29 de julho de 2022

A amizade é um dom do amor

"Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos,
pois o servo não sabe o que faz o seu senhor." (Jo 15,14-15)

O próprio Cristo ensina o que é a amizade: uma relação de proximidade entre as pessoas, em que uma conhece em profundidade a outra. O amigo não é um mero conhecido, pois Ele ama como Jesus amou.

A amizade é um dom do amor. Surge sem escolha e, muitas vezes, une pessoas completamente diferentes. Quem ama respeita, compreende e admira o que há de diferente e especial no outro. Amizade verdadeira não sufoca, não oprime, mas constrói, potencializa, engrandece. O verdadeiro amigo fala a verdade e também corrige quando é necessário.

Todos nós precisamos de amor puro uns dos outros. Fomos criados para amar e receber amor. Precisamos do amor puro dos amigos. Quem sobreviveria sem eles? Esses revelam o que há de melhor em nós. Quando ocorrem os sofrimentos, desafios e tensões da vida, o amigo nos oferece seu suporte e atenção. O amigo verdadeiro não alimenta nossas carências e paixões ilusórias, mas nos ajuda a olhar com serenidade e equilíbrio os momentos mais difíceis em nossas vidas. Chora junto e se alegra junto.

Créditos: Prostock-Studio by Getty Images/cancaonova.com

Deus nos oferece Sua amizade

O Senhor, nosso melhor amigo, chama-nos de amigos. Mesmo sendo Deus, torna-nos Seus amigos, oferece-nos a Sua amizade. O Senhor define a amizade de uma dupla forma. Não existem segredos entre amigos: Cristo nos diz tudo quando ouve o Pai, oferece-nos a Sua plena confiança, revela-nos o Seu rosto, o Seu coração; mostra-nos a Sua ternura por nós, o Seu amor apaixonado que vai até a loucura da cruz. Fez de nós amigos. E nós, como respondemos? O que Ele nos ensina é perdoar, acolher, compreender, dialogar com o nosso irmão e irmã, sobretudo quando algo não vai bem.


O segundo elemento, com que Jesus define a amizade, é a comunhão das vontades. "Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando", ressalta Jesus. Nós somente seremos amigos de Jesus se amarmos como Ele nos amou, se passarmos por este mundo fazendo o bem como Ele fez.

Nessa comunhão de vontade, realiza-se a nossa redenção: ser amigos de Jesus nos torna amigos de Deus. Se, muitas vezes, tornamo-nos parecidos com nossos amigos em ideias e comportamentos, mais ainda nos tornamos semelhantes a Cristo quando nos aproximamos d'Ele.

Quanto mais amamos Jesus, quanto mais O conhecemos, tanto mais cresce a nossa verdadeira liberdade, cresce a alegria e realização de sermos remidos, de sermos pessoas novas em Cristo.



Gracielle Reis

Gracielle Reis é missionária da Comunidade Canção Nova, sendo segundo elo, na missão de Portugal.

Carioca, jornalista pela Universidade Federal Fluminense (UFF): Bacharel e Licenciada em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ): e pós-graduação em Logoterapia, pela Associação de Logoterapia Viktor Emil Frankl (ALVEF).

Atualmente, jornalista na TV Canção Nova, em Portugal.

Em trabalhos com mulheres e famílias, também é instrutora do Método de Ovulação Billings e Consultora de Imagem, Estilo e Coloração Pessoal.

E-mail: graciellereis@gmail.com

Instagram: @gracielledasilvareis [https://www.instagram.com/gracielledasilvareis/]

Facebook: Gracielle Reis


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/amizade/amizade-e-um-dom-amor/

27 de julho de 2022

Qual sentido estamos dando a cada área da nossa vida?


O valor do homem está naquilo que ele é, não naquilo que faz ou tem. Na essência do seu ser, ele herdou do seu Senhor inteligência, liberdade, vontade, sensibilidade e consciência. "Na intimidade da consciência, o homem descobre uma lei. Ele não a dá a si mesmo, mas a ela deve obedecer" (Gaudium et Spes, n.16).

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz: "Uma consciência bem formada é reta e verídica. Formula seus julgamentos seguindo a razão, de acordo com o bem verdadeiro querido pela sabedoria do Criador. A educação da consciência é indispensável aos seres humanos submetidos às influências negativas e tentados pelo pecado a preferirem o próprio juízo e a recusar os ensinamentos autorizados". A educação da consciência é uma tarefa de toda a vida, "garante a liberdade e gera a paz do coração" (CIC 1783).

Não há dúvida de que a liberdade é um dos mais belos dons que Deus nos concedeu. Quando nos criou, o Senhor nos amou tanto, que nos deixou livres para acolhê-Lo ou recusá-Lo. A liberdade caminha de mãos dadas com a responsabilidade; sem esta, o que era liberdade passa a ser escravidão. "O progresso na virtude, o conhecimento do bem e a ascese aumentam o domínio da vontade sobre seus atos" (CIC 1734). "O exercício da liberdade não implica o direito de dizer e fazer tudo. É falso pretender que o homem, sujeito da liberdade, baste a si mesmo, tendo por fim a satisfação de seu próprio interesse no gozo dos bens terrenos" (CIC 1740).

Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com

A chave para o sentido é a abertura do homem, que consiste em se voltar para a vida

O homem recebeu de Deus o poder de decisão (cf. Eclo 15,14), mas também recebeu a graça para que possa se decidir pelo bem e buscar a sua essência, que é o amor. A liberdade não é dos escravos, mas dos filhos. "Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres" (Jo 8,35). Sedento de liberdade, precisa o homem moderno compreender que a verdadeira liberdade encontra-se somente em Cristo. Tanto mais livre é o homem, mais ele é capaz de escolher e fazer o bem.

"O homem procura sempre um significado para sua vida, está sempre se movendo em busca de um sentido de seu viver" (Victor Frankl). O sentido não pode ser dado. Os pais não podem prescrever ao filho o que é sentido, nem o chefe ao seu empregado, nem o médico ao paciente. O sentido, pois, como resposta à pergunta "para quê?" ultrapassa os limites estreitos em direção a uma conexão (próxima) maior, a partir da qual ele [sentido] possa ser entendido. Para a compreensão do sentido é importante somente a compreensão de nós mesmos. (Quem sou eu?).

A chave para o sentido

O sentido para todos os tempos, este é impossível de aprendermos. O sentido para a nossa vida, este nós não possuímos. O que se entende por sentido é sempre uma possibilidade a ser apreendida e realizada de modo concreto, que possui o sentido concreto. Ele sempre vai ao nosso encontro sob a forma de situações de vida concretas.

A chave para o sentido é a abertura do homem, que consiste em se voltar para a vida. A primeira coisa a ser abordada é a visão ontológica do homem. O que é o homem? Pessoa, filho de Deus, esposo, pai/mãe, profissional. Essa escala de valores, muitas vezes, está desestruturada ou desregulada.


Para que nos encontremos com Deus, precisamos nos encontrar no pessoal. Encontremos a maneira com que nos colocamos como colaboradores de Deus na missão de diretamente cuidar de alguém no amor, esse amor que gera em cada pessoa uma terceira. Para que possamos construir uma sociedade melhor, busquemos ter uma missão-profissão.

Qual sentido estamos dando a cada área da nossa vida? O que pesa mais hoje? Como podemos colocar cada coisa no seu devido lugar? Queremos ajuda? Temos coragem de pedir?



Padre Anderson Marçal

Anderson Marçal Moreira é padre da Igreja Católica Apostólica Romana. Natural da cidade de São Paulo (SP), padre Anderson é membro da comunidade Canção Nova desde o ano 2000. No dia 16 de dezembro de 2007, foi ordenado sacerdote. Estudou Teologia Pastoral Bíblica-Litúrgica na Universidade Salesiana de Roma. Autor de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/qual-sentido-estamos-dando-a-cada-area-da-nossa-vida/


25 de julho de 2022

Perdoar é um caminho seguro de cura para a nossa vida

Todos nós, em algum momento da nossa vida, cometemos erros. Por muitas vezes, são erros difíceis de perdoar, mas não há ninguém que não mereça o perdão e uma nova oportunidade.

Neste momento, convido você a abrir o seu coração para perdoar a todos, até mesmo os seus inimigos e também aqueles que não lhe perdoam ou ainda aqueles que fizeram algum mal a sua família.

Perdoando que se é perdoado

É preciso perdoar para também ter a graça de receber o perdão, ou seja, perdoar é ser libertado das coisas ruins, das amarras e ter o poder de mudar o rumo da nossa história. A paz se conquista sem rancor e sem ressentimentos.

Que consigamos entregar ao Senhor tudo aquilo que é mágoa, rancor, ódio e revolta, sentimentos ruins que se encontram em nossos corações. Entreguemos também a Jesus tudo aquilo que é motivo de dor e padecimento, causados pelas traições, rejeições e humilhações. Entreguemos a Ele tudo o que aconteceu conosco ou que tenha ocorrido com a nossa família, e por conta dessas coisas, os sentimentos de rancor, vingança e ausência do perdão começaram a habitar nossos corações. Que o Senhor possa lavar o nosso coração, livrando-os de todas essas situações, pois Sua palavra diz que devemos perdoar setenta vezes sete, ou seja, infinitamente.

Perdoar é um caminho seguro de cura para a nossa vida

Foto Ilustrativa: AntonioGuillem by GettyImages / cancaonova.com

Acreditem, meus irmãos, a nossa vida só seguirá em frente quando estivermos capacitados para libertar-se daquilo que nos faz mal, sobretudo, a falta de perdão.

Não perdoar adoece a alma e o corpo

Libere o perdão, porque a falta desse gesto traz muitos problemas para nós mesmos. Quando não damos o perdão, a mágoa fica dentro de nós, e o nosso coração começa a corroer os nossos sentimentos, fazendo com que nos tornemos pessoas frias e rancorosas.

Muitas vezes, a mágoa gera problemas de saúde, e não encontramos a cura para a doença do nosso corpo e da nossa alma. Muitas doenças físicas como úlcera, gastrite, problemas na coluna, depressão, doenças ocultas e espirituais, sentimentos de incapacidade, inferioridade, inexistência, morte e pânico, na maioria das vezes, nascem por causa da falta de perdão.

Peçamos ao Senhor para quebrar todas as raízes dessa mágoa que causa sofrimento, dor e humilhação, seja na vida matrimonial ou familiar, na vida profissional com os colegas de trabalho; na Igreja, na comunidade e na obra missionária que participamos. Peçamos também por aquelas pessoas que nos ofenderam com palavras, atos e ações de ofensas físicas ou morais.

Que o Senhor possa quebrar toda a resistência em dar o perdão, isso tem sido uma brecha por onde o inimigo tem atacado. É importante rezar e pedir a graça de perdoar, porque foi Jesus quem nos ensinou que devemos perdoar: "Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem".

Perdoar é seguir os ensinamentos de Deus

Errar é humano, mas perdoar é divino! Desse modo, devemos dar o perdão sempre; e lembremos de que, quando rezamos o "Pai-Nosso", pedimos a Jesus para perdoar as nossas ofensas, assim como perdoamos as pessoas que têm nos ofendido.


Necessitamos rezar por aqueles que precisam perdoar alguém, pedir ao Senhor para inflamar o fogo do Seu divino amor em cada filho; e que, por meio do perdão, tenhamos uma união mais profunda com Deus. Abramos nossos olhos para uma nova visão. Ajude-nos, Senhor, a enxergar as áreas que estão na escuridão por conta da falta de perdão.

Rezemos por aqueles que precisam de perdão

Por esse perdão que estamos pedindo ao Senhor, que Ele possa providenciar a cura de todo o mal, doenças e enfermidades, sentimento de dor, humilhação, sentimento de inferioridade e medo. Deus não permitirá que nenhum filho permaneça na escuridão. Peçamos que a luz divina venha com a Sua graça dissipando as trevas das nossa vida.

Que o Senhor revele todas as áreas de perdão, amargura, ressentimento, ódio e raiva, quebrando todas as raízes da falta de perdão. Sejam elas provenientes dos antepassados ou dos dias de hoje, porque queremos dar o perdão para sermos livres, e para que ninguém da nossa família venha a sofrer.

Reze esta oração

Senhor Jesus, nesse momento, quero perdoar, de todo coração, todas as pessoas da minha linhagem de família que permitiram que o mal se instalasse na minha árvore genealógica. Perdoou todos aqueles que não se arrependeram e quiseram persistir no seu pecado. Perdoou, de todo o coração, todos os meus ancestrais que tenham feito qualquer pacto, compromisso ou consagração com o inimigo, comprometendo a sua vida, da sua família e a linhagem genealógica.

Sim, Senhor, perdoo todos os meus ancestrais, os quais permitiram que o mal viesse a instalar-se na minha história, na minha família, assim perdoo todos que, de alguma forma, prejudicaram ou tenham lançado uma maldição contra a linhagem da minha família.

Eu perdoo e abençoo. Digo, em Nome de Jesus, que renuncio todo o rancor, mágoa, ressentimento e ódio, que estejam instalados na minha árvore genealógica. Se, de algum modo, eu desejei mal para alguém, e com isso, por não perdoar, eu o prejudiquei, peço ao Senhor que abençoe essa pessoa dez vezes mais, provendo e restituindo sobre sua vida e família tudo o que causei de prejuízo por guardar mágoa e ressentimento.

Não sofra e perdoe de coração

Os teus inimigos, as pessoas que causaram esse ressentimento, essa mágoa, essa falta de perdão no seu coração merecem o teu sofrimento? Será que eles merecem o seu sofrimento? Certamente, eu respondo por você, e Deus diria a mesma coisa: eles não merecem o seu sofrimento.

Então, por que sofres por causa deles? A Palavra de Deus é clara: quando não perdoamos, carregamos o fardo, o veneno e a brecha aberta para que o inimigo de Deus possa entrar e fazer estragos terríveis em nossa vida, nos nossos relacionamentos, família e amigos. Tomemos uma decisão agora e perdoemos a todos, por todo o mal que fizeram contra nós e nossas famílias.

Perdoar não é esquecer dos fatos, mas sim não guardar ódio e o desejo de vingança. Perdoar não quer dizer que terá que conviver com aqueles que lhe feriram, mas é deixar que eles sejam livres para também se arrependerem de tudo o que fizeram. Contudo, não permitamos que nós e nossas casas paguem pela falta de perdão.



Ironi Spuldaro

Ironi Spuldaro é Membro do CAE (Comissão de Ação Evangelizadora) da diocese de Guarapuava. Membro do conselho diocesano, estadual e nacional da RCC (Renovação Carismática Católica) movimento do qual participa desde 1987. Ironi exerce o ministério de pregação em todo o Brasil e em outros países, como Argentina, Paraguai, Bolívia, Estados Unidos, Itália, Coréia do Sul, Inglaterra e Suiça. Fundador da Missão Há Poder de Deus, escritor e apresentador do Programa Há Poder de Deus.

Site: www.ironispuldaro.com.br


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-e-libertacao/perdoar-e-um-caminho-seguro-de-cura-para-a-nossa-vida/

22 de julho de 2022

Um bom líder precisa aprender o jeito certo de ouvir e falar

A primeira virtude fundamental para o líder amoroso é a capacidade de comunicar-se. Não basta fazer barulho como um sino, é preciso aprender o jeito certo de ouvir e falar a língua dos homens, das mulheres, das crianças, dos ricos, pobres e até dos anjos.

O líder arrogante imagina que sabe tudo sobre o seu produto e sobre o seu negócio, e está sempre disposto a dar uma resposta. Ele tem muita dificuldade para fazer perguntas. Monopoliza o tempo das reuniões com intermináveis discursos. Seu orgulho é o princípio de sua mediocridade, pois quem pensa que tudo sabe não tem espaço para aprender mais e fica escravo de sua própria ignorância.

O líder amoroso é humilde, está disposto a aprender sempre mais e tem o hábito de fazer muitas perguntas, mesmo aos que sabem menos do que ele. Quem ama ouve respostas, aprende lições, pergunta o porquê. Sua humildade é o princípio da sua sabedoria, pois quem sabe que não sabe abre espaço na mente para saber sempre mais. A maioria de nós sabia disso quando era criança, pois vivíamos perguntando o "porquê" disso ou o "porquê" daquilo.

Um bom líder precisa aprender o jeito certo de ouvir e falar

Foto Ilustrativa: fizkes by Getty Images / cancaonova.com

Um bom líder precisa voltar a ser criança

Há uma história da minha infância de menino perguntador. Meu pai, certa ocasião, teria perdido a paciência devido à insistência de perguntas sobre como funcionava quase tudo e acabou desabafando:

– João, pare de tanto por quê!

Dizem que minha resposta foi rápida e fulminante:

– Mas por que, pai?


Infelizmente, crescemos e desaprendemos as lições que a natureza havia carimbado em nossa alma. Talvez, seja por essas e outras que Jesus disse que é preciso ser criança para ganhar o céu. Fico impressionado com a facilidade delas de aprender idiomas. O líder comunicativo precisa voltar a ser criança se quiser aprender os mais diversos tipos de linguagens, inclusive os idiomas. Só aprendemos se ouvimos e falamos – de preferência bastante errado – como as crianças. Adultos silenciosos, diante de uma gramática, podem decorar todas as regras, mas não articularão uma frase com espontaneidade na língua que se esforçam para aprender. Crianças de três anos, na Alemanha, já se comunicam naquele difícil idioma com seus pais. Experimente estudar três anos para ver se fala como uma delas!

Quanta sabedoria pode estar escondida em nossa infância perdida! Teremos conserto ou estamos condenados a sermos cada vez mais adultos? Quem sabe possamos reaprender as lições esquecidas começando pelo bê-á-bá: fazendo perguntas!

(Extraído do livro "As sete virtudes do líder amoroso")



Padre Joãozinho, SCJ

Padre da Congregação do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos), doutor em Teologia, diretor da Faculdade Dehoniana em Taubaté (SP), músíco e autor de vários livros. Autor de livros publicados pela Editora Canção Nova.

http://blog.cancaonova.com/padrejoaozinho/


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/um-bom-lider-precisa-aprender-o-jeito-certo-de-ouvir-e-falar/

20 de julho de 2022

Quero aprender a orar. O que eu faço?

Quando manifesto o desejo de aprender a orar, presume-se que há um ato de vontade e uma predisposição para tal, isso é essencial para aprender a orar. Tendo por base o Catecismo da Igreja Católica, é preciso dar sentido ao que se almeja alcançar. Para tal, é importante recordar que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (cf.: Gn 1,27). O homem ocupa um lugar único na criação: é "à imagem de Deus"; na sua própria natureza, une o mundo espiritual e o mundo material; foi criado "homem e mulher"; Deus estabeleceu-o na sua amizade" (CIC 355). "Criados por Deus, e para Deus, é preciso estabelecer crescente comunhão e unidade com Ele, pois Ele é o princípio e o fim último da criação" (CIC 294).

O ato de orar é reconhecer a necessidade de manter o vínculo com a nossa origem, é restabelecer a nossa amizade com Deus. Isso é vital. "Desde o começo da sua existência, o homem é convidado a dialogar com Deus: pois se existe, é só porque, criado por Deus por amor, é por Ele, e por amor, constantemente conservado" (CIC 27). Dialogar é uma forma de relacionar-se com alguém, de expressar-se. Então, orar é relacionar-se com Deus, ou seja, uma relação entre duas pessoas, uma humana e a outra divina.

Para orar é preciso ir ao encontro, é colocar-se na presença de Deus, estar aberto a Ele numa atitude de escuta para o que Ele vai nos falar: "O Senhor veio, pôs-se junto dele e chamou-o como das outras vezes: 'Samuel! Samuel!'. E ele respondeu: 'Fala, que teu servo escuta'" (I Sm 3, 10). A iniciativa primeira é d'Ele. A oração é o encontro da sede de Deus com a nossa. "Deus tem sede de que nós tenhamos sede d'Ele"(CIC 2560).

A oração inicia-se quando nos colocamos totalmente disponível para o Senhor. Se temos dificuldade para escutar, essa verdade poderá ser a nossa primeira súplica: "Dá, pois, a teu servo, um coração que escuta" (I Rs 3, 9).

Quero aprender a orar. O que eu faço

Foto Ilustrativa: Liubomyr Vorona by GettyImages / cancaonova.com

Orar é um ato que vem do coração

"De onde procede a oração do homem? Seja qual for a linguagem da oração, os gestos e palavras, é o homem todo que ora. Mas para designar o lugar de onde brota a oração, as Escrituras falam às vezes da alma ou do espírito ou, com mais frequência, mais de mil vezes que brota do coração. É o coração que ora. Se ele estiver longe de Deus, a expressão da oração será vã" (CIC 2562).

É pela escuta que brota em nosso coração e do mais profundo da alma uma resposta a Deus de confiança, de louvor, de gratidão, de silêncio, de súplica, de angústias: "Até quando na minha alma experimentei aflições, tristeza no coração toda hora?" (Sl 13,3). Deus nos fala e respondemos a Ele de modo mais sincero e autêntico e estabelece-se um diálogo fecundo, com disposição de obedecê-Lo com a nossa vida.


O que são oração vocal, meditação e contemplação?

Na oração vocal, pela sua Palavra, Deus fala ao homem. É nas palavras, mentais ou vocais, que a nossa oração toma corpo. Ela é fundada na união do corpo e do espírito na natureza humana, associa o corpo à oração interior do coração. É importante recordar que, a Igreja convida os fiéis para uma oração regular: orações quotidianas, Liturgia das Horas, Eucaristia dominical, festas do ano litúrgico.

A meditação é uma busca orante em que se usa o pensamento, a imaginação, a emoção, o desejo e a confrontamos com a realidade da nossa vida. A contemplação é a expressão simples do mistério da oração. É um olhar de fé fixo em Jesus, uma escuta da Palavra de Deus, um amor silencioso. Então, o que fazer? Para orar é preciso querer, reservar um tempo, ir ao encontro de Deus com disposição total de escuta ativa do que Ele vai nos falar para obedecê-Lo.

Ouça a Deus!

Para os que desejam iniciar a vida de oração, comece pela escuta atenta e ativa durante a Santa Missa. As orações, canções,  Liturgia e palavra pós-comunhão são momentos fortes que nos favorecem à comunhão com Deus.
Para oração diária, comece reservando durante o dia pelo menos 15 minutos do seu tempo para colocar-se na presença de Deus, num lugar favorável para orar, longe dos barulhos externos, tal atitude é preciso para acalmar também os barulhos interiores.

Observe como você se encontra e segue a intuição do coração, se for preciso apresentar a Deus tudo que está no coração, faça-o com palavras espontâneas. Mas se ainda não consegue expressar o que vive, comece pelas orações da Igreja: jaculatórias; Ave-Maria; Pai-Nosso; ore a Palavra: os Salmos, o Magnificat etc., ou, apenas permaneça em silêncio, deixando apenas correr as lágrimas.

Porém, é preciso exercitar o silêncio para ouvir a Deus que nos fala; se precisar, peça a Ele o dom de ouvir. Tenha paciência! Orar exige decisão, disposição total, tempo, disciplina e, desse modo, vamos crescendo e amadurecendo na amizade e comunhão com Deus.

Referências:

Bíblia CNBB online – https://blog.cancaonova.com/metanoia/biblia-sagrada-edicao-cnbb/
Catecismo da Igreja Católica – http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p1s1c1_26-49_po.html



Nilza e Gilberto Maia

Nilza e Gilberto Maia são casados, jornalistas e missionários de dedicação integral na Comunidade Canção Nova.

Nilza é membro da comunidade desde 1999; e Gilberto, desde 2000. Nilza é graduada em Comunicação Social pela UFMT e pós-graduada em counseling pelo IATES/Curitiba. Gilberto também é counselor pelo IATES/Curitiba e graduado em Gestão Comercial.

Ambos atuaram em suas próprias paróquias nas pastorais, movimentos e ações sociais. O casal viveu em Portugal por sete anos, onde realizaram a missão diretamente no Santuário de Fátima, através de transmissões diárias, para a TV, da Eucaristia e da Oração do Rosário da Capelinha das Aparições.

O casal é autor dos livros publicados pela Editora Canção Nova. Atua também no apostolado como anunciadores da Palavra de Deus, e na formação e acompanhamento de casais.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/quero-aprender-a-orar-o-que-eu-faco/

18 de julho de 2022

É possível perdoar a partir do sofrimento e das injustiças?

Uma de nossas reações mais comuns diante do sofrimento é a busca de justificativas e culpados para tais situações.

Não é fácil lidar com a dor, mais difícil ainda é enfrentar perdas e injustiças. Qual o pai que, ao perder seu filho em um assassinato, não ficará revoltado? A dor humana é compreensível e não pode ser pormenorizada, porém, precisamos aprender a trabalhá-la em nós.

É possível perdoar a partir do sofrimento e das injustiças

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

É possível perdoar a partir do sofrimento e das injustiças?

Diante da injustiça, a mágoa e a revolta são consequências reais, contudo, a história nos revela que tais realidades são apenas consequências e não remédio.

A violência sempre gera somente mais violência, desencadeando assim um gradativo processo de disseminação do ódio, o qual nunca encontrará o seu final.

Mas como dar um fim a esse processo?

Para a violência se ausentar, é necessário que haja consciência de que um dos lados precisa ceder, perdoar.

Somos muito orgulhosos em consequência do pecado original enraizado em nós, e, por vezes, contemplamos as situações somente a partir do ângulo de nossas próprias razões. Nunca queremos dar o braço a torcer, e sempre queremos ter a razão, e, muitas vezes, a temos mesmo. Porém, "amar significa perder para ganhar", perdoar é superar a própria razão por uma realidade mais nobre.


Por mais injustiçados que já tenhamos sido, a atitude mais racional diante de tal situação é o perdão. A mágoa nos torna pequenos e empobrecidos, além de nos causar inúmeras enfermidades de acordo com muitos dados científicos.

O portador do ódio é sempre o mais prejudicado. Quando estamos magoados, pensamos na pessoa que nos causou essa mágoa durante 24 horas por dia, e acabamos por "aprisioná-la" dentro de nós. Aquele que alimenta o ódio enxerga somente a si mesmo, o seu sofrimento, fragmentando a própria existência e deixando de lado outras realidades essenciais.

Perdoar traz paz

Quem vive magoado não tem qualidade de vida, não tem paz. Perdoar é extinguir a trama de significações que o ódio produz em nós, e libertar-se para descobrir a beleza até mesmo na desventura.

Sei que em determinadas situações o perdão não é coisa fácil, porém, perdoar é questão de decisão e não de sentimento. A graça de Deus não nos desampara, ela está sempre pronta a auxiliar aqueles que querem verdadeiramente viver a reconciliação.

Não perca mais tempo, liberte-se da mágoa, porque existe muita vida para se viver, e muita alegria para se conquistar. Coragem!



Padre Adriano Zandoná

Padre Adriano Zandoná é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em Filosofia e Teologia, tem seis livros publicados: Construindo a Felicidade, Curar-se para ser Feliz, Conquistando a Liberdade Interior, 7 Passos para Restaurar sua Família, A Cura da Alma Feminina e Como Controlar e Vencer a Ansiedade. Dois quais 2 foram traduzidos para o inglês. Gravou quatro CDs pela Gravadora Canção Nova. Apresenta o programa Para ser Feliz ao vivo pela TV Canção Nova (em rede nacional), todas as terças às 20h. É membro da Direção Artística da TV Canção Nova, em Cachoeira Paulista.

Twitter: @peadrianozcn
Facebook: PadreAdrianoZandonaOficial
Instagram: @padreadrianozandona


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/e-possivel-perdoar-a-partir-do-sofrimento-e-das-injusticas/

15 de julho de 2022

Diante da crise de fé de um jovem, como podemos ajudá-lo?


Em algum momento, todos nós já atravessamos crises de fé e duvidamos da ação e da presença de Deus em nossa vida.

Esses sentimentos e essas crises vão criando um abismo dentro de nós, e em vez de, na crise, nos aproximarmos de Deus, vamos nos afastando cada vez mais d'Ele e deixando que, no fundo, a crise que nos faria crescer e nos levaria para junto d'Ele, na verdade, vai nos levando para um abismo sem saída.

Penso que todas as crises são boas e necessárias. Assim como existe a famosa crise da adolescência, também existem crises de fé, que possuem um único objetivo: tornar sua fé mais forte, mais firme e mais consciente.

Penso que as crises são supernormais, e por isso devemos olhar para elas com normalidade, com atenção, mas muito mais como uma oportunidade de crescimento.

Diante da crise de fé de um jovem Como podemos ajudá- lo

Foto ilustrativa: globalmoments by Getty Images

A juventude também é um tempo de crise

É próprio porém nos jovens que essas crises de fé sejam mais intensas e mais recorrentes devido à natureza "revolucionária e questionadora" que existe neles.

Penso que a primeira atitude a ter é de escuta atenta. Dom Bosco dizia: "Não basta amar os jovens, é preciso que eles saibam que são amados".

Nossas atitudes são capazes de revelar esse amor. Num momento de crise, é fundamental uma escuta atenta.

Depois de escutar o jovem e escutar tudo que povoa seu coração, podemos passar para a segunda etapa: o conselho. Antes de tudo, peçamos ao Espírito Santo que Ele non oriente e infunda em nos o dom do conselho.

Entre os muitos conselhos, penso que seria importante:

Procurar um diretor espiritual

"É o sacerdote encarregado de conduzir as almas até a perfeição cristã."


Investir na vida de oração

Diante de uma crise de fé, a tendência é largar tudo. Precisamos, então, que nossa vida de oração continue acesa.

"Quem reza se salva, quem não reza é condenado. Salvar-se sem rezar é dificílimo, até mesmo impossível, mas rezando, a salvação é certa e facilíssima. Se não orarmos, não temos desculpas, porque a graça de rezar é dada a todos. Se não nos salvarmos, a culpa será toda nossa, porque não teremos rezado." (Santo Afonso Maria de Ligório)

Inspirar-se na história de santos

"Nem sempre podemos ter junto de nós nosso padre espiritual, para nos ajudar com seus conselhos em todas as nossas ações, e especialmente em nossas dúvidas; mas a leitura supre tudo, fornece-nos as luzes necessárias e nos ensina como havemos de proceder para evitar as ciladas do demônio e do nosso amor próprio, e para nos conformarmos com a vontade de Deus." (Santo Afonso Maria de Ligório)

Madre Teresa, por exemplo, viveu uma aridez espiritual muito grande, e apenas após sua morte que foi revelado que ela viveu uma "grande noite escura". A leitura de sua história "Venha e seja minha luz" pode, de fato, ser uma grande ajuda.

Entre muitos outros santos que viveram grandes desafios de .

Como ajudar

O importante é escutar a necessidade do jovem e assim sugerir algo que possa "saciar" sua sede!

Convidá-lo a participar ativamente em encontros ou momentos de oração em sua paróquia. Mgr Jean-Claude Boulanger diz: "Um cristão sozinho é um cristão em perigo".

Diante dos questionamentos que o jovem tiver, procurar responder às questões, mas sempre se lembrando que a crise de fé é ultrapassada e vencida com fé!

"Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie." Efésios 2, 8-9

Uma grande graça em meio à crise é ter com quem dividir. Seja suporte, seja caminho, seja luz, mas não se esqueça de que você não é a solução, a solução é Cristo. E com Ele sim toda a crise é vencida, superada! Coragem!



Brigite Cortez

Brigite Cortez, natural de Portugal, é missionária na Comunidade Canção Nova onde atua na Casa de Missão da França.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/diante-da-crise-de-fe-de-um-jovem-como-podemos-ajuda-lo/