8 de setembro de 2009

Não basta escolher

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É preciso mais para renovar e exigir a ética na política

Denúncias, investigações, excessos de discursos e bate-bocas; abertura de Comissões Parlamentares de Inquérito, as CPI's, e seus legisladores inquisidores de depoentes convidados, sabatinadores de réus. São alguns dos ingredientes que fazem o nauseante cardápio da mídia nacional, que imprime uma avalanche de notícias "nervosas" sobre todos os envolvidos, o que só faz acentuar – equivocadamente – a convicção de cada cidadão acerca de suas verdades, especialmente quando se trata de política.

A pouco mais de um ano para as eleições presidenciais, em que o povo terá, novamente, a oportunidade de escolher, além do presidente, governadores, senadores e deputados, o horizonte político está cinzento, apesar de alguns avanços positivos na detecção de irregularidades, e o tempo em Brasília nublado com as inúmeras delações e acusações entre os "atores", que se projetam negativamente na superfície midiática, o que é profunda e tristemente lamentável.

Com tudo isso acontecendo, precisamos questionar o papel da imprensa neste processo, observando como os meios de comunicação noticiam tais temas.

Estamos mesmo bem informados acerca dos fatos e das ocorrências no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto?

Como cidadãos, por que muitos se acomodaram? Será omissão ou conivência?

Obviamente, sem a efetiva participação dos indivíduos e a necessária perseverança na busca pela verdade dos acontecimentos e a exigência – de nossa parte – com "o bom uso do dinheiro público" não há conquistas nem direitos!

Por que muitos afirmam que, infelizmente, as coisas são assim mesmo e, à menor dificuldade, não agem para transformar o mundo à sua volta?

Sob inúmeros escândalos, vergonhosamente proporcionados por aqueles em quem confiamos o voto para nos representar, a população brasileira se vê, de novo, às margens da verdade sobre as decisões políticas que ocorrem nos bastidores do Planalto, do parlamento na capital federal e em muitos palácios estaduais.

Em 2010, teremos de escolher candidatos para ocupar cargos que exigem preparo, bem como a perspicácia dos eleitores, sobretudo, queremos retidão de caráter daqueles que se propõem a ocupar um lugar no Executivo ou Legislativo. As eleições do próximo ano serão um duro teste que teremos (outra vez!) de enfrentar com coragem, sem desanimar!

O pensador Reitor Inge nos ensina que "fazer o que está certo não é o problema; o problema é saber o que está certo". Definir exatamente o que é certo e errado nos dias atuais, em que a contradição humana torna-se cada vez mais evidente, é árdua e complexa tarefa destinada a nós, até mesmo para os especialistas. Entretanto, necessitamos repensar nossa vida, nossa realidade, para imprimirmos a ousadia e a audácia a fim de buscar as transformações que a sociedade almeja.

Durante toda a vida percorremos caminhos sinuosos e buscamos com todas as forças acertar nas nossas escolhas, visto que é preciso decidir para seguir e enfrentar os desafios que a caminhada nos oferece. Todavia, é preciso agir positivamente, a fim de promovermos transformações na estrutura sociopolítico-econômica em favor da solidez da democracia e o consequente resgate da eticidade e da moralidade no parlamento.

E não nos esqueçamos de cobrar a reforma política – sobre a qual tanto se comenta e nada foi feito –, que certamente vai oxigenar a mentalidade de nosso povo para a construção de uma nova realidade.

Que este tempo de tantas incertezas nos inspire vigorosamente a uma busca incansável pela edificação de uma política possível e viável, isto é, a um exercício pela equidade na política em que a prevalência ético-moral se manifeste positivamente nas pessoas, nos cidadãos de bem, para que as árvores não deixem secar suas folhas e as flores no futuro não murchem nem apodreçam.

E não citar Santo Agostinho quando afirma que "o dom da fala foi concedido aos homens não para que eles enganassem uns aos outros, mas sim para que expressassem seus pensamentos uns aos outros" seria omitir o bom exemplo de quem optou pela verdade e a quem todas as pessoas – especialmente aqueles revestidos de poder e autoridade – deveriam imitar.

Não basta escolher, é preciso exercer a cidadania em plenitude, participando com disposição para restaurar a consciência, quebrar a rigidez mental que alimenta o pessimismo, para exigir a ética na política e, consequentemente, em todos os demais segmentos institucionais.

Reinaldo Cesar
http://blog.cancaonova.com/jornalistareinaldo

3 de setembro de 2009

Valorize o sofrimento

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É preciso lembrar que não há sucesso sem luta

Nenhum de nós gosta de sofrer, mas o sofrimento faz parte da vida; não há uma pessoa sequer na face da terra que não tenha de conviver com a dor e a angústia; logo, aprender a sofrer é aprender a viver. A paz não consiste em não ter contrariedades, mas em saber, com humildade e resignação, aceitá-las e enfrentá-las. A primeira atitude diante de qualquer sofrimento é a atitude mental; muitas vezes, nós aumentamos o nosso sofrimento com um pensamento negativo e pessimista. Acho que você já notou que o mesmo sofrimento para um é muito pesado, enquanto para outro pode ser fácil de ser vencido.

Da mesma forma que não há montanhas altas sem névoas, assim também não há homem superior sem caluniadores. O que importa é não dar ouvidos a essas calúnias. Não pare a sua caminhada para atirar pedras nos cães que ladram, senão você pode atrasar a sua chegada. Sabemos que somente as árvores que têm frutos é que são sacudidas ou apedrejadas em busca de alimentos. Ninguém atira pedras em árvores sem frutos. As perseguições não atingem a alma quando são injustas ou falsas.

Frequentemente, as coisas que consideramos "más" são as que tornam boas as coisas boas. Como poderíamos reconhecer o prazer sem a dor? Sem o conforto, como poderíamos estar confortáveis? Se não houvesse escuridão, como saberíamos o que é a luz? Sem ignorância, qual seria o valor do conhecimento?

Em todas as direções e em todas as situações, a vida tem significado. Em todo lugar existe a oportunidade da realização. Em vez de amaldiçoar a escuridão, acenda um fósforo, aprecie a luz que as trevas tornam possível.

As únicas desgraças completas são aquelas com as quais nada aprendemos. Cada lágrima ensina-nos uma verdade.

É preciso sempre se lembrar de que não pode haver sucesso sem luta e, às vezes, sofrimento. O sofrimento não é obra de Deus; ele existe por causa de nossa fraqueza e dos pecados dos homens. Mas Cristo o transformou em matéria-prima de nossa salvação. Paul Claudel disse que "Cristo não veio abolir o sofrimento, nem mesmo explicá-lo; mas veio trazer-lhe a plenitude da sua presença". Por isso, quem sofre com Cristo, sofre em paz.

Deus nos fala pelas circunstâncias e pelos acontecimentos difíceis da vida. Quando analiso o meu passado, vejo que tudo o que me aconteceu foi para o meu bem. O sofrimento é inseparável do amor, como a rosa o é do espinho. Não tenha medo das adversidades nem das contrariedades.

É comum nos sentirmos desencorajados e até desesperados quando as coisas vão mal. Mas Deus age em nosso beneficio, mesmo nos momentos de dor e sofrimento.

"Tudo concorre para o bem dos que amam a Deus" (Romanos 8, 29)

( Trecho extraído do livro "Para ser feliz" - Editora Cléofas)

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

1 de setembro de 2009

O tesouro

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Há muita gente triste porque ainda não encontrou o verdadeiro tesouro

Jesus afirmou haver um tesouro precioso, que carrega em si um grande desejo: produzir alegria em quem o encontra. Portanto, aqueles que o encontram podem encher-se de alegria.

O tesouro existe e a alegria é manifestada em quem o encontra. Ele contém a capacidade de produzir "automaticamente" essa alegria. Assim como quem tem uma habilidade quer prová-la através do que faz, este tesouro demonstra quem é pela alegria produzida em quem o encontra.

Mas, afinal quem é este precioso tesouro e como encontrá-lo? Como é possível ter a garantia de que ele, de fato, produz alegria? Essa certeza nos foi dada pelo próprio Jesus.

"O Reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo" (Mateus 13,44).

Cristo garante que quem o encontra fica "cheio de alegria". Como e quando ele produz alegria? O próprio Senhor responde: Quando é encontrado. Caso não o seja, não consegue dar o fruto da alegria desejada. Esse tesouro é o Reino dos céus. Esse tesouro é Jesus Cristo.

Quantos ainda não O encontraram! Quantos ansiosamente vivem buscando a alegria. Encontram outros falsos tesouros, com aparência de verdadeiros, mas falsos. Alegram-se quando os encontram, mas essa alegria é efêmera, passageira. São tesouros ocos, vazios. São os ídolos. Tesouros que não são capazes de preencher o vazio, mesmo depois de terem sido encontrados. São os tesouros do prazer, do dinheiro, do ter a roupa ou tênis de marca. Assim como, os tesouros da droga, da bebida, do sexo. A alegria produzida por eles, logo a seguir pode transformar-se em tristeza.

A possibilidade de sentirmos tristeza foi Deus mesmo quem nos deu. A tristeza deveria despertar nas pessoas a saudade e o desejo de retornarem ao Senhor, assim como fez o filho pródigo. Ele retornou ao verdadeiro tesouro, onde estava a verdadeira alegria: Junto do Pai, do qual jamais deveria ter se afastado.

Há tanta gente triste porque ainda não encontrou o verdadeiro tesouro. Entremos nessa e aproveitemos as oportunidades que temos de apresentar a quem não conhece o Maior de todos os Tesouros: Nosso Senhor Jesus Cristo.

Tarefa do missionário

Esta é a tarefa do missionário: apresentar o verdadeiro tesouro: JESUS.

Tesouro verdadeiro que produz a verdadeira e permanente alegria. Alegria esta que acontece com quem é apresentado ao tesouro (o evangelizado). E alegria que experimenta o que apresenta tesouro (o evangelizador). "Porque eis que se pode dizer com toda verdade: Um é o que semeia outro é o que ceifa" (João 4,37).

Essa é a graça da missão. Este é o privilégio do missionário: ver rostos se encherem de alegria por terem encontrado o precioso tesouro: Jesus Cristo.

Entre neste grupo. Seja um missionário e experimente esta alegria!

Reze pelos missionários.

Foto Padre Alir Sanagiotto, SCJ

27 de agosto de 2009

Antes só

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Evitar companhias e lugares que podem levar ao pecado

Há um ditado popular que diz: "Antes sozinho que mal acompanhado". Como entendê-lo? Estar sozinho, buscar a solidão é algo que assusta a todos nós, pois Deus não nos criou para o isolamento, mas sim, para vivermos em sociedade:

O Senhor Deus disse: "Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada" (Gênesis 2,18).

Já era uma preocupação do Altíssimo que não vivêssemos sozinhos, pois bem sabe o Senhor o quão difícil é o peso da solidão. Criou-nos para estarmos em sociedade. Mas, acontece que nem todos caminham na mesma direção, nem todos buscam o mesmo sentido.

Quando isso não acontece o que fazer?

Geralmente as pessoas se agrupam por afinidades, por grupos de interesse. Em nosso caso, cristãos que somos, estamos juntos, pois seguimos a Cristo e acreditamos em Suas palavras. Acontece que nem todos têm o mesmo pensamento que o nosso, aliás, a sociedade de hoje é uma sociedade pagã que, infelizmente, se distancia cada vez mais de Deus. Por isso, é um desafio constante cultivar amizades e relacionamentos nessa realidade.

Um princípio dos alcoólatras anônimos é: "Evitar o primeiro gole". Ora, para evitar o primeiro gole é preciso evitar companhias, lugares e situações que podem provocar a queda e a volta ao vício. Na verdade, é a aplicação do princípio deixado por Jesus Cristo: "Vigiai e orai, para não cairdes em tentação".

Oração e vigilância. Vigilância é exatamente isso: evitar companhias, lugares e situações que podem nos afastar de Deus, que podem nos levar ao pecado.

Se o outro não entender o motivo pelo qual evito sua companhia (e que isso seja feito não de forma agressiva!) e ele me der a oportunidade de lhe explicar, posso simplesmente dizer-lhe que minhas escolhas são distintas da dele. Caso perceba que ele não vá me entender, é preferível buscar refúgio no silêncio e na oração.

É dessa forma que dá para entender o ditado: "Antes sozinho do que mal acompanhado", isto é, é preferível ficar sozinho que permanecer caminhando ao lado de pessoas que não me compreendem nem me auxiliam neste processo de busca de santidade que almejo.

No entanto, andar sozinho não quer dizer que eu tenho o direito de julgar o outro achando que ele está no caminho errado e eu no certo: certas coisas não precisam ser ditas. Cada um tem a sua consciência. Assim como não tenho o direito de me fechar caso a pessoa me procure: devo, como Jesus, estar sempre pronto a acolher e a ouvir, e caso seja solicitado a emitir a minha opinião sobre o que é correto, porque ensinar os ignorantes é uma obra de misericórdia.

Busquemos juntos a Divina Misericórdia e ela nos capacitará a buscar o outro de uma forma renovada.

Pe. Antônio Aguiar
http://blog.cancaonova.com/padreantonioaguiar

24 de agosto de 2009

E se eu disser 'não'?

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Alguns rapazes acham que ser virgem é embaraçoso

Isso depende de que tipo de garota ela é. Uma jovem mulher me contou que chorou quando seu namorado disse que queria parar de fazer coisas sexuais, porque ela pensava que ele estava terminando o namoro. Mas então, ela disse: "Ele me assegurou que esse não era o caso, e que ele ainda me amava e queria me amar pela minha personalidade e não só pelo meu corpo. Eu fiquei maravilhada com isso".

É surpreendentemente raro para uma mulher menosprezar um rapaz que quer guardar a inocência do relacionamento. Para testar isso, eu perguntei a mil jovens mulheres em minha pesquisa a seguinte questão: "Se você está indo longe demais com um rapaz, e ele lhe dá um beijo na testa e diz: 'Eu acho que precisamos ir devagar, eu respeito demais você para fazer tudo isso com você, e eu quero me apaixonar por você pelos motivos certos', você o acharia mais ou menos atraente por isso?".

Quase 100 por cento das garotas – 995 – disseram que achariam o rapaz mais atraente. Uma garota disse que isso era "porque ela estaria pensando em nós [os dois] e não somente nele". Outra garota disse: "Eu não vou mentir. No primeiro momento eu ficaria pensando: 'O quê? Que tipo de homem diz isso?' Mas depois naquela noite eu pensaria: 'Eu realmente gosto desse rapaz'".

Eu fiz uma última pergunta para essas jovens: "Alguns rapazes acham que ser virgem é embaraçoso. Como você se sentiria se um rapaz guardasse sua virgindade para você, sua noiva?". De novo, as respostas, na esmagadora maioria, indicam a atratividade da pureza. Aqui estão algumas das respostas dadas por elas:

- "Esse é o tipo de rapaz que eu tenho que pegar antes que o resto das bilhões de garotas pegue!"

- "Pare de se preocupar sobre o que os outros vão dizer. Significa tanto que você espere!".

- "Isso é atraente!".

- "Está tudo bem em ser virgem. Na verdade, a maioria das garotas prefere assim".

- "É preciso muita força de vontade para permanecer virgem, e eu amo rapazes assim, que não se importam com o que as pessoas dizem".

- "Ele é mais homem que muitos outros rapazes"

- "Eles não deviam ficar envergonhados, pois eu não estou".

- "Essa noiva é uma sortuda".

- "Muitas garotas como eu acham estranho quando um cara fica com medo de ser virgem. Ele devia se orgulhar!".

- Eu me sentiria uma princesa, porque é assim que eu quero me sentir na noite do meu casamento".

- "Eu ia querer ficar mais perto dele!"

- "Essa é a coisa mais linda que um homem pode dar à sua noiva. Isso resume a essência do que é ser um homem, com uma só escolha. Ele prometeu à sua noiva sua vida inteira, inclusive seu corpo".

- "Ele pode te respeitar mais se pode respeitar a si mesmo".

Quase todas as garotas – 996 – disseram que se sentiriam amadas, honradas e mais atraídas a um rapaz assim. Das 4 que sobraram, uma expressou descrença que possa existir alguém assim, e as outras três foram indiferentes, dizendo coisas como: "Eu não o amaria mais nem menos se ele não fosse virgem".

Toda garota deseja saber que é querida, desejada, amada e que merece ser protegida. Quando uma garota chega à universidade, muitas vezes, ela já perdeu a esperança por causa das coisas que ela viu (ou fez). Ela pode aceitar os "ficar" ou as relações casuais, mas no fundo de seu coração ela sonha com algo mais. Na verdade, mais mulheres do que eu posso contar chegam, para mim, nas universidades em que dou palestras e me perguntam a mesma coisa: "Todos os rapazes só estão interessados em uma coisa. Onde eu posso encontrar um homem decente?".

Imagine se você tivesse de falar para uma dessas mulheres que você não quer nada de sexual agora. Se ela abandoná-lo por você querer ser puro, então você já sabe que, para começo de história, ela nunca o amou, por isso está melhor sem ela. Mas se ela continuar ao seu lado, então vocês vão se respeitar sempre. De qualquer modo, nós temos de enfrentar nosso medo de rejeição, se é que nós queremos um dia amar de verdade.

Como essa pesquisa mostrou, a maioria das mulheres espera encontrar um homem seguro de si, capaz de autodomínio. Mesmo que você já tenha perdido sua virgindade, você ainda pode escolher recomeçar e passar a viver a virtude da pureza. Não importa o passado, nunca é tarde para se tornar o homem que você quer e deve ser.

Trecho do livro: "Pure Manhood", de Jason Evert. San Diego: Catholic Answers, 2008

Jason Evert

19 de agosto de 2009

Vida religiosa: imitação e seguimento de Cristo

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O tesouro do religioso é justamente este: viver em união com Deus

A vida religiosa tem sua identidade e missão expressa como forma de existência firmada no seguimento radical de Cristo. Porém, fica evidente na história da Igreja e na Sagrada Escritura que o seguimento não é privilégio de ninguém; este é para todos que se abrem ao mistério da graça que efetua o chamado na liberdade. Contudo, ao longo da história constata-se também que o Espírito Santo suscitou na Igreja uma forma concreta de seguimento, na radicalidade existencial, através da vivência dos conselhos evangélicos: pobreza, castidade e obediência, por meio dos quais a experiência de discipulado pessoal torna-se algo fundamental.

"... Os religiosos devem transmitir o Evangelho com suas vidas, comprometendo-se a unir duas realidades: o cuidado pela vida interior e o esforço da missão apostólica" (Papa Bento XVI). A afirmação do Santo Padre expressa algo de essencial na vida religiosa: a correspondência profunda e total da vocação à vida consagrada na Igreja. Ser inteiramente de Jesus para ser inteiro da missão e para a missão. A primeira e fundamental tarefa da vida consagrada é tornar visíveis as maravilhas de Deus, algo possível apenas a partir de uma íntima, profunda e contínua comunhão com Aquele que chama, elege e consagra: o Cristo casto, pobre e obediente. O tesouro do religioso é justamente este: viver em união com Deus na totalidade de vida, estar reunido numa comunidade de amor e gratuidade, na qual se estabelece a cada dia o primado do Absoluto (Deus).

No mistério da vida religiosa nós encontramos essa pedagogia extraordinária do Todo-poderoso, que não escolhe os capacitados, mas capacita os pequeninos chamados por Ele. Tal constatação nos centraliza na eleição misericordiosa de Deus, que revela o primado da Sua iniciativa e a necessidade do ser humano de acolher o mistério divino na obediência.

Maria Santíssima é para todos nós modelo desse acolhimento, mestra de seguimento incondicional e de serviço assíduo a Deus. A Virgem Maria não só disse: "Faça-se em mim segundo a sua Palavra", como também viveu esse mistério na sublime, perfeita e total pertença a Deus, assumindo, assim, todas as consequências do seu "sim" ao Senhor.

A verdadeira profecia e a vida profética da vida consagrada nascem de Deus, da amizade com Ele e da escuta atenta da Sua Palavra, nas diversas circunstâncias da nossa existência. O testemunho profético exige e requer uma busca constante e apaixonada da vontade de Deus; a comunhão eclesial generosa é imprescindível para que o exercício do amor na verdade possa acontecer de forma efetiva e eficaz. Pois, ninguém vive uma consagração no isolamento, ou seja, fora do mistério do ser Igreja de Cristo.

Ter esse compromisso decidido de vida espiritual, de espiritualidade sólida e profunda, constitui exigência prioritária para que o sentido da vida consagrada não se esvazie. Tendo em vista que tal exigência encontra-se inscrita na própria essência da vida consagrada. Negligenciar essa realidade significa tornar-se um consagrado morto, que semeia morte onde quer que se encontre, ou seja, significa deixar de ser aquele que torna visíveis as maravilhas de Deus.

O religioso, na vivência autêntica da sua consagração, torna-se manifestação visível do Amor de Deus. Por isso, a raiz de cada ação e o critério de cada opção do religioso devem ter por objetivo expressar esse amor, num gesto eficaz de gratuidade evangélica. O Evangelho de Mateus, capítulo 21, versículos 18-22, nos fornece este exemplo que o próprio Jesus utilizou para formar Seus discípulos: a pobre viúva que fazia sua oferta no cofre do templo. Nessa ocasião, o Senhor observou que as pessoas ofereciam grandes quantias e num dado momento aproximou-se essa viúva, que entregou apenas duas moedas. Vendo esse gesto Cristo chamou os discípulos e afirmou que aquela mulher havia ofertado mais do que todos os demais.

Qual a intenção de Jesus ao fazer essa afirmação? O que o Senhor deseja apresentar é que a doação maior e melhor é justamente aquela que se faz com qualidade e gratuidade, e não aquela feita com quantidade. A viúva entregou tudo, não viveu uma relação com Deus parcial, foi sincera e transparente na sua opção de vida, pois, não firmou sua vida no fazer quantitativo, mas no ser qualitativo.

Que o Senhor nos ensine a também fazermos nossas opções por Ele com essa dimensão, respondendo com sabedoria ao chamado universal à santidade.

Que Deus vos abençoe e vos guarde! Amém!

Pe. Eliano Luiz Gonçalves, sjs
Prior Local da Missão Salvista presente na Com. Canção Nova

17 de agosto de 2009

Viver a sexualidade na luz

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O autoerotismo acaba se tornando um tipo de droga

A sexualidade é a obra culminante da criação. Por isso, precisamos aprender a administrá-la. Deus é perfeito e fez cada pessoa diferente, pessoas que nunca se repetirão.

Nós precisamos estar firmes no Senhor, pois existiu um anjo que não suportou nossa criação por Deus Pai: satanás. Este quer destruir o amor, quer destruir a nossa família. Ele, que não pôde atacar a sexualidade de Maria e José, então ataca a nossa. Ele ataca na raiz da nossa vida: no amor.

Para agredir a vida, o maligno tenta fazer com que entremos em transgressão com tudo aquilo que o amor traz. Dessa forma, o que é mais lindo na vida vira contra o próprio homem. A mesma coisa acontece com a sexualidade, pois o homem a está reduzindo apenas ao desejo carnal, esvaziando o coração, o sentimento. O resultado são as muitas "mortes" que acontecem, como a pornografia, teoria que leva à prática.

Há um comércio abominável de crianças e adolescentes na área sexual. Existe um número expressivo desse público [infanto-juvenil] que morre infectado por várias doenças por ano por conta disso. Não podemos nos calar diante disso!

Só há duas armas para sermos vitoriosos: A castidade e a fidelidade. Em Uganda, baixaram a taxa de contaminação de enfermidades sexualmente transmissíveis, porque a política viu que não havia outro meio ao não ser a castidade.

O autoerotismo, que é a masturbação, quando se torna um hábito e não conseguimos fugir dele, acaba se tornando um tipo de droga, uma obsessão, e faz com que nos fechemos em nós mesmos; e humanamente não conseguimos sair dele. Se você estiver passando por esse problema, sentindo-se escravo, dominado por ele, só Jesus pode curá-lo. Porque, quando pedimos perdão para o Senhor, Ele fica maravilhado com a pureza de nossa alma. Pois, dessa forma, nós mostramos que sofremos com isso, revelando assim que temos um coração puro. Peçamos perdão ao Senhor. Que Maria nos ajude e que nunca percamos a coragem de tomar essa decisão!

Eu conheci homens e mulheres que embora tenham se prostituído durante muitos anos receberam do Senhor a graça de uma "virgindade espiritual" e conseguiram um casamento maravilhoso. A castidade é uma grande liberdade, é o que protege o amor. Como a estratosfera nos protege contra o sol, e nos protege da luz, é justamente assim que acontece com a castidade, ela permite o aprofundamento do amor tornando-nos jovens. Já a impureza nos torna velhos. Basta olhar para moças que são prostituídas, elas têm o olhar envelhecido.

Vou mostrar para vocês as vantagens da castidade, de preservar a sua pureza para o casamento. Pois o pecado contra essa virtude é como uma flor arrancada, que morre facilmente, porque não teve a chance de ter sua raiz aprofundada.

Recusar-se a manter relacionamento sexual com o namorado, antes do casamento, é o maior teste de autenticidade do amor: "Eu quero algo profundo e verdadeiro! Quero que realmente nos conheçamos e esperemos esse momento [relação sexual] até o casamento". Se seu (sua) namorado (a) deixá-la (o) é a prova de que ele (a) não a (o) ama. Mas, se ele (a) respeitar essa exigência é porque realmente a (o) ama. Algumas moças também querem ir logo ir para a cama com o namorado para segurá-lo, pois são inseguras.

O respeito mútuo protege um ao outro e fortalece a linguagem do amor. O amor para com o outro deve ser delicado e puro. O casal deve procurar viver a transparência. Para que, dessa forma, no dia casamento, você possa dizer: "Eu trago para você o mais puro dos sentimentos, me guardei só para você. Eu decidi que a minha primeira relação sexual seria com meu cônjuge".

É preciso ter muito cuidado e se proteger, cuidado para não cair em situações de risco, pois caímos muito facilmente. Precisamos, sobretudo, ter cuidado de não cair nas pornografias. E assim você terá muita harmonia em sua casa quando casar. E poderá viver a "liturgia do casamento", pois, é uma escola de descoberta um do outro, de respeito e amor.

Precisamos construir a base do relacionamento. A união sexual é o telhado, por isso não podemos construir a casa pelo telhado. Ele é a "coroa" do casamento. 99% da alegria no ato sexual é a confiança um no outro e não o ato em si. Esses são uns pequenos conselhos para que os seus futuros filhos não sofram a consequência de uma família desajustada.

Louvado seja Deus. Ele os abençoe!

(*) Fundador da Escola "Jeunesse-Lumiére" (Juventude-Luz), um trabalho voltado para a juventude, localizada no sul da França.

Padre Daniel Ange (*)