19 de março de 2008

O Poder da Fé

A fé é uma dádiva dos céus, que adquirimos pela certeza firmada na palavra de Deus contida na Escritura. É um dom que provém do Espírito Santo e que constitui, juntamente com a diversidade de todos os outros dons, a própria alma e vida da igreja. São os carismas, meios pelos quais, através do Espírito Santo, Deus pode chegar até nos derramando o seu Espírito.

"A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum. A um é dada pelo Espírito uma palavra de sabedoria; a outra uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as doenças no mesmo espírito". (I Coríntios 12,7-9)

Jesus ensinava que acreditássemos na palavra de Deus para que a sua benevolência, a sua graça santificante atuasse dentro de nós. É pela força da fé que recebemos Deus dentro de nos e nos tornamos seus filhos.

"Mas a todos os que receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus; aos que crêem em seu nome". (João 1,12)

É crendo em Deus e na sua presença pessoal e sensível entre nós, após o seu virginal nascimento, que recebemos de Cristo, como homem, a sua palavra. Pela sua paixão e morte de cruz, fomos redimidos, pelo seu sangue e pela ressurreição fomos marcados com a permanência do seu espírito em nós e, fomos remidos em seu amor para que possamos ser contados agora e para toda a eternidade como seus e juntos proclamarmos a glória de seu nome, porque esta é à vontade do pai.

O poder da fé não tem limites: aquele que crê, cumpre a palavra de Deus conforme a Escritura e aceita o convite para seguir o seu caminho, os seus passos, "do seu seio jorrarão rios de água viva".

"Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Aquele que crê em mim conforme a palavra da Escritura: de seu jorrarão rios de água viva". (João 7,37-38)

Há sinal evidente no poder da fé desde o Antigo Testamento, quando Moisés, atendendo ao mandado do Senhor, levantou no deserto a serpente de bronze para proteger e curar do veneno mortífero da serpente abrasadora. Todos aqueles que fossem picados por cobra, contemplando a serpente hasteada viviam, ficavam curados de suas feridas. Esse acontecimento faz alusão à crucificação de Jesus, que no madeiro da cruz foi sacrificado e morto para que fôssemos redimidos pelo seu sangue: e vencendo a morte pela ressurreição foi levado para a glória do Pai.

Com derramamento do seu sangue e pelo perdão de nossos pecados, e pela sua ressurreição. Jesus comprova a sua deidade e o seu grande amor por nós.

"Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem, a fim de que todo aquele que crer, tenha nele vida eterna. A fé é ação de Deus em nossa vida". (João 3, 14-15). Somente buscando a proteção do criador é que encontramos a paz e a salvação.

Não há aflição que o poder da fé em Deus não vença. Cristo nos deixa a sua paz para que, unidos sob as vistas e as bênçãos do Pai, encontremos a comunhão fraterna, a verdadeira razão do nosso viver.

É preciso no entanto termos uma fé perseverante, para que possamos cumprir a vontade de Deus, pois fiquem certos de que todo aquele que nascer de Deus vence o mundo. É essa a vitória do poder da fé.


Adailton Coelho Costa
João Pessoa – PB

Fonte: cancaonova.com

SEMANA SANTA - O Mistério Litúrgico.

O espírito do Tríduo pascal tem sua origem nas linhas mestras da liturgia primitiva. A primeira linha fundamental é a exigência de ligação entre a lembrança da Paixão e da Ressurreição. A morte de Cristo já é sua entrada numa vida nova: a vida do Ressuscitado permanece a vida em que ele entrou superando a morte. Esta unidade dos dois elementos do Mistério pascal indica ao cristão que não pode haver para ele uma vida de união com Cristo, sem morrer primeiramente a tudo o que constitui o velho mundo.

A segunda linha essencial da liturgia pascal se percebe através do exuberante simbolismo das celebrações litúrgicas características do Tríduo sacro.

A morte e a vida do Senhor se realiza novamente no mistério litúrgico. E na nossa participação nesse mistério; participação no mistério que implica em mais profunda morte ao pecado, renovação da nossa ressurreição para a vida da graça , nosso empenho mais firme na realização da nova criação que se vai efetuando, e emprego maior da liberdade espiritual que se torna privilégio nosso.

Uma terceira linha provém das próprias origens da festa pascal. A Páscoa era a festa nacional do povo eleito, lembrança da sua libertação e sua constituição .

Páscoa permanece a festa do povo cristão; festa da sua constituição em povo santo, em sacerdócio real. Não se pode celebrá-la sem tomar mais consciência das características essenciais próprias de um povo de "redimidos": toda a sua vida de caridade e obediência a Deus constitui o culto em espírito e verdade que o Calvário inaugurou.

Para a celebração

O Tríduo pascal segundo os novos livros litúrgicos, começa na tarde da Quinta-feira santa com a Missa na Ceia do Senhor e termina na tarde de Páscoa com as vésperas solenes.
A Sexta-feira santa, em que se celebra a morte do Senhor, e o Sábado santo em que se recorda o repouso de Cristo no sepulcro, são dias "alitúrgicos".

O DOMINGO DE PÁSCOA tem início com a solene Vigília que se desenrola durante a noite: constitui o cume do Tríduo pascal e celebra festivamente, no mistério, a gloriosa Ressurreição do Senhor.

(No Tríduo pascal não são permitidas outras celebrações. Com o Domingo de Páscoa tem início o Tempo pascal).

Na QUINTA-feira santa, além da Eucaristia do Crisma, em que são abençoados "os santos Óleos": dos Catecúmenos, e da Unção dos Enfermos e consagrado o da Crisma (em geral no Brasil, rezada por motivo pastorais, na Quarta-feira santa) é celebrada a qualquer hora da tarde, a Missa na CEIA DO SENHOR que lembra a Instituição da Eucaristia, a primeira Missa da história.

(Na solene Missa canta-se o hino do Glória, durante o qual tocam-se os sinos que, depois permaneceram em silêncio até a Vigília pascal. Não se diz o Creio. Após a Homilia, o celebrante procede ao "Lava-pés", para lembrar o que Jesus fez na última Ceia, num ato de amor e de serviço para com os apóstolos. A Missa termina com a oração da comunhão, à qual segue imediatamente a procissão para a "Transladação do SSmo. Sacramento à uma capela ou altar devidamente preparados).

A solene Liturgia da SEXTA-feira santa é celebrada à tarde, pelas três horas, a não ser que razões pastorais aconselhem horas mais tarde.

Comemoramos os dois aspectos do mistério da cruz, o sofrimento que prepara para a glória da Páscoa e a humilhação e opróbrio de Jesus dos quais promana sua glorificação.

Hoje já é a Páscoa : Cristo que morre na cruz, passa deste mundo ao Pai; do seu lado brota, para nós, a vida divina, passamos da morte do pecado à vida de Deus. Tudo isso o revivemos liturgicamente em três momentos: Liturgia da Palavra com leitura da Paixão, Adoração da Cruz e Comunhão Eucarística.

(Na sexta feira santa "na paixão do Senhor" e, conforme a oportunidade também no Sábado santo até a Vigília pascal, celebra-se a jejum pascal (cf. Const. Apost. Paenitemini,17 de fevereiro de 1966, II,3)).

VIGILIA PASCAL NA NOITE SANTA. Por antiqüíssima tradição, esta é "a noite de vigília em honra do Senhor". A noite pascal é grande sacramento da vida do cristão.Não é vigília mas já é FESTA.

Desenrola-se deste modo: depois de uma breve Liturgia da Luz (primeira parte), a santa Igreja medita as "maravilhas" que o Senhor fez por seu povo desde o princípio, e confia na sua palavra e na sua promessa (Liturgia da Palavra) até o momento em que, aproximando-se o dia da ressurreição, com só seus membros regenerados no batismo (terceira parte ou Liturgia Batismal), é convidada à mesa que o Senhor preparou para seu povo por meio de sua morte e ressurreição (quarta parte Liturgia Eucarística).

A Missa da noite, mesmo que celebrada antes da meia noite, é a Missa Pascal do domingo da Ressurreição.

No DOMINGO DE PÁSCOA há duas Missas: a primeira "na noite santa", e constitui o ápice da solene Vigília Pascal, a segunda "no dia" do Domingo da Ressurreição.(Com o canto do Glória na noite de Páscoa, os sinos retomam seu som festivo; volta também o alegre canto do Aleluia).

NB. A cor das vestes litúrgicas é o Branco na liturgia da Quinta-feira santa, da Vigília Pascal e do Domingo de Páscoa; o Vermelho, na liturgia da Sexta-feira santa e no Domingo de Ramos e da Paixão.

Padre Gian Luigi Morgano

13 de março de 2008

Namoro e noivado: um tempo quente?

Há muitos ganhos nos tempos modernos, ganhos de liberdade de se conversar sobre tudo, de facilidade de orientação, esclarecimento, abertura e menos tabus. Por outro lado, vemos como surgem problemas, exageros, deturpações e desequilíbrios que levam ao desrespeito total.

Os meios de comunicação abriram um leque de possibilidades de informação, mas colocaram também suas idéias secularizadas, seus valores sem consideração pela dignidade da pessoa humana e pelo Evangelho. Chamam a atenção sobre o prazer, sobre uma liberdade que não se compromete, sem nenhuma escala de valores, sem ética, misturando o transitório com os valores perenes. Assim joga a juventude em loucas aventuras pelas quais ninguém se responsabiliza depois.

O desejo de realização pessoal ao lado de alguém deveria levar a pessoa à procura de quem mais se adaptasse a si em seu gênio, em seu modo de pensar, de querer, em seus projetos, trabalhos, cultura, religião etc. E tudo se deve ver e perceber durante o namoro.

Namoro é tempo de mútuo conhecimento e adaptação em que se investe quanto tempo for preciso. Daí nasce à capacidade de comunhão de vida, de ideais e projetos: desenho de uma vida feliz.

Queimada essa etapa, tudo se precipita e dá origem a casamentos malfeitos e sem fundamento. Surgem as inevitáveis divergências que acabam na desculpa mais sem-vergonha que existe: incompatibilidade de gênio.

Essa pressa em fazer tudo antes de ver, analisar, sob a desculpa de que "ninguém agüenta e precisamos saber se nos amamos", apressa e queima qualquer processo de amadurecimento no amor.

E quando já há uma certeza maior do que se quer e de quem ama, vem então o compromisso do noivado, tempo de planejar a vida nos detalhes, nas práticas do dia-a-dia. Aí aprende-se a viver em comunidade e educar-se para essa convivência.

Se dependesse de nós, gostaríamos de dizer aos jovens para não brincarem com os sentimentos dos outros e com seu próprio futuro, que aprendessem a se controlar e não se deixassem dominar pelo que os outros fazem e dizem. Não compensa uma pressa em troca de um casamento com conseqüências para a vida toda.
Amor é gesto de comunhão de vida e ação, em que um se faz presente no outro. Amor é esquecer-se de si e viver para fazer o outro feliz. Amar é olhar juntos na mesma direção.


Texto extraído do Livro: Religião também se aprende - Padre Hélio Libardi (editora Santuário).

10 de março de 2008

A força da oração

Nós sabemos e cremos que tudo é possível para aquele que crê e que tudo pode ser mudado pela oração! No entanto, muitos não conseguem tempo para rezar um terço, para unir a família em oração e para ler a Bíblia. E o pior: Muitas pessoas têm vergonha de Deus! Por isso as coisas vão de mal a pior.

Contudo, para reverter essa situação, tudo vai depender somente de você. Se os outros não querem rezar, disponha-se a fazê-lo e reze você! Nade contra a maré! A Palavra de Deus nos diz que, além dos Anjos de Deus, existe uma multidão de espíritos malignos, de anjos decaídos – que por serem desobedientes e rebeldes – estão também ao nosso derredor. Por isso, irmãos, esta [Palavra de Deus] nos ensina: ''Intensificai as vossas invocações e súplicas. Orai em toda circunstância, pelo Espírito, no qual perseverai em intensa vigília de súplica por todos os cristãos'' (Efésios 6,18).

Não podemos continuar inertes e passivos diante das situações. Isso quer dizer que devemos orar se estivermos alegres ou tristes, com dívidas ou não, desempregados ou bem empregados, chateados ou felizes por causa dos filhos, maridos, chefes; enfim, seja como for, a única coisa que devemos fazer é rezar em todas as circunstâncias. E ''perseverai em intensa vigília de súplica por todos os cristãos'', nestes dias de forma especial.

"De fato, é preciso que perseveres para cumprir a vontade de Deus e alcançar o que Ele prometeu" (Hebreus 10, 36).

Seu irmão,

Monsenhor Jonas Abib

Mulher, Deus precisa de você!

As mulheres precisam confiar em Deus porque, hoje, existe uma verdadeira guerra velada, uma conspiração contra elas. O inimigo, que é o príncipe deste mundo, está conspirando contra elas. Deus quer que você mulher chegue ao máximo, porque o Senhor precisa de você como precisou da Virgem Maria. A Igreja e o mundo precisam de você, é por isso que o inferno articulou toda uma conspiração contra você mulher.

Você não pode dar "bobeira", não pode "cair na cantadinha" do mundo. Deus precisa de você. Seus filhos, seu marido, sua família precisam de você. Fixe o seu coração em Deus, ponha a sua meta em Jesus. E você, mais do que ninguém, precisa dizer "Por hoje não vou mais pecar" e também "Ou santa ou nada", porque a sua família precisa da sua santidade.

Eu posso dizer, sem receio, que, tanto quanto este mundo necessita, Deus também precisa da sua santidade. Você é muito mais do que o sal, a luz e o fermento, dos quais falou Jesus. Por isso, não perca a sua qualidade de "sal", "fermento" e, principalmente, de "luz" para este mundo.

Deus a abençoe, mulher! Não só no dia de hoje, que é o Dia Internacional da Mulher, mas que todos os dias sejam o seu dia de ser mulher.

"Ou santas ou nada"!

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Seu irmão,


Monsenhor Jonas Abib

29 de fevereiro de 2008

Por que os pais não conseguem impor limites aos filhos?

Não é fácil corrigir; seria mais fácil e conveniente dizer sempre 'sim'

As estradas aqui nos Estados Unidos são largas e nelas é possível dirigir em alta velocidade, especialmente as do Estado da Geórgia. Um dia desses, dirigindo em uma delas, observei muitos motoristas ultrapassando o limite de velocidade permitido. Notei também alguns carros no acostamento, que foram parados pela polícia. Aliás, aqui os motoristas são bem vigiados e as infrações são punidas com multas de valores altos.

Diante desse cenário, comecei a meditar sobre qual seria a causa do ser humano ter dificuldades de viver dentro dos limites ou de cumprir o que lhe é imposto. Poderia analisar vários fatores, mas vou me deter nesta causa de suma importância: a falta de limites na educação dos filhos.

Na nossa infância, será que nos determinaram os limites necessários? Infelizmente, há muitos pais que estão criando "reis" e "rainhas" dentro de casa e se colocando como seus súditos, pois não têm tempo nem disposição para ditar as regras da casa, então quem manda são os filhos. Alguns fatores apontam as causas da falta de limites na educação das crianças de um modo geral, destacando os valores morais e religiosos que sumiram da sociedade moderna. Outro aspecto importante é a ausência dos pais na vida da criança, em virtude da carga horária dedicada ao trabalho, deixando a educação dela aos cuidados da escola, desde os primeiros momentos, nas creches e nas instituições educacionais. Esta omissão na educação gerou um sentimento de culpa nos pais, que, para compensar, acabam sendo permissivos em demasia com os seus filhos.

É de suma importância o "não" dos pais, assim o filho aprende que na vida nem sempre será feita a sua vontade e que ele precisa atingir a maturidade na idade adulta; caso contrário será uma eterna criança mimada. Aliás, existe por aí muita criança tentando educar crianças; quando surge um problema sério, esses pais querem fugir dele. Uma criança não sabe decidir com juízo, nem o que é melhor para ela. Nem tudo o que queremos é o melhor para nós. Lembro que o meu filho mais velho, ao chegar na adolescência, não queria mais ir à Santa Missa, querendo fazer "corpo mole", colocando dificuldades ou procurando justificativas. Meu marido e eu decidimos e comunicamos a ele, com firmeza, que ele teria de ir todos os domingos, sem exceção. E embora fosse de cara amarrada, descontente, muitas vezes, ficando no último banco da igreja, o problema foi cortado pela raiz, antes que se transformasse numa situação trágica. Hoje, nos alegramos por ter um filho fiel a Deus e que trabalha para a construção de homens novos para um mundo novo, pois ele e a sua linda esposa são funcionários da Canção Nova, em Cachoeira Paulista, SP.

"Ensina à criança o caminho que ela deve seguir: mesmo quando envelhecer, dele não se há de afastar" (Pv 22,6). Não é fácil corrigir e dizer "não", seria mais fácil e conveniente dizer sempre "sim", pois quem diz "não" se expõe e, muitas vezes, atrai sobre si a ira do outro. Quem corrige, mesmo querendo o bem do outro, corre o risco de ser mal interpretado, contudo, demonstra um grande amor e cuidado com o outro. Só quem nos ama nos diz "não". Para educar é preciso esforço, dedicação, perseverança, paciência…, sobretudo, amor. Quem nos ama, os que sinceramente se interessam por nós, não têm medo de nos dizer a verdade e de nos corrigir. Se você não consegue impor limites aos seus filhos, não desanime. É preciso tentar, começar, recomeçar… sempre é tempo de recomeçar! Confie em si mesmo, peça o Dom da Sabedoria ao Espírito Santo e mude, assumindo as responsabilidades e transmitindo os valores morais e religiosos aos seus filhos. Mais tarde eles vão lhe agradecer, tenha certeza.

Deus abençoe a nossa árdua e difícil missão de educar e formar os nossos filhos.

Foto Marina Adamo
marina@cancaonova.com
Marina Adamo é missionária da Comunidade Canção Nova, atualmente na Casa de missão do Georgia, USA. É autora do livro "Nínive ou Társis? Como escolher um caminho seguro", da Editora Canção Nova. Blog: http://blog.cancaonova.com/marinaadamo

Vida: a difícil escolha!

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Quem quiser salvar sua vida, a perderá.

À primeira vista, a Campanha da Fraternidade deste ano parece nos apresentar uma opção muito simples. Quem não está disposto a escolher a vida?

Mas, não é bem assim! Para entrar no caminho da vida é preciso tomar o acesso verdadeiro. Caso contrário, enveredamos pelo caminho da morte, muitas vezes sem retorno.

Se não percebemos a complexidade desta escolha, que precisa ser feita com conhecimento de causa e com discernimento, corremos o risco de ficar na superficialidade, e o que é pior: acabar contrariando a verdadeira causa da vida.

O apelo do Deuteronômio, no Antigo Testamento, parece ser de uma clareza meridiana: Deus coloca diante de nós dois caminhos, um de morte, e outro de vida, com a sensata recomendação para escolher o caminho da vida: "Escolhe, pois, a vida!".

No Novo Testamento, Jesus nos alerta de que esta escolha não é tão fácil. Inclusive pode ser equivocada e trágica. Pensamos estar escolhendo a vida, e, na verdade, entramos no caminho que leva para a morte.

São palavras d'Ele: "Quem quiser salvar sua vida, a perderá. E quem perder sua vida por causa de mim, a salvará" (Lc 9, 23-24).

O que Jesus nos quer dizer com esta advertência? Sem dúvida, Ele nos faz pensar nos equívocos que podemos estar cometendo, quando fazemos nossas opções de viver. Pois aparentemente os caminhos que levam para a frustração da vida, começam com aparências de verdade, e com ofertas de abundâncias e exuberâncias. Feita a escolha equivocada, muitas vezes não há mais retorno.

A realidade hoje está cheia de exemplos, infelizmente corriqueiros, que mostram o desfecho trágico de pessoas que se equivocaram em procurar a vida, entrando pelo caminho insidioso das falsas aparências.

Quantos jovens morrem, por exemplo, vítimas de acidentes. Vai se conferir, estavam bêbados. Morreram porque foram imprudentes, dirigindo embriagados. Onde começou o erro? Dá para flagrar um erro grave no fato de dirigirem embriagados. Mas a causa principal vem antes. Existe um erro anterior, pior que este. Quem disse que se embriagar é optar pela vida?

Mas, se conferimos melhor, percebemos que o erro começou ainda antes. Entrou pela mentalidade equivocada que foi se implantando na mente, oferecida com insistência pela sociedade envolvente, que propõe abertamente contra valores, que acabam sendo impostos pela força dos costumes, diante dos quais as famílias desistem de reagir , e as pessoas sucumbem vencidas.

Pois bem, não basta proibir que um bêbado pegue o volante. Há erros que precisam ser corrigidos bem antes.

Assim podemos entender como entram os equívocos na vida das pessoas. Achamos que o erro está na causa imediata que precede a tragédia. Não. Os erros começam antes.

Quando uma sociedade propaga a banalização do sexo, quando as instituições sociais incentivam a promiscuidade, quando a política tolera a corrupção, quando a economia produz acúmulos injustos e misérias imerecidas, quando a cultura propaga leviandades e irresponsabilidades, quando o Estado se omite diante de suas obrigações públicas, quando a Igreja deixa de profetizar, fica pavimentado o caminho da morte, mesmo que em sua fachada se proclame com solenidade a opção pela vida!

Esta campanha nos faz um sério alerta, parecido com o de Cristo: "nem todos os que me dizem 'Senhor, Senhor", entrarão no reino de Deus".

Nem todos os que se declaram a favor da vida estão a serviço dela!

Dom Luiz Demétrio Valentini
Bispo de Jales - SP