11 de julho de 2008

Tenho medo do casamento

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Um sacramento que une sentimentos

Haverá momentos em que precisaremos assumir um compromisso mais sério com alguém, e o nosso dilema será saber se estamos fazendo a melhor escolha. Certamente, essa hesitação seria menor se fosse possível adivinhar as conseqüências de nossas opções; o que é praticamente impossível. Fica a nosso critério apenas tentar descobrir os procedimentos para melhor alcançar nossos propósitos.

Os bons resultados de um trabalho são alcançados por meio de boas ferramentas e de um plano de ação. Para alguém que deseja roçar um campo, mesmo possuindo os equipamentos necessários, ainda assim, poderá ser surpreendido com chuvas ou outras interferências, as quais não dependem de sua vontade. Da mesma maneira, na vida conjugal, por melhor que sejam os nossos projetos, precisamos estar cientes de que também estaremos sujeitos a certas situações que não foram previstas, mas que poderão ser solucionadas com o empenho de ambos.

Para quem vive o namoro há algum tempo, por vários momentos já deve ter conversado sobre o futuro do relacionamento. É no amadurecimento e no tempo de convívio que os casais obterão subsídios suficientes para acolher a proposta de uma vida matrimonial. Assumir a vida conjugal será sempre uma tarefa desafiadora, pois independentemente do estado social ou financeiro, este compromisso une as pessoas num único sentimento. É pensando nisso que, talvez, a maioria das pessoas hesite diante de uma proposta de firmarem para sempre seu relacionamento.

O medo de enfrentar o "desconhecido", as histórias de crises conjugais e o peso das responsabilidades somados às estatísticas, que apontam o crescimento de casais divorciados, podem realmente intimidar os nubentes. Isso não significa que as causas que justificaram os insucessos do casamento de outras pessoas estarão também condenando à falência o propósito do casal de enamorados.

O amor exige, de todos, disposição e coragem para romper com suas próprias limitações. Acreditar que o casal está isento de imperfeições ou que por toda a vida conjugal viverá, a cada segundo, em perfeita harmonia sem empreender esforço algum, pode ser um grande engano. Sabemos que, ao longo do convívio, nem sempre os elaborados planos vão dar certo; mas a decisão comum do casal em viver seus propósitos, a fim de alcançar seus objetivos, os fará assumir uma nova atitude diante de cada novo problema.

Decidir-se pelo casamento, entendendo que o relacionamento pode ser diferente, é o que diferenciará nossas opções e nos dará forças para lutar pela felicidade conjugal ao lado da pessoa que escolhemos para partilhar nossa vida.

Um abraço, sem medo de ser feliz.

Foto José Eduardo Moura
webenglish@cancaonova.com

9 de julho de 2008

Um suicida está condenado?

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Cada um é responsável por sua vida diante de Deus

Antigamente se pensava que sim, embora a Igreja nunca tenha ensinado isso oficialmente; pois ela nunca disse o nome de um condenado. Hoje, com a ajuda da psicologia e psiquiatria, sabemos que a culpa do suicida pode ser muito diminuída devido a seu estado de alma.

Evidentemente que o suicídio é, objetivamente falando, um pecado muito grave, pois atenta contra a vida, o maior dom de Deus para nós. Infelizmente há países que chegam a facilitar e até mesmo a estimular essa prática para pacientes que sofrem ou para doentes mentais. Na Suíça, por exemplo, uma decisão da Suprema Corte abriu o caminho para a legalização da assistência ao suicídio de pacientes mentalmente doentes. O país já permite legalmente o suicídio assistido para outros tipos de pacientes com uma ampla faixa de doenças e incapacidades físicas. É o império da "cultura da morte" por meio da eutanásia.

O Catecismo da Igreja Católica ensina que:

§2280 – "Cada um é responsável por sua vida diante de Deus que lha deu e que dela é sempre o único e soberano Senhor. Devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la para sua honra e a salvação de nossas almas. Somos os administradores e não os proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela".

§2281 – "O suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida. É gravemente contrário ao justo amor de si mesmo. Ofende igualmente o amor do próximo porque rompe injustamente os vínculos de solidariedade com as sociedades familiar, nacional e humana, às quais nos ligam muitas obrigações. O suicídio é contrário ao amor do Deus vivo".

Mas o Catecismo lembra também que a culpa da pessoa suicida pode ser muito diminuída:

§2282 – "Se for cometido com a intenção de servir de exemplo, principalmente para os jovens, o suicídio adquire ainda a gravidade de um escândalo. A cooperação voluntária ao suicídio é contrário à lei moral. Distúrbios psíquicos graves, a angústia ou o medo grave da provação, do sofrimento ou da tortura podem diminuir a responsabilidade do suicida".

Portanto, ninguém deve pensar que a pessoa que se suicidou esteja condenada por Deus; os caminhos de Sua misericórdia são desconhecidos de nós. O Catecismo manda rezar por aqueles que se suicidaram:

§2283 – "Não se deve desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que só ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida".

Certa vez, São João Maria Vianney, também conhecido como "Cura D'Ars", ao celebrar a Santa Missa notou que uma mulher vestida de luto estava no final da igreja chorando, seu marido havia se suicidado na véspera, saltando da ponte de um rio. O santo foi até ela no final da Celebração Eucarística e lhe disse: "Pode parar de chorar, seu marido foi salvo, está no Purgatório; reze por sua alma". E explicou à pobre viúva: "Por causa daquelas vezes que ele rezou o Terço com você, no mês de maio, Nossa Senhora obteve de Deus para ele a graça do arrependimento antes de morrer". Não devemos duvidar dessas palavras.

Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

4 de julho de 2008

Sexo no plano de Deus

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O ato sexual é a 'celebração do amor', como que a 'liturgia do amor conjugal'

O livro do Gênesis assegura que ao criar todas as coisas Deus "viu que tudo era bom" (Gen 1,25). Portanto, tudo o que Deus fez é belo.

O mal, muitas vezes, consiste no uso mau das coisas boas. Por exemplo, uma faca é uma coisa boa; sem ela a cozinheira não faz o seu trabalho. Mas, se um criminoso a utilizar para tirar a vida de alguém, nem por isso a faca se torna má. Não. O mal é o uso errado que se fez dela.

Da mesma forma o sexo é algo criado por Deus e maravilhoso. É por meio dele que a criança inocente vem ao mundo.

Assim como Deus deu ao casal humano a missão de gerar os filhos "crescei e multiplicai" (Gen 1,28), também providenciou o sexo como instrumento de procriação. E mais: para fortalecer a união e o amor do casal fez do sexo também o meio mais profundo da manifestação do amor conjugal. Podemos dizer que o ato sexual é a "celebração do amor", como que a "liturgia do amor conjugal". E é no ápice dessa celebração do amor que o filho é concebido. Isto é, ele não é somente a carne e o sangue do casal, mas, principalmente, o fruto do seu amor. É por isso que a vida sexual de um casal que não se ama de verdade nunca é harmoniosa.

O sexo é manifestação do amor. Sem este, ele fica vazio, desvirtuado e perigoso como aquela faca na mão do assassino. Faz muitas vítimas… O que é a prostituição senão o sexo sem amor? É apenas um ato de prazer, comprado, com dinheiro ou outros meios.

No plano de Deus a vida sexual só tem lugar no casamento. São Paulo, há dois mil anos, já ensinava aos coríntios: "A mulher não pode dispor do seu corpo: ele pertence ao seu marido. E também o marido não pode dispor do seu corpo: ele pertence à sua esposa" (1 Cor 7,4). O Apóstolo não diz que o corpo da namorada pertence ao namorado; nem que o corpo da noiva pertence ao noivo. A união sexual só tem sentido no casamento, porque só ali existe o comprometimento de vida conjugal, vida a dois, na qual cada um assumiu um compromisso de fidelidade com o outro. Cada um é "responsável pelo outro até a morte", em todas as circunstâncias fáceis e difíceis da vida. Sem este "compromisso de vida" o ato sexual não tem sentido e se torna perigoso.

As conseqüências do sexo vivido fora do casamento são terríveis: mães e pais solteiros; filhos abandonados, ou criados pelos avós, ou em orfanatos. Muitos deles se tornam os "trombadinhas" e delinqüentes que cada vez mais enchem as nossas ruas, buscando nas drogas e no crime a compensação de suas dores. Quantos abortos são cometidos porque se busca apenas, egoisticamente, o prazer do sexo, e depois, elimina-se o fruto: a criança! Só no Brasil são 4 milhões por ano. Quatro milhões de crianças assassinadas pelos próprios pais!

As doenças venéreas também são flagelos do sexo fora do casamento. Ainda hoje convivemos com os horrores da sífilis, da blenorragia, do cancro, sem falar do flagelo moderno da AIDS. O remédio contra a AIDS é a vivência sexual apenas no casamento; e não, como se propõe, irresponsavelmente, o uso de "camisinhas", em vez de se eliminar o vício pela raiz.

É urgente que os cristãos, pais, professores e educadores, tenhamos a coragem de ensinar novamente a castidade aos jovens. Um jovem que se mantém casto até o casamento, além de tudo, prepara a sua vontade e exercita seu autodomínio para ser fiel ao cônjuge no casamento. É preciso mostrar urgentemente aos jovens os valores da castidade, tanto em pensamentos como em atos. A televisão e os filmes pornográficos de vídeos, as revistas eróticas, abundantes e asquerosas, injetam pólvora no sangue de nossos filhos, fazendo-os escravos do sexo. E por causa disso estamos vendo meninas de 13, 14 anos, grávidas, sem o menor preparo e maturidade para serem mães.

Temos que acordar. Temos que ter a coragem de oferecer aos jovens a opção da pureza que Jesus nos legou: "Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus" (Mt 5,8). Nesse assunto Cristo foi exigente e não deixou margens a dúvida: "Todo aquele que olhar para uma mulher com desejo de cobiça, já adulterou com ela em seu coração" (Mt 5,27).


Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

3 de julho de 2008

As armadilhas da imagem x a beleza da verdade

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Cada pessoa é um universo que precisa ser descoberto e contemplado

A imagem, como força de expressão e comunicação, exerce um grande poder em nossa sociedade. Vivemos em uma época na qual a mídia se estabelece como um imperativo, como uma grande força que influencia, dirige e, muitas vezes, manipula corações e consciências. É a suposta "ditadura da imagem" que tem estabelecido o exterior, o que aparece aos outros, como a única verdade e valor.

Não foram poucos os casos nos quais se constatou que determinada imagem apresentada pela TV e pelos demais meios, não correspondia à verdade dos fatos e não se identificava com a justiça a ser realizada.

É nítida a percepção que essa é uma geração – muitas vezes – alienada e manipulada pela força da imagem. Tal realidade acaba formando em nós uma mentalidade superficial, presa a uma desenraizada exterioridade, que nos impede de descobrirmos as pessoas que nos circundam.

Cada pessoa é um universo que precisa ser descoberto e contemplado. O ser humano é sempre mais do que vemos ou percebemos; é muito mais do que a imagem que revela.

Quem estaciona nas antipatias inauguradas por uma imagem exterior, pode perder a oportunidade de descobrir pessoas maravilhosas, as quais poderiam se tornar uma fonte de vida e de cura.

Toda conceituação é uma maneira de aprisionar. Quando dizemos: "Tal pessoa é isso e aquilo...", roubamos dela a possibilidade de se desprender de nossos rótulos e de se revelar como mais do que nossa preconceituosa compreensão a percebeu. Em cada ser existe uma bela identidade para além da imagem, que precisa ser percebida e contemplada. A pessoa humana é mais do que qualquer conceito que se tenha dela, em cada coração se escondem fragmentos de eternidade – do Amor eterno – os quais por vezes precisarão ser estimulados para virem à tona.

Por isso, o ato de julgar carrega em si inúmeras possibilidades de injustiça e incompreensão, pois, trazemos nossas marcas e determinismos que quase sempre nos impedem de vermos o interior, retendo nosso olhar apenas na imagem.

É arriscado dizer: Eu falo sempre a verdade, falo o que penso e não tenho medo de mostrar os erros e falar a verdade...", pois, afinal, qual verdade é falada? A Verdade plena (com '"v" maiúsculo) ou a verdade dessa pessoa, muitas vezes, influenciada pelo "ponto de vista dela" a respeito das coisas e pelas experiências que a marcaram? Para alguém ser possuidor da verdade pressupõe-se que exista no coração dessa pessoa uma perfeita maturidade e um total equilíbrio – não tendencioso –, o que é quase impossível devido à nossa frágil condição humana.

Para descobrir alguém em profundidade, sem se prender aos enganos da imagem, é preciso, antes de tudo, humildade e paciência para descobrir as riquezas de quem aparentemente não tem nada a oferecer.

Que a beleza da verdade – contida no interior de cada ser – supere sempre em nós a superficialidade da imagem, levando-nos assim a descobrir os tesouros depositados pelo Criador em cada coração. Assim conseguiremos enxergar o ser como um todo, sem nos prender às armadilhas parciais da exterioridade.

Foto Adriano Zandoná
artigos@cancaonova.com

1 de julho de 2008

A falta de fé


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No tempo em que vivemos só é possível sobreviver se tivermos fé

O Evangelho de São Marcos, no capítulo 9, versículos de 14 a 29, coloca-nos diante de um pai desesperado, alguém que já esgotou todos os recursos para ver o filho curado e liberto. Desde criança este é oprimido por um demônio que causava nele uma terrível epilepsia.

A falta de fé do pai levou-o a procurar todo tipo de ajuda em muitos lugares. Mas agora está ali, diante de Jesus, Aquele que de fato pode curá-lo.

Aflito, o pai diz ao Senhor: "Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos" (v. 22). Esse modo de falar revela a atitude de alguém que já está prestes a desistir, revela desespero e não fé. Por isso, Jesus o exorta: "Se podes!… Tudo é possível para quem tem fé!" (v. 23).

Então, o pai, com humildade, reconhece sua falta de fé e pede socorro. Na verdade, não é só o filho que precisa de ajuda, mas também o genitor. Jesus vem em auxílio deles, liberta o filho e devolve a fé àquele pai.

Dessa forma, o Senhor revela duas realidades fundamentais para quem quer viver liberto: Fé e Oração.

No tempo em que vivemos só é possível sobreviver se tivermos fé e se mantivermos uma constância na oração. Não existe outro modo.

Jesus é Aquele que, de fato, pode trazer uma solução às realidades mais difíceis e para isso é preciso ter fé. Se não recorremos a Ele, as coisas vão ficando cada vez mais difíceis. O bom é que sempre podemos recorrer ao Senhor.

Não podemos ter medo de assumir diante de Jesus nossa falta de fé e pedir que Ele a aumente; isso é sinal de humildade e desejo sincero de mudança. E fé aqui não é apenas crer em Jesus, mas crer também naquilo que Ele pode fazer, visto que Ele realmente pode!

O caso desse filho é uma situação de muito sofrimento não somente para ele, mas para o próprio pai. Não sei se você conhece alguém que sofreu algum tipo de crise epiléptica, é muito doloroso para quem está tendo a crise e desesperador para quem está ali próximo tentando ajudar. Se não se tem um pouco de instrução de como lidar com essa situação, realmente fica difícil fazer alguma coisa. Nesse caso narrado pelo Evangelho, a causa da epilepsia estava vinculada a um ataque do demônio, isso agrava ainda mais a situação para o pai, que, muito provavelmente, tenha sido alvo de zombaria e de desprezo por parte das pessoas que estavam ali apenas para ver o "espetáculo". A atitude de Cristo foi a de libertar o filho e devolver a alegria para o genitor. Jesus agiu de maneira muito respeitosa para com a situação e na verdade o fez porque teve compaixão, viu o sofrimento daquele jovem e de seu pai.

A fé que o Senhor nos exorta a ter é uma atitude de confiança em Deus, e, ao mesmo tempo, uma atitude de misericórdia e de compaixão para com aquele que sofre. Foi por isso que Ele afirmou que alguns demônios só são expulsos pela oração, ou seja, por uma intimidade e confiança em Deus. Quando oramos, depositamos em Deus nossa confiança e cremos que Ele verdadeiramente pode agir e mudar a situação. É também uma atitude de abandono n'Ele.

Esse Evangelho é um verdadeiro convite de Deus para que renovemos nossa confiança e fé n'Ele e também um convite para uma vida de oração mais intensa e verdadeira.

Deus abençoe você e aumente sua fé!

Pe. Clovis

24 de junho de 2008

Juntar vidas é juntar limitações

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Não existe relacionamento maduro sem renúncia

Quando nos aproximamos de alguém e iniciamos qualquer tipo de relacionamento (amizade, coleguismo, namoro, matrimônio, ideais religiosos, etc...), nos aproximamos também de suas fraquezas e frustrações. Quanto mais próxima for nossa convivência, maior será essa constatação, pois teremos um contato muito maior com as limitações da pessoa. Somente pela experiência do amor verdadeiramente autêntico é possível ao ser humano começar a curar suas enfermidades e construir uma história de vida equilibrada. Só o amor verdadeiro pode curar as feridas que trazemos embutidas em nossa vida.

Ao unir duas pessoas, em qualquer relacionamento, o amor une também seus sofrimentos. Juntar vida é juntar limitações. O sofrimento e o amor são as experiências mais íntimas e pessoais que existem. Se o amor revela o lado bonito da vida, o sofrimento está sempre presente para lembrar um lado menos bonito, mais sério e triste. E aqui não se trata de fazermos uma escolha entre amor e sofrimento. Na verdade, essas duas realidades são a manifestação de uma única existência.

Excluir o amor ou o sofrimento da vida é aniquilar-se. Somos modelados pelo amor e pelo sofrimento. Infelizmente, como estamos vivendo num mundo cada vez mais superficial, em que as pessoas buscam as coisas fáceis, instantâneas e descartáveis, queremos fugir de relacionamentos que exigem sacrifícios, renúncia, garra, perdão, recomeço...

Buscamos coisas mágicas. Queremos emoções momentâneas, súbitas, fugazes. Só é bom aquilo que é imediato e não exige esforços. Acontece que tudo que tem essas características são realidades que se dissolvem rapidamente. Do mesmo jeito que chegam, partem. Temos medo daquilo que exige intensificação de forças físicas, intelectuais ou morais para a sua realização. Fugimos daquilo que exige dificuldade e empenho, trabalho e empreendimento. Falta-nos coragem, destemor e valentia. Com isso, quando deparamos com os sofrimentos que existem no amor, queremos idealizar um amor sem sofrimento, uma vida inconseqüente.

Numa vida superficial, na qual falta coragem para lutar, a pessoa perde a garra para levar adiante os relacionamentos que exigem sacrifício. Por isso, muitos se conformam e acabam por abandonar o barco. Uma coisa é certa: sem esforço, garra e renúncia não existe cura para o ressentimento; do mesmo jeito que sem perdão não existe a possibilidade de amar. Não existe relacionamento maduro e equilibrado sem renúncia, perdão e sacrifício.

Relacionamento é algo que não acontece de uma hora para outra. O verdadeiro relacionamento deve ser cultivado todos os dias e a cada dia. Sem esse cultivo, o menor sentimento negativo vira ressentimento e mata o amor.

Artigo extraído do livro "A cura dos ressentimentos"

Pe. Léo

18 de junho de 2008

Qualidade do ato conjugal

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Tão ou mais importante que o ato sexual é a qualidade

No relacionamento íntimo do casal, tão ou mais importante que o ato sexual é a qualidade. Deve ser realizado não como algo mecânico, meramente impulsivo e resultante do instinto, mas como uma entrega mútua de amor entre marido e mulher. Para que seja tal, carece de uma preparação remota, de expressões de respeito e carinho caracteristicamente humanos, sem igual no acasalamento entre espécies animais.

Alguém já comparou a sexualidade masculina ao fogão a gás e a sexualidade feminina a um fogão a lenha. Descontadas as diferenças da comparação, a realidade é que em questão de minutos o homem passa da excitação física à ereção do pênis, à penetração e ao orgasmo. A esposa necessita de mais tempo e de ternura para atingir o clilmax do ato sexual. Somente neste caso a intimidade sexual lhe trará o prazer que é direito seu e vontade de Deus que o acompanhe.

Acontece frequentemente, o fato de somente o marido atingir o prazer ou orgasmo. Esse clímax da união carnal resulta, no homem, de sua excitação, da ereção e penetração do pênis na vagina da mulher. A menos que seja presidido em seus vários momentos, por manifestações de amor, delicadezas e carinho, o ato conjugal será mais sacrifício e uma humilhação que um momento prazeroso para a esposa, o que é direito seu, uma espécie de compensação, tanto por sua entrega ao marido, quanto pelo ônus de uma possível gestação que sempre acaba pesando mais sobre sua pessoa.

Para que isso aconteça, a natureza do homem e da mulher deve seguir o seu curso. Tudo que seja artificial, como o uso de preservativos masculino ou feminino, do condon ou coito interrompido, além de ser antinatural, impede de todo ou diminuem, indevidamente, o prazer no momento da ejaculação e da união física do casal.

Seguindo a intimidade do casal o seu curso natural, ao jogo amoroso preliminar e ao prazer do ato sexual seguem momentos de uma tranqüila paz e felicidade interior de ambos, marido e mulher. Problemas como a disfunção erétil e do desprazer da esposa aconselham uma consulta a um bom sexólogo e ao ginecologista, no caso da mulher.

Sendo o problema de ambos mais físico que psicológico, não será difícil a superação de que impeça a plenitude do prazer na honesta conjunção carnal do homem e da mulher.

Um bom relacionamento sexual do marido e da esposa será mais um motivo felicitante da vida do casal. Deus o quer!

A abstinência sexual é o mínimo de respeito pela pessoa da esposa, além da fidelidade do marido em casos de enfermidade da mulher, no fim da gestação de mais um filho e durante o dia de resguardo após o parto. São dias em que não se justificam nem a masturbação de um ou de ambos e, muito menos, a procura de uma parceira, mulher da vida ou amante. Volto a lembrar a sábia palavra do apóstolo Paulo: "Mas essas pessoas terão tribulações na carne; eu vo-las desejaria poupar" (1 Cor 7,28)

Artigo extraído do livro O casal humano na Sagrada Escrtitura

Video: Sexo oral é pecado?

Dom Amaury Castanho
Bispo emérito de Jundiaí (SP), falecido em 01/06/2006.