17 de outubro de 2008

A Palavra de Deus na vida e missão da Igreja

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Anunciar e transmitir Cristo por meio da nossa conduta de vida

Em toda a história da Igreja e do povo de Deus a Palavra de Deus sempre ocupou um lugar fundamental, a começar pelos princípios de nossa existência, ou seja, pela nossa própria criação. Deus criou o mundo e o edificou através da Palavra, ao longo do tempo. Ela foi comunicada aos homens e transmitida a eles - por intermédio dos que foram escolhidos e enviados pelo próprio Deus - para que se comunicassem entre si conduzindo e orientando a humanidade ao longo da história. No tempo oportuno, a própria Palavra: "O Verbo se fez carne e veio habitar no meio de nós" (Jo 1,14).

Mediante essa revelação, portanto, o Deus invisível, levado por Seu grande amor, fala aos homens como amigos e com eles se entretém. Assim chegamos ao longo dos tempos e percursos da história, guiados e orientados por esta Palavra, que constitui sustentáculo e vigor para a Igreja e para seus filhos firmeza da fé, alimento da alma, pura e perene fonte da vida espiritual.

"Nós queremos confirmar uma vez mais ainda que a tarefa de evangelizar todos os homens constitui a missão essencial da Igreja!" (Trecho da Declaração dos padres sinodais ao final do Grande Sínodo de 1974).

"Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura!" (Mc 16,15).

O mandato e o envio de Jesus aos Seus apóstolos é bem claro e evidente. Eis a grande missão da Igreja. São Mateus o completa: "Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado" (Mt 28,19-20).

Todo esse anúncio está contido em Jesus. Ele é a Palavra, o Verbo de Deus (cf. Jo 1). Toda a missão e o ministério de Cristo partem da Palavra do Pai, a Palavra de Deus. Aí está expresso, para nós, o princípio da missão. "O espírito do Senhor está sobre mim, porque me conferiu a unção; a anunciar a Boa Nova" (Lc 4,18).

Ao longo da história do Povo de Deus, o próprio Deus se comunica com os Seus escolhidos e os envia a falar aos homens: "Vai, portanto, que eu estarei com tua boca e te ensinarei o que deverás dizer" (Ex 4,12).

A missão parte da Palavra. Ela continua a ser sempre atual, sobretudo, quando ela é portadora da força divina, assim também como mantêm todo o seu vigor as mesmas palavras do apóstolo Paulo: "Logo a fé vem pela pregação e a pregação, pela palavra de Cristo" (Rm 10,17).

E o que nos apresenta a Palavra de Cristo? A grande Boa Nova do Reino de Deus, um programa de vida, um estilo de vida, "pois não haverá humanidade nova, se não houver em primeiro lugar homens novos, pela novidade do batismo e da vida segundo o Evangelho" (Paulo VI, Evangelli Nuntiandi).

Esse programa de vida nos apresenta um caminho: a verdade e a própria vida contida em Jesus e apresentada por Ele e por todos aqueles que são enviados em Seu nome. Vivemos novos tempos e conseqüentemente desafios novos provenientes do tempo em que vivemos, no qual a busca e a sede pelo conhecimento tornam-se a cada dia mais intensos. Novas linhas de pensamento e mentalidades nas quais, muitas vezes, a "verdade" é transmitida por conveniência e a mentira se camufla e se disfarça de verdade.

Atual continua a ser o envio de Jesus a nós, os discípulos de hoje, "Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações". Precisamos dar e ser essa resposta aos desafios e necessidades atuais desta grande missão, nos tempos de hoje, dentro do contexto no qual estamos inseridos, não temendo os desafios e tudo aquilo que vier por conseqüência da missão. Precisamos anunciar a Palavra com a nossa vida: "Para que se alguns não obedecem a Palavra venham a ser conquistados sem palavras, pelo procedimento. Será, pois, pelo seu comportamento, pela sua vida, que a Igreja , antes de mais nada, evangelizara este mundo; ou seja, pelo seu testemunho vivido com fidelidade ao Senhor Jesus (...)" (Paulo VI).

Há muitos lugares onde a Boa Nova, isto é, a Palavra de Deus, já foi anunciada e o está sendo; mas também há muitos aos quais ela ainda não chegou. E há outros nos quais, por motivos políticos e religiosos dominantes, não se pode expressar a fé. Muitos são os homens e mulheres que têm dado a sua vida e a estão transformando num anúncio, sem palavras, da própria Palavra. Estão anunciando o Reino de Deus com a própria vida. Eis o grande desafio para os discípulos de hoje e a grande necessidade para o tempo em que vivemos: transmitir a Palavra de Deus por meio do nosso testemunho de vida. Como discípulos e missionários essa é a nossa grande resposta à missão dada e orientada por Cristo-Palavra: anunciá-Lo e transmiti-Lo por meio da nossa conduta de vida.

André Felipe - Com. Obra de Maria
andre@obrademaria.com.br

13 de outubro de 2008

Igreja e interpretação da Bíblia

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Sínodo reúne representantes de todo o mundo em Roma

Em tempos como estes, aparece de tudo. Há quem apresente Jesus como um revolucionário; outros prometem apartamentos e gordas contas bancárias a partir de tratos com Deus; outros ainda apregoam a aceitação de Deus sem necessidade de participação na Igreja. E assim vai.

Com tantas vozes, ficam as perguntas: "Afinal, quem é Deus? O que Ele quer do ser humano? Como devemos nos relacionar com Ele e com nós mesmos? O que Ele é? O que Ele não é?"

Muitos desconhecem que nem tudo o que se diz com a Bíblia, de fato, a Bíblia diz; nem tudo com o nome de Deus, de fato, Deus aprova.

Ao abordar o episódio da tentação de Jesus no deserto (cf. Mt 4, 1-11), no livro "Jesus de Nazaré" (São Paulo, Planeta, 2007), Bento XVI cita que o demônio se apresentou como teólogo. Na segunda investida, satanás usurpou versículos do salmo 90 e instigou o Filho de Deus a se lançar de um precipício – o que forçaria o Pai a socorrê-Lo. "Ele deu a seus anjos ordens a teu respeito; proteger-te-ão com as mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé em alguma pedra". O Senhor se defendeu, citando o livro do Deuteronômio: "Não tentarás o Senhor teu Deus".

O Papa avança ainda mais e aponta: "De aparentes resultados da exegese científica [ou seja, da interpretação da Bíblia] se entreteceram os piores livros que destruíram a figura de Jesus, que desmontaram a fé".

Esses fatos dão importância ao 12º Sínodo que acontece em Roma, até o dia 26 deste mês, com 253 bispos, dezenas de peritos e auditores tratando de um mesmo assunto: "A Palavra de Deus na vida e missão da Igreja".

No turbilhão de idéias e interpretações, a Igreja quer continuar como porto seguro. Representantes do mundo inteiro refletem, dialogam e rezam durante 21 dias, não para chegar em "achismos". A Mãe, com cerca de dois mil anos, não brinca nem quer brincar com a interpretação da Sagrada Escritura.

Nesses momentos, o católico pode ver que não é ovelha sem pastor. A Igreja fundada por Jesus perpassa os séculos sabendo-se portadora da verdade que ela não tem o direito de modificar e tampouco de permitir deformar-se.


Maurício Rebouças
Comunidade Canção Nova

8 de outubro de 2008

Vencendo as provações

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Não somos provados além do que humanamente suportamos

Ao deparar com tantas situações, com tantas lutas, com tantos desafios, e, às vezes, más notícias, fico pensando nas pessoas que perderam entes queridos, fico pensando nas pessoas que estão na luta por causa de uma enfermidade, fico pensando nas famílias que estão vivendo diversas situações de conflitos e divisões. Penso nos jovens nas drogas, nos maridos e esposas no álcool, fico pensando nas meninas e meninos dados à prostituição, no desemprego, nas dívidas que muitos contraíram e hoje não vêem resposta. Quantos pais sofrendo, quantas mães sofrendo, quantos filhos sofrendo!

O Apóstolo Paulo, na primeira Carta aos Coríntios, nos dá uma certeza muito grande e que fortalece a nossa decisão de continuar combatendo e acreditando: "Não tendes sido provados além do que é humanamente suportável. Deus é fiel e não permitirá que sejais provados acima de vossas forças. Pelo contrário, junto com a provação Ele providenciará o bom êxito, para que possais suportá-la" (I Cor 10, 13).

Se acreditamos na fidelidade de Deus, se servimos a Deus e O temos como Senhor, precisamos tomar posse das promessas contidas nesta Palavra:

- Não somos provados além do que humanamente suportamos;

- Não seremos provados acima das nossas forças;

- Providencialmente teremos bom êxito para suportarmos toda provação.

Essas promessas se realizarão na vida de todos aqueles que acreditarem até o fim na força de Deus, na intervenção de Deus, na providência de Deus. Mesmo que demore, que doa, que seja complicado, precisamos tomar posse dessa Palavra e caminhar na graça e enfrentarmos com o Senhor todas essas provações.

O Salmista nos ensina que é no Senhor que encontramos a força, a proteção e a certeza da superação de tudo aquilo que vivemos: "Levanto os olhos para os montes: de onde me virá o auxílio? Meu auxílio vem do Senhor, que fez o céu e a terra. Não deixará teu pé vacilar, aquele que te guarda não dorme. Não dorme, nem cochila o vigia de Israel. O Senhor é o teu guarda, o Senhor é como sombra que te cobre, e está à tua direita. De dia o sol não te fará mal nem a lua nem a noite. O senhor te preservará de todo mal, preservará tua vida. O Senhor vai te proteger quando sais e quando entras, desde agora e para sempre" (Salmo 120).

A nossa vida e tudo o que estamos vivendo precisam estar entregues nas mãos do Senhor. Só Ele pode, só Ele é poderoso, só Ele tem a solução e a fortaleza de que necessitamos para vencermos as batalhas, para suportamos as provações e tirarmos um bem maior de tudo o que vivemos.

O nosso auxílio está no Senhor, que nos guarda, que nos cobre com Suas bênçãos, que nos preserva e que nos protege. Precisamos confiar toda a nossa vida ao Senhor.

Não tenha medo de enfrentar, de passar e de vencer a provação; se estamos com o Senhor, temos a certeza da vitória. E São Tiago vem nos edificar com esta Palavra que mostra a ação de Deus a partir das provações vencidas com Ele: "Considerai uma grande alegria, meus irmãos, quando tiverdes de passar por diversas provações, pois sabeis que a prova da fé produz em vós a constância. Ora, a constância deve levar a uma obra perfeita: que vos torneis perfeitos e íntegros, sem falta ou deficiência alguma" (Tg 1, 2-4).

Estamos unidos!

Contem sempre comigo e com minhas orações!

Seu amigo e irmão,


Pe. Roger Luís

3 de outubro de 2008

A sabedoria consiste em saber aprender

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Sabedoria não significa o acúmulo de conhecimentos...
Uma maneira concreta de roubar da vida a possibilidade de crescer é a atitude de se achar totalmente pronto diante dela. Aquele que crê saber tudo, retira da alma o sabor da novidade, pois acredita não ter mais nada a aprender. Quem assume tal postura acaba se tornando extremamente auto-suficiente e, conseqüentemente, infeliz. O coração que perde, nas pequenas coisas, a alegria da descoberta sobre si e sobre tudo o que o circunda, adquire uma postura de profunda monotonia e insatisfação em seus dias.

A humildade de se reconhecer em pedaços, ou seja, ainda não terminado, é essencial para que cresçamos e construamos uma vida sóbria e sem ilusões a nosso próprio respeito.

Aquele que considera que não tem nada a aprender com os outros e com a vida, torna-se arrogante e infantil, pois, fecha-se em "seu mundo" crendo nas falsas e irrevogáveis verdades criadas por si mesmo.

Quem passa a vida toda aprisionado a um falso sistema de crenças e verdades pessoais experienciará uma profunda solidão, pois nunca permitirá que outros adentrem em seu coração, que se encontra trancafiado em suas próprias razões.

A sabedoria escolheu a humildade como sua casa. E somente quando a alma se abaixa para descansar em tal morada, vislumbra o sabor do saber e pode se elevar portando o devido equilíbrio para contemplar cada situação.

A verdadeira sabedoria consiste na humildade de se enxergar como um "eterno aprendiz", como alguém que não está pronto e reconhece que tem ainda muitas novidades a vislumbrar na jornada dos dias. Sabedoria não significa o acúmulo de conhecimentos, mas a sensibilidade para aprender as lições presentes em cada coisa que se vive.

Quem deseja aprender está sempre aberto e escuta a tudo e a todos. E se coloca atento diante de cada situação para delas absorver o conhecimento impresso em cada experiência.

Tudo e todos são capazes de nos ensinar algo, até mesmo nossos erros e fragilidades.

Quando reconhecemos que não somos os senhores absolutos diante dos outros e de nós mesmos, somos capazes de nutrir uma sóbria visão a respeito do que somos, entendendo assim que as nossas necessidades não são as únicas e as mais importantes.

Existem coisas sobre nós mesmos que ainda precisamos compreender e descobrir. Há situações em nosso cotidiano – perdas e acréscimos – que têm muito a nos ensinar e que desejam nos revelar novos caminhos a serem trilhados.

Estejamos sempre atentos e receptivos às coisas que nos são acrescentadas pela vida, para assim entendermos um pouco mais sobre aquilo que somos e sobre a missão que trazemos no peito.

"Aprender sempre, impor verdades próprias nunca"; dessa forma, caminharemos constantemente aliados à sabedoria e construiremos sólidas realizações em nossa história.

Foto Adriano Zandoná
artigos@cancaonova.com

1 de outubro de 2008

Santa Teresinha do Menino Jesus (de Lisieux)


A vida da santa Teresa de Lisieux, ou santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, seu nome de religiosa e como o povo carinhosamente a prefere chamar, marca na história da Igreja uma nova forma de entregar-se à religiosidade. No lugar do medo do "Deus duro e vingador", ela coloca o amor puro e total a Jesus como um fim em si mesmo para toda a existência eterna. Um amor puro, infantil e total, como deixaria registrado nos livros "Infância espiritual" e "História de uma alma", editados a partir de seus escritos. Sua vida foi breve, mas plena de dedicação e entrega. Morreu virgem como Maria, a Mãe que venerava, e jovem como o amor que vivenciava a Jesus, pela pura ação do Espírito Santo.

Teresinha nasceu em Alençon, na França, em 2 de janeiro de 1873. Foi batizada com o nome de Maria Francisca Martin e desde então destinada ao serviço religioso, assim como suas quatro irmãs. Os pais, quando jovens, sonhavam em servir a Deus. Mas circunstâncias especiais os impediram e a mãe prometeu ao Senhor que cumpriria seu papel de genitora terrena, mas que suas filhas trilhariam o caminho da fé. E assim foi, com entusiasmada aceitação por parte de Teresinha desde a mais tenra idade.

Caçula, viu as irmãs mais velhas, uma a uma, consagrando-se a Deus até chegar sua vez. Mas a vontade de segui-las era tanta que não quis nem esperar a idade correta. Aos quinze anos, conseguiu permissão para entrar no Carmelo, em Lisieux, permissão concedida especial e pessoalmente pelo papa Leão XIII.

Ela própria escreveu que, para servir a Jesus, desejava ser cavaleiro das cruzadas, padre, apóstolo, evangelista, mártir... Mas ao perceber que o amor supremo era a fonte de todas essas missões, depositou nele sua vida. Sua obra não frutificou pela ação evangelizadora ou atividade caritativa, mas sim em oração, sacrifícios, provações, penitências e imolações, santificando o seu cotidiano enquanto carmelita. Essa vivência foi registrada dia a dia, sendo depois editada, perpetuando-se como livro de cabeceira de religiosos, leigos e da elite dos teólogos, filósofos e pensadores do século XX.

Teresinha teve seus últimos anos consumidos pela terrível tuberculose, que, no entanto, não venceu sua paciência com os desígnios do Supremo. Morreu em 1° de outubro de 1897, com vinte e quatro anos, depois de prometer uma chuva de rosas sobre a Terra quando expirasse. Essa chuva ainda cai sobre nós, em forma de uma quantidade incalculável de graças e milagres alcançados através de sua intervenção em favor de seus devotos.

Teresa de Lisieux foi beatificada em 1923 e canonizada em 1925 pelo papa Pio XI. Ela, que durante toda a sua vida teve um grande desejo de evangelizar e ofereceu sua vida à causa missionária, foi aclamada, dois anos depois, pelo mesmo pontífice, como "padroeira especial de todos os missionários, homens e mulheres, e das missões existentes em todo o universo, tendo o mesmo título de são Francisco Xavier". Esta "grande santa dos tempos modernos" foi proclamada doutora da Igreja pelo papa João Paulo II em 1997.

27 de setembro de 2008

São Vicente de Paulo


São Vicente de Paulo
"Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e espírito e amarás ao teu próximo como a ti mesmo" (Mat 22,37.39). Se não foi o lema, viveu como se fosse. São Vicente de Paulo, que nasceu na Aquitânia, em 1581. No seu tempo a França era uma potência, porém convivia com as crianças abandonadas, prostitutas, pobreza e ruínas causadas pelas revoluções e guerras.

Grande sacerdote, gerado numa família pobre e religiosa, ele não ficou de braços cruzados, mas se deixou mover pelo espírito de amor. Como padre, trabalhou numa paróquia onde conviveu com as misérias materiais e morais; esta experiência lhe abriu para as obras da fé. Numa viagem, foi preso e, com grande humildade, viveu na escravidão até converter seu patrão e conseguiu depois de dois anos, sua liberdade.

A partir desse embate com o real, São Vicente de Paulo iniciou a reforma do clero, obras assistenciais, luta contra o jansenismo que esfriava a fé do povo e estragava com seu rigorismo irracional. Fundou também a congregação da missão (Lazarista) e unido a Santa Luisa Marilac, edificou as irmãs de caridade vicentinas.

Sabia muito bem tirar dos ricos para dar aos pobres, sem usar as forças dos braços, mas a força do coração. Morreu aos 27 de setembro de 1660.


São Vicente de Paulo, rogai por nós!

25 de setembro de 2008

Deixar-se conduzir pela Palavra

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O sustento da Palavra de Deus

Jesus conhecia profundamente a Bíblia. Mais do que isso, Ele amava e se guiava pelas suas Palavras. Isso é o suficiente para que todos nós façamos o mesmo. Na tentação do deserto, quando o demônio investiu contra Jesus Cristo, Ele o rebateu com as palavras da Escritura e, por três vezes, disse-lhe: "Está escrito: 'O homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor' (Dt 8,3c)".

Quando o tentador exigiu que o Filho de Deus se jogasse do alto do templo, Jesus lhe respondeu: "Está escrito: 'Não provocareis o Senhor; vosso Deus' (Dt 6,16a)". E quando Satanás tentou fazer com que Jesus o adorasse, ouviu mais uma vez a Palavra de Deus: "Está escrito: 'Temerás o Senhor, teu Deus, prestar-lhe-ás o teu culto e só jurarás pelo seu nome' (Dt 6,13)". O demônio foi vencido e se afastou.

O fato de Jesus ter se defendido das tentações e lançando, no rosto do tentador, as palavras da Escritura, mostra-nos a importância e a eficácia delas no caminhar da vida daquele que deseja viver pela fé a fim de ser feliz e de poder agradar a Deus.

Não é sem razão que São Pedro disse: "Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal, porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus" (II Pd 1,20-21).

A Bíblia não é um livro de ciência, mas de fé. Utilizando os mais diversos gêneros literários, ela narra acontecimentos da vida de um povo guiado por Deus – há quatro mil anos –, atravessando os mais variados contextos sociais, políticos, econômicos, etc. Por isso, a Palavra de Deus não pode sempre ser tomada ao "pé da letra", embora, algumas vezes, o deva ser. "Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica" (II Cor 3,6c), disse São Paulo.

Para aquele que possui a fé, sem a qual "é impossível agradar a Deus" (Hb 11,6a), a Palavra do Senhor é alimento sólido para a vida espiritual, indispensável para aquele que deseja, pela fé, fazer a vontade d'Ele e ter luz na própria vida.

A Carta aos Hebreus diz que "a Palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração" (Hb 4,12).

Para que a Palavra de Deus seja eficaz em nossa vida, precisamos meditá-la; pela fé, acreditar nela e colocá-la em prática objetivamente. Em outras palavras, precisamos obedecê-la, pois estaremos obedecendo ao próprio Senhor.

"Por isso, também damos graças, sem cessar, a Deus, porque recebestes a Palavra de Deus que de nós ouvistes. Vós a recebestes não como palavra de homens, mas como realmente é: Palavra de Deus, que age eficazmente em vós que crestes" (1 Tess 2,13).

A alma da Igreja é o Espírito Santo dado em Pentecostes; por isso a Igreja não erra na interpretação da Bíblia e isso é dogma de fé. Jesus mesmo lhe garantiu isto: "Quando vier o Paráclito, o Espírito da verdade, ensinar-vos-á toda a verdade" (Jo 16,13a).

O Salmo mais longo da Bíblia é dedicado à Palavra de Deus. O Salmo 118:

"Vossos preceitos são minhas delícias.

Meus conselheiros são as vossas leis" (v. 24).

"O único consolo em minha aflição

É que vossa palavra me dá vida" (v. 50)

"Quão saborosas são para mim vossas palavras,

mais doces que o mel à minha boca" (v. 103).

"Vossa palavra é um facho que ilumina meus passos. E uma luz em meu caminho" (v. 105).

"Encontro minha alegria na vossa palavra,

Como a de quem encontra um imenso tesouro" (v.162).

O Espírito Santo nos ensina essa verdade pela boca do profeta Isaías; cuja boca tornou "semelhante a uma espada afiada" (Is 49,2):

"Tal como a chuva e a neve caem do céu e para lá não voltam sem ter regado a terra, sem a ter fecundado, e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a comer, assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado a minha vontade e cumprido a sua missão" (Is 55,10).

A palavra de Deus é transformadora e santificante. São Paulo explica isso a seu jovem discípulo Timóteo com toda convicção: "Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para persuadir, para corrigir e formar na justiça" (2Tm 3,16). Ela é, portanto, um instrumento indispensável para a nossa santificação. Não conseguiremos ter "os mesmos sentimentos de Cristo" (Fil 2,5) sem ouvir, ler, meditar, estudar e conhecer a Sua Santa Palavra. São Jerônimo, dizia que "quem não conhece o Evangelho, não conhece Jesus Cristo".

Jesus nos ensina que "a Escritura não pode ser desprezada" (Jo 10,34). São Paulo recomendava a Timóteo que se aplicasse à sua leitura (1Tm 4,13).

Jesus é a própria Palavra de Deus, o Verbo Divino que se fez carne (Jo 1,1s). No livro do Apocalipse, São João viu o Filho do homem... "e de sua boca saia uma espada afiada, de dois gumes" (Ap 1,16). É o símbolo tradicional da irresistível penetração da Palavra de Deus. Essa Palavra nos questiona, interroga, ilumina, guia, consola; enfim, santifica. São Pedro diz que renascemos pela força dessa palavra.

"Pois haveis renascidos, não duma semente corruptível, mas pela palavra de Deus, semente incorruptível, viva e eterna", (1Pe 1,23) e, como disse o profeta Isaias: "a Palavra do Senhor permanece eternamente" (Is 11,6-8).

Quando avisaram a Jesus que a Sua Mãe e os seus irmãos queriam vê-Lo, o Senhor disse: "Minha mãe e meus irmãos são estes que ouvem a Palavra de Deus e a observam" (Lc 8,21). Quando aquela mulher levantou a voz, do meio do povo, e lhe disse: "Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram!", o Senhor respondeu: "Antes, bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a observam!" (Lc 11,28).

Quando alguém é renovado pelo Espírito Santo, sente a necessidade da Palavra de Deus, para guiá-lo e santificá-lo.

Pela boca do profeta Amós, o Espírito Santo disse: "Eis que vem os dias.. em que enviarei fome sobre a terra, não uma fome de pão, nem uma sede de água, mas fome e sede de ouvir a palavra do Senhor" (Am 8,11). Graças a Deus esses dias chegaram!

Quando Jesus explicava as Escrituras para os discípulos de Emaús, eles sentiam "que se lhes abrasava os corações" (Lc 24,32). Assim também continua a ser, hoje, para todo aquele que medita a Palavra de Deus. Ela nos purifica no fogo do Espírito Santo. Todos os santos, sem exceção, mergulharam fundo as suas vidas nas santas Escrituras e deixaram-se guiar pelos ensinamento da Igreja.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com