29 de outubro de 2009

O Individualismo

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Os conflitos da independência começam em casa

Hoje confundimos pessoa, indivíduo, personalismo e individualismo. Nossa cultura está marcada pela supremacia do individualismo em detrimento do altruísmo e do personalismo. O outro, o próximo, o semelhante, o irmão, o diferente, o necessitado são colocados em segundo lugar e até descartados. O individualismo globalizado se expressa na absolutização do ter, do poder e do prazer. Os outros são perdedores, descartáveis, sobrantes, excluídos. Vejamos alguns aspectos do individualismo:

1. A arbitrariedade. O individualismo se manifesta na arbitrariedade que é uma atitude de poder, de julgamento, de superioridade, centralidade e dominação. Quando a arbitrariedade significa desobediência, rebeldia, orgulho, entram em crise valores éticos, religiosos, sociais e a justificação dos interesses pessoais, caem as instituições, a objetividade, o bom senso e o respeito pela verdade.

2. O bem material. A pessoa individualista desvaloriza o bem comum, a justiça social, a compaixão. O dinheiro, a ambição, a ganância, o lucro é o que interessa. O "ter mais" vence o "ser mais". Cresce a indiferença pelo outro. A competição, a corrupção, a concentração dos bens aumenta a desigualdade social. Quem cai no individualismo torna-se insensível, cego, escravo de cálculos e ambições. Não se pergunta se os outros estão bem e não se interessa em ser bom para os outros.

3. A satisfação erótica. O erotismo é filho legítimo do egoísmo individualista, do amor desordenado de si mesmo, do prazer imediato e sem compromisso que, hoje, se caracteriza pela orgasmomania e orgasmolatria, balbúrdia sexual. O machismo tem muito de egoísmo e erotismo. Acontece no erotismo a centralização do ego e a subjugação do outro, afirmação de si e a negação do outro. A espiral do erotismo abre as portas ao alcoolismo, às drogas e ao vazio existencial.

4. A legitimação dos desejos. O consumismo, através da propaganda, trabalha com os desejos. Ora cria desejos, ora os aguça. Somos escravos de desejos desordenados. O mercado excita os desejos das crianças, jovens e adultos e os legitima como felicidade, bem-estar, autorrealização e autoprojeção. Promete mundos maravilhosos, messiânicos, efêmeros e eficazes. A vida é vivida como um espetáculo, uma satisfação de desejos, sensações e curtições.

5. A imposição dos direitos individuais. Eu quero, eu sei, eu desejo, eu tenho direito, eu decido, eu mando. É a defesa arbitrária de direitos individuais sem compromisso ético, religioso, jurídico, social. Não podemos ser prisioneiros das modas do momento e ferir a verdade, o bem e a justiça; defendendo direitos individuais de modo arbitrário como o aborto, a eutanásia, a clonagem etc. Quem quer ser o único produtor de si mesmo acaba degradando-se.

6. A autossuficiência. Consiste em viver sem Deus, sem mandamentos, sem família, sem matrimônio e sem a comunhão com os outros e os valores objetivos. É a indiferença pelos outros, pelas instituições, pelas normas, num narcisismo sem limites. O autossuficiente é folgado, agressivo, independente, onipotente com grande risco de tornar-se delinquente.

7. A independência. O individualismo é egolatria, autonomia, solidão, rebeldia. Os conflitos da independência começam em casa, no namoro, na escola e no estilo de vida liberal, independente, permissivo. A pessoa pautada pela independência, assume atitudes de arrogância, arbritariedade, indiferença, antipatia e agressividade. Chega a ser antissocial e contestadora das realidades objetivas da vida.

8. O egoísmo. A centralização de si, o egocentrismo é um dos piores recalques da humanidade. Quando socializado, o egoísmo tem o nome de lucro, sucesso, consumismo, livre escolha. O que vem primeiro são as diversões, a curtição, o imediato, a estética, a dimensão lúdica da vida. O importante é o agora, o espetáculo, as distrações, o corpo.

O egoísmo globalizado gera "povos da opulência e povos da indigência", alarga as desigualdades entre ricos e pobres, o império do mercado e a iniquidade social. O egoísmo é o caminho do abismo.

Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina (PR)

26 de outubro de 2009

O papel espiritual da mãe

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Ela é referência de carinho para seus filhos

O que se espera de um pai e de uma mãe para a educação dos filhos? Precisamos olhar para dois papéis bem definidos na família, o papel do pai e o da mãe.

Primeiro, vamos olhar para figura da mãe. Precisamos entender que a diferença entre homem e mulher é desejada pelo Criador, e não é só uma diferença física e genital, mas homens e mulheres são diferentes. Se queremos educar nossos filhos, precisamos de alguém que assuma o papel espiritual de pai e o de mãe. Os animais não têm pais espirituais, mas reprodutores, pois eles não têm papéis espirituais; somente nós seres humanos os temos. O que vemos na nossa sociedade é que esses papéis estão confusos e a sociedade está fazendo de tudo para que isso se torne ainda mais confuso. A sociedade quer abolir a diferença entre o homem e a mulher.

A mulher tem sua identidade e papel de mãe; o homem tem sua identidade e papel de pai. Todas as mulheres da face da terra, inclusive as virgens consagradas, precisam ser mães espirituais. Não existe mulher madura que não seja mãe. Assim também são os homens. Os padres não têm filhos biológicos, mas precisam assumir um coração paterno.

Quando olhamos para esses papéis de pais espirituais, precisamos querer dar frutos, pois ninguém veio à terra para ser estéril, mas para ter filhos espirituais, que é muito mais importante que ter filhos biológicos, pois os animais podem também procriar. Precisamos nos deter nesses papéis espirituais.

O ser humano no mundo inteiro reconhece que ser pai e ser mãe não é simplesmente "parir" um filho, no sentido verdadeiro da palavra, por isso muitos dizem: "eu não tive um pai, uma mãe de verdade".

Tudo isso que estou falando é pesquisa do padre Vergote, ele descobriu uma coisa referente à mãe. Mãe é quem tem uma disponibilidade afetiva, um o coração aberto, por isso muitos dizem: "minha mãe está sempre de braços abertos para me acolher". Mãe é colo, aconchego.

A segunda característica da mãe é o amor incondicional; por isso, nos presídios, as mães dizem: "não importa o que meu filho fez, eu continuo o amando". Não que ela aprova o que ele fez, mas o ama mesmo assim.

Numa pesquisa nos Estados Unidos, descobriram que as mulheres se sentiriam muito mais satisfeitas se pudessem dispor parte de seu tempo para ter mais tempo para a família. A realidade é essa, para que as mulheres se realizem como mulher, é preciso realizar aquilo que está no coração de todas elas: ser mãe. Você mulher, não queira concorrer com seu marido em forma de dinheiro, saiba que seu lado materno sempre será insatisfeito.

Queremos que nossos filhos sejam educados, mas não queremos pagar um preço.

O padre Vergote descobriu que o esquizofrênico e o criminoso (aquele que tem a mente perversa) são pessoas que não têm a figura de mãe. O esquizofrênico tem a figura de uma mãe que é juiz. Vejam que isso tem consequências para seus filhos. Mas será que não existe uma ligação entre o crescimento da violência na sociedade e a ausência das mães na família? Eu não falo da mãe biológica, mas mães e pais espirituais. Se você pode ser pai espiritual e mãe espiritual, seja, pois nossos filhos precisam dessa referência de amor incondicional.

A mãe precisa ser referência de carinho para seus filhos. Há situações em que o marido não consegue emprego e a mulher trabalha, então que o marido faça presença paterna, mas não deixe o filho a mercê da televisão e da internet.

Se você não tem filhos, porque tem problemas para engravidar ou é celibatário, busque filhos espirituais. Ninguém nasceu para ser estéril, mas para ser alegre, então, busque filhos espirituais para que vocês tenham a alegria de auxiliá-los na formação.

A família é dom de Deus, é algo muito precioso aos olhos de Deus.

Mãe é gratidão, ela é o lugar onde a criança vai correndo quando está em perigo. Se você não teve uma boa experiência de mãe, você precisa perdoá-la. Se sua mãe já morreu, assuma a Virgem Maria como sua mãe.

A mãe não pode fazer tudo, mas os filhos precisam ter sua referência de mãe. Às vezes é necessário perder um pouco de dinheiro para ganhar a família.

Padre Paulo Ricardo - Reitor Seminário Cuiabá-MT
www.padrepauloricardo.org

24 de outubro de 2009

Grande servidor

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A grandeza de caráter e a atitude de servir

A tendência humana de se sentir importante tem levado muitos a se colocarem num tipo de vitrine para serem vistos como tais. A propaganda de si tem feito não poucos a quererem derrubar os concorrentes até de modo violento. Há quem pense ser grande por divulgar mais suas realizações. A luta pelo poder, não raro, tem provocado intrigas, desrespeito à verdade e prejuízo ao bem comum. Pensa-se o maior como sendo o que mais manda e é superior aos demais.

Jesus nos ensina a grande lição de humildade e serviço. Ele próprio, filho de Deus, não se fixou no pedestal divino e veio até nós na simplicidade de servo e amigo, não tirando vantagem de sua condição superior. Ensinou-nos a ser grandes justamente no fato e na atitude de servirmos com humildade o semelhante: "Quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro seja o escravo de todos" (Marcos 10, 43-44). Como se enganam os chamadores de atenção para si como os maiorais por terem realizado algo de bom. Seus méritos não estão na divulgação e sim nas ações feitas com amor aos outros e à comunidade. Realizar algo só para aparecer pode ser visto, por quem sabe avaliar, o interesse da propaganda. A pessoa de bem prova seu valor nos atos contínuos de sua vida dedicada à promoção do bem sem interesse pessoal. Por isso, quando se tem espírito de análise, sabe-se distinguir os bons dos meros aproveitadores da condição e do cargo que exercem. A retidão ética e moral se conhecem pelas atitudes comprovadas de bom caráter.

No Evangelho, encontramos dois apóstolos querendo o cargo no Reino de Cristo. Jesus os recrimina e lhes dá a lição do serviço feito com amor à causa desse Reino, e não com mero interesse de sobrepor-se aos demais (Cf. Marcos 10, 35-45). Oxalá, todos aprendêssemos essa lição e, de modo especial, quem assume cargos de liderança na comunidade. De fato, é grande diante dos outros quem mais dá de si para a promoção do bem da pessoa humana e da sociedade. Ditosos os políticos que realmente servem e não se servem do povo! Felizmente, os temos dentre tantos. Isso acontece em muitos meios e organizações; são pessoas de grande altruísmo, amor ao semelhante e verdadeiros serviçais sem interesse.

O profeta Isaías já anunciava o peso a carregar por parte de quem nos vinha resgatar dos erros, tomando sobre si o fardo de nossos pecados para nos regenerar (Cf. Isaías 53, 10-11). De fato, Jesus nos deu condição sobrenatural de vida nova e nos ensinou a colaborar com a ajuda de carregamento do peso das dificuldades do semelhante. Para isso, é preciso atitude de doação de si e de serviço desinteressado aos demais. Quem tem essa postura é grande, mesmo não usufruindo dos aplausos dos outros. A grandeza de caráter e a atitude de servir com amor já gratificam quem as têm. Com o passar do tempo, vê-se o valor dessas pessoas. Conhece-se a árvore pelos frutos.

O exemplo de Cristo, ao mediar nossa salvação eterna com postura de generosidade total e serviço desinteressado, leva-nos a perceber que vale a pena imitá-lo para termos o efeito da salvação por Ele trazida.

Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros - MG

21 de outubro de 2009

Sobriedade a virtude prática na vida

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A reconstrução do novo homem

Muitos de nós já ouvimos alguém dizer, mesmo em tom de brincadeira, que a sobriedade é uma escolha. Se a brincadeira for levada ao pé da letra, a pessoa escolhe, conscientemente, por não querer ter atitudes e pensamentos centrados e equilibrados, pelo menos durante um período de tempo. Ironicamente, outras pessoas enfrentam grandes dificuldades em viver na própria sobriedade. São pessoas que se veem amarrada a algum tipo de vício. Elas se sentem envolvidas por uma necessidade compulsiva de fumar, beber ou se drogar. Sem forças para lutar contra um desejo nocivo, essas pessoas se intoxicam até perderem os sentidos básicos que as diferenciam de um ser racional. Para essas pessoas, optar pela sobriedade é mais que uma questão de honra, é um motivo para conquistar a vida.


A pessoa envolvida na dependência química vive também outras dificuldades que refletem em seu caráter. Sua autoestima praticamente desaparece. Em muitas ocasiões, até mesmo os cuidados com sua hiegiene pessoal fica deficitária. É preocupante constatar o quão fácil é para alguém se tornar vítima de um vício, mesmo sendo uma situação tão delicada de se resolver.

Às vezes, a pessoa, fingindo não ter problemas, foge de sua própria realidade, desviando-se das responsabilidades e afogando o seu próprio estado de lucidez. Outras, desejando somente esquecer de seus problemas domésticos ou simplesmente querendo se tornar mais comunicativo numa roda de amigos, começam a fazer uso de drogas para provocar a sensação de liberdade ou extroversão. Elas preferem viver num mundo em que os efeitos alucinógenos da bebida, ou de qualquer outra droga, as fazem acreditar que seus sofrimentos são menores. Ao voltar da sua "viagem psicodélica", a pessoa frustra-se mais uma vez quando percebe que nada foi mudado em seu mundo real. Desta maneira, a vítima se sentirá cada vez mais tentada a lançar mão dos artifícios que a conduzem para uma dependência cada vez mais crônica. Como num círculo vicioso, a pessoa voltará a se intoxicar. Saciar o desejo da sua dependência é a sua prioridade, mesmo que para isso tenha que despojar de tudo aquilo que lhe é precioso.

Como resultado, vamos testemunhar, além da deterioração de sua saúde, também as crises em seus relacionamentos. Casamentos que são destruídos, famílias fragilizadas, filhos com problemas psicológicos, entre muitos outros desequilíbrios causados pelo vício.

Sabemos o quanto é difícil a convivência com alguém que vive às voltas por um "trago". Numa família, todos sofrem; tanto o viciado – seja no álcool ou na dependência química –, quanto os demais membros da casa. Pessoas que trabalham na recuperação de outras com problemas de envolvimento com qualquer tipo de droga licita ou ilícita, dizem que somente é possível a sua recuperação se a própria pessoa manifestar o desejo de sair dessa deplorável situação. Na maioria das vezes, é praticamente impossível alguém conseguir a cura por si própria. A ajuda profissional e o apoio de familiares é fundamental neste lento processo de recuperação que se inicará a partir do resgate da sua autoestima e a reconstrução do novo homem, tornando-o capaz de dominar a si próprio.

Somente por meio do resgate de suas virtudes a pessoa deixará de ser vítima daquelas coisas que o arrastam e o levam a renunciar o próprio uso da razão. Esta virtude é chamada de "sobriedade"; ela nos indica os limites que não devemos ultrapassar. Do contrário, se desrespeitarmos essas regras, já não seremos mais capazes de dominar a nós mesmos e seremos dragados por outras paixões.

Um abraço,

Dado Moura

Foto Dado Moura
contato@dadomoura.com

19 de outubro de 2009

A arte de ensinar

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Saber valorizar o aluno e orientá-lo no que for necessário

A missão do professor sempre se destacou pelo fato de trabalhar com a mais nobre realidade do mundo: o coração e a inteligência do ser humano. Nada é mais importante do que o ser humano. Se é nobre e necessário dominar o aço e os microorganismos, construir casas e computadores, muito mais nobre é formar o homem, senhor de tudo isto. Os sábios gregos já diziam: "dá-me uma sala de aula e mudarei o mundo!"

O jovem e frágil aluno de hoje, será o condutor da nação amanhã; o que for semeado hoje no seu coração, na sua mente e no seu espírito, será colhido amanhã pela sociedade. E o que o aluno espera de um Professor?

Em primeiro lugar que o professor seja honesto e honrado, exigências mínimas de quem carrega o título de mestre. Sabemos que o homem moderno está cansado de discursos, quer ver exemplos. O mestre romano Sêneca dizia que "de nada vale ensinar o que é a linha reta, se não ensinar o que é a retidão".

Alguém já disse que o aluno só aprende com satisfação, quando o professor ensina com entusiasmo e sabe motivar o aluno. Sem isto o jovem não descobrirá a beleza da disciplina. É verdade que os alunos respeitam o professor que domina a matéria, mas isto ainda não é o suficiente. A primeira missão do professor é motivar para o aprendizado. "Um homem motivado vai à Lua, mas sem motivação não atravessa a rua".

O aluno espera que o professor tenha paciência com ele que ainda não descobriu a beleza da matéria; tenha a humildade de não usar o seu conhecimento para humilhá-lo, e que não use do poder da avaliação para destruir a sua auto-estima. Ele quer ver o seu Professor fazer da Avaliação um momento, a mais, do aprendizado; elaboradas com equilíbrio, e corrigidas com esmero e justiça, sem fazer da prova uma guerra onde se cobra dele uma maturação na disciplina que ele ainda não teve tempo de alcançar.

O aluno espera que o professor prepare bem as aulas e que gaste tempo para se aprofundar na matéria. Sabemos que para ensinar bem, um pouco de uma disciplina, é preciso saber muito sobre ela. Quanto mais sabemos, mais os alunos gostam de nos ouvir. Nada pior para um aluno do que ter que assistir uma aula maçante, mau preparada, ministrada por alguém que não conhece o que ensina. É um grande desrespeito... para não dizer um crime.

O aluno espera que o professor ensine com didática, competência e clareza; tenha pontualidade de horário, apresentação adequada e saiba dominar a classe com liderança.

Ele quer ver o professor como um amigo que o trata com respeito, confiança, atenção e cordialidade; interessado em tirar as suas dúvidas e a apontar-lhes caminhos novos...

Por dever de consciência, cada professor tem que dar o melhor de si para a boa formação dos jovens. Aí estará, inclusive, a sua maior realização; para a pessoa honesta, é no bojo da virtude que ela encontra a verdadeira recompensa.

Cito algumas recomendações pedagógicas para o bom desempenho de um Professor(a):

1.Saber motivar os alunos para o que vai ensinar.

2.Dominar a matéria e atualizar-se.

3.Preparar bem as aulas.

4.Expor a matéria com clareza, ordem e seqüência lógica.

5.Preparar, aplicar e corrigir as avaliações e provas com esmero, equilíbrio e justiça.

6.Ser assíduo, pontual e bem apresentado.

7.Tratar todos os alunos com respeito, atenção e cordialidade, sem com isto confundir as funções de cada um.

8.Manter a disciplina na classe.

9.Atender bem os alunos e tirar suas dúvidas, seja em classe ou fora dela.

10.Saber valorizar o aluno e orientá-lo no que for necessário.

É no banco da Escola que se formam os homens e as mulheres que um dia exercerão o poder, e conduzirão a História, nas mais variadas atividades e organizações. Muitos já disseram que "as palavras têm mais força do que os canhões". Esta é a nobre missão: formar a juventude, não só no aspecto científico e técnico, mas também – e principalmente – no aspecto humano, moral e ético. Sem a primazia da pessoa sobre a coisa, da moral sobre a ciência e da ética sobre a técnica, a humanidade corre sérios riscos, como pudemos ver pelas desastradas guerras e morticínios do recém encerrado século XX. O mundo, sem dúvida, encontra-se diante de uma encruzilhada, e o bom caminho a seguir só poderá ser discernido pelo bom entendimento da ciência com a moral. E isto depende de dos professores.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

16 de outubro de 2009

Deus não poderia escolher outra pessoa; Ele quis você!

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Eleitos que crêem no amor

São Paulo diz que foi como que crucificado com Cristo na cruz. Mas como a pessoa pode ter coragem de dizer isso? É a experiência do amor de Deus e a fé.

Muitos de nós já fizemos uma experiência do amor de Deus. Mas o problema é que a experiência do batismo no Espírito Santo é algo muito bom, mas que evapora. Isso quer dizer que tudo aquilo que é sentimento ou experiência humana é passageiro. Os sentimentos são efêmeros, não permanecem. Mas a fé no amor de Deus deve permanecer para sempre. Eu preciso crer nisso: Ele me amou. É preciso fazer uma distinção entre sentir o amor de Deus e crer no amor de Deus. No início fazemos uma experiência, mas depois Deus tira a "mamadeira". Ele quer que cresçamos espiritualmente. Começamos então a caminhar na fé, sem sentir a presença de Deus.

Fé, portanto, é acreditar naquilo que não se vê. Assim nós temos que crer no amor de Deus. Sim, você pode ter experimentado o amor de Deus, mas também quando a experiência humana for embora, você pode duvidar. Por isso é preciso crer concretamente no amor de Deus.

Deus poderia ter escolhido pessoas melhores do que nós, mas Ele não quis. Vou fazer uma comparação: imagine Deus entrando numa loja bem sofisticada, de vasos preciosos e olhando vaso por vaso: um vaso de ouro, com brilhantes, de porcelana, da China, outro de prata e marfim, de milhões de dólares. Ele, porém, não escolhe nenhum desses vasos. Ao contrário, atravessa a loja, desce até o porão e vai ao banheiro dos empregados e pega um penico, um penico velho, enferrujado, sujo, com moscas ao redor. Esse penico sou eu, é você.

Deus nos escolheu, Deus nos quis. Poderia ter escolhido coisa muito melhor. "Esse penico? E o vaso de marfim, o de ouro?" E Ele diz: "Mas eu não amei nenhum desses vasos preciosos, eu amei você, eu te escolhi." É a eleição de Deus. Ele nos escolheu e colocou um tesouro dentro desse "penico sujo", o tesouro do seu amor. Mas nós não aceitamos isso, porque queremos ser amados por nossos méritos. Só aceitamos ser amados se realmente valemos a pena. Parece humilhante sermos amados no meio das nossas misérias, mas Ele nos ama assim mesmo. Ele não espera a nossa conversão para nos amar.

Essa experiência de ser amado quando eu não mereço, é a verdadeira experiência do amor de Deus.

Preciso crer que Deus fez bem em me querer, me escolher. Eu não teria me escolhido, mas eu preciso crer que fui a melhor escolha.

Às vezes achamos que São Paulo era um super pregador. Mas não é isso que ele mesmo diz. Na segunda carta aos Coríntios ele diz que não sabe pregar. Nos Atos dos Apóstolos, um rapaz estava ouvindo sua pregação, cochilou, caiu da janela e morreu. São Paulo então rezou e ressuscitou o menino. Mas Paulo foi um grande pregador porque pregava com a vida, com sua entrega, com seu desprendimento em viver a Palavra de Deus. Ele passou por flagelações, apedrejamentos, naufrágios, vários perigos, ficou dias em alto mar. O que levava esse homem a atravessar o mundo? O amor de Deus que o impulsionava.

Deus nos ama e a experiência extraordinária de sermos amados por Deus é que permite que nós nos demos de presente aos outros. Pare de andar nessa vida cobrando amor dos outros. Você não precisa do amor de ninguém, você já é amado. "Ah, mas eu não sinto!" Simplesmente creia! Quando somos seguros de que valemos a pena, sabemos que não seremos trocados por ninguém. Sei que sou um presente. Isso muda completamente a vida familiar. Deixamos de ficar cobrando uns aos outros. Nossa vida familiar às vezes vira um inferno porque ficamos recriminando uns aos outros, colocamos a culpa uns nos outros porque não nos sentimos amados. O amor precisa ser crido e não sentido. Se não, duvidamos até do amor da nossa mãe por nós.

É preciso crer no amor. Se você não crê no amor de Deus, também não vai crer na entrega d'Ele na cruz.

Peçamos ao Senhor que venha confirmar a fé que temos no seu amor. A fé é uma virtude. É preciso repetir o ato de fé até que se torne um hábito. É preciso crer no amor de Deus.

Pense nas razões pelas quais você escolheria ser outra pessoa, viver outra vida e diga: "Senhor eu creio, mas aumentai a minha fé. Senhor, eu olho para mim e não entendo porque vós me escolhestes. No entanto, Senhor, eu creio. Fizestes bem em me querer, em me escolher. Foi bom que me chamastes para caminhar nesta vida, na fé do vosso amor. Não vejo, não sinto, mas eu creio nesse amor. É um ato de vontade unido à vossa graça. Amém ao amor de Cristo que me alcançou no meio dos meus pecados, da minha miséria. Sei que me chamastes para uma vida ao vosso lado no céu. Eis-me aqui Senhor."

Padre Paulo Ricardo - Reitor do seminário Cuiabá
www.padrepauloricardo.org

13 de outubro de 2009

Um modelo de docilidade

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Maria simples criatura escolhida como mestra do amor

A alegria e a emoção invadem o meu coração neste momento que escrevo sobre Maria, a mulher que abandonou-se inteiramente nas mãos do Criador.

A mestra do amor que gera o Mestre do amor, pois só quem ama e capaz de submeter-se ao amor e assumir todas as suas conseqüências.

Maria, uma mulher que teve a coragem de renunciar ao seu lindo plano de amor, que era casar-se com Jose, por causa de um Bem Maior: ser a Mãe do Salvador.

Muitas vezes em nossa vida, nos não conseguimos viver a vontade de Deus, porque temos dificuldades de fazer a troca de um Bem por um Bem Maior. Mas, quando amamos a Deus sobre todas as coisas, os nossos desejos e interesses são considerados mesquinhos e pequenos diante da grandeza, bondade, sabedoria e amor do Pai.

Maria fez da sua felicidade a realização do projeto de Deus. Nós também somente conquistamos a felicidade autêntica imitando-a na realização de uma total entrega a Deus. E todo aquele que ama Jesus prefere a vontade e os desejos do Pai.

Entre inúmeras virtudes de Maria, saliento a sua docilidade e obediência a Palavra de Deus, que capacitou Maria para gerar o próprio Deus. Os discípulos de Jesus são aqueles que acolhem a Palavra e permitem que as suas vidas sejam transformadas e conduzidas por ela. Jesus reconhece todas as pessoas que seguem o exemplo da sua mãe. "Felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática" (Lc 11, 28). Se todos ouvissem a Deus como Maria, teríamos pessoas mais felizes e uma convivência humana bem mais fácil.

Maria, simples criatura de Deus, foi escolhida como modelo de abertura total à ação do Criador. Ele olhou para a humildade da Sua serva; e ela, apesar de uma escolha de destaque, continuou sendo simples e humilde. Torna-se verdadeira discípula e assume a missão de apresentar o filho de Deus para o mundo. Para entendermos a missão de Maria é preciso nos abrirmos ao projeto de Deus, que visa o bem humano, a nossa união, a convivência fraterna de todos, tendo em vista a conquista ao Premio Celeste: o Céu.

Toda a humanidade deveria reconhecer a escolha de Deus: Maria, a Mãe de Deus, como esta no evangelho de Lucas: "Todas as gerações me chamarão Bem-Aventurada" (Lc 1, ) . Ela deseja que todos os seus filhos brasileiros a acolham como a anfitriã do nosso Pais, a nossa mãe. O mundo atual tem levado as pessoas a serem egoístas e competitivas, mas nos brasileiros não podemos deixar que esta maneira de ser nos contagie, porque somos um povo que acolhe o estrangeiro e tem gestos de amor para com o outro.

Neste dia da Virgem Aparecida, a Rainha e Padroeira do Brasil, vamos pedir ao Pai que Ele una os nossos corações, para que cada vez mais possamos nos render ao amor daquela que e a mestra do amor e que gerou o Mestre do Amor. O amor não divide, o amor se multiplica. Aprendamos com ela a amar a Deus acima de todas as coisas e o próximo como a nos mesmos. Se você ainda não se relaciona com Maria como uma mãe, comece hoje a dar os primeiros passos, e deixe que ela entre em sua casa, em seu coração e seja a sua educadora e mestra, a sua amiga, conselheira, consoladora, auxilio e companheira rumo ao Céu!

Foto Marina Adamo
marina@cancaonova.com