31 de julho de 2017

Responsabilidade social: entenda o poder de suas escolhas

Escolhas e poderes

A vida humana está emoldurada por escolhas e poderes que definem a qualidade e o alcance da existência e da cidadania. Tudo depende das escolhas que se faz e, particularmente, de sua assertividade. Também contam os poderes exercidos e a qualidade desse exercício, na medida em que definem a velocidade e os rumos dos processos, com resultados e consequências boas ou nefastas para o bem comum.

São as escolhas e as decisões que determinam os acertos ou produzem descompassos. E é cada cidadão, inserido na complexidade dessa configuração, o responsável pelos processos que definem a sua condição política e a competência para o exercício dos poderes.

-Responsabilidade-social:-entenda-o-poder-de-suas-escolhas-Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Cidadania

Assim, as escolhas e os poderes guardam o alcance antropológico e sociocultural do significado da política. Equilibram ou desorganizam os funcionamentos institucionais, promovendo a sua evolução ou atrasando seus processos. Fundamentalmente, tudo depende do exercício competente e qualificado da própria cidadania, tanto quanto da capacidade de exercer o poder que se tem, que se assume ou que é concedido.

Por sua vez, a envergadura da cidadania e a qualidade da própria existência influenciam as escolhas e o modo de exercer o poder. Isso significa apontar a seriedade e a gravidade das escolhas que são feitas, em diferentes níveis e intensidades. O que se escolhe incide determinantemente sobre processos, vidas, situações e circunstâncias. Faz avançar na direção de metas a serem atingidas ou atrasa conquistas e produz déficits que pesam fortemente sobre o conjunto da sociedade e sobre a vida das pessoas, particularmente as pobres e indefesas.

Valores sociais

Por isso, a política, sendo prática de escolha e exercício de poderes, há de se temperar e fecundar por valores, que se forem desconsiderados lançam a vida social em descompassos, com sérios comprometimentos. Desse modo, apenas o respeito e a consideração a valores fundamentais – verdade, justiça, liberdade e amor – poderão manter o ritmo e a dinâmica, com propriedades capazes de garantir os ordenamentos adequados da vida social e os procedimentos cidadãos qualificados.

Esses são valores sociais inerentes à dignidade da pessoa, com propriedades para favorecer o desenvolvimento autêntico e integral. Sem levar em conta e sem investir permanentemente nesses valores, corre-se sempre o risco das escolhas equivocadas ou estreitadas por interesses partidários e cartoriais. Consequentemente, o exercício do poder se prestará a alimentar vaidades, interesses mesquinhos e a perigosa sedução que o poder, em si, submete a alma humana.


Escolhas e poderes

Observamos, na atualidade, que os descompassos são muitos, comprovando a falta de qualificação daqueles que ocupam as várias instâncias de poder, sem se assentarem nos trilhos dos valores sociais. Resvalam na direção da mediocridade e da incapacidade de produzir as respostas que deveriam ser convertidas em qualificados serviços, impulsionando a sociedade e suas instituições aos parâmetros esperados.

Assim, a mediocridade representa um risco tão sério e fermentador, com força para produzir uma miopia capaz de induzir todos – os cidadãos e aqueles que exercem os poderes – a escolhas também medíocres. Enjaulando essas pessoas nas bitolas estreitas que inviabilizam respostas novas, mudanças urgentes e intuições inventivas como os tempos atuais exigem, as decisões assentadas nas escolhas medíocres atrasam as reformas que acabam não se fazendo e que não são intuídas na clarividência requerida de novos passos.

As escolhas e poderes hão de fazer seus percursos sobre os trilhos dos valores sociais inegociáveis, para, desse modo, possibilitarem práticas capazes de fomentar uma cultura que preze sempre mais os caminhos e as pessoas, que leve às respostas novas.

Viver a verdade

Um dos valores sociais que é prioritário é o de viver a verdade. À medida que os grupos sociais buscarem resolver os problemas à luz da verdade, é que avançarão na direção das escolhas acertadas. Esse é um enorme desafio de nosso tempo, imposto pelas circunstâncias sociais e políticas. Exige-se, desse modo, um grande investimento educativo no sentido de produzir gosto e empenho, em todos, pela busca da verdade.

A verdade deve alicerçar o valor da liberdade, inerente a todas as pessoas, que só pode ser respeitado e honrado na medida em que cada indivíduo é incentivado a realizar sua vocação pessoal e capacitado para discernir e recusar tudo o que possa comprometer a moral. Assim, o valor da justiça, particularmente no momento atual da sociedade, torna-se imprescindível para deter a tendência de se recorrer exclusivamente na direção da "utilidade" e do "ter".

Ora, a justiça não é uma simples convenção. O justo é intrínseco ao mais profundo do ser humano. Exige reconhecimento e incondicional respeito. Abre-se, então, o caminho para o amor que ultrapassa estreitamentos e fecunda a capacidade inventiva. O grande desafio da sociedade, especialmente nestes tempos de crise, é investir em um qualificado processo educativo capaz de aperfeiçoar as escolhas e o exercício dos poderes.

28 de julho de 2017

Sete dicas para rezar frutuosamente o rosário segundo João Paulo II

Rezar o rosário requer dedicação

Desde a juventude, a oração do rosário teve um lugar importante na vida de São João Paulo II. Ele mesmo testemunha: "O Rosário me acompanhou nos momentos de alegria e provações. A ele confiei tantas preocupações; nele encontrei sempre conforto". A oração predileta de São João Paulo foi o Rosário.

-Sete-dicas-para-rezar-frutuosamente-o-rosário-segundo-João-Paulo-II-Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Na sua encíclica, o Rosário da Virgem Maria (Rosarium Virginis Mariae), ele mostra que essa oração simples e profunda do rosário tem grande significado, além de gerar frutos de santidade, pois, ainda que sua característica seja mariana, no seu âmago é uma oração cristológica. Assim, para melhor contemplarmos o rosto de Cristo com Maria, vejamos algumas dicas que o próprio santo nos apresenta em sua encíclica, para melhor rezarmos o rosário:

1- Ritmo tranquilo e uma certa demora para pensar no mistério

Muitas pessoas rezam o terço com pressa, agitadas, impacientes, ou seja, deixam o reflexo do mundo imediatista tomar conta dessa oração. O rosário é uma contemplativa, requer um ritmo tranquilo das orações e reflexão sobre cada mistério que se está rezando. Cada mistério bem meditado ilumina o mistério do homem.

2- Pode-se fixar um ícone ou outro elemento visível e figurativo

Enunciar o mistério com a possibilidade de fixar um ícone ou outro elemento visível e figurativo que o represente é como abrir um cenário sobre o qual se concentra a atenção. Facilita-se a concentração do espírito no mistério, principalmente quando o Rosário é recitado em momentos particulares de prolongado silêncio.

3- Ler uma passagem bíblica

Para dar fundamentação bíblica e profundidade à meditação, é útil que a enunciação do mistério seja acompanhada pela proclamação de uma passagem bíblica alusiva, que, segundo as circunstâncias, pode ser mais ou menos longa. Isso ajuda a ouvir a voz de Deus e, até em determinadas ocasiões, essa passagem bíblica pode vir com um comentário posterior.

4- Silenciar

Após a enunciação do mistério e a proclamação da Palavra, é conveniente parar um tempo e fixar o olhar sobre o mistério meditado, antes de começar a oração vocal.

5- Realçar o nome de Cristo, acrescentando-lhe uma cláusula evocativa do mistério

Acrescentar ao nome de Jesus uma cláusula evocativa do mistério intensifica a fé cristólogica, sobretudo na recitação pública. Por exemplo, se contemplamos o mistério do nascimento de Jesus, podemos rezar: "Ave Maria… fruto do vosso ventre Jesus", "que nasceu em Belém". Santa Maria… Em cada mistério que se contempla acrescenta-se uma cláusula para ajudar na meditação.

6- Destacar o "Glória"

A glorificação trinitária de cada dezena é o apogeu da contemplação, pois estamos continuamente na presença do mistério das três Pessoas divinas para as louvar, adorar e agradecer. Na recitação pública, pode-se cantar para dar maior destaque ao "Glória".


7- Terminar cada um dos mistérios com uma oração

Dessa maneira, a contemplação dos mistérios poderá manifestar melhor toda a sua fecundidade, uma vez que ela terá maior ligação com a vida cristã e se obtém os frutos específicos da meditação desse mistério. São João Paulo ensina que percorrer com Maria as cenas do Rosário é como frequentar a "escola" de Maria para ler Cristo, penetrar nos seus segredos, compreender sua mensagem. Dentre todos os seres humanos, ninguém como ela conhece melhor Cristo. Portanto, torna-se necessário rezar adequadamente o rosário, pois assim Cristo é formado no discípulo plenamente.

26 de julho de 2017

Os avós podem ter grande influência na educação dos netos

Os avós têm um papel importante na educação dos netos diante da realidade dos pais trabalharem fora

Aqui em casa, há uma placa que ganhei da minha irmã: "Na casa dos avós tudo pode!". No início, pensei que seria deseducador, mas, com o tempo, senti que os meus netos se sentiam orgulhosos com o grau da sua importância para nós. Tudo pode quando eles vêm apenas para passear e não temos a função de educá-los; justamente por isso, fica fácil ser conselheiro, companheiro e contribuir para o desenvolvimento emocional e espiritual. O "domingo" para os netos é dia de diversão, quando podem experimentar e misturar alimentos, tais como batata com leite condensado e comer apenas arroz, porque é o que gostam, mas sem valor nutritivo.

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Foto: Johnny Greig 

Num mundo conturbado, onde os pais precisam trabalhar para garantir o "melhor" para seus filhos, muitos avós assumem a responsabilidade de ficar com os netos durante a jornada de trabalho de seus filhos.

O tempo de convivência diária e o tipo de relação definem a forma de relacionamento. A responsabilidade cotidiana tem uma forma de tratamento diferente de quem ajuda temporariamente, porque, nesses casos, os avós assumem o papel de educadores. É preciso também ter regras diferentes, para os casos de apoio enquanto os pais trabalham ou quando os avós assumem integralmente a responsabilidade parenteral, em caso de morte ou abandono dos pais.


Efeitos positivos e negativos

Para os avós, os efeitos positivos dessa convivência é que rejuvenescem, sentem-se alegres, reencontram sua utilidade e objetivos de vida. Os efeitos negativos aparecem quando se sentem explorados e sobrecarregados física e economicamente. Em alguns casos, os conflitos entre modelos educacionais causam crises entre os pais e avós, que requer um diálogo para definir as bases da educação.

Para estudar ou trabalhar, deixar os filhos com pessoas que confiam, com laços de parentesco e amor, propicia tranquilidade na maioria dos casos. Os impactos negativos surgem quando as culturas das famílias são muito diferentes e conflitantes ou por imaturidade dos avós que querem competir com os pais pelo amor da criança.

As crianças são beneficiadas, porque convivem com gerações diferentes, aprendem a valorizar os idosos, mantêm o sentimento de pertença familiar, sentem facilidade de negociação com os avós, pois, teoricamente, pela idade, já estão mais maduros para definir as prioridades do que podem ceder ou não. Os estudos mostram que os avós, mesmo que não possuam formação escolar adequada, fornecem valores sólidos, apoio emocional e se esforçam para garantir a felicidade dos netos, o que impacta positivamente na vida escolar e afetiva deles. Por outro lado, é preciso um alerta para não ter uma educação permissiva, conflitiva, mimada ou de compensação pela falta dos pais.

Manter a harmonia entre pais e avós

Quando os avós dividem com os pais a responsabilidade pela educação, alguns cuidados precisam ser tomados, tais como, definir em conjunto a rotina infantil, respeitar os princípios educacionais dos pais, não criticar os pais diante das crianças. Alguns pais se preocupam se os avós podem deseducar netos, a resposta é sim quando: eles não cumprem o seu papel de pais, os avós discordam e agem diferente dos princípios dos pais e estes não encontram disponibilidade de tempo para introjetar os valores e comportamentos que acreditam serem certos.

Em síntese, nesta convivência entre avós e netos, a família pode se beneficiar se as crianças percebem os pais como responsáveis pela educação e o acolhimento, e os avós como apoiadores que oferecem carinho. Entretanto, pode ser prejudicada quando, nesta relação, existe conflito de papéis e princípios, disputa de poder e falta de amor. É preciso discernimento para os avós estarem perto quando precisam e longe quando pais e filhos estão num momento que pertence só a eles. Ou seja, aquilo que ficar combinado num diálogo franco terá de ser cumprido para não sair caro para a família no final.


Ângela Abdo

Ângela Abdo é coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) e assessora no Estudo das Diretrizes para a RCC Nacional. Atua como curadora da Fundação Nossa Senhora da Penha e conduz workshops de planejamento estratégico e gestão de pessoas para lideranças pastorais.

Abdo é graduada em Serviço Social pela UFES e pós-graduada em Administração de Recursos Humanos e em Gestão Empresarial. Possui mestrado em Ciências Contábeis pela Fucape. Atua como consultora em pequenas, médias e grandes empresas do setor privado e público como assessora de qualidade e recursos humanos e como assistente social do CST (Centro de Solidariedade ao Trabalhador). É atual presidente da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) do Espírito Santo e diretora, gerente e conselheira do Vitória Apart Hospital.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/educacao-de-filhos/os-avos-podem-ter-grande-influencia-na-educacao-dos-netos/

24 de julho de 2017

O segredo é evangelizar através de atitudes concretas

A eficácia da evangelização é evangelizar através de atitudes concretas

Preparar os caminhos do Senhor não é somente amar e adorar; Ele quer que amemos e adoremos pelos que não amam nem adoram.

Quantos, em sua casa, não amam, não esperam, não creem, ou vivem como os que não creem! O Senhor pede, da nossa parte, a porção dupla. Deus pede mais daqueles que podem dar mais. Quem pode dar mais, que dê mais! Dê por si e pelos outros, sentindo-se mais responsáveis!

Deus pede e precisa de reparadores! Além dessa reparação, fazer pelos outros o que não fizeram, reparar o que estragaram. Deus está apelando por aqueles que tem mais amor; é assim que nos ensina a preparar os caminhos do Senhor.

https://formacao.cancaonova.com/diversos/o-ceu-se-faz-presente-aqui/Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

João Batista foi escolhido por Deus, que, humanamente, não poderia vir a este mundo por meio de um ancião e uma mulher estéril. O Senhor, no entanto, queria preparar a primeira vinda de Jesus! Então, escolheu uma pessoa especial para obedecer a voz de Deus, viver uma vida austera, pregando a conversão em toda Judeia. Sua pregação era convicta e as pessoas realmente se convertiam! Esperavam o Messias que viria!

A missão de João Batista

João Batista dizia com palavras proféticas: "Eu vos batizo com água, mas Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3, 11). Tudo isso para preparar a primeira vinda do Senhor.

O povo não aceitou Jesus, matou-O, mas Ele ressuscitou e subiu aos céus. Os homens simples e ignorantes foram batizados com o Espírito Santo, e anunciaram todo o Evangelho a toda parte!

No fim do século passado, por volta de 1969, Deus fez a mesma coisa como em Pentecostes, repetindo-se, de maneira forte, no mundo inteiro. Esse é o sinal de que a promessa de Deus se realiza: "O Reino de Deus está próximo". Somos obrigados a pregar a penitência, o arrependimento; e hoje é obrigação da Canção Nova. Isso acontece no mundo inteiro!

É preciso que sejamos como João, pregando a conversão, preparando as pessoas para a vinda de Jesus!


"Ele vai limpar a sua eira, o trigo guardará em seus celeiros e a palha queimará no fogo eterno." Jesus separará o joio do trigo. Precisamos tirar todo o joio de nossa vida! Está na hora de mudar a realidade, está na hora de sermos por aqueles que não são! É hora da generosidade!

Nossa Senhora precisou mostrar o inferno aos pastorinhos, para que eles fizessem penitência. Deus não quer a perdição de ninguém, pois é misericordioso! Por isso é preciso tirar de nossa vida tudo aquilo que é joio. Precisamos ser homens e mulheres novos!

Deus está retardando o tempo (como um juiz de futebol), para que nos convertamos, porque Ele é misericordioso! Isso acontece para que possamos tirar todo joio e até mesmo a palha de nossa vida.

Parece-nos que aqueles que servem a Deus são tolos, pois os espertos sabem viver a vida no prazer, no dinheiro. Mas quando o Senhor vier, o justo e a justiça florirão e o matagal será queimado no fogo eterno; então, não podemos ser mato.

A coisa mais linda é a santidade. Deus quer homens, mulheres e jovens, todos santos, e a santidade é possível!

Por isso, precisamos viver a santidade até por aqueles que não a querem viver; e quando fizermos isso, o céu se fará aqui! Talvez, seja necessário carregar, em dose dupla, esposa pelo esposo, filhos pelos pais; com nossa penitência, os nossos se converterão. É preciso comungar, penitenciar-se, ser santo por eles.

 

20 de julho de 2017

Um escudo para os nossos relacionamentos

Castidade é mais que é um escudo, é a expressão do amor

Uma verdadeira amizade em Cristo não é governada pelos instintos nem motivada por interesses, mas é uma escolha mútua, que tem valor por si mesma. Os amigos em Cristo se unem no amor recíproco em favor dos outros. Não são fechados em si mesmos. Toda amizade precisa ser purificada; e algumas coisas podem destruí-la: injúria, calúnia, arrogância (o que impede a correção) e a traição.

Um santo diz que se acontecer de você ser agredido por um amigo, que você deve suportá-lo até que o possa. Assim você vai render honra à velha amizade. A amizade verdadeira, de fato, é eterna. Quem é amigo sempre ama. Devemos nos preocupar com o bom nome do amigo e não revelar jamais os segredos dele; mesmo que ele tenha revelado os nossos.

Um-escudo-para-os-nossos-relacionamentosFoto: by Getty Images

Castidade

Hoje, eu gostaria de falar de um assunto diferente, ainda dentro do plano da amizade, que é fundamental para todas as idades. Queria falar de uma amizade, que é um fruto do Espírito Santo. Queria falar – com a Santíssima Virgem como nosso modelo – da amizade à castidade. Pois não podemos pensar num mundo novo sem a castidade. Esse mundo, que está aí, está desmoronando por falta dessa virtude. E um dos sinais é que ele está perdendo o sentido da vida, que é Deus e o amor. E qual é a coroa do amor? A castidade. Aquela pedra de toque que dá potência ao amor e o leva à plenitude.

A castidade é um escudo para os nossos relacionamentos. Mais que um escudo é uma expressão do verdadeiro amor. Ela nutre e potencializa o amor. Quando falta essa virtude [castidade], o amor perde a força em nós e nos tornamos presas fáceis do desamor, da violência e da degradação. A castidade é um segredo que os jovens cristãos têm para a sua vida; no entanto, o mundo de hoje perdeu a beleza dessa virtude nobre. Ela [castidade] é vista como um tabu, moralismo, preceito, obrigação.

Quem é casto ama por inteiro, não se dá por partes. Sabe por que o mundo perdeu o sentido da castidade? Porque perdeu o sentido de quem é Deus e quem é o amor. Portanto, como o mundo não sabe quem é Deus – e Deus é amor – não sabe o que é amor. E como não sabe quem é Deus, também não sabe quem é o homem. Porque só Deus pode revelar quem é verdadeiramente o homem.


Ato de amor

O homem não é separado. Contudo, é isso que o mundo faz hoje com ele, ou seja, o separa. Começa a usar o corpo com um princípio utilitarista, como se "nosso corpo" não fosse "nós", como se pudéssemos separá-lo. Dessa forma, começa-se a pensar: "Eu posso usar meu corpo para me autossatisfazer egoisticamente (que é o pecado da masturbação, por exemplo, como se isso não ferisse o que somos por inteiro). E posso também usar o corpo dos outros para o meu bel-prazer; posso ficar com quantas meninas eu quiser numa noite (e vice-versa, as meninas também podem ficar com quantos quiserem). Meu corpo é apenas algo que eu uso como uma borracha, um lápis".

Parece que nós nos enganamos. Cada união íntima de corpos é como um pedaço de você dado ao outro, porque seu corpo está intimamente ligado à sua alma. Em cada relação sexual feita fora do matrimônio, não pense que você está dando e recebendo prazer. Engano. Em cada relação sexual assim você está dando um pedaço de você para sempre àquela pessoa.

A castidade é um grande dom, que faz com que compreendamos a unicidade do nosso ser. Esse abraço, essa boca e esse beijo sou eu. Se eu vivo no pecado, eu me destruo e destruo os outros.

Por isso, meu irmão, o meu e o seu corpo não foram criados para um prazer egoístico, para a sensualidade que fere o nosso ser. A presença da castidade gera felicidade, dignidade, grande capacidade para amar, para se doar – não por pedaços –, mas para se doar por inteiro, como Jesus se deu na cruz. Hoje, vemos um mundo que despreza a beleza da castidade. Por isso, as consequências são tão graves.

Por isso, o "ficar" não deixa de ser um tipo, um certo nível de "prostituição". Nos namoros avançados é valorizada mais a relação física. Sem uma relação profunda de amizade durante o namoro, não vai existir um matrimônio verdadeiro e feliz. E, infelizmente, como não priorizamos essa virtude [a amizade] nesse tempo [namoro], nós temos, por consequência disso, matrimônios imaturos, inseguros, muitas vezes, gerados por relações sexuais pré-matrimoniais. E assim vamos vendo os frutos nas nossas casas, nas nossas famílias. Vamos vendo uma sociedade que reivindica a regularização e a aceitação do adultério.

Onde começa essa deformação do mundo?

Quando se despreza a castidade. Como podemos ser amigos da humanidade com uma sociedade que despreza a castidade? Como amigos de Deus e como amigos dos homens, nós somos chamados a testemunhar e a proclamar a beleza da castidade. E como é que podemos testemunhá-la e proclamá-la? Em primeiro lugar, com matrimônios castos, abertos para a vida. Precisamos de jovens que se disponham a viver namoros castos. Precisamos pedir essa graça a Deus.

Aos jovens que vivem uma luta desigual em relação à castidade, convido-os a virem ao encontro da Santíssima Virgem Maria, que é toda bela e casta. Ela deu Jesus ao mundo pela sua virgindade. Ela pode fazer você um jovem casto, virgem, puro, dando Jesus ao mundo pelo olhar, pelas mãos, pela Palavra. Se você quiser ser um jovem casto, venha até aqui serenamente, até os pés dela.

"Maria, santa e fiel, ensina-nos a viver como escolhidos".

Moyses Azevedo
Fundador da Comunidade Shalom


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/castidade/um-escudo-para-os-nossos-relacionamentos/

17 de julho de 2017

Você se considera uma pessoa livre?

Entenda o que é liberdade e reflita se você é uma pessoa livre

Quantos de nós já não tivemos uma imensa vontade de sair "voando" por aí, vendo-nos livres das responsabilidades, das dificuldades, daquilo que nos aflige, daquela prova que não queremos fazer, da decisão que não queremos tomar ou, simplesmente, ser livres para não seguir regras de casa, dos pais, da sociedade.

vocêseconsideralivreFoto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Mas será que tudo é permitido? Nossa referência é da liberdade enquanto poder, ou seja, daquele desejo de ultrapassar limites. Nesse sentido, quanto menos limites, restrições e regras, tanto maior é sensação de liberdade sentida pela pessoa. Porém, isso é uma visão distorcida do verdadeiro ser livre. Esta passagem bíblica nos traz essa recordação: "Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém" (cf. I Cor 6,12).

Não é possível negar uma realidade que sempre impõe regras a serem respeitadas e delas dependem a convivência saudável de uma comunidade. Assumir suas escolhas, analisar as possibilidades e observar os caminhos disponíveis de forma consciente são atos de liberdade responsável, especialmente quando, de fato, tomamos um posicionamento definido.

Não escolher já é uma escolha. Porém, as escolhas podem ser mais ou menos conscientes. Quando ela não é clara para o homem, quando os motivos não estão explicitados, a escolha transforma-se em condenação, pois, de qualquer maneira, haverá uma escolha.

Entenda o conceito de liberdade

A liberdade é própria do homem. Quando podemos ser livres nessas escolhas, colocamo-nos em papel de responsáveis pelos atos e consequências destes. Fugindo e deixando que os outros pensem por nós, decidam por nós, ou ainda quando atribuímos alguma responsabilidade para o outro, isso também é um ato livre, mas, talvez, não o mais consciente.

Ser livre é assumir responsabilidade por cada momento de seu viver, cuidando de suas escolhas da maneira mais autêntica possível, encarando os desafios e a angústia de estar lançado em um mundo que não oferece nenhum tipo de garantia de sucesso ou felicidade. Essas conquistas vão depender da maneira como cada um constrói seu caminho para a realização de seus projetos e como cada um de nós assume o projeto de liberdade responsável em nossa vida, conduzindo nossa existência, porque "tudo me é permitido, mas nem tudo me convém".

14 de julho de 2017

Quebrar uma corrente de oração pode me dar azar?

Você já recebeu alguma corrente de oração?

Quem nunca recebeu, em seu celular, pela internet ou mesmo nos bancos das igrejas, a conhecida corrente de oração? Quem nunca recebeu aquela mensagem: "Passe essa oração para no mínimo…?". Falo aqui daquelas correntes em que as pessoas pedem que se propague a devoção a um santo ou um modelo de oração, sob a pena de maldição e desgraças. As pessoas recebem esses tipos de oração e ficam temerosas por não continuarem a corrente.

-Quebrar-uma-Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Sou obrigado ou não a passar esse tipo de oração a diante?

Uma coisa é a corrente de oração por uma pessoa ou uma intenção sadia, ou seja, por alguém que esteja precisando de uma graça da cura de uma doença, um emprego, uma necessidade particular, por exemplo. Não estou falando desse tipo de oração. Jesus ao dizer, "Digo-vos ainda isto: se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai que está nos céus" (Mt 18,19), declara-nos a importância de nos unirmos em oração para pedir a graça do Pai. Podemos nos unir em oração por uma intenção concreta e real, mesmo quando não conhecemos as pessoas participantes da oração ou não conhecemos a pessoa por quem estamos rezando.

Outra coisa bem diferente são essas correntes ameaçadoras, ou seja, "ameaçam" com certos castigos aqueles que não as seguirem à risca. São orações que prometem desgraças a quem não as fizer ou a quem as interromper temporária ou definitivamente, ou a quem não as repassar. Além disso, procuram sustentar tais ameaças citando falsos exemplos ou testemunhos de pessoas que supostamente as romperam e sofreram punições; esse tipo de ameaça realiza verdadeira "chantagem psicológica".

Em nome de Deus

A oração é instrumentalizada e transformada em superstição, ou seja, em oração pagã. Esse tipo de oração ou superstição tem a intenção de instrumentalizar Deus, como que O obrigasse a cumprir nossos desejos. Fomentam um tipo de oração, a fim de conseguir resultados de modo mágico, fáceis, rápidos e interesseiros, sem considerarem a verdadeira vontade de Deus. Apresentam receitas ou fórmulas mágicas para conseguir resultados em detrimento da própria fé. Promove uma atitude de medo de Deus ao apresentá-Lo como castigador. Difundem uma imagem cada vez mais equivocada do Senhor, obrigam as pessoas a fazer mau uso da oração, desvirtuando-a ou banalizando-a.


Posso ou não quebrar a corrente?

A Igreja não admite que a oração seja instrumentalizada e reduzida a essa espécie de "chantagem psicológica". Mesmo que se admita a boa intenção, a de fazer crescer a devoção a determinado santo, na realidade, é superstição, atribui-se à simples materialidade dessas supostas orações uma eficácia que nelas não existem. Não podemos manipular Deus. Ele não se pauta pela vontade humana nem é um dispensador de milagres conforme nossos interesses.

O cristão não pode promover esses tipos de correntes de oração em nome de Deus, porque se tornam falsos profetas, e ninguém pode ameaçar ninguém em nome de Deus. As ameaças e fórmulas mágicas para conseguir resultados são contrárias à verdadeira fé, por isso, não só comete falta quem cria, envia e difunde essas correntes de oração, mas também quem acredita nelas.

Vincular desgraça ou recompensa a uma determinada corrente de oração é contrário aos ensinamentos da Igreja. Nem prêmio nem condenação decorrem de se participar ou deixar de participar de uma "corrente". O Catecismo nos lembra que "atribuir só à materialidade das orações ou aos sinais sacramentais a respectiva eficácia, independentemente das disposições interiores que exigem, é cair na superstição" (CIC, 2111).

Quebrar a corrente

Ninguém precisa se sentir mal por ignorá-las, quebrá-las. Aconselho que até quebrem esses tipos de correntes de oração, porque elas nos enganam, apresentam uma falsa imagem de Deus, algo que Ele não é, um Deus castigador e ameaçador. A pessoa acaba colocando a confiança na corrente, na materialidade da oração e não em Deus. É por isso que essas "correntes de oração" não merecem nossa credibilidade, e podem ser quebradas.

Quando se encontra no banco de uma igreja, na porta da casa, papéis divulgando essas correntes de oração, lançando maldições; ou mesmo quando recebe via internet essas correntes, não se deve temê-las nem ficar preocupado, mesmo que prometam desgraças para quem não as divulgar. Esses tipos de ameaças, com certeza, não têm lugar na verdadeira religião cristã.


Padre Mário Marcelo

Mestre em zootecnia pela Universidade Federal de Lavras (MG), padre Mário é também licenciado em Filosofia pela Fundação Educacional de Brusque (SC) e bacharel em Teologia pela PUC-RJ. Mestre em Teologia Prática pelo Centro Universitário Assunção (SP). Doutor em Teologia Moral pela Academia Alfonsiana de Roma/Itália. O sacerdote é autor e assessor na área de Bioética e Teologia Moral; além de professor da Faculdade Dehoniana em Taubaté (SP). Membro da Sociedade Brasileira de Teologia Moral e da Sociedade Brasileira de Bioética.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/quebrar-uma-corrente-de-oracao-pode-me-dar-azar/