24 de julho de 2010

A luxúria desencadeia outros pecados

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Quem é consciente da própria fraqueza não se expõe ao perigo
Deus quis dar um prazer sensível ao alimento, para que o homem, alimentando-se daquilo que lhe parecia saboroso, mantivesse a vida. Da mesma maneira, o Senhor concedeu à humanidade a realização do prazer sexual, por meio do qual também a espécie humana se multiplica. É o prazer íntimo, permitido ao casal, unido pelo matrimônio, o qual se abre também à graça da procriação.

O pecado da luxúria desvirtua aquilo que é belo, estabelecendo uma desordem, provocando a degradação de algo bom no que toca a dimensão sexual, fragilizando o indivíduo e levando-o ao vício.

A luxúria impossibilita o homem de viver a castidade no corpo, nos pensamentos e nas atitudes. É uma desordem que toma conta da pessoa na sua totalidade. Mas isso acontece de maneira lenta. A pessoa se mantém consumindo demoradamente produtos como vídeos, revistas, entre outros, os quais a levarão à realização de desejos perniciosos, provocados pelas fantasias.

Tal como a gestação, essas desordens acabam levando ao nascimento do pecado. A pessoa se concentra apenas no prazer impuro e se fecha inteiramente em função de realizar o prazer desmedido.

Esse mal também afeta muitos casados que, em consequência de um desvio provocado por esse prazer desmedido, faz do cônjuge um objeto. Dessa forma, conduzida pelo desejo, a pessoa presa aos prazeres grosseiros pouco se interessa por aquilo que a faz crescer.

Toda vez que se procura esse tipo de prazer maléfico se pratica o pecado mortal da luxúria, que levará a pessoa cada vez mais por caminhos mais e mais promíscuos, destruindo aquilo que lhe foi reservado de belo, saudável e bom.

Um jovem que tem como hábito ficar com várias meninas ao mesmo tempo, certamente terá dificuldade em manter a fidelidade a apenas uma mulher.

Os vícios impuros paralisam os gostos para tudo aquilo que é nobre. A amizade pura quase desaparece, pois quem vive o desequilíbrio se torna escravo das paixões.

Deus nos fez para o equilíbrio e para o bem, de modo que as desordens provocadas pelo pecado nos afastam do Senhor.

Jamais será possível conquistar a vitória sobre tais paixões se não nos empenharmos na fuga das ocasiões de pecado e buscarmos a convicção profunda para uma mudança de atitude. Se aspiramos alcançar o céu precisamos ter convicção para a superação de nossos pecados. O prazer impuro nos leva aos níveis mais animalescos e irracionais. Se a justificativa de alguém para o pecado é dizer que "a carne é fraca", então, não se pode colocar à prova a fraqueza da carne.

Nada é impossível para o coração orante, por isso, apoiados na graça, precisamos reconhecer que o prazer maléfico nos atrai; mas precisamos nos abrir também àquilo que Deus quer para nós.

Quem é consciente da própria fraqueza não se expõe ao perigo, pois quem ama o perigo nele perece.

Para vencer o pecado é preciso romper com as paixões provocadas pela ilusão, pela fantasia. A nossa fragilidade diante do pecado, muitas vezes, é resultado de uma decepção ou situações mal resolvidas.


Padre Eliano

22 de julho de 2010

Para encontrar a pessoa certa é preciso ser a pessoa certa

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É preciso preparar-se para o namoro
Vivemos em uma sociedade que cada vez mais despreza todas as formas de compromisso e de seriedade relacional. Diante disso, experiências de supostas aventuras momentâneas acabam, na maioria das vezes, prevalecendo diante do desejo de se viver um comprometimento sério no namoro.

De fato, em meio às frágeis concepções relacionais existentes em nosso tempo, torna-se cada vez mais difícil encontrar "a pessoa certa" para se viver um sadio relacionamento afetivo. Além do que, neste processo de encontrar a pessoa certa muita paciência e sabedoria são necessárias.

Aqui se aplica concretamente a antiga máxima: "Antes só do que mal acompanhado", pois, em tais circunstâncias uma escolha errada pode acarretar terríveis e desagradáveis consequências: afetivas, emocionais e existenciais.

Para se encontrar a pessoa certa é preciso antes ser a pessoa certa, ou seja, é necessário estar preparado para tal encontro, para, assim, poder oferecer o melhor de si ao outro.

O namoro é uma realidade para a qual é preciso preparar-se, e preparar-se bem: através oração e vivência dos sacramentos, buscando a própria cura interior, procurando moldar as fragilidades do temperamento, entre outros. Enfim, para ser a pessoa certa para o outro se faz necessário estar bem consigo, com os próximos e, principalmente, com Deus.

E só está realmente bem aquele que não centrou seu coração em si mesmo, mas n'Aquele que lhe é infinitamente superior, dando a Este a total prioridade em tudo o que se é e se faz. O encontro com um "outro" não pode ser a única e cega meta da vida, mas ao contrário, deve ser a simples consequência do encontro com o "Outro", que confere o verdadeiro lugar para todo e qualquer afeto humano.

Quem ainda não colocou o Sagrado no centro de sua existência não está pronto para viver um relacionamento sadio, pois correrá o sério risco de divinizar o outro, dando a este um lugar devido somente a Deus e, consequentemente, exigindo dele o que somente o Senhor pode lhe oferecer, tornando, dessa forma, a relação pesada e sufocante.

Existem lacunas em nós que somente o amor de nosso Autor poderá preencher, e apenas a partir de um profundo encontro com Ele nossos relacionamentos poderão tornar-se maduros e realmente bem sucedidos.

O amor só pode ser vivenciado com vida e equilíbrio, onde o "Amor" verdadeiramente saciou as fragilidades e vazios do coração.

Vivendo a partir de tais princípios e cuidando sempre e bem do coração, nós nos tornaremos capazes de inaugurar as devidas vias que precederão a tão desejada interação, a ser realizada pelo namoro, e poderemos assim saborear seu posterior êxito e plenitude.

Deus o (a) abençoe!

Foto Adriano Zandoná
verso.zandona@gmail.com

19 de julho de 2010

Na oração Deus se revela

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O Espírito Santo não entra no coração de uma pessoa perversa
Ninguém se coloca sob o sol sem se queimar; se tomar sol você vai sofrer as consequências dele. Com Deus acontece algo semelhante, ninguém se coloca na presença d'Ele sem ser beneficiado pela Sua presença, as marcas da presença do Todo-poderoso também são irreversíveis. Irreversíveis para a nossa salvação. Quando nós nos deixamos conduzir pelo Espírito Santo Ele nos dá liberdade. Nunca Nosso Senhor pensou em trazer você para perto d'Ele para limitar a sua liberdade. Se Deus Pai não quisesse que fôssemos livres, por que ele teria nos criado livres?

A nossa liberdade ficou comprometida por nossa própria culpa, porque quem peca se torna escravo do pecado. Pelo nosso pecado e pelos vícios que entraram em nossa vida, nós ficamos debilitados. Foi para sermos livres que o Pai do céu enviou Jesus. Deus Pai nos deu Cristo para nos libertar daquilo que nos amarrava.

É para que eu seja uma pessoa livre que Jesus Cristo me libertou, não para eu viver como um escravo, mas para que eu tenha liberdade! Cristo amou você, morreu em uma cruz por sua causa para que você não seja escravo do pecado. O Ressuscitado nos libertou de todo o mal, de toda a armadilha do inimigo, para que permaneçamos livres. Contudo, ninguém é livre na maldade.

Ninguém pode saber o que está em seu interior se você não abrir a boca e dizer. Quando você se põe a rezar, você esparrama o seu coração. Deus sabe separar as nossas loucuras e as nossas verdades. O Senhor sabe quando não estamos bem e o momento da oração é a hora de colocarmos todas as nossas perturbações na presença d'Ele. Quando você reza Deus Pai o refaz e o Espírito Santo o cura e o liberta. Rezar é você desnudar sua alma na presença de Deus ao se abrir a Ele. Quando voce reza, você está se pondo na presença do Altíssimo e assim será curado.

Quando você tira a roupa diante do espelho você vê o que quer e o que não quer. Na hora em que estamos rezando caem as nossas "roupas", espiritualmente falando e, do mesmo modo, vemos aquilo que queremos e o que não queremos. Tudo que eu faço de mau volta para mim no momento da oração. As feridas que nós ignoramos, na oração, não conseguimos ignorá-las, porque nesse momento Deus nos revela uma por uma para nos curar. No momento em que o Senhor nos mostra quem nós somos, Ele também mostra quem Ele é.

No momento em que você conhece ao Criador você conhece a si mesmo. Por isso que rezar não é coisa para qualquer um. Na oração, Deus se revela a mim, mas Ele também me revela a mim mesmo. Se Ele me revela uma coisa que não está boa, é porque é preciso consertá-la. Ninguém conhece ao Todo-poderoso sem antes entrar no próprio coração.

Na oração nós aprendemos a ouvir ao Senhor. Não existe ninguém que tendo rezado Deus não o tenha respondido. E se Ele não o faz diretamente, Ele vai fazê-lo por meio de uma pessoa ou de um fato. Mas que Ele responde Ele responde. Nós precisamos aprender a ouvi-Lo na oração, para conhecermos os planos que Ele tem para nossa vida. Ele projetou um caminho de felicidade para nós.

O Espírito Santo não entra no coração de uma pessoa perversa. O Paráclito não habita em um corpo que está sendo usado para o pecado. Nós podemos ter muito conhecimento, conhecimento você adquire com estudo, mas sabedoria quem dá é Deus. Uma pessoa perversa pode ter qualquer coisa, menos sabedoria.

O que é errado é errado hoje, foi errado ontem e será errado sempre! Não é porque a modernidade está aí que o que era errado deixou de sê-lo. Talvez o que você precise hoje seja abrir mão desta pendência que está dentro de você. Quem quiser receber de Deus uma resposta, quem quiser conhecer a Deus e a si mesmo precisará lutar pela sua pureza. O maligno tem pavor de gente que vive a purez! Muitas graças lhe são dadas porque o Espírito Santo se achega ao homem que vive a pureza.

O Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo tem poder de nos purificar. Pela força da santa cruz todo o mal é vencido! Queira viver a pureza.

Foto Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com

15 de julho de 2010

Quem ama transpõe barreiras

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Isso significa dar um salto de qualidade
A palavra "transpor" inspira a superação de algo que atravessa o nosso caminho. Por exemplo, para se chegar do outro lado de um rio, você precisa atravessá-lo, isso é transpor as águas correntes à sua frente. Você pode fazê-lo nadando ou utilizar-se de um barco, e assim por diante. Transpor sempre requer um esforço pessoal, a utilização de força de vontade, uso de ferramentas e até desenvolver uma estratégica correta para vencer o obstáculo.

Na vida de um casal de esposos, de noivos ou de namorados, existem situações diárias a serem transpostas; o mesmo vale na criação e educação dos filhos, no caso dos casados. Na verdade, a vida é um constante movimento de transposição, que requer esforço e dedicação para se chegar lá. E o que move este dínamo, que gera a força necessária para se conseguir transpor, é o amor. Quem ama de verdade busca no próprio amor a capacidade de transpor as barreiras, até do próprio relacionamento. Quem ama é criativo nisso e se utiliza de ferramentas como a paciência, a aceitação das limitações do outro, a coragem de ser verdadeiro e buscar um diálogo franco.

Quem ama sempre tem uma estratégica no coração para contornar situações difíceis, estratégica esta sempre estruturada no perdão e na misericórdia. Quem ama perdoa com facilidade e está sempre disposto a recomeçar o relacionamento "transpondo" a si próprio e colocando como sentido de sua vida o viver para o outro. Transpor significa dar um salto de qualidade, elevar-se como pessoa, se humanizar cada vez mais buscando a verdadeira felicidade, que está na conquista de si mesmo, no domínio dos instintos de autoridade e de violência, que estão sempre querendo sobressair em nossos relacionamentos.

Pense nesta semana naquelas coisas que você precisa transpor. Veja que Deus derrama o Seu Espírito Santo como sopro, que empurra a nossa vida nesta direção: transpor todas as barreiras que a vida nos oferece, até que um dia vamos transpor o céu e encontrar o nosso lugar definitivo: Deus.

Deus o abençoe!

Diácono Paulo Lourenço
blog.cancaonova.com/dianocopaulo

14 de julho de 2010

Depressão não é chilique

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Junto com a tristeza, a pessoa se isola
Tristeza é uma coisa sadia e normal, o que não é normal é a tristeza se prolongar. Pessoa que tem pânico se isola, e a depressão vem como consequência. Depressão não é a pessoa ficar triste, mas sim, persistir na tristeza.

Junto com a tristeza, a pessoa começa a se isolar e não se alimenta. Depressão não é "chilique"; é doença! Existem depressões maiores e menores, mas o que mais chega aos consultórios são as depressões atípicas, e é difícil de diagnosticá-las porque elas fazem parte de outras doenças e atingem mais as mulheres depois da menopausa.

Depois dos 45 anos de idade, a incidência de doenças cardiovasculares nas mulheres é muito maior. A depressão na menopausa é muito séria, nessa faixa os filhos já se casaram e a mulher passa pela síndrome do "ninho vazio". A mulher tem como "dever" cuidar dos filhos, o tempo vai passando e ela coloca como foco de sua vida esse cuidado [dos filhos]. Mesmo que ela tenha várias funções, sempre quer cuidar dos filhos. Depois que estes saem de casa, ela sente um vazio, e se não tiver nada para preencher essa lacuna, ela entra em depressão. A mãe convida os filhos para almoçarem em casa aos domingos e prepara tudo. Chega o domingo, todos os filhos almoçam e vão embora e a deixam sozinha com tudo para limpar. Se essa senhora não tem Deus para preencher o vazio, ela entra em depressão.

"A depressão acontece quando a pessoa perde o sentido de vida", diz Victor Frankl. Viver é administrar perdas, porque nós vivemos perdendo. "A gente pode perder tudo, mas não podemos perder a fé", dizia padre Léo.

Quando você está deprimido só se lembra de coisa ruim, cria um sentimento de culpa muito grande. Eu trato as enfermidades com remédio, mas não tem outro de jeito de curar os sentimentos de culpa a não ser pela Trindade Santa. Nós tomamos remédio, mas precisamos acreditar que Deus pode nos libertar.

Se você está sofrendo é porque um dia você gerou o problema, mas como diz a Palavra: "Alegrai-vos no Senhor".

O perdão é muito importante para nossa saúde física e mental. Quem tem capacidade de perdoar vive mais tempo.

Viva sempre o presente; isso não quer dizer que você não deva pensar no futuro, mas este não pode impedir a vivência do presente.

Quando uma pessoa deprimida diz: "Eu vou me matar", pode acreditar nela e a leve diretamente para o médico porque senão ela realmente se mata. Elas desenham o plano de morte porque acham que não têm mais saída e que estão dando trabalho para todo o mundo.

O milagre pode acontecer. Quem atesta a cura é o médico e o milagre, o Vaticano. Eu acredito que quem tem fé e toma um remédio vai ser curado, mas não deve tomar medicação sem consulta médica.

Dr. Roque Savioli

12 de julho de 2010

O amor personalizado

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Nós não amamos a todos do mesmo jeito
Amor é uma das palavras mais difíceis de conceituar em nosso mundo. A necessidade ou a conveniência foram gerando diversos significados para esta palavra, a meu ver, todos eles com certo teor de verdade, mas necessitados de contextualização. Minha intenção, no momento, não é de trabalhar os contextos do amor, mas sim, as diferentes faces do amor de Deus.

O Senhor nos ama com toda a Sua capacidade infinita de amar, não sabe amar menos, toma a iniciativa sempre. No entanto, a vida humana se desenvolve num complexo ambiente com fases diferenciadas, momentos próprios e por isso a nossa necessidade de amor é alterada também.

Uma criança, por exemplo, não pode ser amada com um amor de homem-mulher, isso não atende a sua necessidade e ainda poderia provocar deficiências em seu amadurecimento interior, e Deus sabe disso. O Todo-poderoso ama a todos igualmente, mas não nos ama com um amor genérico e por isso descompromissado com nossa identidade, Seu amor vai se configurando à nossa necessidade; quase que podemos dizer que, por amar pessoalmente cada um, – Deus nos ama de forma diferente –, em estilo e igual em intensidade. Amor pessoal, único em sua expressão. A cada momento somos amados da forma adequada e diferenciada.

Exatamente por sermos reflexos do amor de Deus, nós também não amamos a todos do mesmo jeito. Se assim o fizéssemos, seríamos injustos, porque o amor de verdade deve tocar a individualidade de cada um, amar do jeito certo e como o amor é criativo, encontra a forma individual e única de ser fecundo em cada pessoa. Não adianta pensar que amaremos a todos de forma igual, isso não é possível. Sabendo disso estaremos evitando o risco de nos sentirmos pouco amados simplesmente porque somos amados de forma diferente que os outros.

Para compreender o amor divino podemos observar as imagens dele existentes no amor humano, um exemplo fácil é o de uma mãe, com a mesma intensidade de amor ela ama de uma forma os seus pais, de outra o seu esposo, de outra os seus filhos e de outra os seus amigos. Será que o que muda é a intensidade do amor? Não, o que muda é o estilo dele, suas características e não sua profundidade.

O amor na forma e na dose certa é como um medicamento, um fortificante ou uma vitamina, não é ele quem leva ao desenvolvimento, mas é ele que garante que o processo da vida não sofrerá atrofias ou danos permanentes; nossa identidade surge a partir do estilo de amor que recebemos.

Descobrimos-nos filhos a partir do amor de pai e mãe, nos descobrimos irmãos a partir do amor de nossos irmãos. É o amor que abre nossos olhos para nossa própria identidade, é ele quem dá a sobriedade de vida e nos faz amar e gostar de nós mesmos, desejando sempre ser melhores.

Que Deus o abençoe e o faça crescer sempre em seu amor.

Padre Xavier

8 de julho de 2010

Valor da oração comunitária

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Uma das expressões mais vivas da comunhão dos santos
Fulge o valor da oração comunitária nestas palavras de Cristo: "Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou no meio deles" (Mt 18,20). Nestes instantes de preces se percebe ao vivo a presença de Jesus, havendo um compartilhamento da fé numa invocação a Deus e numa abertura ao amor e à esperança. Por isso, São Paulo aconselha aos romanos: "Buscai a plenitude do Espírito. Falai uns aos outros com salmos e hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor em vosso coração" (Ef 5,18b-20).

Unidos, os cristãos elevam seu espírito ao Deus trino, motivados pelas grandes obras que o Senhor realiza na existência de cada um. Não há nada mais bíblico nem mais eclesial do que este louvor de Deus, a quem conjuntamente se adora e agradece, apresentando reparação pelas falhas humanas e se pedem graças que são concedidas pelo Pai, que está nos céus, como afiançou o próprio Redentor. A oração vivida com fé autêntica enche a pessoa da dileção de Deus, é comunhão com Ele e com os irmãos na busca da libertação dos próprios erros, levando a um crescimento interior integral fruto da ajuda mútua. Isso porque a união na oração é uma das expressões mais vivas da comunhão dos santos. É evidente que a prece dos cristãos tem seu apogeu e sua centralidade na Eucaristia. Nunca se valorizará demais a participação no Santo Sacrifício da Missa. Nele a Palavra de Deus fala ainda mais fundo dentro de cada coração através das leituras e cânticos e nele adoramos o Pai em Cristo, com Cristo e por Cristo, recebendo os dons do Espírito Santo.

Durante a Santa Missa se oferecem orações, súplicas e intercessões em espírito de gratidão, conscientes de que tais preces estão unidas às de Cristo e às de toda a Igreja espalhada pelo mundo inteiro. No ofertório da Celebração Eucarística afirmamos que tudo o que somos e o que possuímos é dádiva de Deus. Esta dádiva tem dimensão social e a ela deve associar-se cada um no serviço do Reino de Deus e no serviço ao próximo, usufruindo com júbilo a presença de Jesus, prometida por Ele aos que, em Seu nome, estão reunidos. A busca de Deus, do Valor Absoluto, bem como a paz, a tranquilidade, a imperturbabilidade resultam destes momentos beatíficos da prece em comum. É que a prece é sempre uma resposta de amor à vontade amorosa de Deus Pai.

Na oração, de fato, os cristãos se põem naquela radical perspectiva de abertura ao Senhor Todo-Poderoso e, por meio da graça, abertura à salvação, na qual Deus vem sempre ao encontro de cada um e o chama e opera nele na alegria do Espírito Santo. Quanto mais profundamente cada um se colocar nesta perspectiva, tendo como premissa um coração purificado e livre, tanto mais este encontro com o Criador se tornará vital para ele.

Rezar é, de fato, um ato de renovação da fé na presença de Deus, um gesto de esperança na tensão para a conquista da Jerusalém celeste, uma expressão de amorosa doação de si. Pode-se, deste modo, de maneira temática, concreta e palpável se perceber a inobjetivável experiência da transcendência sobrenatural do Ser Supremo. Pode-se mesmo dizer que a história pessoal da salvação de cada um é a história de sua oração feita em união com os irmãos e irmãs. É quando se abrem os ouvidos do coração e se escuta a resposta de Deus: "Eu sou a vossa proteção".

Então razão tem Santo Agostinho ao afirmar que a oração do cristão é um falar com Deus, recebendo d'Ele retorno maravilhoso. Tudo porque, quando dois ou três estão reunidos em oração, Jesus está no meio deles.

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no seminário de Mariana durante 40 anos