20 de fevereiro de 2009

É hora de decisão

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Mesmo que a decisão seja só nossa, podemos ser ajudados


Perdas a ganhos se entrelaçam na arte de viver. A cada dia surgem novas descobertas e sempre deparamos com a oportunidade de nos decidirmos por algo.

Tomar uma decisão nunca foi fácil, afinal, decidir implica escolher e escolher uma coisa é inevitavelmente abrir mão de outra. O fato é que, alguma vez na vida, todos nós tivemos que tomar uma decisão e é sobre isso que vou falar.

Lembro-me de tantas vezes em que precisei tomar sérias decisões em minha vida... Mudar de emprego, entrar na Comunidade Canção Nova, fazer certo curso, terminar um relacionamento, fazer uma viagem, silenciar ou falar naquela hora... e por aí segue uma série de decisões tomadas ao longo de minha história. Fico pensando o que seria de mim se não tivesse tomado cada decisão, e recordo-me, com gratidão, das pessoas que me ajudaram a dar os passos necessários.

Acredito que diante das situações, quase sempre tensas, nas quais precisamos nos decidir por algo, a primeira atitude que devemos tomar é pedir ajuda a quem nos ama; de preferência que essa pessoa não esteja envolvida no caso. Mesmo que a decisão seja só nossa, podemos ser ajudados no sentido de avaliar bem "os dois lados da moeda". É que quando a situação nos pressiona a nos decidirmos, corremos o sério risco de agirmos guiados por sentimentos, pela razão ou por impulsos.

A pressa também pode ser nossa inimiga nessa hora; então, calma! Esperar um momento, deixar a poeira baixar pode ser muito proveitoso. Dizem que depois de uma noite de sono muita coisa pode mudar. Mas, atenção! Também não podemos deixar passar a hora da graça e nos acostumarmos à falta de decisão, e ao começar a conviver com o problema adiar o momento de agir. Atitudes assim corroem o coração, ofuscam o brilho da vida, roubam os sonhos e enfraquecem a vontade. É preciso coragem para dar os passos certos na hora certa!

Hoje, talvez seja o dia de uma grande decisão em sua vida! Portanto, não tenha medo de dar os passos que devem ser dados. Partilhe isso com alguém de sua confiança e tenha a coragem de passar pelo processo necessário da mudança. Pode ser mais fácil do que você imagina, mas só o saberá agindo.

A natureza nos ensina muito sobre renovação e mudanças. Basta contemplarmos a mesma árvore em cada estação do ano, e ficaremos impressionados como sua vida vai se entrelaçando entre perdas e ganhos. Conosco não é diferente e saber perder para ganhar é questão de sobrevivência.

A Palavra de Deus diz em Deuteronômio 31,6: "Sede fortes e corajosos; não temais, nem vos atemorizeis, porque o Senhor vosso Deus é quem vai convosco. Não vos deixará nem vos desamparará".

Essa é promessa do Senhor e Ele é fiel. Posso testemunhar que sou uma pessoa feliz e o meio pelo qual Deus me forma, a cada dia, é dando-me a liberdade de fazer escolhas. Minha contribuição é fazer uso dessa liberdade e tentar fazer sempre a melhor escolha. Desejo que você também faça essa experiência, e confiando seguramente no Senhor, escolha hoje para sua vida o que é nobre e digno diante de Deus. Não tenha medo de abrir mão do que já não lhe pertence... Perdas e ganhos se entrelaçam na arte de viver bem e a natureza nos ensina essa lição, no silêncio.

Eu sou aprendiz. E você?

Foto Dijanira Silva
dijanira@geracaophn.com

16 de fevereiro de 2009

A arte da convivência familiar!

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Alguém único e irrepetível foi confiado a mim

Inspirado em algumas leituras e meditações feitas no dia a dia pastoral, passando por diversas comunidades, resolvi colocar em síntese algumas ideias, que vejo como importantes como reflexão para o enriquecimento da vida conjugal e familiar. Em primeiro lugar, é importante ter consciência de que o casamento é o encontro de duas pessoas que são diferentes, que se amam porque diferentes, e que permanecerão diferentes. Um se abre ao outro com suas diferenças, para enriquecer a vida e a história do outro.

Tem gente que passa a vida inteira querendo que o seu cônjuge seja como ele (a). Na convivência existem alguns pormenores que fazem a diferença. Existe um sinal inconfundível entre os que se amam de verdade: a dedicação de um ao outro. Alguém único e irrepetível foi confiado a mim. A esta pessoa devo dedicar minha vida, meus esforços, meu ser. Partilharemos um destino em comum, formaremos uma família, um tem de produzir vida no outro para que a plenitude da vida aconteça em seu lar. Existem atitudes que se tornam como que combustíveis do amor, alimentam-no e o fazem crescer. Estas se traduzem nas palavras, nos afetos e nas delicadezas. Um carinho a mais, uma atenção maior em determinados momentos, um gesto de delicadeza.

Tudo isso conta e muito! Já o inimigo principal do amor é o egoísmo. Uma pessoa centrada em si, individualista, que só pensa nos seus afazeres e satisfações, impossibilita a felicidade dos outros e, por tabela, se torna infeliz. Nossa vida é um chamado à comunhão e não ao isolamento. Fazer aos outros felizes é dever de todos.

Outras duas palavras que não poderão faltar na arte de amar são paciência e perdão!

A convivência humana exige isso.

Nós somos mistério para nós mesmos, como conhecer o outro sem restrições?

Surpreendemo-nos com nossos pensamentos e ações. Todos estamos em busca de um equilíbrio perfeito. Mas, isso não quer dizer que as imperfeições estejam superadas. A paciência é sinal de força e poder. Esperar diante de toda desesperança é sinal de sabedoria. Além disso, ser misericordioso é carregar em si o distintivo do discípulo de Cristo. Não perdoar é, como dizem por aí, "beber veneno achando que o outro é que vai morrer"! Como bem diz uma canção: "O lar é um lugar de se viver e dialogar".

Não tenho dúvida de que o casal é o lugar do Amor no mundo, e se é o lugar do Amor, é o lugar de Deus!

Precisamos honrar isso na prática de nossa vida, para a transformação de nossa história. Queridos casais, queridas famílias, estas palavras nascem do meu coração de pastor.

Desejo muito que o amor seja visto em cada lar de nossas paróquias.

Que Maria, Mãe do Divino Amor, interceda por nós!

Pe. Reinaldo R. Rezende é assessor diocesano da Pastoral Familiar e da Comissão Diocesana em Defesa da Vida.

Pe.Reinaldo Roberto de Rezende
Pároco da Catedral de São Dimas - S. José dos Campos - SP

12 de fevereiro de 2009

As diversas faces do ódio

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Odiar é viver na tristeza

Muitas vezes, podemos viver no ódio sem saber, o sinal de sua presença se manifesta de maneira clara, mas, por vezes, também sutil. Convido você para meditar sobre o sentido do ódio, sobre como ele se manifesta e sobre os efeitos dele. É claro que o contrário do ódio é o amor; mas quando estamos de fato no amor?

Jesus disse:

«Ouvistes o que foi dito aos antigos: "Não matarás. Aquele que matar terá de responder em juízo". Eu, porém, digo-vos: Quem se irritar contra o seu irmão, será réu perante o tribunal» (Mt 5, 21-22).

O que significa não matar? A primeira resposta que nos vem à mente é não tirar a vida de alguém. Por que qualquer pessoa, independentemente se é religiosa ou não, sabe que matar é errado? Mas por que manifestações de ódio, como brigas, desentendimentos, acidentes e violência têm tanta audiência?

Sem dúvida, há dentro de cada pessoa o desejo de estar próximo ou longe de alguém que talvez nunca lhe tenha feito mal algum. Assim como existem pessoas que nunca vimos e sentimos como se fôssemos amigos há muito tempo. Já outras só de vê-las nos dá o desejo de ficar longe delas. O primeiro exemplo fala do amor cuja essência é a união com o outro. O segundo exemplo nos revela o ódio, cuja essência é a separação, o querer estar distante do outro. Essas duas realidades nos indicam que dentro de nós convivem dois lados: o amor e o ódio.

Quando amamos colhemos imediatamente os frutos da alegria, da leveza interior, da satisfação e do desejo de proximidade com o amado. Por outro lado, quando odiamos colhemos imediatamente os frutos da tristeza, ficamos deprimidos, nos sentimos mal, com uma agitação contínua e não conseguimos ser nós mesmos porque o sentimento de aversão, de mágoa e de ressentimento podem até tomar conta de nós.

O que vimos até agora nos deixa claro que amar é ser feliz, ao passo que odiar é viver na tristeza. E quando estamos no amor e quando estamos no ódio? Como permanecer no amor e como vencer o ódio?

Quando estamos unidos a alguém, em paz uns com os outros, buscando sempre dar o melhor de nós para todos – seja para com os que são simpáticos, seja para os que nos são antipáticos – encontramos um caminho árduo, mas muito proveitoso para nossa vida terrena e para nossa salvação. Amar, portanto, é um vencer a si mesmo, é questão de inteligência e de decisão.

O ódio se manifesta na indiferença, no querer estar longe daqueles que nos fazem mal ou que não nos trazem prazer nem nenhuma satisfação pessoal. Ele surge quando escolhemos agir conforme o sentimento de querer estar distante de alguém, com ou sem motivo. Enfrentar os sentimentos de aversão, raiva, rancor profundo, antipatia, repulsa com gestos de amor é o único remédio para nos levar a vencê-lo [ódio].

Amar e odiar é uma questão de liberdade. A decisão por uma ação ou por outra depende de cada um de nós. Cabe a você escolher em cada momento. Deus não faz acepção de pessoas. Na Canção Nova aprendemos uma receita para viver o que Jesus nos ensinou: "Pensar bem de todos, falar bem de todos, querer bem a todos" (São João Bosco).

Leandro Pereira
leandrocesarcn@gmail.com

9 de fevereiro de 2009

Esperança, o combustível da vida

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Uma vida sem sabor é uma vida sem perspectivas

A esperança corresponde à aspiração de felicidade existente no coração de cada pessoa. Interessante observar que quem perde a esperança mais profunda perde o sentido de sua vida, e viver sem esperança não tem sentido. O próprio antônimo dessa palavra é DESESPERO, ou melhor, a perda quase que em estado definitivo da esperança. O desespero é capaz de corroer o coração.

A esperança é a vacina contra o desânimo, contra a possibilidade de invasão do egoísmo porque, apoiados nela, nos dedicamos à construção de um mundo melhor. A perda da esperança endurece nossos sentimentos, enfraquece nossos relacionamentos, deixa a vida cinza, faz a vida perder parte do seu sabor. No entanto, todos os dias, somos atingidos por inúmeras situações que podem nos desesperar.

A esperança é o combustível da vida, a forma de mantê-la viva é não prender os olhos nas tragédias; a cada desgraça que contemplamos corremos o risco de perder combustível. Existe na mitologia grega uma figura interessante chamada Fênix, que quando morria entrava em autocombustão e, passado algum tempo, renascia das próprias cinzas. Essa ave, o mais belo de todos os animais fabulosos, simbolizava a esperança e a continuidade da vida após a morte. Revestida de penas vermelhas e douradas, as cores do Sol nascente, possuía uma voz melodiosa que se tornava triste quando a morte se aproximava.

A impressão causada em outros animais – por sua beleza e tristeza – chegava a provocar a morte deles. Nossa vida passa por esse processo várias vezes num único dia, ou seja, sair das tragédias para contemplar a beleza que não morreu, a vida que existe ainda, como fazia essa ave mitológica. Alguns historiadores dizem que o que traria a Fênix de volta à vida seria somente o seu desejo de continuar viva, depois de completar quinhentos anos elas perdiam o desejo de viver e aí, se morressem, não mais reviviam. O desejo de continuar a viver era sua paixão pela beleza que é a vida.

Vida sem sabor é uma vida sem perspectivas; quem cansou de tentar, cansou de lutar, desistiu de tudo, uma vida que apenas espera o seu fim por pensar que nada que se faça pode mudar coisa alguma. Quem perdeu a capacidade de sonhar, o desejo de felicidade confundiu-se com a utopia. Felizmente não existe motivo para desanimar, lembrando as palavras de São Paulo: "A esperança não decepciona" (Rm 5,5). Não falamos aqui de qualquer esperança, mas da autêntica esperança, que não se apoia em ilusões, em falsas promessas, que não segue uma ilusão popular em que tudo se explica.

A esperança verdadeira, vinda de Deus, é uma atitude muito realista, que não tem medo de dar às situações seu verdadeiro nome e tem sempre Deus como fator principal. Não tem medo de rever as próprias posições e mudar o que deve ser mudado. À medida que perdemos ilusões e incompreensões temos o espaço real, no qual pode crescer a esperança, que nada mais é do que a certeza de que tudo pode ser melhor do que o que já vemos, e o desejo de caminhar na direção da vida, atraídos pela sua beleza, que no momento pode somente ser sonhada, mas é contemplada pelo coração.

O homem pode ser resistente às palavras, forte nas argumentações, mas não sobrevive sem esperança. Ninguém vive se não espera por algo bom que seja bem melhor do que o que já conhece, que já possui ou já experimentou. Deus alimenta nossa vida através da esperança!

Padre Xavier

3 de fevereiro de 2009

Quem sou eu?

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Eu, visto pelo outro, nem sempre sou eu mesmo...

Quem sou eu? Eu vivo para saber. Interessante descoberta que passa o tempo todo pela experiência de ser e estar no mundo. Eu sou e me descubro ainda mais no que faço. Faço e me descubro ainda mais no que sou. Partes que se complementam.

O interessante é que a matriz de tudo é o "ser". É nele que a vida brota como fonte original. O ser confuso, precário, esboço imperfeito de uma perfeição querida, desejada, amada.

De vez em quando, eu me vejo no que os outros dizem e acham sobre mim. Uma manchete de jornal, um comentário na internet ou até mesmo um e-mail que chega com o poder de confidenciar impressões. É interessante. Tudo é mecanismo de descoberta. Para afirmar o que sou, mas também para confirmar o que não sou.

Há coisas que leio sobre mim que iluminam ainda mais as minhas opções, sobretudo quando dizem o absolutamente contrário do que sei sobre mim mesmo. Reduções simplistas, frases apressadas que são próprias dos dias em que vivemos.

O mundo e suas complexidades. As pessoas e suas necessidades de notícias, fatos novos, pessoas que se prestam a ocupar os espaços vazios, metáforas de almas que não buscam transcendências, mas que se aprisionam na imanência tortuosa do cotidiano. Tudo é vida a nos provocar reações.

Eu reajo. Fico feliz com o carinho que recebo, vozes ocultas que não publico, e faço das afrontas um ponto de recomeço. É neste equilíbrio que vou desvelando o que sou e o que ainda devo ser, pela força do aprimoramento.

Eu, visto pelo outro, nem sempre sou eu mesmo. Ou porque sou projetado melhor do que sou ou porque projetado pior. Não quero nenhum dos dois. Eu sei quem eu sou. Os outros me imaginam. Inevitável destino de ser humano, de estabelecer vínculos, cruzar olhares, estender as mãos, encurtar distâncias.

Somos vítimas, mas também vitimamos. Não estamos fora dos preconceitos do mundo. Costumamos habitar a indesejada guarita de onde vigiamos a vida. Protegidos, lançamos nossos olhos curiosos sobre os que se aproximam, sobre os que se destacam, e instintivamente preparamos reações, opiniões. O desafio é não apontar as armas, mas permitir que a aproximação nos permita uma visão aprimorada. No aparente inimigo pode estar um amigo em potencial. Regra simples, mas aprendizado duro.

Mas ninguém nos prometeu que seria fácil. Quem quiser fazer diferença na história da humanidade terá que ser purificado nesse processo. Sigamos juntos. Mesmo que não nos conheçamos. Sigamos, mas sem imaginar muito o que o outro é. A realidade ainda é base sólida do ser.

Foto Padre Fábio de Melo

29 de janeiro de 2009

Administrar perdas afetivas

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As coisas se resolverão em Deus e não segundo seu desejo

A palavra perda, por si só, já causa certo mal-estar. Trabalhamos, batalhamos, buscamos conservar, enfim, nos aplicamos tanto nessa vida que, quando ocorre algum tipo de perda, certamente, ela nos causa dor. Ainda que o futuro revele que aquele fato contribuiu para o nosso bem, no momento em que ele acontece, sofremos e nos lamentamos.

Algumas perdas nos causam apenas incômodo. Perder o horário, o jogo de futebol, a vaga na garagem, o cartão de crédito ou algum outro objeto são privações momentâneas que, de alguma forma, estamos condicionados a quase, instantaneamente, buscar uma solução ao prejuízo causado. Há uma reação que dá curso ao seguimento da vida.

Já quando nos deparamos com uma perda na área afetiva, como o namoro que terminou, o esposo (a) que se foi, um familiar que morreu ou até mesmo quando o afeto envolve algo material – casa, móvel de estimação, automóvel –, essa tomada de atitude nunca é de pronto, pois fica mais difícil administrar. Os sentidos ficam atordoados e pensar com coerência nem sempre é o que acontece. Há quem aja até esquecendo-se do amor próprio e da liberdade que o outro tem; procedendo, às vezes, de forma infantil. A razão não admite o desfalque e busca um modo irreal de alimentar a crença de que tudo voltará a ser como era antes.

Mas o que fazer nessa hora?

Devemos admitir que a perda é real; aconteceu. Isso quer dizer que não adianta ficar contando com algo que possa acontecer para reverter a situação.

A vida prossegue do ponto e nas condições em que você está. É preciso agir com a razão; não segundo a voz do coração em desespero. A pergunta a se fazer é: "O que posso fazer agora?" E não: "Como será minha vida?". A forma diferente de se questionar inspira atitudes determinantes. Enquanto a primeira provoca uma reação, a última demonstra a prostração perante o fato. Agir com a inteligência também é respeitar a escolha de quem já não quer um compromisso com você. Não prometa que você vai mudar radicalmente (diferente de admitir um erro), não se anule enquanto pessoa para ser como o outro quer, porque você não será feliz e não conseguirá fazer o outro (a) feliz.

Saudosismo também não resolve.

Enquanto houver sentimento, procure não se encontrar ou, pelo menos, não se prolongar muito tempo na presença do (a) ex. Qualquer progresso alcançado em levar sua vida adiante pode ir por água abaixo por causa de um comentário ou de um olhar da outra parte que seja mal interpretado por você. Não se esqueça de que seu coração ainda quer acreditar.

Busque com o que se distrair. Uma boa conversa com os amigos e um ambiente diferente lhe fará bem. Não fique só pensando o que estaria fazendo na companhia dele (a) ou nos lugares em que costumavam frequentar juntos.

Queira reagir. Decida-se por prosseguir seu caminho. Pessoas que passaram por nossa vida, deixaram-nos cicatrizes boas ou ruins e não há como apagá-las. Fique com o que foi bom. Uma pequena manifestação de querer se livrar do pesar que lhe causa dor, lhe trará mais alegria e outras pessoas vão se aproximar de você, pois a alegria as atrai.

Enfim, a esperança não pode ser uma expectativa fechada. As coisas se resolverão em Deus e não segundo seu desejo no momento. Dê tempo ao tempo! Até mesmo em casos em que, realmente, há uma volta, uma reconciliação ou que você volte a ter o que perdeu, atitudes como essas ajudam no processo e no tempo em que você se desprendeu.

Tenha em mente que "Tudo concorre para o bem daqueles que amam Deus". (Rm 8,28). O Senhor pode e tem poder de tirar algum benefício de tudo o que é ruim.

Se algo lhe foi arrancado, ainda que violentamente, não quer dizer que você nunca mais será feliz. Ainda há no seu interior a capacidade de amar e aparecerá alguém que se identifique melhor com sua forma de expressar todo esplendor dos sentimentos que habitam o seu ser.

Deus o abençoe.

Sandro Arquejada - Missionário Canção Nova
sandroarq@geracaophn.com

21 de janeiro de 2009

Minha namorada quer transar, e agora?

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O relacionamento sexual não é mera aventura ou sonho de verão

Recebi muitos comentários sobre o artigo "Meu namorado quer transar, e agora?", sendo que alguns rapazes cristãos chamaram a minha atenção no sentido de que hoje as moças também estão muitas vezes exigindo "transar" no namoro, deixando-os em situação difícil.

Em primeiro lugar, devo dizer que recebi o título do artigo da equipe do Portal da Canção Nova e pensei que devesse me limitar a ele; na verdade, eu poderia ter abordado o assunto de ambos os lados, das moças e dos rapazes.


No tempo do meu namoro – que já vai longe! – quase não se cogitava a possibilidade de uma moça exigir do namorado a realização do ato sexual; e os pais cuidavam disso muito de perto. Talvez por isso, inconscientemente, eu tenha me restrito ao tema do artigo proposto.

Um rapaz, que reclamou da parcialidade do meu artigo, disse-me que terminou o namoro com uma garota porque ela exigia dele vida sexual. Na resposta a seu e-mail, a primeira coisa que escrevi foi um elogio a ele com minhas congratulações por se comportar de verdade, corajosamente, como um jovem verdadeiramente cristão; algo não tão comum hoje em dia.

Nossos jovens cresceram sem receber a menor informação sobre o "brilho" da virtude da pureza; e, por isso hoje, quase sem culpa, estão encharcados de sexo vazio.

Se o ato sexual no namoro não deve ser forçado pelo rapaz, muito menos pela moça, uma vez que ela é quem mais vai ficar marcada com esse comportamento. Ora, sabemos que a mulher é detalhista e não se esquece de nada que ocorra na sua vida, especialmente na área romântica. Minha esposa, depois de 40 anos, ainda sabe a cor da camisa que eu usava quando comecei a namorá-la; lembra-se de tudo, dos detalhes, das músicas... Confesso que eu não me lembro de quase nada.

É preciso dizer aqui que a parte que mais sofre com a vida sexual fora de lugar é a mulher. A jovem, na sua psicologia feminina, não esquece os menores detalhes da sua vida amorosa. Ela guarda a data do primeiro encontro, o primeiro presente, etc... Será que ela vai se esquecer da primeira relação sexual? É claro que não!

A primeira relação deve acontecer num ambiente preparado, na lua-de-mel, quando a segurança do casamento a sustenta. A vida sexual de um casal não pode começar de qualquer jeito, às vezes dentro de um carro numa rua escura, ou mesmo num motel, que é um antro de prostituição. O relacionamento sexual não é mera aventura ou sonho de verão; não, é o selo de um compromisso de duas pessoas maduras que decidiram entregar a vida um ao outro e aos filhos, até a morte. O sexo e o amor são a nascente da vida humana; e não uma mera curtição.

Além do mais, quando o namoro termina, as marcas que o sexo deixa ficam no corpo da mulher para sempre. Para o rapaz tudo é mais fácil. Ele não precisa usar pílula anticoncepcional (que faz mal para a mulher), nem o DIU ou a pílula do dia seguinte, que é uma bomba de hormônio na mulher. O rapaz não corre o risco também de uma gravidez indesejada ou de procurar o crime do aborto para eliminar a criança que não devia ter sido gerada.

Eu me lembro que, na década de 70, para diminuir os acidentes de trânsito, o Governo lançou um slongan: "Não faça de seu carro uma arma, a vítima pode ser você". Podemos perfeitamente plagiar essa frase e dizer: "Não faça do seu corpo uma arma, a vítima pode ser você". Já vi e ouvi muita moça chorar porque brincou com o sexo. Não faça isso.

O namoro é o tempo de conhecer o coração do outro e não o seu corpo; é o momento de explorar a sua alma e não o seu físico. Para tudo há a hora certa, no momento em que as coisas acontecem com equilíbrio e com a bênção de Deus. Espere a hora do casamento, e então você poderá viver a vida sexual por muitos anos e com a consciência em paz, certa de que você não vai complicar a sua vida, a do seu namorado e nem mesmo a da criança inocente.

O bom para o namoro é uma vida de castidade, que é a melhor preparação para o casamento. Sem dúvida, um casal de namorados que souber aguardar a hora do casamento para viver a vida sexual, é um casal que exercitou o autocontrole das paixões e saberá ser fiel um ao outro na vida conjugal.

Se você quer um dia construir uma família sólida, um casamento estável e uma felicidade duradoura, então precisa plantar hoje para colher amanhã. Ninguém colhe se não semear. Na Carta aos Gálatas, São Paulo diz: "De Deus não se zomba. O que o homem semeia, isto mesmo colherá" (Gl 6,7).

Peço que você faça esta experiência: veja quais são as famílias bem constituídas, veja quais são os casamentos que estão estáveis e verifique sob que bases eles foram construídos. Você verá que nasceram de casais de namorados que se respeitaram e não brincaram com a vida do outro.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com