18 de julho de 2008

O Poder de um Olhar

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Os olhos transmitem o que se passa na essência do nosso ser

O olhar é algo que me fascina, me encanta, às vezes até me perturba, mas sempre me atrai. É um mistério e uma revelação ao mesmo tempo. Carrego no arquivo das minhas lembranças o olhar sincero do meu pai, que sempre foi referência em minha vida. Muitas vezes, ele não precisava dizer nada para me aprovar ou repreender, bastava um olhar e eu entendia tudo. Aliás, meu pai era um homem de poucas palavras e poucos gestos, mas muito amor. Para compreendê-lo melhor, fui desde cedo treinada na arte de interpretar seu olhar.

Dizem que "o olhar é a janela da alma"... Uma expressão tanto repetitiva como verdadeira. É que os olhos transmitem o que se passa na essência, mesmo quando a boca diz o contrário.

As palavras têm sua importância, mas na arte de transmiti-las, muitas vezes, diminuímos o sentido do que realmente desejamos expressar, acabamos nos confundindo com os termos e sentindo falta da expressão certa que traduza a linguagem do coração. Além disso, existe um espaço entre o que falamos e o ouvido de quem nos escuta, e nesse espaço, nasce a interpretação, que nem sempre corresponde à realidade.

Hoje, enquanto apresentava um programa na Rádio Canção Nova onde trabalho (Rádio Canção Nova FM – Fátima PT), falava com os ouvintes sobre o poder do nosso olhar e li uma história que exalta a importância do olhar amoroso na vida de uma pessoa. Apresento-a aqui, pois acredito que nos ajudará a refletir sobre esse dom precioso e na maneira como o utilizamos no dia-a-dia.

Conta-se que Raoul Follereau, jornalista francês que dedicou sua vida ao cuidado dos leprosos, ao visitar um leprosário em uma ilha do Pacífico, ficou surpreendido ao encontrar, entre os rostos desfigurados e quase sem vida, um homem que conservava os olhos límpidos, vivíssimos, e com um sorriso que a todos iluminava sempre que lhe diziam uma palavra amável ou lhe davam alguma coisa.

Quando quis saber o que mantinha esse leproso tão agarrado à vida, disseram-lhe que observasse o que lhe sucedia todas as manhãs. E o jornalista descobriu que, todos os dias, o homem descia para o pátio e sentava-se diante do alto muro que cercava o leprosário. Esperava ali, paciente, até que, no meio da manhã, aparecia, durante alguns segundos por cima do muro, um rosto já idoso e cheio de rugas, que lhe sorria com um olhar de amor. Então o homem comungava aquele sorriso e sorria também.

Era o rosto de sua amada esposa que, com fidelidade, todos os dias vinha contemplá-lo. A seguir, a imagem da velhinha desaparecia, mas o doente resplandecia, já tinha alimento para agüentar mais uma jornada e aguardar que, no dia seguinte, regressasse o olhar sorridente que lhe garantia a existência.

O leproso comentava: "Ao vê-la, sei que ainda estou vivo!"

O olhar amoroso da esposa era, de fato, suficiente para transfigurar aquele homem dando-lhe esperança e vida.

É que um olhar de amor faz esquecer as dores e restaura o ânimo, tem uma poderosa força, pois é sinal visível do amor de Deus.

Jesus sabia disso e nos ensinou a lição. Ele mesmo transformou a vida de muita gente com apenas um olhar. Certa vez, quando os olhos d'Ele encontraram os de Zaqueu, o cobrador de impostos que estava em cima de uma árvore para vê-Lo passar, o olhar do Senhor causou tanto efeito na vida daquele homem, que ele nunca mais foi o mesmo. As palavras que vieram depois e até o convite para jantar em sua casa foram conseqüência do olhar com o qual Jesus o amou (Lc 19, 1-10).

Diante da mulher adúltera, condenada por todos, Jesus também a amou com o olhar. As poucas palavras a seguir completaram a mensagem, mas acredito que o milagre da restauração de sua integridade aconteceu primeiro através do olhar daquele Homem, a quem ela jamais deixaria de seguir (cf. Jo 8, 1-11).

Interessante pensar que o olhar tem o poder de vivificar ou matar, depende de quem o transmite. Jesus sabia disso e optava olhar com amor e assim transmitir vida nova a quem se deixava encontrar por Seus olhos. Seguindo os passos do Senhor, sejamos, hoje, portadores de um olhar de amor e façamos a diferença na vida daqueles cujos olhos se encontram com os nossos.

Foto Dijanira Silva
dijanira@geracaophn.com

17 de julho de 2008

Descobrir alguém leva tempo

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Pena que somos superficiais e desistimos facilmente frente ao primeiro desencanto

Como é bonito às vezes parar e analisar as pessoas, seus relacionamentos, suas atitudes, enfim, seus detalhes. A cada análise descobrimos novas dimensões do coração humano.

Partilho com você algo que descobri por meio do ofício de observar: percebi que cada vez mais as pessoas são intolerantes, impacientes e propensas a rotular as outras.

Poucas têm paciência com o outro e muitas, se não alcançam respostas imediatas, desistem da pessoa. Descobrir alguém leva tempo. Pena que somos superficiais e desistimos facilmente frente ao primeiro desencanto. Não é porque a pessoa não sorriu ou porque tenha um defeito latente, que temos o direito de encarcerá-la em um rótulo infeliz. Garanto que muitas vezes você também não conseguiu fazer o bem que queria, nem conseguiu sorrir como queria, tampouco conseguiu amar como desejava, e o que é pior: reagiu como não queria reagir e fez o que não queria fazer. Mas tentou. Mesmo que o resultado tenha sido o insucesso, você tentou acertar.

Acredito que todos querem ser bons e felizes, todos lutam por isso. Ninguém é infeliz porque quer, mas nem todos conseguem ser o que desejam.

Quem lhe garante que palavras ásperas não são um pedido de socorro de alguém que recebeu pouco amor na vida e que pede desesperadamente que você a ensine a amar. Pode ser que as atitudes que o irritam sejam prova do esforço mais profundo de um coração querendo sinceramente fazer o bem.

Mesmo que o amor que você recebe não seja aquele que você queria, nem do jeito que queria... é amor. Pode ser que os gestos de amor que são repugnantes para você seja o tudo que o outro pode lhe dar. Precisamos aprender a acolher o que o outro pode nos oferecer hoje, valorizando o que ele nos oferece.

Não podemos ser cruéis a ponto de destruir em nós aqueles que não nos agradam. O Cristianismo não funciona assim. Aliás, quais foram as pessoas amadas por Jesus, que mereceram o amor d'Ele? Ou melhor: você merece? Eu mereço?...

Foto Adriano Zandoná
artigos@cancaonova.com

16 de julho de 2008

O que é heresia

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As heresias sempre nos acompanharam desde o início da Igreja

Heresia não significa o mesmo que incredulidade, cisma, apostasia ou qualquer outro pecado contra a fé. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) define a heresia do seguinte modo:

"Incredulidade é negligenciar uma verdade revelada ou a recusa voluntária de lhe dar o próprio assentimento. Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do Batismo, de qualquer verdade que se deve crer com fé divina e católica, ou dúvida pertinaz a respeito dessa verdade; apostasia é o total repúdio total da fé cristã; cisma é a recusa de sujeição ao Romano Pontífice ou da comunhão com os membros da Igreja sujeitos a ele" (CIC 2089).

Para ser culpada de heresia uma pessoa deve estar obstinada (incorrigível) no erro. Uma pessoa que está aberta à correção ou que simplesmente não tem consciência de que o que está dizendo é contrário ao ensinamento da Igreja, não pode ser considerada como herética [herege].

A dúvida ou a negação envolvidas na heresia devem ser pós-batismal, ou seja, ocorrer depois do Batismo. Para ser acusada de heresia uma pessoa deve ser, antes de tudo, batizada. Isso significa que aqueles movimentos que surgiram da divisão do Cristianismo ou que foram influenciados por eles, mas que não administram o Batismo ou que não batizam validamente, não podem ser considerados heresias, mas apenas religiões separadas (exemplos incluem muçulmanos que não possuem batismos e testemunhas de Jeová que não batizam validamente).

E, finalmente, a dúvida ou a negação envolvidas na heresia devem estar relacionadas a uma matéria que deve ser crida com "fé católica e divina", em outras palavras, alguma coisa que tenha sido definida solenemente pela Igreja como verdade divinamente revelada (por exemplo, a Santíssima Trindade, a Encarnação de Jesus Cristo, a Presença Real de Cristo na Eucaristia, o Sacrifício da Santa Missa, a Infalibilidade Papal, a Imaculada Conceição e Assunção de Nossa Senhora).

As heresias sempre nos acompanharam desde o início da Igreja até os nossos tempos atuais. Geralmente elas sempre tiveram início por membros da hierarquia da Igreja, mas eram combatidas e corrigidas pelos Concílios e Papas. Felizmente temos a promessa de Cristo de que elas [heresias] jamais prevalecerão contra a Igreja: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mateus 16,18), pois a Igreja é verdadeiramente, nas palavras do Apóstolo Paulo, "coluna e sustentáculo da verdade" (1 Timóteo 3,15).

Artigo extraído do site www.cleofas.com.br - do tema 'Grandes heresias'

Gercione Lima

15 de julho de 2008

O que é amizade?

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'O amigo é a metade da minha alma'

É difícil dizer alguma coisa sobre algo tão maravilhoso que se vive, se sente e se experimenta; pô-lo em palavras é quase impossível. Só se aprende mesmo o que é amizade vivendo. Amizade significa criar laços. É uma fonte que não retém a água para si (seria poço se o fizesse), mas a dá espontaneamente. O amigo também vai ao encontro de quem precisa e não espera que venham até ele. É renovação para quem dá e para quem recebe. É a descoberta de corações.

No início, o nome do outro não é nada para nós. A vida dele, seus gestos, suas preferências, sua história… Mas, aos poucos, nosso egoísmo cai, o coração se abre e há o encontro dos corações, com inexplicável sensação. Nossa vida muda. Tornamo-nos felizes.

É um afeto (afeição, sentimento profundo) que a gente sente por alguém. Ele não tem barreiras de cor, sexo, idade, cultura, classe social, nação… Ser e ter amigos é muito bom, é um sentimento que ultrapassa todas as barreiras!

A amizade é concórdia de afetos e obras, implica certa unidade afetiva.

"O amigo é a metade da minha alma" diz o filósofo Giovani Cassiano ao definir um verdadeiro amigo. Alguns filósofos consideram a amizade um valor altíssimo, por isso, foram capazes de dizer: "Sem amizade a vida não é vida!"

"Amizade é a coisa mais necessária na vida!"


O que nos faz a amizade?

Dá novo sentido à vida. Quando tudo nos parece enfadonho, a presença do amigo quebra a solidão. Cresce a alegria de viver. A amizade torna a vida dos homens infinitamente mais bela e fecunda.

É ânimo novo para a luta. Quando nos pegam a fossa e o desânimo nada melhor que a compreensão de um amigo. Ela [amizade] nos torna solidários. A amizade é um partilhar de vida: preocupações, alegrias, tristezas, sucessos, fracassos… Por essa razão, torna-nos responsáveis. "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" (Exupéry, autor de "O Pequeno Príncipe"). O amigo sincero fala não tanto o que o outro quer, mas o que ele precisa ouvir. Preocupa-se para que ele ande no caminho certo. E se o nota em perigo adverte-o.

Cria interesses comuns. Acaba com o individualismo. "Seus" problemas são "meus" problemas. Sou infeliz porque você [amigo] também é. Dar e receber. Cresço com você. Isso acontece tanto na favela como no Concílio dos Bispos. Minhas tristezas ensinaram-lhe a entender as tristezas de meus amigos.

Ela quebra a solidão. "Se tu vens às quatro da tarde, desde às três já sou feliz" (Exupéry).

Faz Crescer. São vidas que se transformam, ideais que se renovam, entusiasmo que volta, caminho que se abre.

Algumas características da Amizade:

A amizade é um amor de benevolência, reciprocamente conhecido e manifestado; é um encontro de afeto. É uma confiança mútua que supera a prova do tempo, isto é, as dificuldades. É nisso então que se vê se a amizade é autêntica. Os amigos bons desejam ser uma só alma e estarem juntos em todas as situações tanto de vida como de morte.

Podemos dizer que as principais características da amizade são:

A mútua benevolência;

Certa igualdade;

Comunhão de sentimentos;

Comunhão de vida, de amor, de ideais.

Uma amizade verdadeira não se pode estender a muitos porque exige experiência, intimidade e confiança. Pois requer convivência e familiaridade e isso não é possível com muitos. Aristóteles fala: "Quem tem familiaridade com muitos não é amigo de ninguém!". De forma que a amizade profunda é possível somente entre poucas pessoas.

Uma característica essencial da amizade é a reciprocidade: amar e ser amado. (não se esqueça de que estamos perto de comemorar o Dia do Amigo).

O seu comentário enriquece o nosso trabalho. Participe

Ritinha

11 de julho de 2008

Tenho medo do casamento

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Um sacramento que une sentimentos

Haverá momentos em que precisaremos assumir um compromisso mais sério com alguém, e o nosso dilema será saber se estamos fazendo a melhor escolha. Certamente, essa hesitação seria menor se fosse possível adivinhar as conseqüências de nossas opções; o que é praticamente impossível. Fica a nosso critério apenas tentar descobrir os procedimentos para melhor alcançar nossos propósitos.

Os bons resultados de um trabalho são alcançados por meio de boas ferramentas e de um plano de ação. Para alguém que deseja roçar um campo, mesmo possuindo os equipamentos necessários, ainda assim, poderá ser surpreendido com chuvas ou outras interferências, as quais não dependem de sua vontade. Da mesma maneira, na vida conjugal, por melhor que sejam os nossos projetos, precisamos estar cientes de que também estaremos sujeitos a certas situações que não foram previstas, mas que poderão ser solucionadas com o empenho de ambos.

Para quem vive o namoro há algum tempo, por vários momentos já deve ter conversado sobre o futuro do relacionamento. É no amadurecimento e no tempo de convívio que os casais obterão subsídios suficientes para acolher a proposta de uma vida matrimonial. Assumir a vida conjugal será sempre uma tarefa desafiadora, pois independentemente do estado social ou financeiro, este compromisso une as pessoas num único sentimento. É pensando nisso que, talvez, a maioria das pessoas hesite diante de uma proposta de firmarem para sempre seu relacionamento.

O medo de enfrentar o "desconhecido", as histórias de crises conjugais e o peso das responsabilidades somados às estatísticas, que apontam o crescimento de casais divorciados, podem realmente intimidar os nubentes. Isso não significa que as causas que justificaram os insucessos do casamento de outras pessoas estarão também condenando à falência o propósito do casal de enamorados.

O amor exige, de todos, disposição e coragem para romper com suas próprias limitações. Acreditar que o casal está isento de imperfeições ou que por toda a vida conjugal viverá, a cada segundo, em perfeita harmonia sem empreender esforço algum, pode ser um grande engano. Sabemos que, ao longo do convívio, nem sempre os elaborados planos vão dar certo; mas a decisão comum do casal em viver seus propósitos, a fim de alcançar seus objetivos, os fará assumir uma nova atitude diante de cada novo problema.

Decidir-se pelo casamento, entendendo que o relacionamento pode ser diferente, é o que diferenciará nossas opções e nos dará forças para lutar pela felicidade conjugal ao lado da pessoa que escolhemos para partilhar nossa vida.

Um abraço, sem medo de ser feliz.

Foto José Eduardo Moura
webenglish@cancaonova.com

9 de julho de 2008

Um suicida está condenado?

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Cada um é responsável por sua vida diante de Deus

Antigamente se pensava que sim, embora a Igreja nunca tenha ensinado isso oficialmente; pois ela nunca disse o nome de um condenado. Hoje, com a ajuda da psicologia e psiquiatria, sabemos que a culpa do suicida pode ser muito diminuída devido a seu estado de alma.

Evidentemente que o suicídio é, objetivamente falando, um pecado muito grave, pois atenta contra a vida, o maior dom de Deus para nós. Infelizmente há países que chegam a facilitar e até mesmo a estimular essa prática para pacientes que sofrem ou para doentes mentais. Na Suíça, por exemplo, uma decisão da Suprema Corte abriu o caminho para a legalização da assistência ao suicídio de pacientes mentalmente doentes. O país já permite legalmente o suicídio assistido para outros tipos de pacientes com uma ampla faixa de doenças e incapacidades físicas. É o império da "cultura da morte" por meio da eutanásia.

O Catecismo da Igreja Católica ensina que:

§2280 – "Cada um é responsável por sua vida diante de Deus que lha deu e que dela é sempre o único e soberano Senhor. Devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la para sua honra e a salvação de nossas almas. Somos os administradores e não os proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela".

§2281 – "O suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida. É gravemente contrário ao justo amor de si mesmo. Ofende igualmente o amor do próximo porque rompe injustamente os vínculos de solidariedade com as sociedades familiar, nacional e humana, às quais nos ligam muitas obrigações. O suicídio é contrário ao amor do Deus vivo".

Mas o Catecismo lembra também que a culpa da pessoa suicida pode ser muito diminuída:

§2282 – "Se for cometido com a intenção de servir de exemplo, principalmente para os jovens, o suicídio adquire ainda a gravidade de um escândalo. A cooperação voluntária ao suicídio é contrário à lei moral. Distúrbios psíquicos graves, a angústia ou o medo grave da provação, do sofrimento ou da tortura podem diminuir a responsabilidade do suicida".

Portanto, ninguém deve pensar que a pessoa que se suicidou esteja condenada por Deus; os caminhos de Sua misericórdia são desconhecidos de nós. O Catecismo manda rezar por aqueles que se suicidaram:

§2283 – "Não se deve desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que só ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida".

Certa vez, São João Maria Vianney, também conhecido como "Cura D'Ars", ao celebrar a Santa Missa notou que uma mulher vestida de luto estava no final da igreja chorando, seu marido havia se suicidado na véspera, saltando da ponte de um rio. O santo foi até ela no final da Celebração Eucarística e lhe disse: "Pode parar de chorar, seu marido foi salvo, está no Purgatório; reze por sua alma". E explicou à pobre viúva: "Por causa daquelas vezes que ele rezou o Terço com você, no mês de maio, Nossa Senhora obteve de Deus para ele a graça do arrependimento antes de morrer". Não devemos duvidar dessas palavras.

Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

4 de julho de 2008

Sexo no plano de Deus

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O ato sexual é a 'celebração do amor', como que a 'liturgia do amor conjugal'

O livro do Gênesis assegura que ao criar todas as coisas Deus "viu que tudo era bom" (Gen 1,25). Portanto, tudo o que Deus fez é belo.

O mal, muitas vezes, consiste no uso mau das coisas boas. Por exemplo, uma faca é uma coisa boa; sem ela a cozinheira não faz o seu trabalho. Mas, se um criminoso a utilizar para tirar a vida de alguém, nem por isso a faca se torna má. Não. O mal é o uso errado que se fez dela.

Da mesma forma o sexo é algo criado por Deus e maravilhoso. É por meio dele que a criança inocente vem ao mundo.

Assim como Deus deu ao casal humano a missão de gerar os filhos "crescei e multiplicai" (Gen 1,28), também providenciou o sexo como instrumento de procriação. E mais: para fortalecer a união e o amor do casal fez do sexo também o meio mais profundo da manifestação do amor conjugal. Podemos dizer que o ato sexual é a "celebração do amor", como que a "liturgia do amor conjugal". E é no ápice dessa celebração do amor que o filho é concebido. Isto é, ele não é somente a carne e o sangue do casal, mas, principalmente, o fruto do seu amor. É por isso que a vida sexual de um casal que não se ama de verdade nunca é harmoniosa.

O sexo é manifestação do amor. Sem este, ele fica vazio, desvirtuado e perigoso como aquela faca na mão do assassino. Faz muitas vítimas… O que é a prostituição senão o sexo sem amor? É apenas um ato de prazer, comprado, com dinheiro ou outros meios.

No plano de Deus a vida sexual só tem lugar no casamento. São Paulo, há dois mil anos, já ensinava aos coríntios: "A mulher não pode dispor do seu corpo: ele pertence ao seu marido. E também o marido não pode dispor do seu corpo: ele pertence à sua esposa" (1 Cor 7,4). O Apóstolo não diz que o corpo da namorada pertence ao namorado; nem que o corpo da noiva pertence ao noivo. A união sexual só tem sentido no casamento, porque só ali existe o comprometimento de vida conjugal, vida a dois, na qual cada um assumiu um compromisso de fidelidade com o outro. Cada um é "responsável pelo outro até a morte", em todas as circunstâncias fáceis e difíceis da vida. Sem este "compromisso de vida" o ato sexual não tem sentido e se torna perigoso.

As conseqüências do sexo vivido fora do casamento são terríveis: mães e pais solteiros; filhos abandonados, ou criados pelos avós, ou em orfanatos. Muitos deles se tornam os "trombadinhas" e delinqüentes que cada vez mais enchem as nossas ruas, buscando nas drogas e no crime a compensação de suas dores. Quantos abortos são cometidos porque se busca apenas, egoisticamente, o prazer do sexo, e depois, elimina-se o fruto: a criança! Só no Brasil são 4 milhões por ano. Quatro milhões de crianças assassinadas pelos próprios pais!

As doenças venéreas também são flagelos do sexo fora do casamento. Ainda hoje convivemos com os horrores da sífilis, da blenorragia, do cancro, sem falar do flagelo moderno da AIDS. O remédio contra a AIDS é a vivência sexual apenas no casamento; e não, como se propõe, irresponsavelmente, o uso de "camisinhas", em vez de se eliminar o vício pela raiz.

É urgente que os cristãos, pais, professores e educadores, tenhamos a coragem de ensinar novamente a castidade aos jovens. Um jovem que se mantém casto até o casamento, além de tudo, prepara a sua vontade e exercita seu autodomínio para ser fiel ao cônjuge no casamento. É preciso mostrar urgentemente aos jovens os valores da castidade, tanto em pensamentos como em atos. A televisão e os filmes pornográficos de vídeos, as revistas eróticas, abundantes e asquerosas, injetam pólvora no sangue de nossos filhos, fazendo-os escravos do sexo. E por causa disso estamos vendo meninas de 13, 14 anos, grávidas, sem o menor preparo e maturidade para serem mães.

Temos que acordar. Temos que ter a coragem de oferecer aos jovens a opção da pureza que Jesus nos legou: "Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus" (Mt 5,8). Nesse assunto Cristo foi exigente e não deixou margens a dúvida: "Todo aquele que olhar para uma mulher com desejo de cobiça, já adulterou com ela em seu coração" (Mt 5,27).


Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com