22 de novembro de 2024

A Devoção ao Menino Jesus



As Origens

Historicamente, esta "devoção" propriamente dita foi precedida pela adoração: os primeiros adoradores de Jesus menino serão Maria, José, os pastores, Simeão e Ana, os magos etc, enquanto que dois Evangelistas -- Mateus cap. 1 e 2 e Lucas cap. 2 -- insistirão sobre esta infância.

Santa Catarina de Alexandria, São Jerônimo foram favorecidos por suas aparições: conhece-se também a familiaridade de Santo Antônio de Pádua com relação ao Divino Infante.

Santo Ambrósio insistirá sobre o vínculo pessoal do resgatado com o menino do presépio: "Sou eu que me aproveito dessas lágrimas de menino chorando".

Santo Agostinho retoma o tema do presépio, figura da Eucaristia, convidando os cristãos a meditar sobre o canto dos anjos em Belém.

São Leão, em suas pregações para o Natal e a Epifania, parece ser um dos primeiros a estabelecer um liame entre a infância de Jesus e o espírito de infância.

São Bernardo, que teria tido em sua juventude uma visão da Natividade, aproveitar-se-á de toda ocasião para celebrar, nas suas homilias, o Menino Jesus: ele trata com pormenores dos seus traços e lições: doçura, bondade, paciência, humildade, pobreza etc.

Na Itália, Francisco de Assis será uma das testemunhas mais ilustres desta devoção. São Boaventura, estendendo-se sobre os mistérios da Infância dá a respeito dela "uma interpretação alegórica que permite calcar sobre a infância de Cristo as atitudes de uma ascensão espiritual".

Desde os começos da ordem franciscana, místicos recebem seus favores: o Menino Jesus deixou-se tomar, levar, abraçar...

Nos séculos XIII e XIV os autores espirituais propõem obras populares baseadas nos relatos da Infância, e Meditações onde a Infância quer suscitar tanto fervor quanto a Paixão.

Santo Inácio, nos seus Exercícios espirituais, dará grande realce a este tema de meditação.

 

Desenvolvimento de uma Piedade Popular nos Séculos XV e XVI

Ela se manifesta por representações da Natividade, na Itália, e do Menino sozinho, principalmente nos países germânicos. Na Inglaterra, abre-se o colégio São Paulo sob a proteção de um "Menino Jesus docente", nos Paises Baixos, poemas e orações celebram, com muita ternura, "o meninozinho"

 



As Estatuetas do Menino Jesus

A piedade popular vai também se manifestar  em torno desta forma de representação do Menino Jesus: algumas destas se revelarão miraculosas, elas ocuparão em breve um lugar privilegiado na devoção à Infância.

O Jesus-kind de Altenhohenhau, o de Fismoos na Áustria, o Bambino de Ara Coeli de Roma, são objeto de veneração popular.

Santa Teresa d´Ávila que propaga o uso das estatuetas, segurava nos seus braços uma representação do Menino Jesus.

O venerável Francisco do Menino Jesus (+ 1604), carmelita, recorria "em tudo que fazia ao Menino" representado por uma pequena estátua.

 

Evolução da Devoção no Século XVII

O cardeal de Bérulle (+ 1629) desempenhará um papel importante no desenvolvimento desta devoção.

Tendo encontrado na Espanha, entre os protagonistas da devoção, Francisco do Menino Jesus, é depois da introdução na França da reforma teresiana, que Bérulle fará da Infância do Verbo Encarnado um tema freqüente de seu ensinamento. A difusão de sua influência é assegurada pelos Carmelos e pelo Oratório.

Formadas por suas mães espanholas, as carmelitas francesas vão dar à devoção o seu impulso definitivo.

Em Paris, desde 1605, se possui uma estátua do Menino Jesus enviada pelo Geral das carmelitas da Espanha à bem-aventurada Ana de São Bartolomeu, favorecida com visões de Jesus Infante.

O carmelo de Beaune dará um impulso decisivo à devoção com Margarida do Santo Sacramento (1619-1648). Ela viverá em "familiaridade" com o Menino Jesus que se manifesta a ela sob os traços de um menino de alguns meses, enfaixado segundo o costume da época.

Ela recebe do "Pequeno Rei" a missão de atrair sobre o reino da França a proteção do Menino Jesus, honrando-o com uma nova devoção e cria para este fim, em 1636, uma Associação cujo impulso será favorecido pelas circunstâncias: país ameaçado pela invasão (1636), nascimento de Luís XIV (1638) considerada como uma graça nacional devida ao poder do Menino Jesus.

A irradiação da devoção de Beaune será multiplicada pelos Oratorianos, que criam uma confraria em Paris, rapidamente propagada no interior e da qual um dos mais ativos auxiliares será o Barão de Penty (+ 1649) que, tendo conhecido Margarida de Beaune, dará ao mosteiro a célebre estatueta do "Rei da Graça" que aí se continua a venerar hoje.

A doçura e a graça do "Pequeno Rei" de Beaune são particularmente comoventes.

Tipicamente carmelitana em suas origens, esta devoção, entretanto não foi monopolizada por esta Ordem.

Entre os Dominicanos distingue-se o nome de dezenas de religiosas que têm uma devoção especial ao Menino Jesus e várias dentre elas, na Espanha, Itália e França, serão favorecidas com aparições.

Entre as Visitadinas -- cujo fundador, São Francisco de Sales, encontrava no Menino do Presépio um modelo de vida religiosa -- Ana Margarida Clemente (+ 1661) estabelece uma associação idêntica a de Beaune.

As diretivas espirituais da congregação das Ursulinas francesas recomendarão a união ao Menino Jesus...

Falta-nos espaço para citar todos os religiosos e religiosas em cuja biografia se fala de uma particular devoção ao Menino Jesus, ou que foram favorecidos com suas aparições.

 


O Menino Jesus de Praga

Quando o protestantismo devastava a Europa, os príncipes que tinham traído a causa do Santo Império se coligavam contra Fernando II e ameaçavam particularmente Praga e a Boêmia católica, cujo príncipe eleitor calvinista, Frederico do Palatinado, se havia feito coroar como rei.

O Imperador Fernando II, já gravemente atacado pelos príncipes protestantes da Alemanha e da Suécia, obteve em 1620, do Papa Paulo V, o envio do Padre Domingos de Jesus Maria, terceiro Geral dos Carmelitas descalços, instalados em Roma desde 1620.

A 20 de junho de 1620, o padre chegava à Alemanha com outros dois carmelitas. Sua presença fez renascer a confiança e a esperança nos exércitos católicos que ele acompanhava e cuja vitória sobre os hereges ele predisse desde 20 de julho.

Ao visitar na Boêmia o castelo de Starkonitz, devastado pelos protestantes, o Padre Domingos aí descobriu na lama de um subterrâneo um quadro no qual a Virgem e todos os personagens -- salvo o Menino Jesus -- tinham tido os olhos furados pelos profanadores heréticos.

Ele fez o voto de restabelecer o culto desta imagem, que levava consigo no domingo, 8 de novembro de 1620, durante a batalha da Montanha Branca, onde as tropas calvinistas, apesar de sua superioridade esmagadora em número, foram dispersas e vencidas pelo exército católico.

Este quadro se conservou depois em Roma, na igreja de Santa Maria da Vitória.

Em reconhecimento por esta vitória, o Imperador, de acordo com seu aliado, o Duque Maximiliano da Baviera, fundou em 1622 os conventos de Viena e depois os de Praga e de Gratz.

Em Praga, o Imperador e o conselho municipal adquirem um antigo templo protestante e suas dependências, que ofereceram ao Padre Domingos para aí fundar o convento; a 8 de setembro de 1624, consagrada com o título de Nossa Senhora da Vitória, esta igreja iria tornar-se o centro da irradiação da devoção ao "Menino Jesus de Praga".

 

Doação da Estátua aos Carmelitas de Praga

A situação material era todavia difícil para os Carmelitas de Praga, reduzidos às esmolas dos benfeitores; para aliviá-la, o Padre João Luís da Assunção, Prior, penetrado da devoção carmelitana ao Menino Jesus, recebeu do Senhor a inspiração de lhe desenvolver o culto e ordenou ao seu imediato, o Padre Cipriano de Santa Maria, procurar uma estatueta do Menino Jesus que seria instalada no oratório.

É então que a princesa Polyxèna de Lobkowitz, que Fernando II havia feito recuperar a posse de seus bens confiscados pelos protestantes, oferece em 1628 uma estatueta do Menino Jesus ao Prior. Segundo a tradição, é a mãe de Polyxèna, Maria Manriquez de Lara, nascida princesa Pignatelli, que havia trazido esta estatueta miraculosa da Espanha e lha tinha ofertado como presente de núpcias.

De cera, com 48 centímetros de altura, ela representa o Menino Jesus de pé, com a mão direita levantada para abençoar e com a esquerda trazendo um globo. A expressão do rosto é de uma comovente doçura.

Ao remetê-la ao Prior, Polyxèna lhe disse: "Eu vos confio o que tenho de mais caro. Honrai esta imagem e de nada tereis falta." Em breve seguiram-se numerosos benefícios materiais para os Carmelitas de Praga; um dos quais, o Padre Cirilo da Mão-de-Deus, se tinha tornado apóstolo da devoção ao Menino Jesus.

 

Profanação e Esquecimento

Alguns anos após, a Boêmia tornou a ser o teatro da guerra, e os Carmelitas transferiram o noviciado para Munique;  a devoção caiu no esquecimento e os Carmelitas foram oprimidos por provações.

Um exército protestante de 18.000 homens abateu-se sobre a Boêmia onde Praga, que não tinha senão 500 homens para se defender, recaiu sob o jugo dos hereges; 80 ministros protestantes instalaram-se nas igrejas e a de Santa Maria foi pilhada, a estatueta do Menino Jesus jogada entre os destroços, atrás do altar.

Todavia, em maio de 1632, Fernando II recrutou um novo exército que expulsou os saxões de Praga: os Carmelitas estabeleceram-se novamente em seu convento, mas ninguém se preocupou com a preciosa estátua.

 

Ao flagelo da guerra sucedeu o de uma terrível epidemia da qual o Padre Prior foi uma das vítimas, e a miséria reinava no Carmelo, enquanto que o inimigo de novo ameaçava Praga.

 



Reparação

Tal era a situação quando, em 1637, o Padre Cirilo foi chamado de volta a Praga. Ele encontrou a estatueta danificada, cujas mãos haviam desaparecido, e a expôs novamente no coro à veneração dos fiéis. O Menino Jesus, que tinha abandonado o convento enquanto era deixado no esquecimento, manifestou de novo o seu poder: o cerco de Praga foi levantado ao mesmo tempo que a comunidade dos Carmelitas se achava provida do mínimo necessário.

Ora, durante uma oração diante da estatueta mutilada, o Padre Cirilo ouviu distintamente estas palavras: "Tende piedade de mim e eu terei piedade de vós. Restitui-me as minhas mãos e eu vos restituirei a paz... quanto mais me honrardes, tanto mais eu vos favorecerei..."

Preocupado com reunir os fundos necessários à restauração da estatueta, Padre Cirilo se chocava com a indiferença de seu Prior até o momento em que o Menino Jesus lhe falou de novo: "Colocai-me à entrada da sacristia e encontrareis alguém que terá piedade de mim."

É então que um estrangeiro, Daniel Wolf, se apresentou e pediu aos Padres que lhe confiassem a estátua, que ele reparou às suas custas.

Seguiram-se várias peripécias verdadeiramente sobrenaturais: Daniel Wolf, que havia perdido a sua posição e a sua fortuna, recuperou uma e outra, e depois, atacado por uma grave doença, fez voto de mandar construir um altar para a estatueta e foi atendido com a sua cura.

 

Proteção Particular do Divino Infante

Por volta de 1642, ajudado por donativos e concursos providenciais, o Padre Cirilo viu chegar o momento de pedir ao seu Prior a construção, no recinto do mosteiro, de uma capela destinada ao Menino Jesus e cujo local precioso lhe havia sido indicado pela própria Santíssima Virgem.

A 14 de janeiro de 1644, na festa do Santo Nome de Jesus, o Prior celebrava aí a primeira Missa e a 3 de maio de 1648, o Cardeal Arcebispo de Praga a consagrava oficialmente.

A estátua miraculosa foi aí conservada até 1741: entrementes, a devoção popular tinha tomado um tal desenvolvimento que a capela se revelava demasiado pequena e, a 14 de janeiro de 1741, a estatueta foi instalada solenemente na própria igreja, à direita do altar central, no seu lugar atual.

Não nos é possível, no plano deste curto artigo, relatar mesmo sumariamente a longa crônica dos acontecimentos que se seguirão, caracterizada por uma alternância de favores particulares concedidos aos que conservaram esta devoção (seja a título individual: curas etc. ou coletivo: proteção de cidades por ocasião de conflitos ou epidemias) e de provações sofridas pelos que a abandonaram.

 

Declínio da Devoção em Praga no Fim do Século XVIII

Restauração da Igreja

O fiel que visita em 1993 a igreja de Santa Maria da Vitória se espanta por não ver aí mais que uma ou duas dezenas de ex-votos.

No fim do século passado, sob a influência das ordenações do Imperador da Alemanha José II -- o "déspota esclarecido" -- que quis reformar a igreja -- uma vaga de iconoclastia varreu das igrejas os quadros e imagens, enquanto que um grande número de casas religiosas e de conventos eram suspensos.

Em julho de 1794 os Carmelitas foram desapossados de Santa Maria da Vitória ao passo que os objetos de valor ou os ex-votos, que ornavam, foram confiscados, vendidos ou roubados.

A Igreja tornou-se paroquial, servida pelos sacerdotes da Ordem de Malta.

É em 1848 que ela foi restaurada, assim como o belíssimo altar do Menino Jesus que se vê hoje ali, na parte direita da nave.

Fazendo-lhe exatamente face, à direita da nave, se eleva o altar da Virgem, sobre o qual está colocado um quadro da Virgem em oração, ilustrado por um fato miraculoso.

Por ocasião de perturbações, um velho soldado deu um tiro de arcabuz neste quadro, que o projétil furou no lugar do coração de Nossa Senhora: o sangue correu então pelo orifício, para espanto do soldado sacrílego, do qual a tradição diz que foi imediatamente confessar-se e se converteu...

Ulteriormente, o religioso encarregado da igreja declarou: "Convém que a Mãe se torne a unir com o seu Filho" e fez instalar este quadro no seu lugar atual.

Até uma data recente, dois quadros colocados de uma parte e de outra representavam o episódio do velho soldado. Infelizmente, eles foram roubados.

 

Extensão da Devoção do Menino Jesus de Praga na Europa

Limitar-nos-emos a evocar rapidamente esta extensão na França, Bélgica e Itália.

 

Na França

O Carmelo de Meaux parece ter desempenhado um grande papel na propagação desta devoção na França: Madre Gertrudes de Jesus, sub-priora, recebeu em 1885 -- segundo a tradição oral do Carmelo -- o favor de ver andar na sua cela "um pequeno Jesus que não era como os outros".

Ela procurou por muito tempo uma imagem ou estátua representando o Menino com os traços com que Ele lhe tinha aparecido, até 31 de janeiro de 1886, quando descobriu o histórico do "Pequeno Grande" de Praga e aí reconheceu o "seu pequeno Jesus"...

A estátua tão desejada chegou a Meaux, presente anônimo, a 13 de abril de 1886, e foi solenemente erigida na capela exterior do mosteiro, a 13 de setembro de 1888, pelo Bispo da diocese.

Até a morte (1 de janeiro de 1905), a Madre Gertrudes de Jesus dedicou-se ativamente a promover o culto do "Divino Pequeno-Grande" na França e no mundo.

 

Na Bélgica

O Carmelo de Audenarde ter-se-ia adiantado a todos os outros: desde 1886 o Menino Jesus miraculoso de Praga tem um trono na capela e as religiosas distribuíram os primeiros santinhos e medalhas.

Em 1891, uma bruxelense, Gabriela Fontaine, inspirada por sua mãe, vai consagra sua existência ao que será sua profissão de fé: "levar a todos o conhecimento e o amor de Jesus Menino".

Mulher de fé e de energia, dotada de um senso particular de organização, seus esforços verão a sua coroação a 18 de outubro de 1906, na consagração da igreja do Santo Menino de Jesus, edificada por sua iniciativa, em Bruxelas.

No intervalo, G. Fontaine terá suscitado a criação da confraria da Santa Infância de Jesus, fundado uma revista, mandado fazer uma cópia da estatueta de Praga difundida em milhares de exemplares que se encontram em numerosíssimas igrejas e casas religiosas na França e alhures.

A igreja de Bruxelas foi, desde a origem, confiada à ordem dos Barnabitas e as centenas de "ex-voto" que ornam suas paredes testemunham as graças ali obtidas.

A julgar por estes testemunhos --  freqüentemente muito comoventes -- da devoção ao Menino Jesus , verifica-se que esta devoção tem nascimento no fim do último século [Santa Teresinha do Menino Jesus em particular teve uma devoção muito grande ao Menino Jesus], viu o seu apogeu entre 1905 e 1925, para estiolar-se logo em seguida.

 

Na Itália: O Santuário de Arenzano

Os Carmelitas descalços estabeleceram-se em Arenzano, pequena cidade situada a alguns quilômetros de Gênova, em 1889. Nesta época, o Santo Menino Jesus de Praga era quase desconhecido na Itália.

Em 1895, os Carmelitas de Milão obtém de seu Cardeal a permissão de introduzir em seu santuário uma estatueta do Menino Jesus de Praga.

Será o ponto de partida de uma devoção que se espalhará rapidamente pelo povo italiano, através dos Carmelos, favorecendo sempre o desenvolvimento da espiritualidade carmelitana.

Em 1900, o Prior de Arenzano instala um pequeno quadro representando o Menino na capela do seu convento e, desde o ano seguinte, em conseqüência das graças recebidas pelos fiéis que ali vinham rezar, a afluência surpreende os Padres que decidem substituir o quadro por uma estatueta.

A marquesa Delfina Gavotti de Savona lhes oferece então uma cópia do original de Praga, a qual será substituída pela estátua (de madeira, um pouco maior que o original, mas que é sua exata reprodução) atualmente venerada.

A afluência aumenta -- assim como as graças obtidas, confirmando a promessa feita ao Padre Cirilo: "Tanto mais vós me honrardes, tanto mais eu vos favorecerei" -- e, patenteando-se demasiado pequena a capela, decidiu-se a construção de um santuário.

A primeira pedra da imponente basílica será posta a 16 de outubro de 1904 e a benção solene do edifício realizar-se-á quatro anos mais tarde. O local sobre o qual ele está construído torna esta visita particularmente atraente.

Uma confraria do Santo Menino Jesus de Praga, chamada "pia união", foi ali erigida: conta com um grande número de adeptos e publica um periódico.

A festa principal de Arenzano se realiza no primeiro domingo de setembro, aniversário da abertura do santuário.

 



Conclusão

A história desta devoção, cujas linhas gerais acabamos de traçar, mostra que ela é ao mesmo tempo teologicamente fundada, uma prática antiga e sobrenaturalmente fecunda.

Fecunda: insistiremos neste ponto. Como todas as orações de petição, as preces endereçadas ao Menino Jesus não obtém sempre -- na aparência e literalmente -- as graças pedidas.

Mas nossa curta vista nos dissimula freqüentemente esta realidade: Deus -- e aqui o Menino Jesus -- sabe melhor do que nós o que nos é necessário... E quantas vezes a alma, a princípio decepcionada, e até entristecida por não ter obtido a graça, a cura, o favor pedido, descobre com o tempo que, enfim, ela recebeu muito mais!

No caso particular da devoção e do recurso ao Menino Jesus serão os frutos do "espírito de infância": doçura, paciência, humildade, esquecimento de si...

Resta dizer que, se o Menino Jesus ainda é honrado em algumas casas religiosas e famílias, o é por exceção: é forçoso verificar que esta devoção é praticamente ignorada do maior número de católicos, mesmo os mais fiéis...

Basta visitar as capelas de Bruxelas, de Beaune ou de Praga -- quase permanentemente desertas -- para se dar conta disso! Mas retorquir-nos-ão, não acontece o mesmo com a maior parte das nossas igrejas onde, aí sim, a Presença Eucarística é bem Real?

Certamente. Mas se esta Presença é igualmente Real no tabernáculo de cada um de seus santuários, o coração de um cristão se ressente mais afetivamente desta solidão quando ela se manifesta -- além disso -- em torno da comovedora imagem do Menino Deus -- seja a da criancinha enfaixada de Beaune ou a do "Pequeno-Grande" de Praga...

Os que tiveram a graça de conduzir seus filhos ou netos a um destes santuários e de observar as reações deles, compreenderão melhor o que quereríamos dizer aqui.

Assim convém favorecer novamente esta devoção em nossas famílias, lembrando-nos da promessa do Menino Jesus: "Quanto mais me honrardes, tanto mais vos favorecerei".

 

(Revista SIM SIM NÃO NÃO n° 2 ― Fevereiro de 1993)

Fonte: https://permanencia.org.br/drupal/node/5315


21 de novembro de 2024

Por que Deus não me escuta?

Por que Deus não me escuta?

Por que Deus não me escuta? Todos nós nos fazemos essa pergunta mais cedo ou mais tarde, e teremos que passar pela experiência da provação, tanto a nível pessoal como com pessoas que nos são queridas. Há situações que, humanamente, são impossíveis resolver. Dentre elas, a mais dolorosa é ver uma pessoa que amamos em dificuldades e não podermos socorrê-la. A impotência diante dos sofrimentos da vida só tem um caminho de redenção, que é a em Jesus. No entanto, muitas vezes, ouvimos: "Eu tenho muita fé! Por que Deus não me escuta?".

Por que Deus não me escuta?

Créditos: FatCamera / GettyImagens

Por que Deus não me escuta?

Se tens fé, porque se lamenta por não ser atendido? Por que Deus não me escuta? O Catecismo nos diz que a nossa confiança filial é submetida à prova quando temos a sensação de não sermos atendidos. A Igreja, em sua sabedoria, nos ensina que a provação revela qual é a imagem que temos de Deus que motiva a nossa oração. Deus é um meio a utilizar alguém que tem obrigações em nos atender em tudo e de forma rápida ou é o Pai amoroso de nosso Senhor Jesus Cristo e nosso Pai? (CIC 2734-2756).

Quando se levanta a questão: Por que Deus não me escuta? Coloca-se Deus e seu amor providente em certa suspeição. Foi assim que, no princípio, a Serpente tentou nossos primeiros pais (cf. Gen 3). O Papa João Paulo II revela com perspicácia que, na história do homem, quando aparece pela primeira vez o "perverso gênio da suspeição", é falseada a verdade sobre a identidade de Deus, pois se procura falsear o próprio Bem absoluto, que se manifestou na criação como Amor criador (DeV, 37).

Bento XVI, sobre esta "suspeição" que acontece na atualidade, diz o seguinte:

"Para o homem de hoje, em relação (…) à perspectiva clássica da fé cristã, num certo sentido, as coisas se inverteram, ou seja, o homem já não pensa que precisa da justificação diante de Deus, mas o seu parecer é que Deus se deve justificar devido a quanto há de horrendo no mundo e a miséria do ser humano, tudo coisa que, em última análise, dependeriam dele". (BENTO XVI, apud TEMPESTA, 2016).

Uma fé alicerçada em Deus 

Não podemos esquecer que, na oração, combatemos contra nós mesmos e contra as astúcias do Tentador que faz de tudo para nos desviar da oração e da união com nosso Senhor. Por isso temos que ter alicerçada uma fé autêntica em Deus. O nosso Pai sabe muito bem do que precisamos, ainda antes que Lho peçamos (cf. Mt 6, 8). Santo Agostinho diz: "Não te aflija se não recebes imediatamente de Deus, o que lhe pedes: pois Ele quer fazer-te um bem ainda maior", ensina o Catecismo (CIC 2725- 2737).

O método antigo e sempre novo para responder: Por que não me escuta? Enfim, passar pela provação e enfrentar o silêncio e as demoras de Deus (cf. Eclo 2,3) é crer e esperar que Ele, em Seu amor, fará tudo concorrer para o bem daqueles que O amam (cf. Rm 8,28). Que tenhamos viva nossa confiança filial no bom Deus como teve Santa Teresinha, que, relendo sua história, dias antes da sua morte, concluiu em meio aos seus maiores sofrimentos que "Tudo é graça".

Abraço fraterno, de sua irmã em Cristo

Rosa Cruvinel
Comunidade Canção Nova


Fonte: https://mensagem.cancaonova.com/mensagem-do-dia/por-que-deus-nao-me-escuta/

18 de novembro de 2024

O valor e a importância da tolerância no cotidiano

O mundo celebra, todos os anos, o Dia da Tolerância, oportunidade para que cada pessoa reconheça a necessidade de vivenciá-la no cotidiano. A tolerância é valor necessário para o equilíbrio da sociedade. Quando se desconsidera esse valor, na humanidade, crescem as inimizades, os revanchismos e muitas outras ameaças às relações pessoais, políticas e institucionais. Por isso, tolerância não pode ser compreendida apenas como uma questão governamental, relacionada ao tratamento das religiões que se diferem daquela que é partilhada pela maior parte de uma nação. O Ocidente inaugurou, a partir da Reforma Protestante e das guerras motivadas por disputas religiosas, uma grande modificação no entendimento desse conceito, tornando-o mais abrangente.

A evolução da tolerância, enquanto valor social, pode ser percebida a partir das reflexões de muitos filósofos que advertem a respeito da existência de uma prisão. Por muitas vezes, pessoas se enjaulam na própria opinião quando se encontram com alguém que pensa diferente. Uma rigidez alicerçada na desconsideração de conceitos morais, na estreiteza de horizontes, na mediocridade de intuições e inventividades. Essa dureza traz impactos na dimensão relacional e gera o malefício terrível da intolerância. Mata diálogos, tenta justificar autoritarismos, fomenta discriminações e permite que sejam erguidas as bandeiras da exclusão, da desconsideração de raças, culturas e povos. É, assim, base para preconceitos e abusos de poder.

O valor e a importância da tolerância no cotidiano

Foto ilustrativa: Larissa Ferreira/cancaonova.com

O valor e a importância da tolerância no cotidiano

A intolerância inviabiliza entendimentos e gera o caos por obscurecer princípios básicos e, consequentemente, dar lugar às tiranias e impiedades. Condutas que são alicerçadas nas razões afetivas contaminadas por desvios éticos e morais. Entre os desdobramentos, estão as concessões de todo tipo oferecidas aos próprios pares, enquanto se trata, impiedosamente, os diferentes. Antídoto para esse mal é a tolerância compreendida a partir de sua evolução conceitual, política e social, que se relaciona à compreensão mútua entre os que partilham perspectivas divergentes. Uma atitude indispensável para não inviabilizar o funcionamento social e político, como também as relações familiares e institucionais.

Da tolerância de governos, apontada pelo filósofo Locke, na sua Carta sobre a Tolerância, "escancaram-se as portas" para uma compreensão mais ampla e determinante na vida da sociedade: agir com tolerância evita um caos social e político que recai sobre a cabeça de todos.  É conduta imprescindível para se conquistar a paz, o bem, o respeito à dignidade humana e o progresso nas relações que tecem a cultura. Assim, quando a tolerância norteia atitudes, alcança-se um grau admirável de civilidade, com desdobramentos na organização social e política. Já a direção oposta a esse qualificado modo de agir leva ao crescimento das segregações, do ódio e das disputas que alimentam os focos de guerra, gerando xenofobias e massas de refugiados perseguidos. As consequências também são percebidas nos lares, nos escritórios e nas repartições públicas, frequentemente contaminados pela desarmonia.

No horizonte amplo e fundamental do conceito de tolerância, é urgente exercê-la, especialmente, trilhando os caminhos de uma espiritualidade que pode, com mais eficácia e rapidez, qualificar cada pessoa para conviver com quem é diferente. Essa espiritualidade sustenta a tolerância que fecunda projetos, respeita e promove dignidades, salva a sociedade da violência e de outras ameaças. Nesse sentido, oportunidade de ouro é conhecer o Evangelho da Tolerância, que reflete o jeito de uma pessoa: Jesus Cristo, o Mestre de Nazaré.


Evangelho da tolerância

A vida de Jesus é o Evangelho da Tolerância, escrito para nortear os gestos cotidianos de todos e, assim, sustentar grandes transformações. A luz desse Evangelho balizou a essencialidade das práticas do cristianismo em interface com outras religiões e escolhas confessionais. Encontros guiados por valores que superam a mesquinhez do egoísmo e permitem compreender que qualquer tipo de discriminação é inadmissível. Parâmetros a partir dos quais se reconhece que o mundo é de Deus e deve ser partilhado, igualmente, por todos.

Nesse rico Evangelho da Tolerância, há um núcleo fundamental, nascido no coração de Jesus e eternamente desenhado por suas palavras: o Sermão da Montanha, capítulos cinco a sete, apresentado pelo evangelista Mateus. Trata-se de uma leitura a ser adotada diariamente, fecundando a meditação que orienta as práticas do dia a dia. A preciosidade desse núcleo pode ser reconhecida a partir do comentário instigador e provocante de Mahatma Gandhi, ao dizer que se os cristãos levassem a sério o Sermão da Montanha, operariam uma radical revolução no mundo, nas relações e nos propósitos, desencadeando uma civilização fundamentada no amor e na paz.

O exercício diário de ler o Sermão da Montanha é simples e custa muito pouco, somente o tempo do silêncio restaurador, que também é fonte de sabedoria e saúde. Por isso, todos são convidados a praticá-lo, reservando um breve momento para, individualmente, em família, no trabalho ou mesmo na roda de amigos, ler um trecho, ainda que seja um só versículo. Assim é possível exercitar o coração e a vida no Evangelho da Tolerância.



Dom Walmor Oliveira de Azevedo

O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Atual membro da Congregação para a Doutrina da Fé e da Congregação para as Igrejas Orientais. No Brasil, é bispo referencial para os fiéis católicos de Rito Oriental. http://www.arquidiocesebh.org.br


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/o-valor-e-importancia-da-tolerancia-no-cotidiano/

17 de novembro de 2024

Poder do terço e a devoção mariana em Fátima

O Santo Terço é um presente de Nossa Senhora para a humanidade

O Santo Terço possui grande relevância tanto para a vida da Igreja quanto para a vida individual de cada pessoa que o reza. Trata-se de uma prática e devoção pessoal, sendo a escolha de rezar ou não, livre e individual.

Poder do terço e a devoção mariana em Fátima

Crédito: Hiraman / GettyImages

É importante lembrar que, em todas as aparições de Nossa Senhora, ela solicita que seus filhos adotem o hábito de rezar o Terço diariamente com piedade. Em Medjugorje, Lourdes, La Salette, Fátima e em outras aparições, Nossa Senhora, independentemente do país ou do nome com que se apresenta, pede que seus filhos se preparem para rezar o Santo Terço, demonstrando a importância dessa oração. Além disso, o santo terço é uma poderosíssima arma contra todas as maldades e ciladas do inimigo de Deus.

Ao longo da história, a Igreja tem recorrido à oração do terço nos momentos de adversidade, como guerras e conflitos. A oração do Santo Terço, em particular, tem sido um instrumento de auxílio e proteção em tais ocasiões, desde os primórdios da Igreja Católica, passando pela Idade Média, até os dias atuais. Todas as vezes que precisamos do auxílio divino, recorremos à oração do santo terço.

A recitação do terço tem poder para transformar a história

A aparição de Nossa Senhora em Fátima, em 1917, reveste a recitação do Terço de um significado ainda mais profundo. Naquele momento, a Virgem Maria pediu aos três pastorinhos que rezassem diariamente, buscando a paz mundial, a conversão dos pecadores, o arrependimento dos homens por seus pecados e, por fim, a conversão pessoal de cada um.

O Terço, como devoção, tem sido um meio eficaz de agradar ao coração de Deus. A história registra inúmeros exemplos de guerras que se findaram, conflitos que se pacificaram e até mesmo a queda de muralhas, como a de Berlim em 1989, que dividia a Alemanha em duas partes ideologicamente opostas, graças à fervorosa recitação do Rosário em todo o mundo.

A união da fé e da oração, expressa no Terço, demonstra o poder da intercessão e sua capacidade de influenciar os rumos da história.

A mensagem de Fátima: um olhar sobre a história e a fé

Em 1917, Nossa Senhora revelou o Terceiro Segredo aos pastorinhos, confiando-o exclusivamente a Lúcia. O conteúdo do segredo, entretanto, só seria revelado ao mundo em 27 de abril de 2000, com a irmã Lúcia ainda viva e lúcida. A interpretação oficial, divulgada pelo então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Joseph Ratzinger, indicava que o segredo se referia à luta da Igreja contra o comunismo, assim como a violência e o sofrimento generalizados que a Igreja enfrentaria no século XX.

A visão de um bispo vestido de branco sendo alvejado por um tiro, e posteriormente encontrado caído e sangrando, é frequentemente associada à tentativa de assassinato do Papa João Paulo II em 1981. No entanto, a Igreja não confirma oficialmente essa interpretação.


A irmã Lúcia afirmou que não cabia a ela interpretar as visões, mas sim ao Papa. Em relação ao atentado contra João Paulo II, ela mencionou que uma "mão materna" desviou a bala, impedindo que o Papa morresse. Lúcia acrescentou que "não existe destino que não possa ser mudado, pela vontade de Deus ou pela intercessão de Nossa Senhora".

É crucial ressaltar que as interpretações do Terceiro Segredo são diversas e, muitas vezes, divergentes. A Igreja Católica, por sua vez, não oferece uma interpretação definitiva, deixando espaço para a fé e a meditação individual. Para uma compreensão mais completa, recomenda-se consultar os documentos oficiais da Igreja Católica sobre o Terceiro Segredo de Fátima e outras fontes confiáveis.

 Entendendo a mensagem de Fátima e a oração do terço

Em cada local onde Nossa Senhora se manifestou, revelando um mistério singular a cada povo, em cada tempo e época. Em Fátima, a mensagem da Virgem Maria ressoa com particular intensidade, clamando por uma profunda conversão dos filhos de Deus, pela prática da penitência, pela reza do Santo Terço e pela busca incessante pela paz.

A reza do Santo Terço, além de ser um ato de devoção, é um poderoso instrumento de transformação. No lar, pode ser recitado, diariamente, com intenções específicas, como o fortalecimento dos laços familiares, a proteção dos filhos e a intercessão pelos pais. É possível, também, invocar a proteção divina para as necessidades da Igreja e rezar pelas intenções do Santo Padre, o Papa Francisco.

O terço é uma arma poderosíssima na luta espiritual

A recitação do terço já proporcionou inúmeros benefícios, restaurando famílias e conduzindo pessoas à conversão e à mudança de vida. Como a Irmã Lúcia atestou, "Não existe destino que não possa ser mudado, pela vontade de Deus ou pela intercessão de Nossa Senhora". Como dizemos aqui na comunidade Canção Nova " Tudo pode ser mudado pela força da oração".

A intercessão de Nossa Senhora nas Bodas de Caná e a vitória dos cristãos sobre o império Otomano, inimigos da Igreja, conquistada pela oração do terço, são exemplos históricos que corroboram essa verdade.

A importância da fé e da oração para construir um lar cheio de paz

Quais as batalhas que travamos em nossa vida familiar, financeira, ou em nossa saúde e na saúde de nossos entes queridos? Devemos confiar nossos problemas, sonhos e desejos à Mãe de Deus, pedindo-lhe que interceda para que nossa realidade seja transformada, mesmo quando as soluções humanas parecem impossíveis.

A conversão pessoal, além de impactar nossa vida, pode gerar frutos de paz e bem para nossa família, nosso entorno e para o mundo. A promessa de Nossa Senhora de que "No fim, meu imaculado coração triunfará" nos encoraja a acreditar que a vitória do bem sobre o mal é possível, através da conversão, da penitência e da oração.

Nossa Senhora deseja triunfar em todas as áreas que necessitam de sua intervenção, mas para isso é crucial que nos convertamos, pratiquemos a penitência e oremos com fervor.

Wesley Paulo Santos Moreira
Missionário Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/poder-do-terco-e-a-devocao-mariana-em-fatima/

14 de novembro de 2024

O papel da caridade como a maior das virtudes

O caminho da caridade: um percurso de crescimento espiritual

A virtude é um hábito adquirido por meio de um esforço contínuo e consciente. Esforço esse decidido após uma reflexão sobre determinada situação e perseverante, sendo retomada a cada falha ou quebra de continuidade. Por exemplo, você percebe que suas reações explosivas estão causando problemas, ofendendo pessoas, gerando discussões e fazendo você perder amigos.

O papel da caridade como a maior das virtudes

Crédito: Hiraman / GettyImages

Então, após refletir sobre todas essas consequências, você decide mudar e passa a se observar, tentando manter a calma nesses momentos, ou mesmo evitando situações que possam levá-lo a perder a paciência. Com o passar dos anos, embora caindo algumas vezes, você retoma o propósito e recomeça, até perceber que está se tornando mais paciente, mais calmo, e que as explosões emocionais praticamente desapareceram. Assim, você cultivou a virtude da paciência, uma virtude humana.

Porém existem virtudes chamadas teologais, onde as virtudes humanas têm o seu fundamento, a sua raiz se referem diretamente a Deus e são dadas por ele no momento do Batismo.

Virtudes Teologais: dons de Deus para a salvação

São 3 as virtudes teologais: fé, esperança e caridade. A fé é a virtude teologal pela qual cremos em Deus; a esperança é pela qual desejamos como nossa felicidade o Reino dos Céus e a Vida Eterna, pondo nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos não em nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito Santo e a caridade que é a virtude teologal pela qual nós amamos a Deus sobre todas as coisas, por si mesmo, e nosso próximo como a nós mesmos, por amor de Deus.

Ora, se a caridade consiste em amar a Deus sobre todas as coisas, a caridade consiste em obedecer aos mandamentos do Senhor, conforme nos fala o Evangelho de São João – "Se me amais, guardareis os meus mandamentos." (João 14, 15).


Mas como levar esse amor a Deus à perfeição, visto que a caridade é uma virtude dada por Ele? É necessário pedir: "Porque todo aquele que pede, recebe." (Mateus 7,8).

O momento mais propício para pedir é quando se recebe a Eucaristia. Receber a Eucaristia é ter o próprio Deus em você (corpo, sangue, alma e divindade) e poder dialogar com Ele — aquilo que, em condições normais, é um privilégio concedido apenas aos grandes santos, mas que, na Eucaristia, todos nós podemos realizar de forma concreta.

Por isso é importante ter um bom momento de silêncio após a Eucaristia. Por cerca de 15 minutos, o Senhor está presente com você, e esse é o momento para pedir todos os meios para lutar pela salvação, sendo a caridade o primeiro de todos.

Amar como Cristo é a essência da caridade

E por que a caridade é um dos pontos centrais de nossa vida espiritual? Porque ninguém consegue sustentar qualquer ação sem amor. Mesmo as pessoas mais materialistas amam realizar algo, nem que seja o prazer que essa ação é capaz de proporcionar.

E nesse ciclo de amar e pedir para amar mais, amar e pedir para amar mais, vamos crescendo de passo em passo na caridade para ser mais santos e para fazer cada vez mais a vontade de Deus em nossa vida.

Quando você ama alguém, você quer estar mais perto dela, impulsionado pela virtude da caridade, você vai querer estar mais perto de Deus, ou seja, você vai querer rezar mais e melhor, você vai querer estar mais perto d'Ele na Eucaristia, você vai querer estar mais com Deus na adoração. O amor vai impeli-lo a avançar na vida espiritual, vai, inevitavelmente, levá-lo para uma vida de intimidade com Deus.

Caridade: a fonte da compaixão e do amor

Essa vida de intimidade com Deus fará você se atentar para o irmão, para suas necessidades, e a desenvolver compaixão. E por que isso acontece? Porque, ao perceber Deus como Pai, inevitavelmente você perceberá não apenas a existência dos outros irmãos, mas também se tornará mais sensível às suas necessidades e sofrimentos, começando a se mover em um processo de aumentar a atenção às necessidades dos outros.

Inevitavelmente, o amante se torna parecido com o amado. Nesse processo de amar mais a Deus, aumentando a virtude teologal da caridade, você vai desejar — mesmo com suas limitações — amar seus inimigos, porque, assim como Jesus, você perceberá que eles precisam mais do seu amor do que, muitas vezes, aqueles irmãos pelos quais você tem mais empatia.

A caridade é a virtude que transforma a alma

E assim, pouco a pouco, toda a sua vida vai se transformando, vão se mudando não só os atos, mas vão se mudando a razão pela qual os atos bons são realizados, uma reta intenção de oferecer cada ato e de fazê-lo por amor a Deus.

Este é o caminho, meu irmão, que precisamos seguir o quanto antes. E não se iluda: o caminho é longo e exigirá paciência e perseverança. Fique atento também: se você não está mudando de hábitos e atitudes, é sinal de que não está amando a Deus como deveria. Nesse caso, peça — peça cada vez mais e com mais força — e o Senhor responderá às suas preces.

Rezemos para que, um dia, possamos amar a Deus face a face na eternidade.

Almir Rivas
Missionário da Comunidade Canção Nova


1 CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Edição típica vaticana. São Paulo: Edições Loyola, 2000, parágrafo 1810.
2 CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Edição típica vaticana. São Paulo: Edições Loyola, 2000, parágrafo 1266.
3 CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Edição típica vaticana. São Paulo: Edições Loyola, 2000, parágrafo 1813.
4 CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Edição típica vaticana. São Paulo: Edições Loyola, 2000, parágrafo 1812 em diante.
5 BÍBLIA CATÓLICA ONLINE
. São João, 14. Disponível em: https://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/sao-joao/14/. Acesso em: 12/11/2024.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/o-papel-da-caridade-como-maior-das-virtudes/

13 de novembro de 2024

Como conviver com os defeitos do outro no casamento?

Para responder a pergunta do nosso título, é necessário entender bem o sentido profundo do casamento. A união do homem com a mulher, no matrimônio, tem dupla finalidade: o bem do casal e a geração e educação dos filhos. Deus mandou ao casal: "Crescei e multiplicai" (Gen 1,26).

Essa dupla atividade exige muito esforço, luta e graça de Deus. A beleza do matrimônio está justamente em "fazer o outro crescer", gerar e educar os filhos de Deus, os quais, um dia, vão habitar o Céu. No Céu, não haverá mais casamento nem nascerão mais crianças. Essa bela missão Deus confiou aos homens e mulheres nesta vida. Portanto, a grandeza sublime dessa dupla missão é que deve levar o casal a compreender sua imensa responsabilidade, tanto um em relação ao outro quanto em relação aos filhos. É isso que deve estar subjacente a todo sacrifício que a vida conjugal exige. É uma missão que exige disposição, maturidade, amor e dedicação sem fim.

O casamento não é uma curtição a dois, é uma missão. Não é uma vida só de prazeres e alegrias, mas também de luta, abnegação, renúncias e sacrifícios.

Como conviver com os defeitos do outro no casamento

Crédito: skynesher / GettyImages

A base do matrimônio é dar e receber amor

A base do matrimônio é o amor, o dar a vida pelos outros, o esquecer-se de si mesmo para fazer o cônjuge e os filhos crescerem em tudo que é bom. São Paulo compara o amor do casal ao amor de Cristo pela Igreja, que por amor se imolou por ela.

"Maridos, amai as vossas esposas como Cristo amou a Igreja, e se entregou por ela" (Ef 5,25).

O que o apóstolo diz para os maridos vale também para as esposas. O amor de um pelo outro deve ser o mesmo amor de Cristo, que O levou a dar a vida até o fim pela Igreja. São João diz: "Tendo amado os seus, amou-os até o fim" (João 13,1).

Jesus disse que ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida pelo outro. Dar a vida significa gastar-se pelo bem do outro, aceitar-se consumir como uma vela que queima para iluminar e aquecer.


Compreendendo um ao outro

Todos os maridos e esposas têm seus defeitos e pecados, por isso todos têm a necessidade e o direito de serem amados e perdoados. Antes de tudo, para conviver com os defeitos do cônjuge, é necessário aceitá-lo na sua realidade. Nós não fabricamos uma pessoa, nós nos casamos com ela como ela é, com suas qualidades e defeitos; virtudes e pecados.

A primeira grande missão do casal é um fazer o outro crescer com a sua dedicação. São Paulo ensina o verdadeiro amor: "O amor é paciente, o amor é bondoso, não tem inveja nem é orgulhoso. Não é arrogante nem escandaloso. Não busca seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acabará" (1 Cor 13,4-8).

Para suportar os defeitos do outro, acima de tudo, é preciso a paciência que tudo vence. Isso não quer dizer que se aceite ser maltratado nem tolerar agressões físicas ou permitir que nos tratem como objetos, mas saber aceitar o outro quando age de um modo diferente de mim. Não podemos nos colocar no centro, nem querer que se faça somente a nossa vontade. É isso que faz as pessoas impacientes, a reagir com agressividade, reclamação, lamúrias etc.

A sabedoria no relacionamento

Santo Agostinho ensinava que para alcançarmos Deus temos de suportar aquele com quem vivemos. Ele dizia que "não há lugar para a sabedoria onde não há paciência".

Papa Francisco disse que "amar é ser amável. O amor não age rudemente, não atua de forma inconveniente, não se mostra duro no trato. Seus modos, suas palavras e seus gestos são agradáveis; não são ásperos nem rígidos. O amor detesta fazer sofrer os outros".

Os terapeutas conjugais recomendam nunca gritar um com o outro; não jogar no rosto do outro os erros do passado; nunca dormir brigados; não ser displicente, sem atenção com o outro; trocar as discussões por bons diálogos e, quando tiver de chamar a atenção do outro, fazer com amor, na hora certa, na privacidade, e sempre lembrar de elogiá-lo.

Temos de ter compreensão com os defeitos do outro, porque nós também temos os nossos; e quem quer ser compreendido deve também saber compreender e tolerar os erros dele. Jesus manda que tiremos, antes, o cisco do nosso próprio olho, antes de tirar do olho do outro. Se tivermos de lutar contra o erro do outro, então, é preciso fazer com sabedoria e amor, sem violência. São Francisco de Sales, doutor da Igreja, dizia que "o que não puder ser mudado por amor não deve ser tentado de outro jeito, porque não vai dar certo".

Aprenda a perdoar

Lembre-se de que se perde a caridade quando se perde a paciência. Deus disse a Santa Catarina de Sena: "A virtude da paciência é o sinal externo de que Eu estou numa alma e ela em Mim".

Para conviver com os defeitos do outro, é preciso também não deixar que o ressentimento se aninhe no coração, mas saber perdoar com uma atitude positiva, buscando compreender a fraqueza alheia.

Não há dúvida de que a boa convivência só pode ser conservada e aperfeiçoada com grande espírito de sacrifício. Isso exige de cada um generosa disponibilidade à compreensão, à tolerância, ao perdão e à reconciliação. É claro que para podermos agir assim precisamos da graça de Deus. Jesus disse: "Sem Mim nada podeis fazer!" (João 15,5). É preciso lembrar sempre disso, e sempre buscar o auxílio da graça de Deus na oração, na meditação da Palavra de Deus, na Eucaristia etc.

São Paulo disse que o "amor tudo desculpa". Isso exige não fazer um juízo apressado sobre o outro e conter a tendência de condenar de maneira dura e implacável: "Não condeneis e não sereis condenados" (Lc 6,37).

São Paulo também diz que "o amor tudo suporta". Isso significa uma resistência dinâmica e constante, capaz de superar qualquer desafio. Evidentemente, para isso é preciso o dom precioso da fortaleza, dada pelo Espírito Santo. Muitas vezes, um cônjuge, para salvar outro, precisa dessa força sobrenatural; para muitos, é uma cruz que se carrega pela salvação do outro. E a graça do sacramento do matrimônio supre essa necessidade.

A arte do silêncio

Muitas vezes, é o silêncio de um que acalma o coração do outro. Outras vezes, será por um abraço carinhoso ou por uma palavra amiga.

Todos nós temos a necessidade de um "bode expiatório" quando algo adverso nos ocorre. Quase, inconscientemente, queremos "pegar alguém para Cristo", a fim de desabafar nossas mágoas e tensões. Isso é um mecanismo de compensação psicológica que age em todos nós nas horas amargas, mas é um grande perigo na vida conjugal. Quantas e quantas vezes acabam "pagando o pato" as pessoas que nada têm a ver com o problema que nos afetou! Algumas vezes, são os filhos que apanham do pai, que chega em casa nervoso e cansado; outras vezes, é a esposa ou o marido que recebe do outro uma enxurrada de lamentações, reclamações e ofensas, sem quase nada ter a ver com o problema em si.

Temos de nos vigiar e policiar nessas horas, para não permitirmos que o sangue quente nas veias gere uma série de injustiças com os outros. Temos de tomar redobrada atenção com o cônjuge, para que ele não sofra as consequências de nossos desatinos.

No serviço e fora de casa, respeitamos as pessoas, o chefe, a secretária etc., mas, em casa, onde somos "familiares", o desrespeito acaba acontecendo. Exatamente onde estão os nossos entes mais queridos, no lar, é ali que, injustamente, descarregamos as paixões e o nervosismo. É preciso toda a atenção e vigilância para que isso não aconteça.

Professor Felipe Aquino



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/casamento/como-conviver-com-os-defeitos-outro-no-casamento/

12 de novembro de 2024

Além do medo: como se tornar uma mulher de esperança

Para muitas de nós, a espera é um desafio constante. Queremos ver as coisas acontecendo no nosso tempo e à nossa maneira, mas sabemos que os planos de Deus vão além da nossa compreensão. Em cada momento de espera, há uma oportunidade de descanso e aprendizado. E é na esperança que encontramos força e propósito para seguir em frente.

"A esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado." – Romanos 5,5.

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A mulher de esperança sabe que é amada

Para viver na esperança, o primeiro passo é compreender profundamente que somos amadas. O amor de Deus age como um bálsamo, cura feridas e fortalece nossa confiança no futuro. Como diz em Efésios 3,17, quando Cristo habita em nossos corações, somos enraizadas e alicerçadas em Seu amor, o que nos dá paz e coragem para enfrentar o amanhã. A certeza de sermos amadas nos enche de esperança, iluminando nossa caminhada mesmo nos momentos mais escuros.

A mulher de esperança se recusa a viver com medo

O medo é um dos maiores obstáculos em nossa jornada de fé. Ele pode nos paralisar, impedindo-nos de realizar o que Deus planejou. Mas a mulher de esperança enfrenta o medo, confiando que Deus está ao seu lado a cada passo. Ela não espera que o medo desapareça; em vez disso, avança, sabendo que o Senhor a acompanha em todos os desafios. Sua confiança não está em suas próprias forças, mas na certeza de que Deus está no controle. O amor de Deus é que nos faz lançar fora todo o medo (cf. I Jo. 4). Só um coração que se sente amado é capaz de superar seus medos porque sabe que não está só.

A mulher de esperança possui uma atitude positiva

Nossa atitude é um reflexo da confiança em Deus. O negativismo nos impede de experimentar as bênçãos, enquanto uma postura de esperança abre portas e nos permite ver oportunidades onde, antes, só havia limitações. Quando mantemos uma visão positiva e nos afastamos do pessimismo e das murmurações, damos espaço para que Deus trabalhe em nossa vida, transformando desafios em caminhos para o crescimento. Esse olhar positivo alimenta nossa esperança e fortalece nossa fé.

A mulher de esperança se recupera das feridas do passado

Cada uma de nós tem feridas que marcaram nossa trajetória. Algumas ainda nos impedem de avançar, enquanto outras se transformaram em fontes de sabedoria. A mulher de esperança compreende que o passado não define seu presente e que, com a graça de Deus, é possível recomeçar. Ela libera o perdão e confia que Ele pode transformar qualquer dor em um testemunho de superação. Essa cura é um processo contínuo de entrega e de fé.

A mulher de esperança não se compara

A comparação é uma armadilha perigosa. Quando olhamos para o que os outros têm ou são, perdemos a oportunidade de reconhecer o que Deus tem feito em nossa vida. A mulher de esperança sabe que Deus tem um plano único para ela e que a sua jornada é especial. Concentrar-se em ser quem Deus a chamou para ser é o segredo de uma vida plena e realizada. Ela entende que cada talento e dom que possui é suficiente para o propósito que lhe foi designado.


A mulher de esperança não é passiva, mas age com sabedoria

A mulher de esperança não é espectadora; ela age com discernimento e propósito. Em sua casa, ela promove a paz e a harmonia, pacifica as situações e enfrenta os desafios com equilíbrio. Sua ação reflete a presença de Deus, que age através dela. Em vez de esperar que outros resolvam seus problemas, ela busca ser parte da solução, tornando-se um exemplo de cooperação e amor, sendo suporte para aqueles que a rodeiam.

A mulher de esperança promove a paz

A paz é uma das manifestações mais belas da esperança. A mulher de esperança carrega palavras de consolo e bondade. Mesmo em conflitos, ela responde com paciência, oferecendo alívio aos que convivem com ela. Sua presença é um símbolo de apoio e serenidade. No lar, ela cria um ambiente seguro, onde todos podem crescer e encontrar fortalecimento. Sua paz reflete a paz que encontra em Deus um refúgio seguro para todos que dela precisam.

A mulher de esperança gera vida

Ela não apenas vive, mas faz brotar vida onde quer que esteja. Em cada detalhe de sua casa, desde o carinho na organização até o cuidado na alimentação da família, ela reflete o amor de Deus. Sua generosidade e gratidão são visíveis em cada gesto, mesmo nas pequenas coisas, revelando a vida que ela dedica aos outros. A mulher de esperança vê sua missão como um dom e reconhece que cada momento é uma bênção.

A mulher de esperança é íntima do Deus da esperança (cf. Rm 15,13)

A fonte de sua força está em sua relação profunda com Deus. Ela busca na oração e na Palavra o sustento e a renovação da sua . Essa conexão a enche de paz e coragem, permitindo-lhe ser um canal de esperança para os outros. Na presença de Deus, ela encontra a força para seguir em frente e sabe que sua vida tem um propósito eterno. Assim como o grão de trigo que precisa morrer para dar frutos, ela compreende que sua entrega e cada sacrifício seu pelo bem dos outros gera vida e esperança.

Um convite à esperança

A mulher de esperança é um exemplo de fé e determinação. Ela não vive sem desafios, mas os enfrenta com a certeza de que Deus está ao seu lado. Cada momento de espera é uma oportunidade para fortalecer sua confiança em um Deus que nunca falha. Ao caminhar com esperança, ela inspira e transforma, oferecendo sua vida como um testemunho de que o melhor de Deus sempre está por vir.

Que cada uma de nós possa aceitar esse convite à esperança, deixando para trás o medo e abraçando o poder de confiar em Deus. Juntas, podemos viver uma vida plena, repleta de fé e transformada pela esperança.
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Maria de Fátima Loyola

É esposa, mãe, comunicadora e escritora. Formada em Comunicação Social com bacharelado em Relações Públicas e pós-graduação em Bioética, integra a Comunidade Canção Nova há 15 anos, e desenvolve um trabalho dedicado à evangelização. Com uma trajetória focada em inspirar o público feminino e falar sobre a esperança que sustenta a vida cristã, Maria lançou seu primeiro livro, "A Espera – Uma Jornada na Esperança", que reflete sobre o sentido da espera à luz da fé.

Como pregadora, palestrante e autora, Maria tem ministrado cursos, encontros e palestras por todo o Brasil, alcançando especialmente os jovens. Sua experiência como locutora em programas de rádio e suas participações em programas de TV na Canção Nova enriqueceram seu caminho de evangelização. Em cada projeto, Maria busca, acima de tudo, ser instrumento de esperança e transformação pela ação do Espírito Santo.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/alem-medo-como-se-tornar-uma-mulher-de-esperanca/