1 de outubro de 2008

Santa Teresinha do Menino Jesus (de Lisieux)


A vida da santa Teresa de Lisieux, ou santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, seu nome de religiosa e como o povo carinhosamente a prefere chamar, marca na história da Igreja uma nova forma de entregar-se à religiosidade. No lugar do medo do "Deus duro e vingador", ela coloca o amor puro e total a Jesus como um fim em si mesmo para toda a existência eterna. Um amor puro, infantil e total, como deixaria registrado nos livros "Infância espiritual" e "História de uma alma", editados a partir de seus escritos. Sua vida foi breve, mas plena de dedicação e entrega. Morreu virgem como Maria, a Mãe que venerava, e jovem como o amor que vivenciava a Jesus, pela pura ação do Espírito Santo.

Teresinha nasceu em Alençon, na França, em 2 de janeiro de 1873. Foi batizada com o nome de Maria Francisca Martin e desde então destinada ao serviço religioso, assim como suas quatro irmãs. Os pais, quando jovens, sonhavam em servir a Deus. Mas circunstâncias especiais os impediram e a mãe prometeu ao Senhor que cumpriria seu papel de genitora terrena, mas que suas filhas trilhariam o caminho da fé. E assim foi, com entusiasmada aceitação por parte de Teresinha desde a mais tenra idade.

Caçula, viu as irmãs mais velhas, uma a uma, consagrando-se a Deus até chegar sua vez. Mas a vontade de segui-las era tanta que não quis nem esperar a idade correta. Aos quinze anos, conseguiu permissão para entrar no Carmelo, em Lisieux, permissão concedida especial e pessoalmente pelo papa Leão XIII.

Ela própria escreveu que, para servir a Jesus, desejava ser cavaleiro das cruzadas, padre, apóstolo, evangelista, mártir... Mas ao perceber que o amor supremo era a fonte de todas essas missões, depositou nele sua vida. Sua obra não frutificou pela ação evangelizadora ou atividade caritativa, mas sim em oração, sacrifícios, provações, penitências e imolações, santificando o seu cotidiano enquanto carmelita. Essa vivência foi registrada dia a dia, sendo depois editada, perpetuando-se como livro de cabeceira de religiosos, leigos e da elite dos teólogos, filósofos e pensadores do século XX.

Teresinha teve seus últimos anos consumidos pela terrível tuberculose, que, no entanto, não venceu sua paciência com os desígnios do Supremo. Morreu em 1° de outubro de 1897, com vinte e quatro anos, depois de prometer uma chuva de rosas sobre a Terra quando expirasse. Essa chuva ainda cai sobre nós, em forma de uma quantidade incalculável de graças e milagres alcançados através de sua intervenção em favor de seus devotos.

Teresa de Lisieux foi beatificada em 1923 e canonizada em 1925 pelo papa Pio XI. Ela, que durante toda a sua vida teve um grande desejo de evangelizar e ofereceu sua vida à causa missionária, foi aclamada, dois anos depois, pelo mesmo pontífice, como "padroeira especial de todos os missionários, homens e mulheres, e das missões existentes em todo o universo, tendo o mesmo título de são Francisco Xavier". Esta "grande santa dos tempos modernos" foi proclamada doutora da Igreja pelo papa João Paulo II em 1997.

27 de setembro de 2008

São Vicente de Paulo


São Vicente de Paulo
"Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e espírito e amarás ao teu próximo como a ti mesmo" (Mat 22,37.39). Se não foi o lema, viveu como se fosse. São Vicente de Paulo, que nasceu na Aquitânia, em 1581. No seu tempo a França era uma potência, porém convivia com as crianças abandonadas, prostitutas, pobreza e ruínas causadas pelas revoluções e guerras.

Grande sacerdote, gerado numa família pobre e religiosa, ele não ficou de braços cruzados, mas se deixou mover pelo espírito de amor. Como padre, trabalhou numa paróquia onde conviveu com as misérias materiais e morais; esta experiência lhe abriu para as obras da fé. Numa viagem, foi preso e, com grande humildade, viveu na escravidão até converter seu patrão e conseguiu depois de dois anos, sua liberdade.

A partir desse embate com o real, São Vicente de Paulo iniciou a reforma do clero, obras assistenciais, luta contra o jansenismo que esfriava a fé do povo e estragava com seu rigorismo irracional. Fundou também a congregação da missão (Lazarista) e unido a Santa Luisa Marilac, edificou as irmãs de caridade vicentinas.

Sabia muito bem tirar dos ricos para dar aos pobres, sem usar as forças dos braços, mas a força do coração. Morreu aos 27 de setembro de 1660.


São Vicente de Paulo, rogai por nós!

25 de setembro de 2008

Deixar-se conduzir pela Palavra

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O sustento da Palavra de Deus

Jesus conhecia profundamente a Bíblia. Mais do que isso, Ele amava e se guiava pelas suas Palavras. Isso é o suficiente para que todos nós façamos o mesmo. Na tentação do deserto, quando o demônio investiu contra Jesus Cristo, Ele o rebateu com as palavras da Escritura e, por três vezes, disse-lhe: "Está escrito: 'O homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor' (Dt 8,3c)".

Quando o tentador exigiu que o Filho de Deus se jogasse do alto do templo, Jesus lhe respondeu: "Está escrito: 'Não provocareis o Senhor; vosso Deus' (Dt 6,16a)". E quando Satanás tentou fazer com que Jesus o adorasse, ouviu mais uma vez a Palavra de Deus: "Está escrito: 'Temerás o Senhor, teu Deus, prestar-lhe-ás o teu culto e só jurarás pelo seu nome' (Dt 6,13)". O demônio foi vencido e se afastou.

O fato de Jesus ter se defendido das tentações e lançando, no rosto do tentador, as palavras da Escritura, mostra-nos a importância e a eficácia delas no caminhar da vida daquele que deseja viver pela fé a fim de ser feliz e de poder agradar a Deus.

Não é sem razão que São Pedro disse: "Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal, porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus" (II Pd 1,20-21).

A Bíblia não é um livro de ciência, mas de fé. Utilizando os mais diversos gêneros literários, ela narra acontecimentos da vida de um povo guiado por Deus – há quatro mil anos –, atravessando os mais variados contextos sociais, políticos, econômicos, etc. Por isso, a Palavra de Deus não pode sempre ser tomada ao "pé da letra", embora, algumas vezes, o deva ser. "Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica" (II Cor 3,6c), disse São Paulo.

Para aquele que possui a fé, sem a qual "é impossível agradar a Deus" (Hb 11,6a), a Palavra do Senhor é alimento sólido para a vida espiritual, indispensável para aquele que deseja, pela fé, fazer a vontade d'Ele e ter luz na própria vida.

A Carta aos Hebreus diz que "a Palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração" (Hb 4,12).

Para que a Palavra de Deus seja eficaz em nossa vida, precisamos meditá-la; pela fé, acreditar nela e colocá-la em prática objetivamente. Em outras palavras, precisamos obedecê-la, pois estaremos obedecendo ao próprio Senhor.

"Por isso, também damos graças, sem cessar, a Deus, porque recebestes a Palavra de Deus que de nós ouvistes. Vós a recebestes não como palavra de homens, mas como realmente é: Palavra de Deus, que age eficazmente em vós que crestes" (1 Tess 2,13).

A alma da Igreja é o Espírito Santo dado em Pentecostes; por isso a Igreja não erra na interpretação da Bíblia e isso é dogma de fé. Jesus mesmo lhe garantiu isto: "Quando vier o Paráclito, o Espírito da verdade, ensinar-vos-á toda a verdade" (Jo 16,13a).

O Salmo mais longo da Bíblia é dedicado à Palavra de Deus. O Salmo 118:

"Vossos preceitos são minhas delícias.

Meus conselheiros são as vossas leis" (v. 24).

"O único consolo em minha aflição

É que vossa palavra me dá vida" (v. 50)

"Quão saborosas são para mim vossas palavras,

mais doces que o mel à minha boca" (v. 103).

"Vossa palavra é um facho que ilumina meus passos. E uma luz em meu caminho" (v. 105).

"Encontro minha alegria na vossa palavra,

Como a de quem encontra um imenso tesouro" (v.162).

O Espírito Santo nos ensina essa verdade pela boca do profeta Isaías; cuja boca tornou "semelhante a uma espada afiada" (Is 49,2):

"Tal como a chuva e a neve caem do céu e para lá não voltam sem ter regado a terra, sem a ter fecundado, e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a comer, assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado a minha vontade e cumprido a sua missão" (Is 55,10).

A palavra de Deus é transformadora e santificante. São Paulo explica isso a seu jovem discípulo Timóteo com toda convicção: "Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para persuadir, para corrigir e formar na justiça" (2Tm 3,16). Ela é, portanto, um instrumento indispensável para a nossa santificação. Não conseguiremos ter "os mesmos sentimentos de Cristo" (Fil 2,5) sem ouvir, ler, meditar, estudar e conhecer a Sua Santa Palavra. São Jerônimo, dizia que "quem não conhece o Evangelho, não conhece Jesus Cristo".

Jesus nos ensina que "a Escritura não pode ser desprezada" (Jo 10,34). São Paulo recomendava a Timóteo que se aplicasse à sua leitura (1Tm 4,13).

Jesus é a própria Palavra de Deus, o Verbo Divino que se fez carne (Jo 1,1s). No livro do Apocalipse, São João viu o Filho do homem... "e de sua boca saia uma espada afiada, de dois gumes" (Ap 1,16). É o símbolo tradicional da irresistível penetração da Palavra de Deus. Essa Palavra nos questiona, interroga, ilumina, guia, consola; enfim, santifica. São Pedro diz que renascemos pela força dessa palavra.

"Pois haveis renascidos, não duma semente corruptível, mas pela palavra de Deus, semente incorruptível, viva e eterna", (1Pe 1,23) e, como disse o profeta Isaias: "a Palavra do Senhor permanece eternamente" (Is 11,6-8).

Quando avisaram a Jesus que a Sua Mãe e os seus irmãos queriam vê-Lo, o Senhor disse: "Minha mãe e meus irmãos são estes que ouvem a Palavra de Deus e a observam" (Lc 8,21). Quando aquela mulher levantou a voz, do meio do povo, e lhe disse: "Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram!", o Senhor respondeu: "Antes, bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a observam!" (Lc 11,28).

Quando alguém é renovado pelo Espírito Santo, sente a necessidade da Palavra de Deus, para guiá-lo e santificá-lo.

Pela boca do profeta Amós, o Espírito Santo disse: "Eis que vem os dias.. em que enviarei fome sobre a terra, não uma fome de pão, nem uma sede de água, mas fome e sede de ouvir a palavra do Senhor" (Am 8,11). Graças a Deus esses dias chegaram!

Quando Jesus explicava as Escrituras para os discípulos de Emaús, eles sentiam "que se lhes abrasava os corações" (Lc 24,32). Assim também continua a ser, hoje, para todo aquele que medita a Palavra de Deus. Ela nos purifica no fogo do Espírito Santo. Todos os santos, sem exceção, mergulharam fundo as suas vidas nas santas Escrituras e deixaram-se guiar pelos ensinamento da Igreja.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

20 de setembro de 2008

Máquinas de camisinhas nas escolas?

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Um convite à prática desenfreada do sexo

Até há pouco tempo, se existia algo que parecia inútil – porque na consciência de todos –, era definir a função da escola na sociedade. Não havia pais, professores, psicólogos ou sociólogos que não respondessem, de cor e salteado, que a tarefa que lhe cabe é informar e formar, instruir e orientar, numa palavra, preparar para a vida. Para Paulo Freire, uma autoridade no assunto, a educação não é apenas um conhecimento teórico e abstrato, mas «um processo de humanização, um ato político e criativo». E, dirigindo-se a quem confun-de liberdade com indisciplina, completava: «Não há vida sem correção, sem retificação».

Também para Jesus, se se pretende renovar a sociedade, deve-se começar por renovar o interior do homem, pois «é o que brota do coração que contamina - ou, poderíamos nós acrescentar – transforma o homem» (Mt 15,18). Com efeito, «é pelos frutos que se conhece a árvore» (Mt 7,17). Se os frutos são azedos – a violência, a corrupção, a injustiça, a desorientação da juventude, a desestruturação familiar, a depressão e mil outros males, por todos sobejamente conhecidos – é porque a árvore está doente.

É por isso que não se entende como um governo, que se diz comprometido com a construção de uma sociedade solidária, igualitária e justa, resolva, de uma hora para outra, investir na educação... instalando máquinas de camisinhas nas escolas públicas. Foi o que anunciou o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, durante o 7º Congresso Brasileiro de Prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis, em Florianópolis, no dia 26 de junho.

Evidentemente, a Igreja Católica não pode concordar com decisões e atitudes que, ao invés de formar personalidades sadias e adultas, incentivando o autodomínio e o respeito pelo outro, fomentam o uso irresponsável do sexo e uma promiscuidade malsã. Para Temporão, a maioria dos adolescentes e jovens não se preocupa com as normas de uma Igreja que lhes parece ultrapassada. É para eles, para lhes evitar uma gravidez indesejada ou, pior ainda, a contaminação pela AIDS, que estão sendo implantadas tais máquinas. Mas, assim pensando, o Ministro está a dizer que não acredita num Brasil mais honesto e menos cor-rupto. Com efeito, se um jovem não sabe dominar-se na sexualidade, saberá fazê-lo em outros campos? Já os antigos filósofos asseveravam que o bem, para ser tal, exige totalida-de. O corpo humano é sadio quando todos os seus membros funcionam corretamente.

Em certo sentido, porém, Temporão parece ter razão. Não é fácil nem cômodo abraçar e viver os valores humanos e cristãos, sobretudo a sexualidade e a castidade. Não apenas para os casados, mas até mesmo para os padres, religiosos e bispos. Sem uma graça especial de Deus, que só se consegue por uma profunda espiritualidade, é simplesmente impossível. A quem se diz disposto a assumir o celibato, eu sempre lembro que, sem uma opção clara e concreta pela comunhão com Deus e com os irmãos, tal passo é suicídio na certa. Em qualquer sentido se queira tomá-lo. Para ser sincero, porém, eu deveria também acrescentar que o desastre não é menor em quem se deixa guiar pelos instintos sexuais, dentro ou fora do matrimônio.

Mas, voltando ao assunto, talvez o Ministro Temporão não saiba que a Uganda é a única nação da África que conseguiu diminuir o número de atingidos pela AIDS. E qual foi o segredo "inventado" pelas autoridades do país? Uma campanha em favor da fidelidade con-jugal e da abstinência sexual antes do casamento. A contaminação caiu de 26% para 6%. Por outro lado, a África do Sul está com 30% da população contagiada, apesar dos milhões de camisinhas distribuídas à população.

O que pensaram, a esse respeito, personalidades que iluminaram o caminho da humanidade? Ouçamos o Papa João Paulo II: «Liberar o uso de preservativos – que nunca são 100% seguros – é um convite a comportamentos sexuais incompatíveis com a dignidade humana. O uso da chamada camisinha acaba estimulando, queiramos ou não, uma prática desenfreada do sexo. O preservativo oferece uma falsa idéia de segurança e não preserva o que é fundamental».

Por sua vez, o grande líder Mahatma Gandhi encontrou no autodomínio a força para se tornar uma das maiores figuras da história. Ninguém se atreve a duvidar de que vivesse o que deixou escrito: «A castidade não é uma cultura de estufa; é uma disciplina sem a qual a mente não pode alcançar a firmeza de que necessita. A vida sem castidade é vazia e animalesca. Um homem entregue aos prazeres perde o seu vigor, torna-se pusilânime e vive cheio de medo. A mente de quem segue as paixões egoístas é incapaz de todo grande esforço».

Dom Redovino Rizzardo, cs
domredovino@terra.com.br

18 de setembro de 2008

A sexualidade é dom de Deus?

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A vivência da sexualidade implica amar o outro com o nosso ser

Quero, hoje, refletir com você sobre a riqueza e a beleza da sexualidade humana. Falando sobre sexualidade humana, Victor Frankl nos diz o seguinte: Dizemos sempre que o ser humano é um composto de corpo, alma (psíquico) e espírito. Em face desta estrutura, o ser humano pode tomar diferentes atitudes como sujeito que ama e experimenta a vivência do amor. As três dimensões da pessoa humana correspondem também a três possíveis formas de atitude.

A primeira e a mais primitiva das atitudes é a sexual, na qual a aparência física de uma pessoa é o que atrai o outro e lhe dá o impulso sexual. Essa atitude tem por meta apenas o corpo, pois não consegue avançar mais do que isto, ou seja, não alcança a pessoa em si, apenas alguma característica física exerce atração sobre o outro.

A segunda atitude é a paixão, da qual se consegue ultrapassar a dimensão do corpo e orientar-se para a dimensão psíquica do outro, ou seja, já não é somente o corpo que atrai, mas atinge a emocionalidade. Essa é uma característica psíquica que exerce atração sobre o outro.

A terceira atitude é do amor. Esta é a forma mais elevada em nossa sexualidade e atinge a dimensão espiritual do ser humano. Nela, alcança-se o outro em plenitude. Quem ama, neste sentido, vai além de uma aparência física ou de simples emoções; enxerga o outro em toda sua riqueza, como um ser "único e irrepetível", e a meta é o outro em si.

A Igreja, através do Conselho Pontifício para a Família, nos diz que "o amor, que se alimenta e se exprime no encontro do homem e da mulher, é dom de Deus; é, por isso, força positiva, orientada à sua maturação enquanto pessoas... O ser humano, com efeito, é chamado ao amor como espírito encarnado, isto é, alma e corpo na unidade da pessoa. O amor humano abarca também o corpo, que exprime o amor espiritual. A sexualidade, portanto, não é qualquer coisa de puramente biológico, mas refere-se, antes, ao núcleo íntimo da pessoa".

Com isto, podemos perceber que a atitude sexual, simples e pura, é vazia e pode trazer prazer momentâneo quando os interesses estão puramente centrados no físico. Isso transforma o outro simplesmente em um objeto sexual. Uma vida sexualmente ativa, dentro desses parâmetros, não garante a ninguém sua realização nem mesmo em sua felicidade.

Enquanto permanecemos atados a tais conceitos, não crescemos como pessoas, não alcançamos a realização e a felicidade que Deus tem reservada para nós. Todo ser humano, como imagem e semelhança de Deus, é chamado a viver muito mais do que momentos de prazer.

Enquanto cristãos, precisamos compreender que a sexualidade humana não é algo apenas biológico, como ensina a Igreja e como diz Victor Frankl, porque ela atinge a dimensão espiritual da pessoa, atinge as camadas mais íntimas e profundas de nós mesmos.

Precisamos entender que a nossa sexualidade é dom de Deus. Através dela, podemos nos doar plenamente a outro ser e fazermos a experiência do amor encarnado em nossa vida.

Sexualidade não quer dizer apenas vida sexual ativa. A vivência de nossa sexualidade implica em amar o outro com o nosso ser mulher ou com o nosso ser homem, implica doação eum amor concreto, manifestado nas pequenas coisas de nosso cotidiano. De minha parte, como missionária e consagrada a Deus, sou testemunha de como é plena a vida dos que são chamados ao matrimônio na Canção Nova. Como celibatária, posso dizer que me sinto plena, sinto-me mulher e amada.

A escolha da dimensão em que vamos viver a nossa sexualidade cabe a cada um de nós. Espero que você faça a escolha de vivê-la em plenitude, como Deus quer que a vivamos.

16 de setembro de 2008

O papel dos cristãos nas eleições

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Seu exercício de cidadania constrói uma sociedade mais justa

A principal arma dos cidadãos no regime democrático é o voto. É através dele que o povo pode fazer valer a sua vontade e o seu legítimo poder. É pelo voto que cada cidadão participa dos destinos de sua nação. É pelo voto que ajuda a nação a mudar de rumo, que elimina os maus governantes, etc.

Diz a nossa Constituição que "todo poder emana do povo e que em seu nome é exercido". Portanto, como dizem os sociólogos, "todo povo tem o governo que merece". O governante sai do meio do povo e é escolhido pelo povo.

O cristão precisa exercer sua cidadania na construção de uma sociedade justa e solidária. Por isso é importante despertar o senso global das responsabilidades políticas.

Se o povo sabe votar bem e escolher homens e mulheres honestos e capazes para dirigir a cidade, o estado e a nação, então, esse povo terá bons governantes, honestos e justos, que saberão priorizar bens os recursos públicos, os impostos pagos pelos cidadãos, etc. No entanto, se o povo votar mal, escolher seus governantes por motivos escusos e egoístas, interesseiros, sem escolher bem os candidatos, então, terá certamente governantes que serão politiqueiros, e não políticos. Qual é a diferença entre uns e outros?

O político verdadeiro é aquele que governa e dirige "para o bem comum"; para o bem do povo; priorizando certamente os mais necessitados e as medidas mais urgentes que beneficiem a todos de modo geral. O verdadeiro político decide em função do bem comum e não de seus interesses eleitoreiros ou corruptos. Infelizmente muitos deles "se servem da política" ao invés de servir ao povo; muitos fazem da oportunidade de exercer um cargo público uma maneira de se enriquecer, empregar os familiares mais próximos, etc. É por isso que hoje o conceito dos políticos está lá em baixo; mas o povo tem culpa também nisso, pois é ele quem elege esses maus políticos. Se o povo escolhesse melhor, com mais consciência e seriedade, conhecendo cada um, as coisas seriam diferentes.

O verdadeiro político olha somente para o bem dos cidadãos e não para os seus interesses pessoais; não fica de olho "na próxima eleição", mas realiza hoje o que é necessário para a cidade e para o povo, independente se isto ou aquilo que faz vai lhe dar mais ou menos votos. Alias, o que dá voto é exatamente o bom governo, a honestidade e o caráter do governante.

Quantas obras importantes e urgentes de serem realizadas não são feitas, simplesmente porque "não dão votos". Mas, a politicagem um dia aparece clara aos olhos do povo. Disse alguém que é possível enganar a muitos durante pouco tempo, ou a poucos durante muito tempo, mas que é impossível enganar a todos o tempo todo. Um dia a casa cai.

Para o cristão, a política tem uma importância enorme, tanto para aquele que é simples eleitor, como para aquele que é candidato a algum cargo. O eleitor cristão precisa ter em mente que quando ele vota está exercendo um certo poder, e Jesus disse que todo poder vem do alto e é dado por Deus.

Nos regimes totalitários, como o comunismo, o povo não pode votar com liberdade; as eleições são "simulacros de eleições"; mas nas verdadeiras democracias o povo vota livremente. Então o cristão tem dupla responsabilidade de votar bem, como cristão e como cidadão.

É pecado "vender" o seu voto ou votar mal; isto é, dar o seu voto a alguém que não merece, que ele sabe que não é competente e nem honesto. O cristão não pode votar com "segundas intenções", só porque aquele candidato vai-lhe ajudar depois de eleito, com um emprego, facilidades outras, etc. O cristão deve votar com a consciência, escolhendo entre todos os candidatos o melhor, independente de interesses, sentimentalismos ou grau de parentesco ou amizade.

Também disso vamos prestar contas a Deus um dia.

O cristão não pode votar em candidatos que sejam inimigos da fé católica ou da Igreja; especialmente aqueles que apóiam os procedimentos morais condenados pela Igreja: aborto, distribuição de "camisinhas", distribuição de pílulas do dia seguinte, que são abortivas, eutanásia, manipulação de embriões, etc.

No entanto; às vezes o cristão pode se ver diante de uma situação em que não sabe em quem votar, uma vez que nenhum dos candidatos merecem o seu voto e não lhe inspiram confiança. O que fazer? Votar em branco? Anular o voto? Não; esta medida não resolve nada porque alguém será eleito de qualquer forma.

O que se deve fazer é votar no "menos ruim", já que todos lhe parecem ruins. Votando em branco ou anulando o voto, podemos estar beneficiando o mais ruim.

Para que o cristão tenha uma participação ativa na política é necessário incentivar o levantamento e o debate dos problemas sociais em cada município, os problemas do estado e do pais. Sem informação, sem estar inteirados dos problemas do povo, não se pode votar bem. É importante participar de debates, diálogos entre amigos e familiares no sentido de instruir os que não têm informações corretas para que não sejam manipulados pelas propostas eleitoreiras.

13 de setembro de 2008

Elogio, um remédio que cura

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Não precisamos esperar nobres gestos para elogiar alguém

Muitas vezes, salta aos nossos olhos apenas os defeitos de quem está ao nosso lado, mas, raramente, tecemos algum comentário sobre suas qualidades.

As críticas - especialmente quando falta o bom senso nas palavras - tendem a criar uma barreira entre o casal. E a pessoa, por medo de ser novamente repreendida em seus atos, sente-se inferiorizada e, conseqüentemente, mais insegura, até mesmo diante daquele que poderia ser o seu apoio.

Em nossos relacionamentos, muitas promessas de mudanças de comportamento, certamente, já tenham sido feitas, mas, infelizmente, poucas vezes cumpridas. Fazer uma série de cobranças a respeito daquilo que o outro não conseguiu, por via de regra, acaba se transformando em discussões que, raramente, poderão trazer algum resultado, exceto dores de cabeça e estresse.

Ofuscada pelas decepções, a pessoa criticada se sente a menor das criaturas e incapaz perante o outro. Definir novas estratégias para restabelecer a vontade em continuar com aquilo que lhe era um desafio, torna-se pesado demais...

Conseqüentemente, a decepção e toda uma carga de maus sentimentos parecem lançar por terra aqueles esforços investidos no compromisso. Assim como as más palavras destroem um caráter e corrompem as sementes das virtudes; as palavras cheias de benevolência aumentam nossa auto-estima, robustece nossa autoconfiança e, de maneira especial, fortalecem nossos vínculos muito mais do que bens ou presentes poderiam fazer.

Algumas situações podem ter outro desfecho, quando elogiamos, sinceramente, as pessoas naquilo que para ela têm sido motivo de esforços.

Todos nós, de alguma maneira, buscamos compensação para aquilo que fazemos. Nem sempre essas compensações precisam vir de um bem material.

Talvez, o início para se alcançar o cumprimento das metas e objetivos, numa vida a dois, esteja contido nas palavras de encorajamento entre eles ou em simples elogios, mesmo quando aquilo que foi prometido, anteriormente, tenha manifestado pequenos sinais de mudança.

Todos nós temos qualidades e podemos enaltecê-las por meio de elogios sem frisar tanto os defeitos, pois, se a pessoa que convive conosco mal percebe nossas qualidades, de quem poderíamos esperar tal reconhecimento?

O elogio faz com que a pessoa perceba que é notada e, uma vez valorizada, cresce sua auto-estima e tudo contribui para fortalecer os vínculos entre o casal.

Na verdade, estamos, através das palavras, encorajando nossa (o) companheira (o) a se empenhar ainda mais naquilo que ela está buscando ou se esmerar em outras, ratificando pelas palavras, o nosso voto de confiança.

Não se trata de fazer elogios vazios, faltando com a sinceridade.

Para a pessoa que amamos, os elogios são indicadores de que nos importamos com ela e queremos o seu crescimento. São práticas simples e eficazes que tampouco custam alguma coisa. Isso nada tem a ver com bajulação que, freqüentemente, pode não passar de uma tentativa de manipulação das coisas ou situações para obter certo benefício.

Não precisamos esperar nobres gestos para elogiar alguém que esteja ao nosso lado. Pequenos e sinceros comentários podem tornar o dia de quem amamos muito mais agradável e não há contra-indicações, podendo ser aplicadas em qualquer relacionamento.

Falar bem do outro, querer bem ao outro e promovê-lo é importante, pois, na verdade, os elogios são os aplausos aos esforços das mudanças que tanto acreditamos ser necessário para se estabelecer o bom convívio.

Há muitas maneiras de mostrar a alguém o nosso carinho. E porque não acrescentar também a eficácia dos elogios?

Um abraço,

Foto José Eduardo Moura
webenglish@cancaonova.com