Cuidar dos pequenos, um chamado de fé
A espiritualidade católica enfatiza a proteção das crianças como um dever sagrado, reconhecendo sinais de sofrimento silencioso como "olhos que comunicam" – expressões apagadas que podem indicar um pedido de socorro. A fé católica, fundamentada na dignidade humana e na proteção dos vulneráveis, oferece uma perspectiva crucial para entender e combater o abuso infantil, uma realidade sombria que contradiz o ideal de uma infância protegida e amorosa. A tradição católica considera a proteção das crianças uma responsabilidade coletiva, convocando os fiéis a estarem atentos aos sinais de sofrimento e a agirem em defesa da integridade física, emocional e espiritual dos pequenos.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT
Identificar o abuso infantil é desafiador porque crianças, frequentemente, não conseguem expressar verbalmente seu sofrimento, exigindo vigilância constante de todos ao seu redor quanto a sinais físicos (hematomas inexplicáveis, lesões, queimaduras, dores persistentes, distúrbios de sono e alimentação), comportamentais (mudanças bruscas de humor, agressividade ou retraimento, medos específicos, regressão comportamental, dificuldade de concentração, isolamento social, comportamentos sexuais inapropriados) e emocionais (ansiedade, depressão, baixa autoestima, culpa, vergonha, alterações de humor, choro excessivo, pesadelos). Embora a presença desses sinais não confirme definitivamente o abuso, eles servem como alerta para uma observação mais atenta e possível intervenção profissional.
Ver com os olhos de Cristo, cuidar e proteger
Na perspectiva católica, identificar sinais de abuso infantil transcende a simples vigilância, constituindo um ato de amor cristão e cumprimento do mandamento de cuidar do próximo. Essa abordagem espiritual nos convida a "enxergar com os olhos de Cristo", reconhecendo a vulnerabilidade das crianças e respondendo com empatia e ação concreta, reminiscente da parábola do Bom Samaritano (Lucas 10,25-37), que nos ensina a não ignorar o sofrimento alheio. A Igreja Católica enfatiza sua responsabilidade na proteção infantil, promovendo educação e conscientização sobre abuso em todos os níveis da comunidade, enquanto a espiritualidade cristã nos chama a criar ambientes seguros onde as crianças se sintam amadas, respeitadas e encorajadas a se expressar quando em sofrimento. Práticas como oração, meditação bíblica e participação nos sacramentos podem aguçar nossa sensibilidade ao sofrimento dos outros e fortalecer nossa coragem para defender os mais vulneráveis.
Os "olhos que falam" das crianças abusadas clamam por nossa atenção e ação concreta; a tradição católica nos convoca a ir além da simples observação, desenvolvendo uma escuta atenta e um olhar compassivo capaz de identificar sinais de sofrimento. Nossa fé deve nos impulsionar a sermos agentes de cura e proteção, construindo comunidades onde a dignidade infantil seja respeitada e o amor divino se manifeste através de nosso cuidado e justiça, permitindo que as vozes silenciadas das crianças encontrem eco em nossa resposta protetora.
Alex Garcia Costa
CRP 06/108306
Psicólogo e Filosofo
Especialista em Neuropsicologia, Avaliação Psicológica Clínica, Direito Canônico para Vida
Religiosa e Estudante de Sexualidade Humana.
Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/os-olhos-que-falam/