2 de setembro de 2008

A devoção a Virgem Maria é necessária para a salvação?

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Quando li o livro do "Tratado da Verdadeira devoção a Santíssima Virgem", de São Luís Maria Grignion de Montfort, sobre a importância da Virgem Maria para a salvação de todos os homens, confesso que fiquei impressionado. Pensei logo naqueles que "abandonaram" essa devoção e me dei conta da real importância da Santíssima Maria na nossa vida. Então, concluí: isso precisa ser divulgado.

Assim, transcrevo aqui alguns textos para que possam ser mais amplamente conhecidos. Além disso, pretendem responder às duas perguntas abaixo:

- A devoção a Nossa Senhora é necessária para a salvação?

- Sem a devoção a Nossa Senhora podemos nos salvar?

Eis o que está escrito no referido livro de Montfort nos itens 40 a 42:

§ 1. A devoção a Santa Virgem é necessária a todos os homens para conseguirem a salvação

40. "O douto e piedoso Suárez, da Companhia de Jesus, o sábio e devoto Justo Lípsio, doutor da universidade de Lovaina, entre outros, provaram incontestavelmente, apoiados na opinião dos Santos Padres, entre os quais, Santo Agostinho, Santo Efrém, diácono de Edessa, São Cirilo de Jerusalém, São Germano de Constantinopla, São João Damasco, Santo Anselmo, São Bernardo, São Bernardino, Santo Tomás e São Boaventura, que a devoção a Santíssima Virgem é necessária à salvação e também um sinal infalível de condenação - opinião do próprio Ecolampádio e outros hereges, - não ter estima e amor a Santíssima Virgem. O contrário é indício certo de predestinação ser-lhe inteira e verdadeiramente devotado.

41.As figuras e palavras do Antigo e do Novo Testamento o provam; a opinião e os exemplos dos santos o confirmam; a razão e a experiência o ensinam e demonstram; o próprio demônio e seus asseclas, premidos pela força da verdade, viram-se muitas vezes constrangidos a confessá-lo, a seu pesar. De todas as passagens dos Santos Padres e doutores, que compilei para provar esta verdade, cito apenas uma, para não me alongar: "Ser vosso devoto, ó Virgem Santíssima, é uma arma de salvação que Deus dá, àqueles que quer salvar (São João Damasceno).

42. Eu poderia repetir aqui várias histórias que provam o que afirmo. Entre elas, destaco:

Aquela que vem narrada nas crônicas de São Francisco, em que se conta que o santo viu, em êxtase, uma escada enorme, em cujo topo, apoiado no céu, avultava a Santíssima Virgem. E o santo compreendeu que aquela escada ele devia subir para chegar ao céu.

Outra narrada nas crônicas de São Domingos: quando o santo pregava o rosário nas proximidades de Carcassona, quinze mil demônios, que possuíam a alma de um infeliz herege, foram obrigados, por ordem da Santíssima Virgem, a confessar muitas verdades grandes e consoladoras, referentes à devoção a Maria. E eles, para sua própria confusão, o fizeram com tanto ardor e clareza que não se pode ler essa autêntica narração e o panegírico, que o demônio, embora a contragosto, fez da devoção mariana, sem derramar lágrimas de alegria, ainda que pouco devoto se seja da Santíssima Virgem" [Veja abaixo este texto com as respostas dos demônios] (São Luís Maria Grignion de Montfort, "Tratado da Verdadeira devoção a Santíssima Virgem", pág. 40-45. 31. ed. Vozes. Petrópolis, 2002).

Respostas dos demônios, mesmo contra a vontade deles (*)

Quando São Domingos estava pregando o Rosário perto de Carcassona, trouxeram à sua presença um albigense que estava possesso pelo demônio. Consta que mais de doze mil pessoas tinham vindo ouvi-lo pregar. Os demônios que possuíam esse infeliz foram obrigados a responder às perguntas de São Domingos, com muito constrangimento. Eles testemunharam que:

1 - Havia quinze mil deles no corpo desse pobre homem, porque ele atacou os quinze mistérios do Rosário;

2 - Continuaram a testemunhar que, quando São Domingos pregava o Rosário, impunha medo e horror nas profundezas do inferno e que ele era o homem que eles mais odiavam em todo o mundo; isso por causa das almas que ele arrancou dos demônios por intermédio da devoção do Santo Rosário; revelaram ainda várias outras coisas.

São Domingos colocou o seu Rosário em volta do pescoço do albigense e pediu que os demônios lhe dissessem a quem, de todos os santos nos céus eles mais temiam, e quem deveria ser, portanto, mais amado e reverenciado pelos homens. Nesse momento eles soltaram um gemido inexprimível no qual a maioria das pessoas caiu por terra desmaiando de medo… e eles disseram:

"Domingos, nós te imploramos, pela paixão de Jesus Cristo e pelos méritos de sua Mãe e de todos os santos, deixe-nos sair desse corpo sem que falemos mais, pois os anjos responderão sua pergunta a qualquer momento (…). São Domingos ajoelhou-se e rezou a Nossa Senhora para que ela forçasse os inimigos a proclamarem a verdade completa e nada mais que a verdade. Mal tinha terminado de rezar viu a Santíssima Virgem perto de si, rodeada por uma multidão de anjos. Ela bateu no homem possesso com um cajado de ouro que segurava e disse: "Responda ao meu servo Domingos imediatamente". Então os demônios começaram a gritar:

"Oh, vós, que sois nossa inimiga, nossa ruína e nossa destruição, porque desceste dos céus só para nos torturar tão cruelmente? Oh, Advogada dos pecadores, vós que os tirais das presas do inferno, vós que sois o caminho certeiro para os céus, devemos nós, para o nosso próprio pesar, dizer toda a verdade e confessar diante de todos quem é que é a causa de nossa vergonha e nossa ruína? Oh, pobres de nós, príncipes da escuridão: então, ouçam bem, vocês cristãos: a Mãe de Jesus Cristo é todo-poderosa e ela pode salvar seus servos de caírem no Inferno. Ela é o Sol que destrói a escuridão de nossa astúcia e sutileza. É ela que descobre nossos planos ocultos, quebra nossas armadilhas e faz com que nossas tentações fiquem inúteis e sem efeito. Nós temos que dizer, porém de maneira relutante, que nem sequer uma alma que realmente perseverou no seu serviço foi condenada conosco; um simples suspiro que ela oferece a Santíssima Trindade é mais precioso que todas as orações, desejos e aspirações de todos os santos.

Nós a tememos mais que todos os santos dos céus juntos e não temos nenhum sucesso com seus fiéis servos. Muitos cristãos que a invocam quando estão na hora da morte e que seriam condenados, de acordo com os nossos padrões ordinários, são salvos por sua intercessão. Oh, se pelo menos essa Maria (assim era na sua fúria como eles a chamaram) não tivesse se oposto aos nossos desígnios e esforços, teríamos conquistado a Igreja e a teríamos destruído há muito tempo atrás; e teríamos feito com que todas as Ordens da Igreja caíssem no erro e na desordem.

Agora, que somos forçados a falar, também lhe diremos isto: ninguém que persevera ao rezar o Rosário será condenado, porque ela obtém para seus servos a graça da verdadeira contrição por seus pecados e por meio dele, eles obtêm o perdão e a misericórdia de Deus".

(*) Fonte: www.deuspelaarte.com.br


Padre Alir
http://blog.cancaonova.com/padrealir/

29 de agosto de 2008

Amar a minha pequenez e a minha pobreza

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Deus faz quando assumimos que somos pequenos e pobres

Deus faz as grandes coisas por meio dos pequenos. É para o pequeno e o humilde que Ele manifesta a Sua glória. Para os orgulhosos é difícil acolher a própria pequenez e assumir que são pequenos. Por isso, assuma-se e ame-se.

Somos apenas uma "poeirinha", mas Deus volve o olhar d'Ele para nós.

O que agrada a Deus, o que dá liberdade para Ele agir, é, primeiro: quando admitimos que somos pequenos, pobres e humildes; segundo: quando aceitamos e assumimos que somos pequenos. Maria nunca quis ser grande, por isso o Senhor olhou para Ela.

Meus irmãos, quem era João XXIII? Ele só queria ser um pároco da Igreja, viver uma vida de simplicidade, pois sabia que era pequeno. Mas Deus pôs Seus olhos nele e ele foi eleito Papa e, como a Santíssima Virgem Maria, deu o seu "sim". E quantas maravilhas Deus fez por intermédio dele, que foi chamado de "O Papa bom", porque sabia que era pequeno e também sabia que tudo era por inspiração de Deus.

Deus pode fazer coisas grandiosas nas pessoas que assumem seu nada.

Lembro que no início de meu sacerdócio, no começo de janeiro, Dom Antônio Afonso de Miranda me chamou e disse "Esse documento [Evangelii Nuntiandi] é muito sério, precisamos colocá-lo em ação; comece como os jovens".

Eu vi inspiração nas palavras de Dom Antônio, mas ele não parou por aí. E foi me falando que "os batizados não são evangelizados. Faça alguma coisa!"


Eu me senti pequeno diante de algo tão grande. Comecei com os jovens através dos encontros com os Catecumenatos. Mais tarde os desafiei a darem um ano de suas vidas a Deus.

Doze jovens começaram comigo a experiência de largar tudo para ser só de Deus e evangelizar. Mas, alguém que estava sentada em sua cadeira disse que era algo muito sério, pois não seria só um ano, mas daria sua vida toda ao Senhor. A única dos doze, que começaram comigo, que ficou até hoje foi a Luzia. É uma história de duas pessoas que tiveram a graça de, assim como Maria, assumir o seu nada.

Lembro que a Luzia, quando se confessou comigo, só chorava mais que se confessava. Naquele momento, ela assumiu sua pequenez. Por isso, digo aos meus filhos de comunidade: "O segredo é assumir sua pequenez.

Se nós tivéssemos amado ainda mais nosso nada, Deus teria feito ainda muito mais, mas mesmo assim o Senhor fez em nós maravilhas. É por isso que a Canção Nova existe".

Deus faz quando assumimos que somos pequenos e pobres. Para o Senhor nada é impossível, o segredo está aí. É necessário aceitar e assumir a nossa pequenez e pobreza. Louvemos ao Senhor que faz o impossível naqueles que reconhecem a sua pequenez.

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Padre Jonas Abib
pejonas@cancaonova.com

27 de agosto de 2008

Terço da misericórdia

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Aprenda a rezar o terço da misericórdia:

Pai-Nosso...

Ave-Maria...

Creio...

Nas contas do Pai-Nosso, reza-se:

Eterno Pai, eu Vos ofereço o Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Vosso diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e do mundo inteiro.

Nas contas das Ave-Marias, reza-se:

Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro. (10 vezes)

Ao final do terço, reza-se:

Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro.



Este terço foi ensinado durante uma visão que Irmã Faustina teve em 13 de setembro de 1935:

"Eu vi um anjo, o executor da cólera de Deus... a ponto de atingir a terra ... Eu comecei a implorar intensamente a Deus pelo mundo, com palavras que ouvia interiormente. À medida em que assim rezava, vi que o anjo ficava desamparado, e não mais podia executar a justa punição..."

No dia seguinte, uma voz interior lhe ensinou essa oração nas contas do rosário.

Mais tarde, Jesus disse a Irmã Faustina:

"Pela recitação desse Terço agrada-me dar tudo que Me pedem. Quando o recitarem os pecadores empedernidos, encherei suas almas de paz, e a hora da morte deles será feliz. Escreve isto para as almas atribuladas: Quando a alma vê e reconhece a gravidade dos seus pecados, quando se desvenda diante dos seus olhos todo o abismo da miséria em que mergulhou, que não desespere, mas se lance com confiança nos braços da minha Misericórdia, como uma criança nos braços da mãe querida. Estas almas têm sobre meu Coração misericordioso um direito de precedência. Dize que nenhuma alma que tenha recorrido a minha Misericórdia se decepcionou nem experimentou vexame..."

"....Quando rezarem este Terço junto aos agonizantes, Eu me colocarei entre o Pai e a alma agonizante, não como justo Juiz, mas como Salvador misericordioso".

25 de agosto de 2008

A vocação profissional

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'Ser santo é cumprir bem os deveres e ser alegre'

Acredito que toda criança escuta a famosa pergunta: "O que você vai ser quando crescer?" E assim, mesmo sem entendermos bem, crescemos com um questionamento vocacional dentro de nós. A palavra "vocação" vem do latim "vocatione" (substantivo) e significa "chamado", "escolha", "talento", "aptidão" ou "vocare" (verbo), que significa "chamar".

Podemos dizer que existem dois tipos de chamado: um humano e outro divino. O que chamamos de humano consiste na possibilidade de realização de todas as nossas capacidades ou talentos. A dimensão divina consiste no chamado a termos uma relação pessoal com Deus. As duas dimensões são igualmente importantes.

Hoje, no entanto, falaremos um pouco da primeira dimensão, ou seja, da humana. Na escolha por uma profissão é importante levarmos em conta a realização pessoal e o serviço ao próximo. Para descobrirmos a nossa vocação precisamos responder a perguntas como: Do que eu gosto? Quais são as minhas aptidões naturais? O que fala mais alto em mim quando penso em uma vocação? Responder essas perguntas é o primeiro passo para a descoberta de nossa vocação.

Entretanto, precisamos salientar que precisamos perceber em que temos uma maior habilidade e adaptar o nosso talento natural à realidade, pois o trabalho também possui uma outra dimensão que é a de prover a subsistência de cada um de nós.

Victor Frankl afirma que: "O trabalho pode representar o campo em que o 'caráter de algo único' do indivíduo se relaciona com a comunidade, recebendo assim o seu sentido e o seu valor. Contudo, este sentido e valor é inerente em cada caso, à realização (à realização com que se contribui para a comunidade) e não a profissão concreta como tal. Não é, por conseguinte, um determinado tipo de profissão que oferece ao homem a possibilidade de atingir a plenitude. Neste sentido, pode-se dizer que nenhuma profissão faz o homem feliz. A profissão, em si, não é ainda suficiente para tornar o homem insubstituível; o que a profissão faz é simplesmente dar-lhe a oportunidade para vir a sê-lo".

A nossa profissão constitui-se numa possibilidade de nos colocarmos a serviço do outro, e é nessa possibilidade que o nosso trabalho ganha importância e significado, permitindo-nos a descoberta de quem realmente somos. A realização que vem do trabalho tem relação com o que há de mais específico e original em cada um de nós.

No exercício profissional podemos expressar, de forma única, quem somos e, assim, oferecer uma contribuição para a sociedade que somente nós podemos dar. Isso independentemente do que fazemos. Portanto, a questão não está no que fazemos, e sim, em como fazemos. Claro, precisamos estar atentos à realidade em que vivemos e as oportunidades que por um acaso possam surgir para bem aproveitá-las. Mas o mais importante é entendemos que não é uma profissão que faz o homem feliz; uma profissão apenas oferece oportunidade para sermos feliz. A verdadeira felicidade está em servimos ao outro e a Deus.

São Domingos Sávio dizia que: "Ser santo é cumprir bem os deveres e ser alegre". Ele nos deixou a lição de que "trabalhar com alegria" é um bom caminho que podemos seguir rumo à santidade e, dessa forma, podemos unir as duas dimensões vocacionais: a humana e a divina.

Façamos tudo com alegria, na certeza de que independente da nossa profissão, independente do que nós fazemos, podemos contribuir para o bem de outros, podemos deixar a marca da nossa singularidade, pois somos "únicos e irrepetíveis" como bem dizia Victor Frankl. Procuremos viver a cada dia o princípio deixado por São Paulo: "Quer comais ou bebais ou façais qualquer outra coisa, façais tudo para a glória de Deus" (1Cor 10,31).

22 de agosto de 2008

O 'sim' da conversão

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Converter-se é deixar de viver na mentira

Converter-se é deixar de viver longe de Deus. Sair do estado de perdição, deixar o pecado. Não somente o ato mau em si, mas deste resulta no estado da perda da salvação e o sentimento de inimizade contra Deus. Conversão consiste em voltar para o Senhor com todo coração, retomar o caminho das suas veredas.

A conversão é um conceito complexo, que significa uma profunda mudança de coração sob o influxo da Palavra de Deus. Essa transformação interior exprime-se nas obras e, por conseguinte, na vida inteira do cristão. A conversão significa a vitória sobre o "homem velho" que está enraizado (a existência carnal) e o começo de uma vida nova (a vida no Espírito) criada e governada pelo Espírito Santo de Deus. É um fato que na História da Salvação, após o pecado original, cada vez que Deus vai ao encontro do homem para com ele dialogar. Faz isso para provocar no mesmo ser humano a conversão do coração.

Não basta renunciar somente a um ato mau nem a um hábito pecaminoso. Precisa-se ir ao centro da existência; todo coração e todo o procedimento devem ser mudados. O afastamento de Deus somente termina quando o próprio Deus se achega pessoalmente ao homem.

A conversão como saída do estado de pecado, de ausência de Deus e de perda da salvação está unida à aceitação incondicional da soberania divina. Reconhecer que praticou o mal, que tem necessidade de redenção e de uma transformação completa.

Quem realmente se converte, submete-se de boa vontade à lei divina. Renuncia à vida de ilegalidade.

Converter-se é deixar de viver na injustiça. Quem se converte reconhece o quanto deve a Deus e esforça-se por Lhe dar a devida honra. Todo pecado cria um estado permanente de sonegação de justiça para com Deus. É uma inimizade habitual, uma injustiça. É uma recusa permanente de dar ao Senhor a glória que Lhe pertence e de prestar ao Pai a obediência e o amor filial. A conversão tira-nos deste mísero estado. Supõe uma renovação integral do coração.

Converter-se é deixar de viver na mentira. Quem se converte afasta-se da mentira. O pecado é mentira. Por isso, a conversão requer uma mudança total de mentalidade, um espírito novo, o Espírito da Verdade. A conversão é um 'sim' à verdade.

Conversão é a volta à casa do Pai e a entrada no Reino. É a passagem das trevas do pecado para a luz da Graça. O caminho que Deus aponta conduz a uma conversão séria e autêntica do coração. Deus apela para a liberdade humana e que a íntima conversão desta liberdade é obra Sua.

A conversão se inicia no momento em que Deus se digna de derramar "o espírito de graça e de preces" (Zac 12, 10). Porém, nossa conversão não se realizará sem o 'sim' de nossa liberdade.

A conversão culmina - é próprio da sua essência - em um novo nascimento, num renascimento do alto, de Deus. A volta à casa do Pai é a reintegração nos direitos de filho. Não é algo que se processa unicamente no exterior, mas é uma ação interior, uma modificação vital, um nascimento pelo Espírito. Para o homem, a conversão é, pois, infinitamente mais que o simples fato negativo de se livrar da escravidão do pecado, porque, para Deus, converter-se é infinitamente mais que perdoar pecados, é fazer o dom de uma vida nova. O homem torna-se filho de Deus.

O único modo efetivo de descobrir sempre mais a própria identidade é árduo, mas consolador, caminho da conversão sincera e pessoal, com um humilde reconhecimento das próprias imperfeições e pecados; e a confiança na força da ressurreição de Cristo. Essa transformação interior exprime-se nas obras e, por conseguinte, na vida inteira do cristão.

Pe. Reinaldo

19 de agosto de 2008

Vocação ao Matrimônio

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Quem assume o celibato, não o faz por falta de vocação ao matrimônio

O termo "vocação" vem da língua latina e se traduz por "chamado". Esse termo é usado em diversos sentidos, pois seu significado se abre como as muitas e diferentes palhetas de um belo leque.

Em sentido amplo, pode-se falar em "vocação para o matrimônio", para a "paternidade" ou para a "maternidade". Essas são vocações implícitas na própria natureza criada. Pelo fato de alguém ser criado "homem", em sua natureza está "embutido" o chamado ao matrimônio e à paternidade.

Da mesma forma, aquela que é gerada "mulher" traz em si mesma a vocação ao matrimônio e à maternidade. As exceções são muito raras, e quase sempre determinadas por algum tipo de problema pessoal.

É preciso afirmar de imediato que aqueles que são chamados ao sacerdócio e à vida consagrada, quer masculina quer feminina, trazem, sim, em sua natureza, essa vocação ao matrimônio, à paternidade e à maternidade. Se estes todos assumem o celibato, não é por falta da vocação ao matrimônio, mas sim, por uma "opção positiva" diante do chamado de Jesus para uma vida celibatária. Estes todos podem afirmar: "Eu não renunciei ao matrimônio!... Eu aceitei o convite de Jesus, optei e escolhi livre, voluntária e positivamente viver esse tipo de vida para a qual Ele me chamou!"

Na verdade, a família é tão importante para o ser humano que o matrimônio, a paternidade e a maternidade deveriam ser sempre assumidos "como uma vocação personalizada" do Pai celeste. O conhecimento da responsabilidade, da importância e da grandeza de formar um lar deveria ser tão profundo que induzisse os jovens a se prepararem para o matrimônio com todo cuidado, esmero e honestidade. Aliás, deveria ser exatamente com a mesma seriedade que um jovem se prepara para o sacerdócio ou uma jovem para a vida consagrada.

Para os jovens poderem se preparar muito bem para o matrimônio, precisam possuir um conhecimento claro e profundo do "projeto divino da procriação humana". Esse conhecimento lhes mostrará o verdadeiro significado do "masculino e do feminino", da "genitalidade" masculina e feminina, do sentido da "mútua atração" entre o homem e a mulher, do significado do namoro, do noivado e do casamento, bem como da importância de formar um lar que seja "ninho de amor", para a realização e felicidade do casal e dos filhos.

Pe. Alírio José Pedrini, SCJ

13 de agosto de 2008

Testemunho - Chamado a Servir



Nascido em 29/12/1982 na saudosa cidade de Goiatuba-GO, no sul do estado de Goiás, onde morei até os 6 anos de idade.

No ano de 1989 saímos do interior e viemos para a Região Metropolitana de Goiânia, na cidade de Aparecida de Goiânia. Em minha caminhada de Cristão dentro da Igreja Católica, tudo começa com a igreja doméstica onde aprendi a rezar (orações básicas: Pai Nosso e Ave Maria) junto com minha saudosa mãe Aparecida de Fátima da Silva, principalmente em dias chuvosos, quando ela mais temia. Teve-se o fato curioso, quando ainda menino, fui a Santa Missa e comunguei mesmo sem tem a preparação para a Comunhão (pura inocência mesmo), na Paróquia Santa Cruz, Conjunto Cruzeiro do Sul, Aparecida de Goiânia-GO, primeiros contatos com a Santa Missa, no qual era incentivado a ir pelo casal Irene e Getulino, donos da casa onde morávamos, nesta mesma Igreja teve o momento de encontro com Arcebispo Emérito de Goiânia Dom Antônio Ribeiro de Oliveira que com o seu cajado bateu em minha cabeça num gesto simples para descontrair.

No ano de 1996 mudamos para São Sebastião-DF, uma mudança brusca em nossa vivência, lá tinha os momentos de reza do terço juntamente com a Dona Suzana, quando todas as crianças da rua se reuniam para lembrar-se de Nossa Senhora. Foram momentos muito gratificantes de proximidade com Nossa Senhora.

No ano de 1998 nos mudamos de volta para Goiás, agora para a cidade de Trindade-GO (Capital de Fé), aqui na cidade atuei na Pastoral do Batismo (incentivado pela minha prima Dinair) com o saudoso Pe. Antônio Pedrotti, CSsR, onde aprendi muito sobre este sacramento, neste mesmo ano comecei a fazer a minha catequese, tendo como catequista o Missionário Lee Divino, por motivos particulares não conseguir concluir e receber o Sacramento, pois não era batizado. Neste mesmo ano junto com o Missionário Lee Divino participei de um encontro de casais na Vila São Cottolengo, ficando na capela de oração, lá eu conheci um casal que marcou minha vida com seu testemunho, Sarita e Carlinhos, quando vi eles cada um para um lado na minha ingenuidade perguntei porque eles não estavam ‘grudadinhos’ como namorados, por ter se casado no ano anterior, Carlinhos me respondem que não precisa ficar o tempo todo junto ‘grudadinho’ para demonstrar amor, pois cada um exerce missões diferentes e tem os momentos certo para isso, esta fala me marcou muito.

No ano de 1999 meus pais voltaram para São Sebastião-DF e eu fiquei em Trindade para concluir o Ensino Médio e prestar vestibular no final do ano, como não obtive sucesso no vestibular voltei a morar com meus pais.

No ano 2000 voltei a morar em São Sebastião-DF, lá atuava na comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, ajudei a fundar o grupo de Jovens JESUS (Jovens Estejam Sempre Unidos no Senhor), atuava na comunidade com leituras durante as Missas e demais atividades da comunidade. Aqui atuar com a juventude foi muito bom, aprendi muito.

No ano de 2001 voltei a morar em Trindade-GO, voltei a atuar na Pastoral do Batismo. Neste ano tive uma grande provação na minha vida, minha mãe veio a falecer de modo trágico, mudando muito a minha vida fazendo com eu tivesse que amadurecer um pouco para continuar a caminhada, neste período contei muito com ajuda dos meus amigos e do pároco Pe. Geraldo Teixeira, CSsR (Paróquia Divino Pai Eterno), com qual atuava com ele em missas na cidade de Santa Bárbara de Goiás. Neste mesmo ano iniciei a minha catequese de Crisma, com a saudosa catequista Edir. Ainda neste ano conheci a SSVP – Sociedade de São Vicente de Paulo, através da Conferência Santo Afonso, a convite da minha colega Maria de Lourdes. No final deste ano recebi o Batismo (tendo como padrinhos minha prima Dinair e meu professor do Ensino Médio Adão), pois ainda não era batizado.

No ano de 2002 conheci a Pastoral da Juventude aqui de Trindade, comecei a atuar junto com eles no trabalho com a Juventude. Recebi o Sacramento do Crisma neste ano, fazendo com que a minha missão se solidificasse ainda mais.

No Ano de 2003 os trabalhos junto a SSVP e Pastoral da Juventude foram tomando dimensões maiores com encontros regionais, por várias cidades do estado (Vicariato). Neste mesmo ano fui proclamado Vicentino pela Conferência São Miguel Arcanjo, me oficializando ainda mais com este movimento, participava dos encontros da SSVP, ajudava na comunicação vicentina (Rádio Difusora de Goiânia, Revista Voz Vicentina no Centro-Oeste, Site e etc.).

No ano de 2005 a Paróquia do Divino Pai Eterno mudou o foco com a atuação da juventude, levando embora nosso maior incentivador Pe. José Bento, CSsR (na época ainda Frater), nos anos seguintes tiveram várias tentativas de reerguer o movimento, mas sem sucesso, até que em 2008 o Projeto Compromisso tornou-se o movimento principal de atuação com a Juventude em Trindade.

Em 2006 iniciei a minha faculdade em Tecnologia em Redes de Computadores, terminando o mesmo curso em 2008. Um grande desafio era conciliar a vida de acadêmico e as atividades da Igreja, mas Deus sempre ao meu lado para me dar forças.

Continuei atuando dentro da SSVP, fui presidente do Conselho Particular Divino Pai Eterno, depois presidente do Conselho Central Nossa Senhora de Fátima na gestão 2010-2014 (uma grande responsabilidade), liderando mais de 10 cidades e centenas de vicentinos espalhados, atuei como tesoureiro na gestão seguinte deste conselho. Mas aos poucos fui me distanciando para dar prioridade a minha família.

No ano de 2010 conheci Gizelle Oliveira Vaz, uma pessoa especial e de caminhada na Igreja; com as bênçãos de Deus recebemos o sacramento do Matrimônio em 10/12/2011. Formar uma família é um passo agraciado na vida do Cristão.

No ano de 2012 recebi a notícia que mudou toda minha vida, Miguel Oliveira Vaz Silva (18/10/2012) veio para nós trazer muita alegria. Ter um filho faz a gente ver tudo com novos olhares e a cada dia ser mais feliz.

No ano de 2018 recebi o contive para fazer o Seminário I da RCC (Renovação Carismática Católica), já tinha frequentado o Grupo de Oração da RCC de Trindade, fui incentivado pela minha sogra Nilzamar, que veio a falecer neste mesmo ano devido ao câncer (luta de anos), uma perca grande e para toda a Comunidade Menino Jesus onde ela atuava. Para dar a prioridade a vida familiar neste mesmo ano deixei a SSVP.

No ano de 2019, Deus nos presenteou com uma princesa, a Ester (20/05/2019), que veio preencher parte do vazio deixado pela ausência da minha sogra, Nilzamar. Agora tenho um casal de filhos lindos que me motiva mais ainda a realizar as obras de Deus, para que pelo meu exemplo eles possam crescer firmes na fé.

No ano de 2024 fiz a Formação de Pregadores da RCC na Associação Servos de Deus em Goiânia, com o formador Dercides, uma nova missão agregada a minha pessoa, já que sempre nos terços, reuniões e demais encontros sempre gostei de pregar a Palavra de Deus as pessoas, incentivado pela minha esposa fiz esta formação que meu deixou apto a pregar nos Grupos de Oração que me fizerem convites. Após a formação fiz minha primeira pregação no Grupo de Oração Deus Pai em Goiânia. Ainda no ano de 2024 a Paróquia Divino Pai Eterno (sob e gestão do Pe. Tiago de Melo, CSsR) começou a semear uma semente para a criação da Pastoral da Comunicação (Pascom) da paróquia, toda vida fui muito ligado a comunicação dentro da Igreja (Pastoral da Juventude, SSVP), fizemos algumas reuniões com alguns membros das comunidades para começar. Caminhada foi trabalhosa, mas em 2025 conseguimos formar uma coordenação e dar os primeiros passos. Neste mesmo ano ajudei a comunidade Menino Jesus, atuando como vice-coordenador, animador tanto nesta capela como em outras capelas da região e onde mais fosse solicitado.

Diante de tudo que se passou em minha vida, perca precoce de minha mãe, aumento da responsabilidade familiar, compromisso dentro da Igreja e estudos aprendi que não devemos nos curvar diante das nossas dificuldades e sim enfrentá-las contando sempre com o apoio de nosso eterno Pai e seu único filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, um jovem cheio do Espírito Santo que dedicou a sua vida a mostrar as pessoas que tudo pode ser diferente se você tem fé e perseverança. Muitos ainda me perguntam por que mesmo com tantas coisas e afazeres pessoais, dedico a minha vida a Igreja Católica, e sempre respondo: “Estou fazendo a minha parte, para que o mundo possa ser um pouco diferente, ser mais humano”. Agradeço também a minha esposa e filhos, familiares e amigos que sempre estão ao meu lado dando muito apoio.

Aos jovens digo: “Não percam a fé e jamais desistam dos seus sonhos mesmo que hoje a vida seja bem diferente da vida que nossos pais levavam, com mais responsabilidade e dificuldades, se temos fé e acreditamos em nosso potencial podemos sim realizar milagres e obras em honra de nosso Deus, um Deus que nos ama imensamente e que nunca nos abandona”. Hoje a juventude pode e deve fazer a diferença, pois amanhã nossos filhos vão nos perguntar: “Porque devemos ajudar as pessoas?” E nós devemos ter nossa vida como exemplo para podermos dar a eles uma reposta concreta e firme. Agradeço a Deus toda a capacidade que ele me dá de continuar a caminhar, mas peço sempre em minhas orações mais força, pois a caminhada é longa e jamais devemos desistir.















Eder Silva
Cristão Vicentino