14 de dezembro de 2009

A feminilidade e a sensualidade

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Ser cristã não significa vestir-se de modo desleixado

Parece-me que os conceitos sobre "feminilidade" e "sensualidade" estão se misturando de tal forma em nossa sociedade, que as pessoas encontram dificuldades para diferenciá-las. Fui pesquisar em primeiro lugar como estão definidos no dicionário Aurélio e encontrei o seguinte:

Feminilidade = s.f. Qualidade, caráter, modo de ser, de viver, de pensar, próprio da mulher.

Sensualidade = s.f. Propriedade do que é sensual. / Inclinação pelos prazeres dos sentidos; amor das coisas ou qualidades sensíveis.

Sensual = adj. Relativo aos sentidos. / Que satisfaz os sentidos: prazeres sensuais.

A partir dessas definições, convido você para refletir comigo.

Gosto muito da definição dada pela Igreja sobre a sexualidade humana de acordo com o Conselho Pontifício para a Família: "Sexualidade humana: verdade e significado". Peço que leia com bastante atenção como a instituição criada por Cristo a vê: Há que salientar a importância e o sentido da diferença dos sexos como realidade profundamente inscrita no homem e na mulher: «a sexualidade caracteriza o homem e a mulher, não apenas no plano físico, mas também no psicológico e espiritual, marcando todas as suas expressões». Isto é, não se pode reduzir a sexualidade a um puro e insignificante dado biológico, mas, como nos diz a Igreja é «uma componente fundamental da personalidade, na sua maneira de ser, de se manifestar, de comunicar com os outros, de sentir, exprimir e viver o amor humano».

É importante entender que a resposta sexual não se limita ao comportamento sexual, mas a toda forma de sentir, pensar e desejar. Sexualidade envolve o homem total. Faz parte da constituição essencial da pessoa humana e é algo determinante, porque é a partir da sexualidade que nos relacionamos com o mundo.

Homens e mulheres pensam de forma diferente, agem de forma diferente, sentem de forma diferente. E como diz diácono Nelsinho Corrêa: "Diferenças não são barreiras, são riquezas". E isso é plena verdade. Homens e mulheres são diferentes porque são complementares, um não é melhor do que o outro. Homens e mulheres devem ser iguais no direito à oportunidade de desenvolver plenamente sua potencialidade, mas, definitivamente, não são idênticos na sua capacidade inata.

Ao mesmo tempo que a sexualidade é parte constitutiva da nossa essência, não se trata de algo pronto, mas que, como tudo em nós, precisa ser desenvolvido até o último dia de nossas vidas.

Quero falar especialmente para as mulheres e fazer-lhes um convite: não tenhamos medo de assumir a nossa essência, sendo cada dia mais femininas. Não gastem energia querendo e buscando ser melhores do que os homens, querendo e buscando provar o seu valor. Somos diferentes e cada um de nós tem valor e dignidade própria pelo simples fato de termos sido criados à imagem e semelhança de Deus. Ser mulher é dom, é graça.

Uma coisa, no entanto, temos que entender: ser feminina e ser sensual são coisas distintas. Na sensualidade existe um contexto biológico. Especialmente no período fértil, nos sentimos mais bonitas, sentimos vontade de nos vestir e de nos arrumar melhor, e assim por diante. São reações hormonais que têm como objetivo a procriação, então, o corpo se prepara para conquistar o homem por estar pronto para gerar uma vida. Muitas vezes, agimos assim sem nos dar conta disso. Além disso, a nossa sociedade, que tanto banaliza a sexualidade humana, incentiva por todos os meios possíveis a sensualidade, e nisso há uma imensa indústria que visa apenas o lucro. Posso citar também o fato de que todo ser humano traz dentro de si um impulso natural para o prazer, e a sensualidade gera na mulher uma elevação na autoestima, a faz sentir-se mais bonita, mais "poderosa".

Por isso apresentei no início a visão da Igreja, para que possamos refletir sobre esse aspecto. Sexualidade não é algo apenas biológico, é bem mais do que isso. Quando nos deixamos levar por uma sexualidade sem sentido, como algo apenas biológico, o resultado quase sempre é o vazio. E a pessoa, geralmente, se torna prisioneira da sensualidade por uma necessidade de afirmação pessoal e, assim, o vazio tende a só aumentar.

É próprio da mulher o querer andar bem vestida, bem arrumada. Ser cristã não significa vestir-se de forma desleixada, por exemplo. Mas é ter consciência de que a verdadeira beleza vem do nosso interior. É ter consciência do nosso valor e dignidade de filhas de Deus e não nos deixar levar unicamente pelos sentidos, por nosso instinto sexual. Somos bem mais do que isso. Ser feminina não significa andar com roupas extremamente curtas, justas ou coisas semelhantes. Quanto mais o nosso exterior for um extravasamento do nosso interior, tanto mais bonitas e femininas seremos.

Com isso não estou negando a sexualidade nem a colocando como algo negativo, proibido. A nossa sexualidade faz parte do nosso ser, mas não somos apenas sexo. Nossa sexualidade, quando é vivida com dignidade, nos faz sentir plenos, completos, realizados.

O se deixar guiar e conduzir pela sensualidade, reflete, na maioria das vezes, a necessidade de afirmação pessoal, por um desconhecimento da beleza interior e até mesmo exterior que se tem. Muitas vezes, nos deixamos impregnar por uma imagem ideal: a transmitida pela mídia, mas que é uma beleza estereotipada, vazia.

Concluo reforçando o convite para todas as mulheres: não tenham medo de assumir a sua essência, e assim, ser cada dia mais femininas. Valorizem o dom que é ser mulher. Deixem fluir a beleza interior que vocês têm.

Foto Manuela Melo
psicologia@cancaonova.com

10 de dezembro de 2009

O caminho privilegiado do perdão

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Perdoar e se reconciliar é experimentar um pouco de Deus!

Pregar a reconciliação num mundo como o nosso, onde o rancor e a vingança vão ganhando espaço nos corações, é uma grande e difícil tarefa! Na maioria das vezes o gosto é amargo, mas não é impossível!

Reconciliação significa realizar um acordo entre as partes numa comum unidade e entendimento.

Porém, o verbo grego tem uma força de expressão maior: indica a passagem de um estado para outro. Apresento aqui duas formas de reconciliação: Com Deus e com os irmãos (pai, mãe, filhos, amigos, cônjuges, vizinhos…)

A reconciliação com Deus é sempre necessária e urgente. Reconciliar-se é deixar-se fazer novamente amigo de Deus! Experimentar a misericórdia de d'Ele, deixar que Ele exercite em nós a Sua misericórdia!

Na verdade, todos nós necessitamos de misericórdia. Necessitamos dela por causa das nossas grandes responsabilidades, assim como por causa da nossa fraqueza e miséria moral. Mal podemos dar três passos sem errar algum.

Aprendamos a usar o caminho privilegiado da reconciliação, que é o sacramento da confissão, como sinal sagrado instituído por Cristo para perdoar os pecados mortais e para incrementar a graça santificante. Também podemos falar a Deus quando nosso coração está pesado e sem motivação; quando estamos tristes ou preocupados.

São atos simples, que podem ser feitos em qualquer lugar e que mantêm a nossa alma orientada para Deus. Eles nos preparam para uma boa e sincera recepção do sacramento da Penitência.

A reconciliação com nossos irmãos também é essencial. É a oração do Pai-Nosso: "Perdoai-nos assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido".

Com certeza, não haveria verdadeira reconciliação com Deus se não houvesse um perdão sincero pelas faltas dos nossos próximos. Olhando para a Parábola do Filho Pródigo (cf. Lc 15, 1ss), a atitude do filho mais velho é altamente significativa. Ele também tinha necessidade de se reconciliar com o coração de seu pai. Apesar de estar fisicamente próximo, espiritualmente estava muito longe e precisava da misericórdia do Pai. Podemos dizer que o filho mais velho descobre a misericórdia do Pai vendo a misericórdia deste para com seu irmão. Faz-se, por assim dizer, participante da misericórdia do Pai.

Se hoje você enfrenta este grande desafio interior de perdoar, creia e dê o passo. Perdoar e se reconciliar é experimentar um pouco de Deus! Sentir o gosto bom da presença d'Ele em nós! É a sensação de vitória, de bem-estar por ter vencido um obstáculo…É vivência de uma obra nova dentro de nós!

Tenha a disposição interior de perdoar e depois disso dê um passo, faça um gesto concreto. Perdoar é libertação para o coração, para a alma. Não tenha medo!

Paulo Vitor
http://blog.cancaonova.com/paulovictor/

8 de dezembro de 2009

Casais que não conseguem ter filhos

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O que a Igreja ensina nesses casos

Muitos casais, infelizmente, não conseguem ter filhos por alguma causa de infertilidade do marido ou da esposa. Sabemos que é grande esse sofrimento:

"Que me darás?", pergunta Abrão a Deus. "Continuo sem filho..." (cf. Gn 15,2). "Faze-me ter filhos também, ou eu morro", disse Raquel a seu marido Jacó (cf. Gn 30,1).

Mas esses casais não devem desanimar; a Igreja recomenda que valorizem o seu matrimônio. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) lhes ensina:

"Os esposos a quem Deus não concedeu ter filhos podem, no entanto, ter uma vida conjugal cheia de sentido, humana e cristãmente. Seu Matrimônio pode irradiar uma fecundidade de caridade, acolhimento e sacrifício" (CIC § 1654).

Esses casais podem e devem buscar os legítimos recursos da medicina para conseguir os filhos desejados. A Igreja ensina que:

"As pesquisas que visam a diminuir a esterilidade humana devem ser estimuladas, sob a condição de serem colocadas 'a serviço da pessoa humana, de seus direitos inalienáveis, de seu bem verdadeiro e integral, de acordo com o projeto e a vontade de Deus'" (Instrução Donum vitae, CDF, intr. 2).

A Igreja não aceita a inseminação artificial, nem homóloga nem heteróloga. E ela expõe as razões disso:

"As técnicas que provocam uma dissociação do parentesco, pela intervenção de uma pessoa estranha ao casal (doação de esperma ou de óvulo, empréstimo de útero), são gravemente desonestas. Estas técnicas (inseminação e fecundação artificiais heterólogas) lesam o direito da criança de nascer de um pai e uma mãe conhecidos dela e ligados entre si pelo casamento. Elas traem "o direito exclusivo de se tornar pai e mãe somente um por meio do outro" (CIC § 2376).

"Praticadas entre o casal, estas técnicas (inseminação e fecundação artificiais homólogas) são talvez menos claras a um juízo imediato, mas continuam moralmente inaceitáveis. Dissociam o ato sexual do ato procriador. O ato fundante da existência dos filhos já não é um ato pelo qual duas pessoas se doam uma à outra, mas um ato que remete a vida e a identidade do embrião para o poder dos médicos e biólogos, e instaura um domínio da técnica sobre a origem e a destinação da pessoa humana. Tal relação de dominação é por si contrária à dignidade e à igualdade que devem ser comuns aos pais e aos filhos". "A procriação é moralmente privada de sua perfeição própria quando não é querida como o fruto do ato conjugal, isto é, do gesto específico da união dos esposos... Somente o respeito ao vínculo que existe entre os significados do ato conjugal e o respeito pela unidade do ser humano permite uma procriação de acordo com a dignidade da pessoa" (§2377).

A Igreja aproveita esse assunto, para nos lembrar que ninguém tem o direito a um filho.

"O filho não é algo devido, mas um dom. O "dom mais excelente do matrimônio" e uma pessoa humana. O filho não pode ser considerado corno objeto de propriedade, a que conduziria o reconhecimento de um pretenso "direito ao filho". Nesse campo, somente o filho possui verdadeiros direitos: o "de ser o fruto do ato específico do amor conjugal de seus pais, e também o direito de ser respeitado como pessoa desde o momento de sua concepção" (CIC § 2378).

Por fim, a Igreja recomenda aos casais inférteis unirem o seu sofrimento, corajosamente, à cruz de Cristo.

"O Evangelho mostra que a esterilidade física não é um mal absoluto. Os esposos que, depois de terem esgotado os recursos legítimos da medicina, sofrerem de infertilidade unir-se-ão à Cruz do Senhor, fonte de toda fecundidade espiritual. Podem mostrar sua generosidade adotando crianças desamparadas ou prestando relevantes serviços em favor do próximo" (CIC § 2379).

Nossa fé nos ensina que só os egoístas desperdiçam a vida; portanto, mesmo que os casais inférteis não possam ter seus filhos naturais, poderão ter seus filhos "do coração"; que não deixam de ser menos filhos. Quantos filhos adotados dão mais alegria a seus pais que os filhos naturais! Jesus não teve um pai natural na terra; mas teve um grande pai adotivo: São José.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

3 de dezembro de 2009

Como retomar a vida de oração?

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Cuidado para não buscar alimentos e remédios errados

A oração é o oxigênio da alma. "Para mim a oração é um impulso do coração, é um olhar dirigido ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria" (Santa Teresinha do Menino Jesus).

Então, vamos começar pela oração, nós precisamos orar, rezar, conversar com Deus sempre, como nos ensinou Jesus, que orava sem cessar buscando ocasiões para entrar em profunda intimidade com o Pai. Reze com o que está no seu coração, quer seja bom ou ruim, pois na oração nada se perde, tudo se transforma em matéria-prima para Deus, que nos ama, realizar o milagre de que necessitamos. "Tudo pode ser mudado pelo poder da Oração".

Por isso, escolha todos os dias um horário para fazer sua oração pessoal ou ore o dia todo fazendo o que estiver fazendo; é a oração ao ritmo da nossa vida. Isso nos coloca o tempo todo na presença do Senhor, alimento forte e substancioso. É necessário que essa prática seja fiel e perseverante para se tornar uma coisa normal e habitual em nossa vida, como se alimentar todo dia e várias vezes por dia. A oração com a Palavra de Deus nos manterá de pé e reconheceremos melhor o Senhor e Sua promessa de salvação; Sua Palavra forma nossa mentalidade nos moldes do Reino de Deus.

A Eucaristia, a Santa Missa é o alimento mais forte, pois comungamos o próprio Jesus, nossa vida. Muitas vezes, trabalhamos demais, temos tempo para tudo, para o lazer, para conversar, ver televisão, passear no shopping, mas para parar um pouquinho para repor as "energias" espirituais não damos muita importância. Por isso, existem pessoas morrendo no pecado e numa vida vazia, pois estão "anêmicas" de Deus, com anemia espiritual. Nessa hora, é preciso buscar a ajuda certa, como fez aquela senhora: buscou no Sacramento da Confissão o diagnóstico e o remédio para ser curada e liberta do males da alma.

Cuidado para não buscar alimentos e remédios em falsas doutrinas. Eles são como um alimento falso, que não resolve, pode ser até um paliativo, que engana, mas não cura e pode até levar à morte. Você vai perdendo energia e sangue sem perceber, como nos diz São Paulo: "Enfim fortalecei-vos no Senhor, no poder de sua força, revesti-vos da armadura de Deus, pra que possais resistir às ciladas do diabo. Pois nossa luta não é contra homens de carne e sangue, mas contra os principados, as potestades, os dominadores deste mundo tenebroso, contra os espíritos espalhados pelos ares. Por isso, protegei-vos com a armadura de Deus" (cf. Efésios 6, 10-13). Neste caso, o melhor é buscar uma direção espiritual, um sacerdote ou uma pessoa mais madura na fé de sua comunidade para ouvi-lo e rezar por você, pois alimento ou medicamento errado pode matar.

Sem disciplina não se chega a lugar nenhum em tudo que a gente se propõe fazer, quer seja no trabalho, quer seja nos estudos e também na vida de oração: "Sem disciplina não há santidade".

Portanto, o primeiro passo é começar a rezar, reconhecer que está com anemia espiritual e acreditar que acima de tudo Deus me ama e me espera de braços abertos na confissão, na Eucaristia, no grupo de oração, na partilha, na direção espiritual e no simples terço com Maria. Deus me vê, não é indiferente à minha dor, Deus me entende, quer me envolver de amor.

Rezemos juntos: Pai santo, Pai amado, livrai-me de toda doença espiritual, psicológica ou física e derramai sobre mim o Vosso Espírito Santo, para encher-me de força e de vida, para me ensinar a rezar, vem e curai-me, libertai-me, pois eu quero viver. Dai-me o dom da fortaleza, para me libertar de toda tibieza, abatimento, sentimento de derrota e frieza espiritual, quero vencer através da oração e do louvor. Amém.

Conte sempre com minhas orações.

blog.cancaonova.com/padreluizinho

Pe. Luizinho - Comunidade Canção Nova

30 de novembro de 2009

Advento, o tempo da esperança

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O tempo favorável para a preparação do nosso coração

O Ano Litúrgico gira em torno das duas grandes festas do mistério de nossa salvação: o Natal e a Páscoa. A fim de nos prepararmos bem para essas duas solenidades de máxima importância, a Santa Igreja, com seu amor de mãe e sua sabedoria de mestra, instituiu o Advento, que nos predispõe para o Natal e a Quaresma, que nos prepara para a Páscoa. Praticamente um mês e meio de Advento-Natal e três meses de Quaresma-Páscoa. O tempo chamado "Comum", durante o ano, ajuda-nos a caminhar com a Igreja nas estradas da história, iluminados por esses mistérios de nossa fé e conduzidos pelo Espírito Santo.

Iniciamos o tempo do Advento, que assinala também o início de um novo Ano Litúrgico. Proclamaremos, aos domingos principalmente, o Evangelho de Lucas. Um novo ano que queremos que seja um aprofundamento de nossa vida cristã na história como discípulos missionários. Iniciamos com a expectativa da vinda do Messias até o anúncio que o Senhor Jesus é Rei.

Neste tempo é que a Igreja nos incentiva a colaborar com a Coleta pela Evangelização no terceiro domingo do Advento, preparada nos domingos anteriores. É a nossa corresponsabilidade de levar adiante a encarnação da Boa Notícia no tempo que chamamos hoje. O tema deste ano: "Ele se fez pobre para nos enriquecer", já aponta para as reflexões que iremos ter durante a próxima Quaresma, pois a Iniciamos o tempo do Campanha da Fraternidade de 2010 falará sobre economia.

No decurso dos quatro domingos do Advento, o povo cristão é convidado para preparar os caminhos para a vinda do Rei da Paz. O Cristo Senhor, que há dois mil anos nasceu como homem numa manjedoura em Belém da Judéia, deseja ardentemente nascer em nossos corações, conforme as santas palavras da Escritura: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele comigo" (Ap 3, 20).

No Advento temos a oportunidade de nos aprofundar na expectativa do "Senhor que virá para julgar os vivos e os mortos" e na semana que antecede a festa natalina a preparação próxima para celebrar o "Senhor que nasceu pobre no Oriente". Entre essas duas vindas, o cristão celebra, a cada dia, o seu coração que se abre para o "Senhor que vem" em sua vida e renova a sua existência.

Celebrar o Natal é reconhecer que "Deus visitou o seu povo" (cf. Lc 7, 16). Tal reconhecimento não se pode efetivar somente com nossas palavras. A visita de Deus quer atingir o nosso coração e transformar-nos desde dentro. A tão desejada transformação do mundo, a superação da fome, a vitória da paz e a efetiva fraternidade entre os homens dependem, na verdade, da renovação dos corações. Somos convidados, em primeiro lugar, a aprender a "estar com Jesus", e então nossa vida em sociedade verá nascer o Sol da Justiça. Nesse sentido, o Santo Padre Bento XVI chamou a atenção para a relevância social da comunhão pessoal com Cristo: "O fato de estarmos em comunhão com Jesus Cristo envolve-nos no seu ser « para todos », fazendo disso o nosso modo de ser. Ele compromete-nos a ser para os outros, mas só na comunhão com Ele é que se torna possível sermos verdadeiramente para os outros, para a comunidade" (Carta encíclica Spe Salvi, n. 28).

Enquanto todos se voltam para o lucro comercial neste tempo que antecede o Natal, os católicos se preparam para que em seu coração haja espaço para o Verbo Encarnado, que veio para salvar a todos. O festival de presépios feitos por artistas e espalhados pela cidade e os presépios das paróquias querem ajudar a cidade a ter um novo olhar e a repensar sobre o que exatamente celebramos no Natal. Dependerão do encontro com "Ele" as mudanças sonhadas para a sociedade hodierna!

O Advento constitui precisamente o tempo favorável para a preparação do nosso coração. Deixemo-nos transformar por Cristo, que mais uma vez quer nascer em nossa vida neste Natal. Celebrar bem a solenidade do Natal do Senhor requer que saibamos apresentar a Deus um coração bem disposto, pois "não desprezas, ó Deus, um coração contrito e humilhado" (Sl 51, 19). Um coração que busca com sinceridade a conversão é fonte de inestimável comunhão com o Senhor e com os irmãos. Por isso mesmo, a oportunidade das celebrações penitenciais se multiplicam pelas paróquias, dando a todos a oportunidade de uma renovação interior. Neste tempo de Advento não tenhamos medo de Cristo. "Ele não tira nada, Ele dá tudo. Quem se doa por Ele, recebe o cêntuplo. Sim, abri de par em par as portas a Cristo e encontrareis a vida verdadeira" (Bento XVI, homilia da Missa de início do ministério petrino, 24/4/2005).

Como servidor do rebanho de Cristo que me foi confiado, não poderia deixar de insistir nisso: a vida verdadeira, que todos desejamos, só o Amor no-la pode dar. "O ser humano necessita do amor incondicional. Precisa daquela certeza que o faz exclamar: « Nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, Nosso Senhor » (Rom 8,38-39)" (Carta encíclica Spe Salvi, n. 26).

Que o tempo do Advento predisponha nossos corações a acolher com intensidade o "Amor que move o sol e as outras estrelas" (Dante, Divina Comédia, Paraíso, XXXIII, 145), e que, por pura bondade, manifestou-se com inigualável força no nascimento do frágil Menino de Belém para também mover com suavidade e força a nossa vontade para o Bem.

Dom Orani João Tempesta

26 de novembro de 2009

É o amor que humaniza a sexualidade

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Quem verdadeiramente ama é capaz de assumir o outro integralmente

Amor: somente ele pode, de fato, humanizar a sexualidade. No entanto, em nossos dias esse termo se encontra envolto em uma complexa confusão em seu sentido e compreensão. Muitos o têm reduzido apenas à dimensão do prazer e à sua especificidade erótica. É certo que essa palavra engloba também essa dimensão, contudo, ele não se encerra apenas em tal expressão.

O amor – em seu sentido agápico (Grego: Agápe) – significa capacidade concreta de doação em favor de um outro, buscando a devida interação com a verdade dele. E isso também deve ser aplicado à concepção humano/erótica do amor, pois, este para ser autêntico não poderá ter o egoísmo como única força motriz.

O amor não se resume à utilização do outro como objeto de prazer sexual. Ele não poderá permitir a utilização momentânea e descartável de um "alguém humano" por meio de aventura descompromissada e irresponsável. O autêntico amor comporta o compromisso.

Estamos acostumados a ouvir os gritos de uma sociedade, que elevou à máxima potência a necessidade de satisfazer os próprios desejos e instintos a qualquer custo, transmutando assim o valor da pessoa e o colocando em segundo plano. Dentro desse universo de compreensão o que importa é satisfazer o desejo, não se importando se o outro é utilizado como um mero "brinquedo" por alguns instantes, sendo depois jogado nas mãos do destino.

É o amor/compromisso que humaniza a sexualidade, do contrário ela se torna apenas egoísmo animalesco. A vivência sexual sem o amor deixa de ser humana e torna-se escravidão instintiva.

Quem verdadeiramente ama é capaz de assumir o outro integralmente, com todas as suas consequências, sem querer usá-lo apenas para uma satisfação superficial.

O amor torna humana a sexualidade, gerando o comprometimento – que tem sua máxima expressão no matrimônio sacramental – e o bem, necessários para que a devida interação aconteça, sinalizando o outro como fim e não como meio. O ser humano possui uma dignidade inviolável, ele é pessoa e nunca deverá ser diminuído à categoria de objeto.

O amor traz cor e sabor à vida, ele inaugura uma primavera de sentido para toda e qualquer relação.

A virtude a que somos chamados consiste em contemplar pessoas e relacionamentos sob a ótica do autêntico amor. Assim a doação sincera em vista do bem inspirará nossas atitudes e nos permitirá elevar o ser à sua altíssima e verdadeira condição: a de filho amado, querido e respeitado por Deus.

Foto Adriano Zandoná
artigos@cancaonova.com

23 de novembro de 2009

Acredite, não se deixe desanimar!

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Deus nos dá oportunidade de conquistarmos vitórias

Quando estamos passando por um tempo de deserto, de secura espiritual, de sofrimento ou de doença, se não estivermos equilibradamente preparados (o que nunca estamos), nos deixamos vencer por um pessimismo que anda pelo ar e pelos corações das pessoas, um espírito de derrota, de fracasso incrível. A pressão, os comentários infelizes e as pessoas não têm culpa, elas estão mergulhadas, engolidas pelo pessimismo, muitas vezes, com pensamentos assim: "O meu problema é maior do que o seu", "Mas eu tenho mais tempo nesta situação", "Ah! você está passando por tudo isso e eu por mais aquilo..." "Não tem mais jeito!", um falso conformismo toma conta do nosso coração e parece que patinamos e não saímos do lugar. Quando a Palavra nos exorta ao seguinte:

"Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito" (Romanos 12,2).

O sistema deste mundo tenebroso, e sem Deus, e o maligno têm nos feito acreditar que não é possível e que não somos capazes. "Como que eu, sozinho, vou mudar toda essa situação?" Por isso, renunciemos a esse espírito de derrota e alarguemos as nossas fronteiras, porque eu sei em quem coloquei a minha esperança, pois a esperança não engana, porque o Espírito de Deus foi derramado em nossos corações. Em Cristo, qualquer que seja a situação, nunca somos fracassados, mas sempre vencedores!

O Senhor nos dotou de uma capacidade chamada superação, lembremo-nos de Cristo caminhando para o Calvário, dos apóstolos e mártires no início da Igreja, de João Paulo II e Madre Teresa de Calcutá, que sempre se levantavam das cinzas e davam uma resposta diferente à vida e ao mundo.

Quando estamos passando por grandes dificuldades, ficamos vulneráveis e nos assemelhamos às esponjas, encharcando-nos de todo tipo de coisas, filosofias, entre outros. O sentimento fica à flor da pele e queremos nos agarrar à primeira coisa que nos aparece e falsamente nos dá conforto. Nessa hora é preciso ter calma, esperança e matar um leão a cada dia. A cada dia Deus nos dá oportunidade de conquistarmos vitórias, pois a nossa força é o Senhor e quer fazer de você um vencedor, lutando e tomando atitude na vida. Se não fossem as ondas e até as tempestades o barco não sairia do lugar, não avançaria para águas mais profundas e não experimentaria a oportunidade de uma pesca milagrosa. ACREDITE E NÃO SE DEIXE DESANIMAR!

A fé é uma experiência carismática de acreditar naquilo que não se vê, mas que se constrói e se torna realidade. Com Deus somos coadjuvantes de nossa história. A bem-aventurada Teresa de Calcutá disse certa vez: "Eu quero ser o lápis nas mãos de Deus!". Não somos marionetes nas mãos do Senhor, Ele não brinca conosco, Ele faz conosco a história; isso não é um determinismo, muito menos um conformismo sem inteligência. Deus respeita as nossas escolhas, mesmo que elas sejam erradas, pois acredito que tudo concorre para o bem dos que O amam. E como bom Mestre Ele nos dá uma borracha para corrigirmos e refazermos a nossa vida. Nem tudo está perdido: as pessoas, aquilo que você está vivendo agora, as situações que estão fora do seu controle, Deus é bom e se manifesta no Amor e na Amizade.

"Tenho para mim que os sofrimentos da vida presente não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada" (Romanos 8,18).

Aguente firme, meu filho!

Minha bênção fraterna.

Padre Luizinho - Comunidade Canção Nova