19 de maio de 2010

A lei do amor no matrimônio cristão

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Quando os casais estão em crise, outros problemas surgem
A ética do sacramento do matrimônio se fundamenta na lei do amor. Os cônjuges se casam para se dar um ao outro, para exercer a lei do amor incutida no coração de cada pessoa humana por Deus. Se o amor é o princípio de tudo, no relacionamento conjugal isso é plenificado pela possibilidade dessa doação de vida acontecer não somente pelo ato sexual, como também pela convivência harmoniosa, pela presença dos filhos, que deverão ser educados no amor. O problema ético principal do sacramento do matrimônio são os desvios provocados pelo esfriamento do amor, fruto do isolamento, da busca frenética pelo prazer sexual, tudo isso em meio às vicissitudes normais da vida, que a cada momento se tornam mais difíceis por conta de todas as dificuldades sociais e econômicas, assim como por todas as exigências que o mundo impõe sobre os casais e sobre todas as liberalidades apresentadas pela sociedade como alternativas "possíveis", mas que acabam destruindo o amor.

Quando os casais estão em crise de amor, as outras questões éticas começam a aparecer, como que de uma semente má (o desamor) frutificasse ramos de infidelidade, adultério, divórcio, entre outros. O casal deveria ter consciência quanto à necessidade de um consentimento no matrimônio baseado num amor maduro, vivido a partir de um conhecimento mútuo, por meio do qual os namorados e noivos pudessem tocar nas realidades humanas totais dos seus parceiros e, mesmo assim, verificar que persiste o amor. Nós vemos hoje que, por qualquer dificuldade, os casais já pensam em se divorciar, em buscar outro relacionamento. Aqueles que estavam apaixonados acabam se frustrando mutuamente por não terem refletido mais profundamente sobre o ato que estariam assumindo diante de si mesmos e diante da Igreja, e da comunidade e da sociedade como um todo.

O Catecismo da Igreja Católica afirma que o consentimento é um ato humano pelo qual os cônjuges se doam e se recebem mutuamente. Será que existe consistência na maioria dos consentimentos dados nos matrimônios de hoje? Eu vejo que uma das principais fontes de problemas éticos no matrimônio é a falta de maturidade para o consentimento, o amor que está configurado nas aparências e naquilo que é humanamente compreendido. Todo amor vem de Deus, pois Deus é amor. Um matrimônio no qual o centro é a presença de Deus, para que os dois, embebidos nesse amor divino, coroem o seu amor humano pela graça do sacramento do matrimônio, terá a possibilidade de ser na sociedade um sinal da presença do Senhor no nosso meio.

Os casos em que não há mais soluções humanas possíveis, nos quais o divórcio poderia ser até recomendado, precisam ser encarados como exceções; a regra é que o amor prevaleça, que os matrimônios possam ser reconstruídos a partir do amor. Porque o amor se renova, se redescobre, "se reencanta". É nessa linha pastoral que eu acredito que possamos caminhar no sentido de ajustar os casos que parecem insolúveis.

Nós ficamos muito tempo discutindo sobre o divórcio, eu vejo que precisamos ensinar os nossos filhos a amar de verdade e a melhor forma para alcançar essa graça é sendo testemunho do amor de Deus, um amor que reconstrói e está sempre disposto a recomeçar.

Diácono Paulo
http://blog.cancaonova.com/diaconopaulo/

17 de maio de 2010

O rosto da santidade

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Ser santo é ser discípulo
Nós fomos feitos para Deus e a finalidade de nosso coração deve ser chegar até Ele. Você só poderá se realizar à medida que descobrir que é uma criatura do Senhor.

Não queremos a sujeira, não queremos a imperfeição, pois o Todo-poderoso não nos fez para o pecado. Podemos dizer muito do Senhor, mas basta dizer que Ele é amor. É nesse mistério que compreendemos que Ele é Pai, Filho e Espírito Santo.

Você é atraído por Ele não só porque você queira o melhor, mas porque você quer comunhão. Para chegar a professar a fé em Jesus, você precisa fazer antes a experiência do seguimento. Não dá para descrever quem é Cristo, sem antes se pôr a segui-Lo.

Todos nós temos de renegar a nós mesmos, ou seja, vencer nosso convencimento. Todos (ninguém deve ficar de fora!) devem tomar sua cruz. Todos devem amar Aquele que não decepciona ninguém. Diz Santo Agostinho: "Sê constante, paciente, sofre as demoras e terás enfrentado a cruz". A estrada da vida, da plenitude, passa pelo seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ser santo é ser discípulo.

Guardem estas duas palavras: eleitos e santos. A santidade vem primeiro do Alto, pois é graça, é Deus quem no-la dá. Se você não fizer uma escolha, você será como aquele homem que constrói sua casa na areia. Aqueles a quem Deus escolhe para serem santos são aqueles que são pecadores.

Santa Maria Gorete, considerada a santa da castidade, morreu em defesa da sua pureza. Quando ela perdoou o seu agressor, ela chegou ao cume da santidade. Na sua canonização estava, ali presente, aquele que a havia assassinado. Naquela ocasião, Pio XII disse assim: "Nem todos são chamados ao martírio, mas todos são chamados a praticar as virtudes cristãs". Santidade exige atenção contínua até o fim da vida. Cada um, em sua condição de vida, siga os passos desta santa, com generosidade, com vontade firme.

Tenho encontrado em muitos lugares, tanto na Renovação Carismática Católica [RCC] como nas Novas Comunidades, verdadeiras "fábricas" de santos, pessoas que se dedicam plenamente ao Senhor. Todo o corpo da Igreja deve seguir a Cristo, que é o Santo de Deus. Essa é uma proposta para todos nós.

Quem é o rosto da santidade? O rosto, quem sabe, da mãe de família? Ou dos jovens? Temos de olhar para Virgem Maria, ela é o rosto da santidade! Ela tem o perfil da santidade, pelo qual constantemente precisamos buscar.

Meu irmão e minha irmã, prestem este serviço para o mundo de hoje: o rosto da santidade para este tempo tem de ser o seu. As pessoas têm direito de vê-lo na oração, sorrindo, com bom humor.

Dom Alberto Taveira
Arcebispo de Belém - PA

14 de maio de 2010

A amizade que não nos decepciona

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Muitas vezes, tememos a quem nós não deveríamos
Quando estamos cheios do Espírito Santo estamos, na realidade, recebendo o abraço de Deus. Quando temos uma experiência com este Senhor tudo em nossa vida muda. É impossível receber o Espírito do Senhor sem que aconteça uma mudança radical dentro de nós.

Muitas vezes, a nossa própria consciência nos tortura por causa de nossos erros. Ter consciência deles, por vezes, chega a nos travar, mas com relação a essa situação a Palavra de Deus nos ensina que contra toda acusação o Senhor está conosco.

A primeira libertação que recebi de Deus foi a libertação de meus medos. Percebi que eu tinha medo do Único de quem eu não deveria ter: o Senhor. Ele sempre me amou. Não era a Deus a quem eu precisava temer.

Este é Deus: Alguém que tomou posse de meu coração, Alguém que foi capaz de me defender até de mim mesmo. Quando reconhecemos nossas fraquezas, o Senhor vem nos defender. Não tenhamos medo! O que você fez de errado importa? Sim, importa, mas não é o suficiente para afastá-lo do Senhor. Quando Davi compôs o Salmo 31, que é uma oração belíssima, ele tinha experimentado isso, pois ela nasceu de uma vivência desse tipo. Veja bem uma coisa: Deus não só perdoou o pecado, mas perdoou também a pena deste pecado. Pena é a consequência, fruto do mal que fizemos e que se levanta contra nós. Mas o Senhor nos tirou até mesmo esta pena, esta consequência.

É aos necessitados que o Todo-poderoso atende e acolhe. Ele está envolvendo-nos, hoje, na alegria de Sua salvação. Ponha para fora de sua vida toda tristeza! Que ela vá aos pés da cruz, pois o Deus que o ama também o chama a se envolver na alegria de Sua salvação.

Devemos invocar o Espírito Santo até que Ele venha e quando Ele vier precisamos parar de invocá-Lo. Quando O acolhemos, começamos a nos entusiasmar e a contemplar Sua presença junto de nós.

Quando falamos de contemplar, falamos de ser como uma criança que para, olha e observa e que, por isso, consegue ver as maravilhas que deixamos passar despercebidas em nossa vida.

Precisamos nos admirar da presença do Senhor, que está no meio de nós e dizer: "Nós Te admiramos, Senhor, pois Tu és o nosso Amigo!"

Bendito seja Deus por sua amizade com o Espírito Santo! Ele é o Paráclito, palavra grega que para ser entendida em nosso idioma, o português, é preciso que seja traduzida em três palavras: Intercessor, Defensor e Consolador.

O Espírito Santo se compromete conosco e nos consola. Ele é muito mais que um Advogado, é um grande Amigo, que sempre nos acompanha.

Qualquer amigo que você encontra neste mundo, um dia, irá decepcioná-lo. Talvez ele o engane, o traia, lhe negue socorro, mas o Espírito Santo nunca vai decepcioná-lo!

(*)artigo produzido a partir da pregação do autor em Jul/2006

Foto Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com

12 de maio de 2010

Fazer o caminho

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Acreditar no potencial de cada pessoa
O tempo real nos coloca no contexto de uma via, de um caminho, tendo um ponto de partida e outro de chegada. É tempo de alegrias e tristezas, de hostilidades e rejeição, ou não. Importa caminhar com muita coragem, não se deixando abater pelos desânimos que vão sendo encontrados. Pelo caminho, as deficiências vão sendo aos poucos curadas, os sonhos, às vezes, sendo realizados. Importa não ficar estagnado por causa dos problemas, dos preconceitos e situações impostas pelo novo contexto cultural. Não podemos perder as nossas forças e princípios motivadores.

Não é fácil acreditar no potencial existente em cada pessoa humana. Pior ainda é aceitar os prodígios realizados pelos que são comuns a todos nós. Podemos aqui destacar a frase muito popular: "Santo de casa não faz milagre". Mas isso não é verdade.

O certo é que toda pessoa humana existe para cumprir uma missão. É por isso que existem os dons, quase como um destino, uma configuração de responsabilidade, que abarca toda a existência concreta na história da humanidade.

É muito grande a força da existência. Ela coincide com a vontade do Criador, num tempo determinado, em vista da salvação e da libertação. Existimos para edificar um caminho florido pelas maravilhas de uma vida que precisa ser feliz.

A marca referencial é o amor fraterno na comunidade, ou no corpo social, construindo solidariedade e unidade. As competições, os interesses particulares, as preferências egoístas e os desejos de publicidade dificultam o verdadeiro caminho.

O bem comum é fruto de práticas concretas de amor. É amor que vem de Deus e existe em nós pelo fato de que Ele nos tornou Seus filhos adotivos. Amando os irmãos, amamos a Deus. Assim conseguimos construir uma humanidade sem barreiras.

O caminho depende de tempo, não de passado ou de futuro propriamente dito, mas do hoje, da vida real e concreta. É o testemunho na qualidade de vida do agora. É o jeito da pessoa ser, de viver, de celebrar e de agir no mundo com responsabilidade.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Bispo de São José do Rio Preto

11 de maio de 2010

O sentimento de culpa

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Pessoas que possuem dificuldade para lidar com seus limites
A culpa atormenta a muitos, muitas vezes de forma tão intensa que pode "travar" a vida da pessoa. Ela traz junto a si tristeza, o desconforto e a ansiedade. É um sentimento imediato, irracional, de angústia e de autocondenação que, às vezes, atormenta-nos e nos faz sentir dores de estômago.

Mas de onde nasce este sentimento? A culpa nasce do conceito que trazemos dentro de nós do que é certo ou errado, do que é nosso dever fazer ou do que não devemos fazer. Conceitos introjetados em nós de acordo com a cultura em que vivemos. Ele surge [sentimento de culpa] quando contrariamos esses conceitos.

Quando a pessoa possui uma noção distorcida do próprio poder ou traz dentro de si conceitos muito rígidos e inflexíveis, noções desumanas de certo ou errado, tende a se sentir excessivamente culpada. Às vezes a culpa se refere não ao seu pesar por ter perdido o ideal, mas ao desapontamento por não ver realizado o desejo de ser amada, reconhecida, valorizada.

Outras pessoas, por não conseguirem deparar com o próprio erro, tendem a sempre colocar a culpa nos outros. Por outro lado, a culpa é importante no nosso processo de crescimento pessoal e amadurecimento humano, e aqueles que são destituídos desse sentimento, vivem num mundo sem moral e sem lei, o que pode ser muito perigoso e até doentio.

A culpa, portanto, tem diversas nuances: pode ser um sentimento destrutivo e infantil, que nos fecha em nós mesmos e nos impede de amadurecer, e pode ser um sentimento construtivo, essencial para sermos pessoas responsáveis e capazes de crescer. A culpa positiva nasce da comparação entre o meu "eu" e os valores que me solicitam: a consciência de ter transgredido um estilo de vida livremente aceito, ou seja, nasce da consciência de ter transgredido um valor importante para mim (sinto-a, porque perdi o verdadeiro sentido de minha vida). Nasce da capacidade de julgarmos a nós mesmos em termos dos valores morais que trazemos interiorizados. Nesse caso, quando a pessoa depara com o sentimento de culpa, o que acontece é uma atitude de autocrítica, de percepção do próprio erro e a decisão de mudança de comportamento e de postura diante do próprio erro.

Aqueles que possuem dificuldade para lidar com os próprios limites, erros, fracassos, incapacidades, tendem a se martirizar e se culpar de forma excessiva. A causa da culpa destrutiva pode ser o medo do castigo (real ou imaginário) proveniente dos outros ou da própria pessoa que tem esse sentimento, ou seja, o medo de ser castigada pelos outros ao ser descoberta em seu erro, ou uma tendência à autopunição e à autocondenação, na qual a pessoa se martiriza pelo próprio erro, travando toda a sua vida futura.

Aprender a reconhecer a própria culpa é aprender a reconhecer que temos limites, que somos frágeis, que somos humanos e, portanto, erramos.

Existem pessoas que fazem um ideal de si mesmas tão alto que isso se torna algo inatingível e, com isso, elas nunca conseguem estar à altura dos próprios ideais, caindo numa autocobrança impiedosa. Não podemos nos esquecer de que todos nós, homens e mulheres, trazemos em nós virtudes e defeitos, riquezas notáveis e incoerências.

Reconhecer a nossa culpa exige coragem para reconhecermos nossas próprias limitações. Reconhecer a própria culpa é essencial para que brote uma nova postura diante de nós mesmos e do mundo, sem cobranças, sem acusações, sem autopiedade.

Precisamos aprender a ter uma justa estima de nós mesmos, uma autoimagem correta e normal, no reconhecimento de que somos dotados de muitos elementos positivos e, ao mesmo tempo, possuímos muitos contornos limitantes que dificultam o agir. Ter uma imagem realista de nós mesmos, reconhecendo que não somos a pessoa que fomos no passado, mas que ainda não somos a pessoa que seremos no futuro.

Que tipo de sentimento de culpa você traz dentro de si? Uma culpa destrutiva, por medo de ser castigado ou por não admitir seus próprios erros? Ou uma culpa positiva, que nasce da consciência de nossa possibilidade de errar e que o leva a buscar ser cada dia melhor?

Foto Manuela Melo
psicologia@cancaonova.com

8 de maio de 2010

Ser mãe, eterno aprendizado

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A experiência mais transformadora que uma pessoa pode viver
É um desafio escrever para mães, não sendo uma delas, mas é comum dizer que a mulher, pela sua natureza, traz em si o dom de acolher e o dom da maternagem, ou seja, de acolher o outro com o amor filial. Esta é a graça de saber que já somos amados mesmo antes de ser gerados, é graça e dom de Deus o amor maternal.

Não sendo uma delas, mas atendendo muitas mães, vamos aprendendo, lendo e convivendo com genitoras que nos trazem diversas histórias de vida, aprendizados, experiências e gostariam de trocar a experiência da formação e aprendizado dos filhos.

O vínculo materno é algo estabelecido muito antes do nascimento e é o primeiro evento de organização psíquica (embora, primitivo) de uma criança; neste sentido, a mãe se torna um elemento primordial no cuidado da criança, na observação dos seus sentimentos e emoções, na formação de sua identidade. É por meio da mãe, seja ela com vínculo sanguíneo ou não, que damos início ao desafio de ser seres humanos e conviver em sociedade.

É na relação mãe-bebê que também a mãe também se realiza, partindo do princípio de que tudo é troca, mãe-bebê crescem na interação e na maturidade, com formas de ganho vivenciadas desde o princípio da relação. Mais do que instinto, ser mãe é algo que prende nossa atenção pelo fato de envolvermos outros aspectos, como comportamentos aprendidos e experiências de vida que nos tornaram diferentes no contato com nossos filhos.

Acho importante tocar neste aspecto: por vezes, as mães estão insatisfeitas no modo como têm realizado seu papel. Aí é hora de aceitar suas dificuldades, aprender com outras mães, buscar em sua família bons exemplos de maternidade. O que devemos evitar é aquele rótulo de que, por nossos sofrimentos de vida, repassemos tudo isso para nossos filhos. Creio ser este o maior erro. Sabe aquela frase que começa assim: "Filho meu não faz isso..." E "Filha minha se engravidar fora do tempo vai ser botada pra fora de casa....". Ouvimos isso milhares de vezes. Mas, será o melhor caminho?

Ser mãe é cuidar, trazer para perto, conversar; chegamos então ao X da questão: nossa relação com os filhos não é apenas instintiva; é também intuitiva; perceber mais as reações do filho, as amizades, as vivências e os hábitos dele. Quebrar uma barreira que possa existir entre você e seu filho, que é muito mais uma barreira "mental" imposta por você, dizendo o que você deve ou não tratar com ele. A relação mãe-filho sofre influência marcante da cultura, do ambiente social, religioso, financeiro, da nossa saúde física e mental, do nosso acesso à educação, ao lazer, ao trabalho, ao descanso, à dignidade, ao reconhecimento.

Reciclar! Reciclamos nosso conhecimento no trabalho, na escola e por que não na forma de conduzir nossa relação com nossos filhos? A melhor educação não é a mais cara ou cheia de recursos, mas a que deixa lembranças emocionais positivas; esta vivência é muito especial para cada ser humano. Se você não viveu isso, procure trazer para seu filho o sentimento de pertencer, de ser acolhido, oferecendo-lhe segurança. A segurança oferecida é ponto-chave para que seu filho também se sinta seguro, mesmo quando não for bem na prova da escola, quando perder o jogo do time ou não possuir aquele tênis "da hora" que todo amigo tem.

Mãe não é aquela que cede, que concede, que libera e facilita a vida; mãe também abraça, acolhe, esbraveja, chora, também precisa de colo e de proteção. Afinal, ser mãe não é ser "mulher maravilha" com um cinturão cheio de superpoderes e ter todas as respostas em mãos, mas ganhar um espaço com seu filho; sim, dar a ele um espaço de escuta, um espaço de amor, de acolhida. É a graça de vivenciar vários papéis ao mesmo tempo: ser mãe-mulher-cidadã-esposa-profissional! Muitos papéis para esta mãe, que vai moldando seu jeito de ser e atender todas as necessidades apresentadas; capacita sua forma de entender seus aspectos humanos e estando bem psicologicamente, também contribua no desenvolvimento saudável de seus filhos. Viver as alegrias e sofrimentos que ser mãe representa, unidas à fé, à esperança, ao amor-doação. É saber criar seus filhos e saber gerá-los para a vida.

Que lindo presente é ser mãe! Um papel que, na verdade, nunca acaba; ser mãe está e sempre estará em sua vida como a experiência mais transformadora que uma pessoa pode viver. Tudo isso faz com que você seja tão especial e importante na vida de seus filhos!

Foto Elaine Ribeiro
psicologia01@cancaonova.com

6 de maio de 2010

A sabedoria do silenciar

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Até os insensatos quando se calam passam por sábios
Sócrates, o sábio filósofo grego, dizia que a eloquência é, muitas vezes, uma maneira de exaltar falsamente o que é pequeno e de diminuir o que é, de fato, grande. A palavra pode ser mal-usada, mascarada e empregada para a dissimulação. É por isso que os sábios sempre ensinaram que só devemos falar alguma coisa "quando as nossas palavras forem mais valiosas que o nosso silêncio". A razão é simples: nossas palavras têm poder para construir ou para destruir. Elas podem gerar a paz, a concórdia, o conforto, o consolo, mas podem também gerar ódio, ressentimento, angústia, tristeza e muito mais. "Mesmo o estulto, quando se cala, passa por sábio, por inteligente, aquele que fecha os lábios" (Pr 17,28).

O silêncio é valioso, sobretudo quando estamos em uma situação difícil, quando é preciso mais ouvir do que falar, mais pensar do que agir, mais meditar do que correr. Tanto a palavra quanto o silêncio revelam o nosso ser, a nossa alma, aquilo que vai dentro de nós. Jesus disse que "a boca fala daquilo que está cheio o coração" (cf. Lc 6,45). Basta conversar por alguns minutos com uma pessoa que podemos conhecer o seu interior revelado em suas palavras; daí a importância de saber ouvir o outro com paciência para poder conhecer de verdade a sua alma. Sem isso, corremos o risco de rotular rapidamente a pessoa com adjetivos negativos.

Sabemos que as palavras são mais poderosas que os canhões; elas provocam revoluções, conversões e muitas outras mudanças. A Bíblia, muitas vezes, chama a nossa atenção para a força das nossas palavras. "Quem é atento à palavra encontra a felicidade" (Eclo 16,20). "O coração do sábio faz sua boca sensata, e seus lábios ricos em experiência" (Eclo 16, 23). "O homem pervertido semeia discórdias, e o difamador divide os amigos" (Eclo 16,28). "A alegria de um homem está na resposta de sua boca, que bom é uma resposta oportuna!" (Pr 15,23).

Quanta discórdia existe nas famílias e nas comunidades por causa da fofoca, das calúnias, injúrias, maledicências! É preciso aprender que quando errarmos por nossas palavras, quando elas ferirem injustamente o irmão, teremos de ter a coragem sagrada de ir até ele pedir perdão. Jesus ensina que seremos julgados por nossas palavras: "Eu vos digo: no dia do juízo os homens prestarão contas de toda palavra vã que tiverem proferido. É por tuas palavras que serás justificado ou condenado" (Mt 12, 36).

Nossas palavras devem sempre ser "boas", isto é, sempre gerar o bem-estar, a edificação da alma, o consolo do coração; a correção necessária com caridade. Se não for assim, é melhor se calar. São Paulo tem um ensinamento preciso sobre quando e como usar a preciosidade desse dom que Deus nos deu que é a palavra: "Nenhuma palavra má saia da vossa boca, mas só a que for útil para a edificação, sempre que for possível, e benfazeja aos que ouvem" (Ef 4, 29).

Erramos muito com nossas palavras; mas por quê?

Em primeiro lugar porque somos orgulhosos, queremos logo "ter a palavra" na frente dos outros; mal entendemos o problema ou o assunto e já queremos dar "a nossa opinião", que muitas vezes é vazia, insensata, porque imatura, irrefletida. Outras vezes, erramos porque as pronunciamos com o "sangue quente"; quando a alma está agitada. Nesta hora, a grandeza de alma está em se calar, em conter a fúria, em dominar o ego ferido e buscar a fortaleza no silêncio.

Fale com sinceridade, reaja com bom senso e sem exaltação e sem raiva e expresse sua opinião com cautela, depois que entender bem o que está em discussão. Muitas vezes, nos debates, estamos cansados de ver tanta gente falando e poucos dispostos a ouvir. Os grandes homens são aqueles que abrem a boca quando os outros já não têm mais o que dizer. Mas, para isso, é preciso muito exercício de vontade; é preciso da graça de Deus porque a nossa natureza sozinha não se contém.

Deus nos fala no silêncio, quando a agitação da alma cessou; quando a brisa suave substitui a tempestade; quando a Sua palavra cala fundo na nossa alma; porque ela é "eficaz e capaz de discernir os pensamentos de nosso coração" (cf Hb 4,12).

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com