15 de junho de 2010

O Evangelho é miséricordia; o mundo é cruel

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Se perdermos a misericórdia, o mundo nos terá vencido
A marca central e constante pregada por Jesus, presente em todas as páginas do Evangelho, é a misericórdia. Tirá-la dos ensinamentos do Senhor seria como tirar o combustível do automóvel.

Mas, o mundo não é misericordioso. O mundo é cruel!

Enquanto a misericórdia ensina a estender a mão ao fraco e ao pobre, a crueldade delicia-se com a miséria, os erros e os pecados de quem errou.

Por nada Jesus não teria dito: "Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes que a vós" ( Jo 15,18). O mundo guia-se pelo "espírito de urubu": quanto maior a carniça, a sujeira, tanto maior a festa!

Mas, o cristão precisa ser diferente. Se perdermos a misericórdia e passarmos também à crueldade, o mundo nos terá vencido. Mas, diferentemente, se formos cada vez mais misericordiosos com os outros e com nossos próprios erros, venceremos.

Por maior que seja a carniça, um dia, ela acaba e, então, os corvos se dispersam. Mas onde há o amor e a misericórdia é exatamente o inverso: muitos vão se achegando. Até aqueles acostumados com a crueldade dar-se-ão conta de que a misericórdia "cheira melhor". Ela pode até não aparecer tão bem "empacotada", mas, que tem um conteúdo diferenciado, tem.

De que lado costumo, seguidamente, me posicionar: ao lado da crueldade do mundo ou da eterna e infinita misericórdia pregada por Jesus?

Não esperemos que o mundo se torne misericordioso. Não esperemos que os outros exerçam a misericórdia que nós podemos manifestar através de nossas palavras e gestos concretos.

Quanto mais nossa misericórdia se manifestar, tanto mais a crueldade do mundo vai diminuir!

Foto Padre Alir Sanagiotto, SCJ

13 de junho de 2010

As dúvidas durante o namoro

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É preciso perguntar: este namoro nos ajuda a crescer?
Há namoros complicados que se prolongam por muitos anos sem uma definição, havendo, às vezes, várias separações e voltas, sem que o relacionamento amadureça e chegue ao casamento. Então, é preciso examinar bem as razões pelas quais esses casais de namorados já se separaram tantas vezes. Os problemas que geraram as separações foram resolvidos ou será que ambos "taparam o sol com a peneira"? Se os motivos das separações foram importantes e eles souberam resolver em cada caso os problemas em suas raízes, e isso serviu até para uni-los mais, tudo bem, o namoro deve continuar. Mas, se os problemas são os mesmos, se repetem, e eles não conseguem resolvê-los, então é preciso pedir a ajuda de alguém que os oriente, no sentido de se tomarem uma decisão.

Não se pode ficar no namoro como um carro atolado no mesmo lugar; o carro pode até atolar, mas deve sair e continuar a viagem. Faço uma pergunta aos dois: este namoro os ajuda a crescer? Cada um de vocês sente falta da presença do outro? Toda crise, qualquer que seja, enfrentada com coragem, lucidez, trabalho e uma boa orientação, pode gerar crescimento para a pessoa e para o casal. Uma crise de relacionamento pode até ser um aprendizado para uma futura vida de casados, quando essas crises acontecem e com mais frequência.

O mais importante, repito, é não "tapar o sol com a peneira"; isto é, fingir que resolveram os problemas e irem empurrando o namoro com a barriga até o casamento. Quando um casal briga muito nesse período [namoro], pode estar certo de que vai brigar mais ainda depois de casados. Vale a pena isso? Então, se o relacionamento não vai bem e não melhora, então, é melhor terminá-lo. O namoro é para isso mesmo, para verificar se a outra pessoa é adequada para viver comigo para sempre, constituir família e ter filhos. Não caiam jamais no erro do "me engana que eu gosto"; que é a mesma coisa do avestruz que enfia a cabeça na areia para não ver a tempestade à frente; enfrente a tempestade ou então fuja dela.

Nenhum casal de namorados deve partir para o casamento com dúvidas sérias sobre o outro; há muitos casos de separações de casados por causa disso. Há problemas graves que podem ser resolvidos com um bom diálogo, compreensão de ambas as partes, oração, orientação, paciência, entre outros. Mas não se pode acomodar com um problema; o rato morto não pode ficar no porão da casa porque vai fermentar e exalar mau odor.

É preciso aprender a dialogar; tentar entender as razões do outro, saber se calar e esperar o outro falar tudo o que tem para falar. Um segredo que evita muitas brigas no namoro é saber combinar as coisas. Muitos brigam porque não combinam as coisas a fazer. Por exemplo, quando ir à casa de cada um, quando fazer um programa ou outro. Tudo deve ser combinado antes, com antecedência, para que as surpresas da vida não os leve a brigar. O povo diz, e com muita razão, que "o combinado não é caro". Então, se as coisas são combinadas antes, muitas brigas podem ser evitadas, isso vale inclusive para o noivado e casamento.

Se você tem consciência de que errou e machucou o outro, então a primeira coisa a fazer é pedir perdão e prometer-lhe que não fará mais isso. Esse ato de humildade fortalece o relacionamento e o torna mais humano. Mas mesmo assim, você terá de reconquistar a confiança que talvez tenha sido abalada quando você errou e magoou o outro.

Algumas vezes há coisas mal-entendidas no relacionamento. É preciso esclarecer isso muito bem; não deixe que a fofoca destrua o namoro; coloquem as coisas às claras, com sinceridade e honestidade. A humildade é a fortaleza dos que amam; aquele que tem maior amor deve dar o primeiro passo, vencer o orgulho e ir ao encontro do outro.

Reze e peça a Deus a graça de poder falar com clareza e sabedoria o que precisa ser dito. Consagre seu namoro a Deus e peça a Ele que os conduza.

Veja tambem: Relacionamento a dois é complicado?

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

10 de junho de 2010

Namorar é muito bom

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O namoro é uma grande conquista antes do casamento
Penso que toda pessoa deva ter alguém na vida para partilhar as suas alegrias e tristezas, conversar, brincar, descontrair-se. Algumas escolhem ter muitos amigos e por isso colocam nestas relacões de amizade estas possibilidades de partilha. Mas além dos amigos, outras se sentem atraídas por alguém em especial, que lhes causa certo desejo de estarem juntos, brotando sentimentos e emoções imotivadas quando se encontram, os olhos brilham, o coração bate mais forte: acontece o enamoramento, primeiro sintoma de um amor que pode amadurecer até um casamento feliz. Isso leva tempo e é preciso explorar bem todas essas emoções, cruzar isso com a razão, polvilhar com muito diálogo e uma partilha aberta e irrestrita de vida. A isso tudo podemos chamar de namoro, uma fase a vida de quem é chamado a viver com alguém, que começa e nunca termina, pois ao terminar o namoro, acabou o amor.

Muitos casamentos entram em crises profundas pela falta de namoro. Pensam que depois que estão casados, portanto, morando juntos, isso ficou para trás. Mas é exatamente o contrário, a fase mais extraordinária do namoro é o casamento. O matrimônio proporciona a melhor hora de namorar e namorar muito se os cônjuges buscam ocasiões para estarem juntos e apreciarem a presença um do outro, passear e conversar muito, fazer planos para o futuro e para os filhos, descontrair, beijar e amar-se profundamente.

Essa é uma leitura amadurecida de um relacionamento que não deixou as dificuldades próprias da vida colocarem sombras sobre toda luz que emana de duas pessoas que se amam, que cultivaram este amor e que querem crescer juntas e terem uma vida cheia de sentido e prazer. O prazer, sobretudo o sexual, é uma graça própria do sacramento do matrimônio, fonte de alegria, como diz a Encíclica Casti Connubbi, do Papa Pio XI, a qual citei em outro artigo sobre castidade conjugal (você pode ler neste Blog).

O namoro é uma grande conquista antes do casamento e depois do casamento. Podemos até fazer comparação com o amor de Deus, que é um amor apaixonado. Estamos chegando no Dia dos Namorados e eu quero convocar os casados a reconquistarem as suas esposas ou seus maridos, convidando-os a retomarem urgentemente o namoro. Namorar é tão bom que eleva a alma a Deus, produz efeitos positivos na saúde física e psíquica da pessoa. O amor começa no namoro e tende a acabar quando o namoro para. É tempo de retomada, caprichem!

Se você não é casado ainda, e não tem namorado(a), busque a pessoa certa, o que não quer dizer perfeita, e não tenha medo de namorar, deixando o sexo para depois do casamento. A pessoa é construída pelo amor que lhe damos, se ela for receptiva. O amor nasce de encontros, de olhares, perca o medo e deixe-se levar pelas emoções, invista e insista nos sentimentos.

Veja tambem:Os dez principios do namoro cristão

Boa semana a todos. Deus os abençoe.

Diácono Paulo Lourenço

8 de junho de 2010

A diferença de idade no namoro

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as atenções se voltam aos casais quando há disparidade de idade
Namorar é a maneira de identificar em alguém as qualidades que admiramos e sonhamos viver em comum na vida a dois. De modo geral, todos nós já fizemos alguma "triagem" sobre o outro, quando estávamos buscando por um(a) namorado(a). Nisso, estabelecemos pontos básicos para filtrar os possíveis pretendentes, que, de certa maneira, deveriam se enquadrar no nosso perfil e corresponder ao nosso estilo de vida. Por exemplo, a pessoa que gosta de uma vida noturna, certamente vai procurar por alguém que também aprecie esse tipo de lazer e, assim, sucessivamente.

Mas nem tudo que é importante para uma pessoa pode ser relevante para uma outra.

Quando se fala em namoro, normalmente trazemos à memória uma pessoa solteira ainda na juventude e que deseja estabelecer uma vida partilhada como casal. Mas esse desejo não é um privilégio apenas das pessoas mais jovens. Não há um limite de idade para alguém deixar de viver a troca de experiências dentro do namoro, pois sempre encontraremos pessoas mais velhas desejando encontrar a felicidade na companhia de alguém.

Embora a vivência de um relacionamento seja um direito de todos, há muita resistência por parte de algumas pessoas ao verem um casal de terceira idade namorando. Entretanto, as atenções se voltam aos casais, de maneira especial, quando a disparidade de idade entre eles corresponde a algumas dezenas de anos; independentemente, se essa diferença venha favorecer a mulher ou o homem. Qual seria a razão de uma pessoa se sentir interessada por outra mais jovem?

Sem desejar estabelecer aqui uma regra ou criar dados estatísticos, percebo que as pessoas mais velhas e solteiras buscam encontrar alguém da sua faixa etária. Para estas a maturidade e o interesse comum pelas coisas são altamente valorizados para a garantia do sucesso em seus relacionamentos. Noutro extremo há aquelas pessoas que se relacionam com um(a) namorado(a) mais jovem. Algumas moças se sentem atraídas por homens mais velhos, talvez, por terem vivido más experiências em namoros com pessoas da mesma idade. Elas se encantam com a maturidade do namorado mais velho. Nessa última comparação, muitas vezes, são homens que vêm de um casamento falido, viúvos ou separados, desejando encontrar na namorada a esposa para viver aquilo que, nem sempre, não conseguiram realizar no relacionamento anterior.

O inverso também pode acontecer, ou seja, uma mulher mais velha se interessar por um rapaz mais jovem. A vantagem que essas pessoas mais vividas levam sobre seus parceiros mais jovens está na experiência adquirida ao longo da vida. A maneira como elas veem o mundo, as suas expectativas quanto ao futuro, as descobertas realizadas e os desafios superados nos relacionamentos anteriores serão uma reprise quando o outro começar a viver as mesmas coisas.

A pessoa mais experiente deverá estar ciente da necessidade de moldar seus valores e hábitos agora na presença de alguém mais jovem, sem deixar de considerar que sua maturidade sempre estará defasada em 10, 15, 20 anos...em comparação ao outro. Pois, os interesses e o teor da conversa são diferentes, assim como a faixa etária dos amigos dos dois, as brincadeiras do convívio, por sua vez, também são peculiares à idade de cada um. Enfim, a perspectiva e a leitura que ambos fazem da vida têm outro significado, o que poderá ser motivo para gerar ciúme.

Sem tolher suas experiências e expectativas diante das descobertas próprias da idade, o casal vai precisar desenvolver a paciência para que o mais jovem amadureça diante das etapas da vida a dois, especialmente quando afloradas no desafio dos cismas próprios dos relacionamentos.

Todavia, não podemos julgar que um relacionamento com tais características seja impossível de dar certo. Percebemos que nesse "mix" de exemplos, os critérios que fazem alguém se interessar pelo outro são diferentes no grau de relevância. Seja qual for a escolha, há sempre a necessidade de estar ciente das exigências e das possíveis complexidades que uma diferença de idade poderá trazer para a vida do casal. Quanto maiores são as diferenças tanto maiores serão as renúncias, pois ainda que as pessoas mais velhas acreditem ser tão ativas quanto o(a) namorado(a) mais jovem, elas não poderão negar que são a idade que têm, tampouco poderão reduzir os números de anos com o passar do tempo.

Um abraço

Foto Dado Moura
contato@dadomoura.com

7 de junho de 2010

Maria: modelo de louvor

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O 'Magnificat' nos faz viver cheios do Santo Espírito
A mulher e homem de louvor têm total adesão ao Senhor. Deus, de toda a eternidade, chamou o homem para o Seu louvor; essa é a nossa vocação, o nosso chamado. Infelizmente, o homem se afastou da glória por conta do pecado; mas Deus, como é fidelidade, quer salvá-lo desse mal [pecado]. A nossa vida precisa se tornar um eterno louvor. Aquela pessoa, que é chamada por Deus para o louvor, deve escolher a melhor parte. Qual é parte que você tem escolhido? Qual é o centro da sua opção? Isso toca na base da nossa história, muitas escolhas são feitas para a superficialidade.

Só pode amar quem realmente faz uma experiência com Deus. Peça ao Altíssimo a graça de uma visão sadia da vida. Esse louvor que nos alcança nos abre para o relacionamento, no qual nós vivenciamos a sinceridade, a verdade e a gratuidade; daí a comunidade se torna uma expressão de louvor.

Só o "homem novo" conhece o "canto novo" de louvor. Quem está preso canta um "canto velho", mas o "homem novo" canta com sua vida um "canto novo", em toda e qualquer circunstância.

Você foi criado para o louvor da glória de Deus, por isso não jogue o dom da sua vida fora! Seja você casado, consagrado, solteiro, seja em qual realidade de vida estiver, que você busque um coração unido a Deus, pois é próprio da alma que ama estar com o Amado.

O místico é aquele que, na intimidade, vai eleger o absoluto de Deus em Jesus Cristo. O místico é alguém aberto ao Espírito Santo. O místico, pela ação do Espírito Santo, faz do fiel que fala com Deus um orante, um homem de oração; do que fala a respeito de Deus, um teólogo; do que fala no lugar de Deus o Espírito Santo torna essa pessoa um profeta; daquele que fala em Deus o Espírito Santo o torna um místico, aquele que faz todas as coisas em Deus. Essa é a obra do louvor.

Como viver tudo isso? Precisamos de um modelo e a Virgem Maria é o nosso modelo. Mergulhemos na vida de Nossa Senhora para entender como se manifesta esse louvor. A Santíssima Virgem é modelo porque ela é toda transparente a Deus; aquele que quer viver o louvor da glória de Deus precisa ser uma pessoa transparente. Maria é modelo do anúncio profético da Igreja e para a Igreja. O "Magnificat", cantado por ela, expressa tudo isso. O "Magnificat" é o verdadeiro kairós, um tempo novo instaurado na história.

"E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor, 47. meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, 48. porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, 49. porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. 50. Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. 51. Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. 52. Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. 53. Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. 54. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, 55. conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre" (Lc 1,46-56)

Para onde está voltado o olhar da Virgem Maria? Totalmente fixado em Deus. Aquela, que acreditou, está com o olhar totalmente voltado para o Todo-poderoso. Você cantou o "Magnificat" com sua alma elevada ao Senhor? Se seu olhar está perdido é preciso colocá-lo sob o olhar d'Aquele que é o Absoluto, o Senhor; Ele recolhe sua alma e a lança no infinito, que é Ele.

Maria se volta para o Senhor, que é três vezes santo. É uma manifestação tão profunda que tudo silencia, por isso, para ser louvor, é preciso fazer a experiência do silêncio que nos cala. Maria é modelo de louvor porque está toda voltada para Deus Pai.

Diante do Altíssimo a criatura se conhece na verdade. Ela tem um coração que vivencia o autoconhecimento. É dessa forma que Nossa Senhora se sente no "Magnificat", olhada por Deus e ao mesmo tempo pequena. Permita hoje que o Senhor o olhe com amor. Maria se sente olhada e alcançada pelo amor de Deus, essa é a experiência do autêntico louvor. O conhecimento de si sem o conhecimento de Deus geraria o desespero. Quantas pessoas desesperadas há, porque experimentam a incapacidade diante da vida e por não conhecerem a Deus se desesperam.

A Santíssima Virgem Maria é a exaltação mais pura do conhecimento de Deus e de si. É a alegria, o júbilo da criatura amada pelo Criador. O "Magnificat" é um falar no Espírito, que não se pode compreender a não ser n'Ele mesmo [Espírito Santo de Deus].

O "Magnificat" não é apenas para ser recitado, mas vivido, é um cântico que nos faz viver cheios do Santo Espírito, cheios da graça de Deus! O caminho está vazio de si. Sem pequenez não existe o mais belo louvor de Deus. O belo louvor brota dessa experiência.

Seja livre e dócil. As palavras do Cântico de Maria ["Magnificat"] mostram o verdadeiro louvor e é decisivo porque o Messias chegou. O coração orante de Virgem Santíssima entoa tudo isso. Vamos orar como Nossa Senhora. Se o seu olhar hoje não está voltado para Deus é tempo de voltá-lo para o Senhor.

Padre Eliano
Fraternidade Jesus Salvador

5 de junho de 2010

A força do exemplo

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As crianças são como esponjas, se colocadas em água suja, absorverão
O exemplo é um forte elemento na educação das crianças. A família, os professores, os personagens das histórias a elas narradas e até mesmo os apresentadores dos programas infantis de televisão têm enorme responsabilidade sobre seus gestos e atitudes, cujas características são cuidadosamente apreendidas pelos pequenos. As crianças são como esponjas. Se colocadas em água suja, absorverão água suja. Quando colocadas em água limpa, absorverão água limpa. As crianças tendem a repetir aquilo que os adultos fazem. Muitas histórias servem de pretexto para que reflitamos sobre nossas atitudes diante de nossos filhos, alunos, pequenos aprendizes. É o caso desta pequena mensagem, cujo autor é desconhecido:

"A tigela de madeira"

Um senhor de idade foi morar com seu filho, nora e o netinho de quatro anos de idade. As mãos do velhinho eram trêmulas, sua visão embaçada e seus passos vacilantes. A família comia reunida à mesa. Mas as mãos trêmulas e a visão falha do avô o atrapalhavam na hora de se alimentar. Ervilhas rolavam de sua colher e caíam no chão. Quando pegava o copo, o leite era derramado na toalha da mesa.

O filho e a nora irritaram-se com a bagunça. - "Precisamos tomar uma providência com respeito ao papai", disse o filho. - "Já tivemos suficiente leite derramado, barulho de gente comendo com a boca aberta e comida pelo chão." Então, eles decidiram colocar uma pequena mesa num cantinho da cozinha. Ali, o avô comia sozinho enquanto o restante da família fazia as refeições à mesa, com satisfação. E desde que o velhinho quebrara um ou dois pratos, sua comida agora passara a ser servida numa tigela de madeira.

Quando a família olhava para o avô sentado ali sozinho, às vezes, ele tinha lágrimas em seus olhos. Mesmo assim, as únicas palavras que lhe dirigiam eram de admoestações ásperas quando ele deixava um talher ou alimento cair ao chão.

O menino de quatro anos de idade assistia a tudo em silêncio. Numa noite, antes do jantar, o pai percebeu que o filho pequeno estava no chão, manuseando pedaços de madeira. Ele perguntou delicadamente à criança: - "O que você está fazendo?" O menino respondeu docemente: - "Ah! Estou fazendo uma tigela para você e mamãe comerem quando eu crescer". O garoto sorriu e voltou ao trabalho. Aquelas palavras tiveram um impacto tão grande nos pais que estes ficaram mudos. Então lágrimas começaram a escorrer de seus olhos.

Embora ninguém tivesse falado nada, ambos sabiam o que precisava ser feito. Naquela noite o pai tomou o avô pelas mãos e gentilmente o conduziu à mesa da família. Dali para frente e até o final de seus dias o senhor fez todas as refeições com a família. E por alguma razão, o marido e a esposa não se importavam mais quando o garfo caía, o leite era derramado ou a toalha da mesa ficasse suja.

Gabriel Chalita
http://blog.cancaonova.com/gabrielchalita/

2 de junho de 2010

A presença real de Cristo na Eucaristia

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A Igreja nunca duvidou dessa verdade
Desde que Jesus instituiu a Eucaristia na Santa Ceia, a Igreja nunca cessou de celebrá-la, crendo firmemente na presença do Senhor na Hóstia consagrada pelo sacerdote legitimamente ordenado pela Igreja. Nunca a Igreja duvidou da presença real do Corpo, Sangue, Alma e Divindade do Senhor na Eucaristia. Desde os primeiros séculos os Padres da Igreja ensinaram esta grande verdade recebida dos Apóstolos.

Na Última Ceia, Jesus foi muito claro: "Isto é o meu corpo". "Isto é o meu sangue" (Mt 26,26-28). Ele não falou de "símbolo", nem de "sinal", nem de "lembrança". São Paulo atesta a presença do Senhor na Eucaristia quando afirma: "O cálice de benção, que bebemos, não é a comunhão do Sangue de Cristo? E o pão que partimos, não é a comunhão do Corpo de Cristo?" (1Cor 10,16).E o Apóstolo, que não estava na Última Ceia, recebeu esta certeza por revelação especial do Senhor a ele: "O Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou o pão e, dando graças, partiu-o e disse: Tomai e comei; isto é o meu corpo, que será entregue por vós; fazei isto em memória de mim. Igualmente também, depois de ter ceado, tomou o cálice e disse: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto em memória de mim todas as vezes que o beberdes"(1Cor 11,23-29).

Sem dúvida a Eucaristia é o maior e o mais belo milagre que o Senhor realizou e quis que fosse repetido a cada Missa, para que Ele pudesse estar entre nós, a fim de nos curar e nos alimentar. "A Eucaristia é 'fonte e centro de toda a vida cristã' (LG,11). Os restantes sacramentos, porém, assim como todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão vinculados com a Sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa" (PO,5 e CIC n.1324).

O Catecismo da Igreja nos garante que "Os milagres da multiplicação dos pães... prefiguram a superabundância deste pão único da Eucaristia" (CIC, n.1335). Tudo o que foi dito até aqui está baseado principalmente nas próprias palavras de Jesus, naquele memorável discurso sobre a Eucaristia, na sinagoga de Cafarnaum, que São João relatou com detalhes no capítulo 6 do seu Evangelho: "Eu sou o Pão vivo que desceu do céu... Quem comer deste Pão viverá eternamente; e o Pão que eu darei é a minha carne para a salvação do mundo... O que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia... Porque a minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida."

Não há como interpretar de modo diferente estas palavras, senão admitindo a presença real e maravilhosa do Senhor na Hóstia sagrada. Lamentavelmente a Cruz e a Eucaristia foram e continuam a ser "pedra de tropeço" para os que não crêem, mas Jesus exigiu até o fim esta fé. Aos próprios Apóstolos ele disse: "Também vós quereis ir embora?" (Jo 6,67). Ao que Pedro responde na fé, não pela inteligência: "Senhor, a quem iremos, só Tu tens palavras de vida eterna"(68). Nunca Jesus exigiu tanto a fé dos Apóstolos como neste momento. E, se exigiu tanto, sem dar maiores esclarecimentos como sempre fazia, é porque os discípulos tinham entendido muito bem do que se tratava, bem como o povo que o deixou dizendo:"Estas palavras são insuportáveis? Quem as pode escutar?" (Jo 6,60).

Também para cada um de nós a Eucaristia será sempre uma prova de fogo para a nossa fé; mas, crendo na palavra do Senhor e no ensinamento da Igreja, seremos felizes. Quando Lutero pôs em dúvida a presença real e permanente do Senhor na Eucaristia, o Concílio de Trento (1545-1563) assim se expressou: "Porque Cristo, nosso Redentor, disse que o que Ele oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente o seu Corpo, sempre na Igreja se teve esta convicção que o sagrado Concílio de novo declara: pela consagração do pão e do vinho opera-se a conversão de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue; e esta mudança, a Igreja católica chama-lhe com justeza e exatidão, transubstanciação" (DS, 1642; CIC n.1376).

Acima de tudo é preciso recordar que a Igreja recebeu do Senhor o carisma da infalibilidade em termos de fé e de moral, a fim de não permitir que os seus filhos sejam enganados no caminho da salvação (cf. Jo 14,15.25; 16,12-13). Portanto, o que a Igreja garante há vinte séculos, jamais podemos duvidar, sob pena de estarmos duvidando do próprio Jesus.

Para auxiliar a nossa fraqueza, Deus permitiu que muitos milagres eucarísticos acontecessem entre nós: Lanciano (sec VIII), Ferrara (1171), Orvieto (1264), Offida (1273), Sena (1330 e 1730),Turim (1453), etc., que atestam ainda hoje o Corpo vivo do Senhor na Eucaristia, comprovado pela própria ciência. Há tempos, foi traçado na Europa um "mapa eucarístico", que registra o local e a data de mais de 130 milagres, metade deles ocorridos na Itália.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com