música do padre Zezinho:

"Que nenhuma família comece em qualquer de repente

Que nenhuma família termine por falta de amor

Que o casal seja um para o outro de corpo e de mente

Que a família comece e termine sabendo aonde vai

E que o homem carregue nos ombros a graça de um pai

Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor

E que os filhos conheçam a força que brota do amor.

Que marido e mulher tenham força de amar sem medida

Que ninguém vá dormir sem pedir e sem dar seu perdão

Que as crianças aprendam no colo o sentido da vida

Que a família celebre a partilha do abraço e do pão.

Que marido e mulher não se traiam nem traiam os seus filhos".

Se o casal não for unido, se não viver o amor de Deus, como Jesus ensinou e como São Paulo também ensina na Carta aos Coríntios (cf. I Cor 13), o lar não será feliz, não haverá paz para os filhos, e o desenvolvimento destes não será harmonioso. Muitos filhos não gostam do próprio lar porque nele não há paz e amor. Como um jovem desse pode ser feliz?

O casal só viverá bem se cada um tiver Deus no coração; pois é a Sua graça que mata em nós "a erva daninha" do egoísmo, do orgulho, da vaidade, da arrogância, da prepotência, da autossuficiência, do amor-próprio, da ganância, da ira, da inveja, preguiça, maledicência, infidelidade, etc., e tudo o mais que destrói os casamentos.

É o amor de Deus e a Sua graça que darão ao casal a força da fé e da esperança nas horas difíceis, a coragem nos grandes desafios da caminhada conjugal. Sem Deus Pai o casal não terá bom diálogo, paciência, tolerância com os erros do outro, carinho a ser dado e resistência contra os embates da vida.

São Pedro tem palavras de exortação aos esposos:

"Vós, também, ó mulheres, sede submissas aos vossos maridos. Se alguns não obedecem à palavra, serão conquistados, mesmo sem a palavra da pregação, pelo simples procedimento de suas mulheres, ao observarem vossa vida casta e reservada... tende aquele ornato interior e oculto do coração, a pureza incorruptível de um espírito suave e pacífico, o que é tão precioso aos olhos de Deus... Do mesmo modo vós, ó maridos, comportai-vos sabiamente no vosso convívio com as vossas mulheres, pois são de um sexo mais fraco... Tratai-as com todo respeito para que nada se oponha às vossas orações" (I Pe 1, 1-7).

No casamento, o casal deve realizar a vontade do Altíssimo vivendo o mandamento:

"Deus os abençoou: 'Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a" (Gn 1, 28).

É vontade de Deus que o casal cresça na convivência mútua; e o fermento desse crescimento é o amor, a renúncia, a abnegação, sabendo cada um dizer "não" a si mesmo para dizer "sim" ao outro. Por outro lado, a missão do casamento é gerar os filhos de Deus; os futuros cidadãos do céu; por isso, um controle de natalidade baseado no egoísmo, no comodismo ou no medo deve ser evitado.

A Igreja ensina aos casais que os filhos são uma bênção de Deus; o Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz que: "A fecundidade é um dom, um fim do matrimônio, porque o amor conjugal tende a ser fecundo. O filho não vem de fora acrescentar-se ao amor mútuo dos esposos; surge no próprio âmago dessa doação mútua, da qual é fruto e realização. A Igreja 'está ao lado da vida', e ensina que qualquer ato matrimonial deve estar aberto à transmissão da vida" (CIC § 2366 ).

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

6 de setembro de 2010

Santidade, pecado e o perdão dos pecados

Imagem de Destaque

Quem se perdoa, também perdoa aos outros
Deus reserva para o pecador Suas delicadezas de Pai de micericórdia, que ama e perdoa sempre. Regenera-o totalmente para que possa retornar o caminho e trabalhar para o Reino d'Ele, pela justiça e pela paz.

"Misericórdia" é uma das palavras que mais aparecem na Bíblia, sobretudo, no Evangelho de Lucas, que é chamado "o evangelista da misericórdia". A prática de Jesus confirma a atitude de um Pai misericordioso.

Cuidar e cuidar-se são atitudes que geram qualidade de vida. Tudo na vida requer cuidado. Um projeto de santidade requer uma atitude contínua de vigilância e de cuidados diários. Devemos cuidar diariamente de nosso corpo e de nossa alma, assim como quem tem flores precisa cuidar delas todos os dias para não perdê-las.

A Igreja oferece a seus fiéis um sacramento especial: rito do perdão. O sacramento da confissão é o lugar privilegiado do perdão de Deus para recuperar e cuidar da vida decaída dos cristãos.

Você se sente fraco e pecador? Deus lhe diz: "Faça sua parte e eu farei o resto. Tende confiança. Eu venci o mundo" (cf. Jo 16,33).

Diga com vontade: "Quero ser santo", "quero continuar a caminhada", e isso vai acontecer. Quem persegue um sonho precisa ter obstinação e uma santa teimosia, além de um otimismo repleto de esperança, que confia em Deus e em Seu poder. Deixe o resto por conta d'Ele. Deus ama a todos como são. Aliás, ama os pecadores mais que os "santos". É a lógica do amor. O Senhor entende profundamente o coracção humano, que é inconstante.

Deus Pai perdoa não apenas pelo sacramento da confissão. Sempre que alguém se arrepender de algo e pedir perdão será perdoado. A Bíblia diz que a caridade cobre uma multidão de pecados. Então quem tem o amor no coração não deve ter medo do pecado. O Altíssimo não só perdoa, mas se alegra com o retorno do filho, com sua conversão e faz festa, assim como o pai do filho pródigo, que abraçou e beijou o filho que retornava para a casa, preparando uma grande festa para comemorar a sua volta.

O tratamento que Jesus dispensava aos publicanos e aos pecadores era tão especial que escandalizava os fariseus, que se julgavam os "melhores". Cristo agia bem diferente: perdoava e esquecia os pecados cometidos pelos homens.

Há pessoas muito boas, bem intencionadas, que carregam certos "pecados" como uma verdadeira cruz, às vezes, pela vida inteira. Só Deus conhece o sofrimento terrível dessas pessoas que querem seguir Jesus, mas não conseguem porque cometem sempre a mesma falta, a qual, muitas vezes, nem pecado é, mas sim, hábito. Qualquer texto de moral cristã ensina que o hábito diminui a culpabilidade e até cancela a culpa. Embora, muitas vezes, não sejam pecados, criam, no entanto, um "sentimento de culpa" causando sofrimento às pessoas. Deus não quer isso para os Seus filhos queridos.

É preciso ter paciência támbem consigo mesmo e perdoar-se, sentir a alegria do perdão. O Salmo 50 nos ajuda a rezar: "Devolve-me a alegria de ser salvo" (Sl 50,14). Quem se perdoa, perdoa aos outros também.

O grande recurso criado por Cristo para restituir a paz e o perdão ao pecador e permite-lhe continuar, sem remorsos inúteis, o caminho da santidade é o sacramento da reconciliação ou penitência. Com ele, sela-se a paz. Sentir-se perdoado, poder "deixar para trás" um passado que, muitas vezes, nos incomoda e envergonha, para recomeçar uma vida nova, é certamente um grande dom de Cristo a cada cristão e à Sua Igreja.

(Trecho extraído do livro "Cristãos de atitude - O caminho espiritual proposto por Dom Bosco" de padre Mário Bonatti)


Padre Mário Bonatti

2 de setembro de 2010

O valor do matrimônio

Imagem de Destaque

Um filho que nasce não deveria ser uma fatalidade
A palavra "sexo" deveria nos fazer pensar imediatamente no leito matrimonial. Mas, infelizmente, não é assim. Logo, se quisermos compreender a sexualidade como foi criada por Deus, devemos passar por uma verdadeira metanóia, uma conversao, uma mudança de mentalidade.

Santo Agostinho, neste processo de transformação do coração, vem em nosso auxílio com seu ensinamento e o seu exemplo. Longe do puritanismo dos hereges, o Doutor de Hipona aceita plena e humildemente o Criador e compreende que é seu dever de cristão considerar Suas obras boas. É com este olhar humilde que ele contempla a realidade do matrimônio e descobre nela um tríplice valor. Trata-se das três bondades (tria bona) do matrimônio.

Esta bondade é dividida em três partes: a fé, a prole, o sacramento. Na [parte da] fé toma cuidado para que, fora do vínculo do casal, não tenham relações com outra ou com outro. Na prole, para que os filhos sejam recebidos com amor, nutridos com bondade e educados religiosamente. No sacramento para que o enlace não se desfaça e o repudiado ou a repudiada se una a outra pessoa, nem mesmo por causa da prole. Esta é como que a regra do matrimônio, pela qual a fecundidade da natureza é ornada, ou a perversidade de incontinência é norteada.

Nota-se, deste modo, que o valor do matrimônio não se encontra apenas na procriação. Se o matrimônio fosse apenas para a procriação, poderíamos compará-lo com um viveiro ou um canteiro artificial onde a única finalidade das pobres plantinhas é "crescer e se multiplicar", aglomeradas naquele espaço acanhado. Se assim o fosse, o casamento seria um lugar asfixiante! Ao contrário, o matrimônio é um jardim. É neste ambiente airoso, onde brotam igualmente a flor e a erva daninha, que somos chamados a colher o fruto da vida. Um filho que nasce não deveria ser uma fatalidade, mas a celebração de uma vida que antes já existia: uma vida a dois, uma comunidade de vida e de amor que não pode ser rompida. Para expressar a união destas duas vidas, Santo Agostinho usou a palavra fides – fé, fidelidade matrimonial.

Ora, esta união é o pressuposto para que possam surgir os filhos (prolis). E a razão é evidente: um filho, que é para sempre, tem direito a ter um pai e uma mãe, para sempre.

E Santo Agostinho não para por aí. Todas as expressões de união física do casal (o contato sexual, a comunidade de vida, os filhos, a partilha dos bens etc.) seriam superficiais, se não fossem precedidas por uma união espiritual (sacramentum). No matrimônio, duas pessoas celebram uma aliança em Cristo Jesus que, selada pela graça do Espírito Santo, tem em vista o Reinado de Deus Pai.

Iluminados por este ensinamento, podemos perceber que quando a união sexual é vivida fora do seu contexto espiritual, o ser humano parece que é mutilado. Transformar o prazer sensível na única finalidade do sexo é perverter a relação do homem com Deus, consigo mesmo e com o seu próximo.

(Trecho do livro "Um olhar que cura - Terapia das doenças espirituais" – pag. 91,92,93).

Pe. Paulo Ricardo

31 de agosto de 2010

Deus é um Pai que nos educa

Imagem de Destaque

Há ervas daninhas em nossa alma que podem matá-la
Deus é nosso Pai, mas não é paternalista, isto é, Ele nos corrige quando é necessário a fim de chegarmos à perfeição que deseja para nós. A Carta aos Hebreus explica isso muito bem:

"Filho meu, não desprezes a correção do Senhor. Não desa­nimes, quando repreendido por ele; pois o Senhor corrige a quem ama e castiga todo aquele que reconhece por seu filho (Pr 3,18)" (Hb 12, 5-6).

"Estais sendo provados para a vossa correção: e Deus que vos traia como filhos [...] se permanecêsseis sem a correção que é comum a todos, serieis bastardos e não filhos legítimos" (Hb 12,7-8).

Quer dizer, aos olhos da fé, as provações desta vida são usadas como parte da pedagogia paterna de

Deus em relação a nós, Seus filhos. "Feliz o homem a quem ensinais, Senhor" (Sl 93,12). "Bem-aventurado o homem a quem Deus corrige!" (Jó 5,17).

E o apóstolo foi fundo nessa ques­tão: "Deus nos educa para o aproveitamento, a fim de nos co­municar a Sua santidade" (Hb 12,10).

Pelas provações, o Senhor quer fazer-nos santos. É por isso que a prova­ção é penosa para nós. Mas, disse o apóstolo: "É verdade que toda correção parece, de momento, antes motivo de pesar que de alegria. Mais tarde, porém, granjeia aos que por ela se exercitaram o melhor fruto de justiça e de paz" (Hb 12,11).

Esta é a recompensa da educação paterna de Deus: paz, justiça e santidade. E São Paulo nos alerta  dizendo: "Tenho para mim que os sofri­mentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada" (Rm 8,18). Portanto, não nos assustemos com o sofrimento de cada dia. É por isso que Jesus nos disse: "Tome cada dia a sua cruz, e siga-me" (Lc 9,23).

Há "ervas daninhas" em nossa alma que podem matá-la. Deus Pai não pode permitir isso, muitas vezes, Ele tem até de "cortar um galho da árvore" para não permitir que a "erva má" tome conta da "planta" e a mate. O Senhor faz isso conosco também, porque nos ama. Ou será que você que é pai e mãe nunca levou um filhinho para tomar uma dolorosa injeção? Você duvida que o fez por amor? A mesmíssima coisa o Todo-poderoso faz conosco; algumas vezes, Ele nos leva para tomar uma dolorosa e curativa "injeção".

Não reclame, agradeça, porque você não é mais criança! Diga como Santo Agostinho: "Corta Médico divino, corta fundo, desde que minha alma não morra!"

O Criador nos ama e por isso nos educa por meio das provações da vida, as quais, segundo São Tiago, produzem em nós "uma obra perfeita" (cf. Tg 1,4). Assim o Senhor destrói em nós os ídolos que querem tomar o Seu lugar em nosso coração, o qual pertence a Ele. Ele age dessa forma conosco porque somos filhos legítimos d'Ele e não bastardos.

Quanto mais temporais e tempestades o carvalho enfrenta, tanto mais forte ele fica! Suas raízes naturalmente se aprofundam mais na terra e seu caule se torna mais robusto, sendo impossível uma tempestade arrancá-lo do solo ou derrubá-lo!

O padre Leonel França diz que "quem se decidiu a sofrer resolveu o problema de sua santificação". Para nos educar e quebrar em nós os ídolos falsos e os maus impulsos, o Todo-poderoso sabe usar as prova­ções da vida. Depois que o pecado entrou no mundo, os sofrimentos desta vida fazem parte da pedagogia paterna de Deus para nos salvar. 

O salmista entendia isso: "Feliz o homem a quem ensinais, Senhor" (Sl 93,12a). Muitas vezes, o Senhor entra em uma vida por meio de um reumatismo, de uma cegueira, de uma pneumonia, um câncer, uma perna amputada... Nada disso é bom e deve ser evitado, mas Deus Pai sabe usar desses males para o nosso bem.

Musset afirma que "o homem é o aprendiz; a dor, o mestre, e nada se conhece bem quando não se sofreu".

Foto www.cleofas.com.brFelipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

30 de agosto de 2010

Dia do Catequista

Imagem de Destaque

Ide e pregai o Evangelho a toda criatura
A Igreja Católica celebra no dia 29 de agosto deste ano o dia nacional do catequista. Na ação pastoral da vida eclesial é tão importante a missão do catequista, verdadeiros evangelizadores, que Jesus, antes de começar sua pregação, escolheu seus doze discípulos, que deveriam se espalhar pelo mundo inteiro, anunciando a boa nova, isto é, evangelizando as pessoas.

O número 12, na Sagrada Escritura, tem um sentido de totalidade, plenitude e, realmente, esses doze discípulos se multiplicaram em progressão geométrica e, entre eles, nós temos os catequistas, homens e mulheres dispostos a levar às crianças, aos adolescentes, aos jovens e aos adultos a mensagem de Cristo, promovendo a catequese renovada, à luz do Concílio Vaticano II.

Os catequistas e as catequistas lembram o próprio Senhor Jesus, pois, além de apresentarem o projeto do Pai a outras pessoas, pretendem formar novos discípulos missionários.

Nosso Senhor Jesus Cristo nos ajuda em seus métodos de evangelização, catequese e apostolado: Ele começa pela vida, em seus aspectos comuns, de forma a levar o povo à revelação do seu Evangelho.

Quando Ele disse a seus discípulos: "Ide e pregai o Evangelho a toda criatura", estava iniciando com eles um trabalho de catequese, que foi multiplicado até os dias de hoje.

O mundo está tão conturbado com guerras, violência, ganância, egoísmo que pouca gente quer escutar a Palavra de Deus. É por isto que é muito louvável o trabalho do catequista nos nossos dias porque ele precisa abrir os olhos e os ouvidos das pessoas para a realidade sempre atual, em todos os tempos, da Palavra de Deus.

Que Deus, com largueza e profusão, abençoe nossos catequistas, homens e mulheres que, espontaneamente, se dedicam a transmitir ensinamentos cristãos. Que eles continuem no seu propósito de evangelizar e que consigam formar novos operários para a messe do Senhor, na escola da nova evangelização de discípulos-missionários.

Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)

26 de agosto de 2010

O leigo na Igreja

Imagem de Destaque

Todos os fiéis são encarregados por Deus ao apostolado
No 4° final de semana de agosto, a Igreja Católica celebra a vocação dos fiéis leigos. Incorporados a Cristo pelo batismo, eles participam das funções de Cristo Sacerdote, Profeta e Pastor. Conforme afirmação do "Documento de Puebla", são "homens da Igreja no coração do mundo, e homens do mundo no coração da Igreja" (DP, 786).

Paulo VI lembrava que "o espaço próprio de sua atividade evangelizadora é o vasto e complexo mundo da política, da realidade social e da economia, como também da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dos Meios de Comunicação Social, e outras realidades abertas à evangelização, como o amor, a família, a educação das crianças e adolescentes, o trabalho profissional e o sofrimento" (EN, 70).

Além desse espaço próprio, a Conferência de Aparecida afirma que "os leigos também são chamados a participar na ação pastoral da Igreja, primeiro com o testemunho de vida e, em segundo lugar, com ações no campo da evangelização, da vida litúrgica e outras formas de apostolado, segundo as necessidades locais sob a guia de seus pastores". Ainda: "aos catequistas, ministros da Palavra e animadores de comunidades que cumprem magnífica tarefa dentro da Igreja, os reconhecemos e animamos a continuarem o compromisso que adquiriram no batismo e na confirmação" (DA, 211).

O Catecismo da Igreja Católica declara que "todos os fiéis são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação". Por isso, "os leigos têm a obrigação e o direito de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra" (CIC, 900).

A Igreja reconhece o grande trabalho desenvolvido pelos fiéis leigos e leigas na obra evangelizadora. Como bispo, estou ciente de que a Igreja ganha beleza e eficiência na medida em que conta com a efetiva participação de leigos em sua obra evangelizadora. Quando bispos, padres, religiosos e leigos atuarmos em igualdade de condições e com igual senso de responsabilidade, o rosto da Igreja Diocesana será muito mais atraente e a mensagem de Jesus Cristo será melhor anunciada e assimilada.

Parabéns pelo dia do leigo e da leiga e obrigado pelo testemunho fiel ao Evangelho e que Deus abençoe sua missão, sua vida e seu trabalho!

Dom Canísio Klaus
Bispo da Diocese de Santa Cruz do Sul - RS

23 de agosto de 2010

Harmonia sexual entre o casal

Imagem de Destaque

Se tirarmos o amor, o sexo se transforma em mera prostituição
O bom relacionamento sexual na vida do casal é de fundamental importância para a sua harmonia. A primeira necessidade é conhecer o sentido da vida sexual no plano de Deus. O sexo tem duas dimensões na vida conjugal: unitiva e procriativa. A dimensão unitiva significa que o sexo é um meio de unidade do casal. Mais do que nunca é no relacionamento sexual que eles se tornam "uma só carne" . O ato sexual, para o casal, é a mais intensa manifestação do seu amor; é a celebração do amor no nível afetivo e sensitivo. Portanto, não pode haver sexo sem profundo amor; ele só pode ser vivido no casamento, porque só no casamento existe um compromisso de vida para toda a vida e a responsabilidade de assumir as suas consequências, especialmente os filhos.

O que faz do sexo algo perigoso e desordenado é exatamente o seu uso fora de uma realidade de manifestação de amor. Se tirarmos o amor, o sexo se transforma em mera prostituição: sexo sem amor, sem compromisso. Aquele que usa da prostituta não tem responsabilidade sobre ela; não se importa se amanhã ela estará doente, desempregada, passando fome ou morrendo de AIDS. Ela foi apenas um instrumento de prazer, que foi alugado por alguns instantes. É o grande desvirtuamento de uma das realidades mais lindas criadas por Deus. Se ao criar todas as coisas, "Deus viu que tudo era bom" (cf. Gen 1,10), também o sexo, já que foi feito com a bela finalidade de gerar a vida e unir os esposos. Se ele fosse sujo, em si mesmo, a criança não poderia ser tão bela e inocente. Nossos filhos vieram ao mundo porque tivemos relações sexuais. Deus, na Sua sabedoria, quis assim; quis que, no auge da celebração do amor do casal, o filho fosse gerado, para que este não fosse apenas "carne da carne dos pais", mas "amor do seu amor". A Igreja sempre viu com olhos claros esta realidade. São Paulo, há vinte séculos, já dava orientação segura aos fiéis de Corinto sobre isso: "O marido cumpra o seu dever para com a sua esposa e da mesma forma também a esposa o cumpra para com o marido.

A mulher não pode dispor de seu corpo: ele pertence a seu marido. E da mesma forma o marido não pode dispor do seu corpo: ele pertence à sua esposa. Não vos recuseis um ao outro, a não ser de comum acordo, por algum tempo, para vos aplicardes à oração; e depois retornais um para o outro, para que não vos tente Satanás por vossa incontinência" (I Cor 7, 3-5).

Com essas orientações o apóstolo dos gentios mostra a legitimidade da vida sexual no casamento e até pede que os casais não se abstenham dela por muito tempo, dizendo: "Não vos recuseis um ao outro". E pede que cada um "cumpra o seu dever" para com o outro. Como não ver nessas palavras do apóstolo um pedido aos cônjuges, para que satisfaçam as legítimas aspirações do outro? É claro que a luz a guiar este relacionamento há de ser sempre o amor e nunca o egoísmo.

Haverá épocas na vida do casal em que a relação sexual será impossível. Quando a esposa está grávida, já próximo de dar à luz, após o parto, quando passa por uma cirurgia, entre outros. Nessas ocasiões, e em muitas outras, por bom senso, mas também por caridade para com a esposa, o esposo há de respeitá-la.

O fato de o sexo ser legítimo no casamento,– e só no casamento –, não quer dizer que nele "vale tudo" como se diz. Não somos animais irracionais; aliás, nem os animais irracionais fazem estrepolias em termos de sexo. Ao contrário, são extremamente naturais. A moral católica se rege pela "lei natural", que Deus colocou no mundo e no coração do homem. Aquilo que não está de acordo com a natureza, não está de acordo com a moral. Será que, por exemplo, o sexo oral ou anal estão de acordo com a natureza? Certamente não.

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos ensina o seguinte: "Os atos com os quais os cônjuges se unem íntima e castamente são honestos e dignos. Quando realizados de maneira verdadeiramente humana, testemunham e desenvolvem a mútua doação pela qual os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido" (CIC, 2362; GS, 49). Tenho ouvido esposas que se queixam dos maridos que as obrigam a fazer o que elas não querem nem aceitam no ato sexual. Neste caso, será uma violência obrigá-las a isso. Aquilo que cada um aceita, dentro das características psicológicas de cada um, não sendo uma violência à lei natural, pode ser vivido com liberdade pelo casal.

É legítimo que o esposo prepare a esposa para que haja a harmonia sexual; isto é, ambos atingirem juntos o orgasmo. O esposo deve se guiar exatamente pela orientação da esposa, que saberá mostrar-lhe naturalmente o que ela precisa para chegar ao orgasmo com ele. Não é fácil, muitas vezes, o ajustamento sexual do casal; e, algumas vezes, precisa-se de anos para que ele aconteça. Também aí há de haver a paciência e a bondade de um para com o outro, para ajudá-lo a superar as suas dificuldades. Mas tudo se resolve se houver esses ingredientes.

(Trecho do livro "Família, santuário da vida" do professor Felipe Aquino).