11 de abril de 2025

Desmistificando a bipolaridade

Bipolaridade: sintomas, diagnóstico e a importância do apoio

Para além dos estereótipos: entendendo a complexidade do transtorno

A bipolaridade é um assunto sério, um transtorno que apresenta alto risco de suicídio. Para se ter uma ideia, na depressão unipolar grave, a taxa é de 20%. Já na bipolaridade, esse número sobe para 40% a 50%. Além disso, 4,2 milhões de brasileiros sofrem desse transtorno, incluindo muitos jovens.

Para compreender a profundidade e a complexidade dessa condição, convido você a deixar de lado preconceitos e estereótipos. Comentários como "essa mulher irritada só pode ser bipolar!" ou "esse adolescente nervoso, com certeza, é bipolar!" são inadequados. Talvez a pessoa tenha o transtorno e precise de acolhimento, mas também pode estar enfrentando dificuldades específicas, como problemas conjugais ou os desafios da adolescência.

Identificando os sintomas: um guia prático

Como identificar os sintomas? Primeiro, é essencial entender que a bipolaridade não é uma questão de comportamento ou moda; é uma condição hereditária, transmitida ao longo das gerações. Alguém pode pensar: "Minha mãe não era bipolar, mas eu sou". No entanto, talvez ela nunca tenha sido diagnosticada corretamente e tenha sido considerada apenas depressiva. Quantas vezes ouvimos que alguém "sofreu de depressão a vida inteira"? Será que era realmente depressão ou um diagnóstico equivocado?

A oscilação de humor: muito além da irritação

Um sintoma comum é a oscilação de humor, mas não se trata de simples irritação passageira. Durante a fase de mania, o cérebro fica hiperativado, levando a noites sem sono, fala acelerada e pensamentos incessantes. A pessoa pode estar eufórica um dia e, no seguinte, não conseguir sair da cama. Essa mudança brusca é um dos sinais mais marcantes.

Starry Night
Crédito: Pintura de Vincent Van Gogh/ Domínio Público

Compulsões e seus perigos

Compulsões também são frequentes. Não falamos de pequenas compras impulsivas, mas de gastos descontrolados que levam a dívidas graves. Pessoas em fase maníaca podem perder tudo. O alcoolismo é outro fator relevante, pois muitos alcoólatras podem estar mascarando um transtorno bipolar. Há também compulsões por jogos, pornografia e drogas.

A hipersexualidade é um sintoma pouco discutido. Algumas pessoas desenvolvem um comportamento sexual impulsivo, chegando à promiscuidade. Isso pode ser um sinal do transtorno e merece atenção.

Diagnóstico: a busca pela precisão

Nem todas as pessoas com o transtorno apresentam todos os sintomas. Lembro de uma paciente diagnosticada com depressão severa, sem resposta a antidepressivos. Após tratamento terapêutico, seus pensamentos melhoraram, mas seu corpo continuava apático. Encaminhei-a a um psiquiatra, que retirou os antidepressivos e introduziu estabilizadores de humor. Em sete dias, ela apresentou uma melhora impressionante.

Conversei com o médico sobre o caso, pois ela nunca havia tido episódios maníacos. Ele explicou que algumas pessoas, inicialmente diagnosticadas com depressão, respondem melhor a estabilizadores de humor. Isso reforça a necessidade de diagnósticos mais precisos.


Nem todos os sintomas se manifestam em todos os casos

A bipolaridade, muitas vezes, passa despercebida, sendo confundida com depressão. Em uma anamnese, um médico investigou o histórico familiar de uma paciente e identificou tentativas de suicídio na família. Durante a conversa, ela mencionou que um irmão "ficou estranho" por alguns dias, o que pode ter sido um episódio bipolar não diagnosticado. Após iniciar o tratamento adequado, a paciente melhorou rapidamente.

Esse é um tema amplo; a conscientização e o conhecimento são as melhores ferramentas para oferecer apoio a quem precisa.

ADRIANA POTEXKI, nascida em Curitiba (PR), filha de pais cristãos e família com várias vocações religiosas, sempre vinculada a pastorais na igreja e, desde jovem, membro do Movimento dos Focolares. Mãe do Lucas Miguel, adolescente de 14 anos que adora aventura e é DJ católico. Com formação em Psicologia, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), é terapeuta certificada pelo EMDR Institute e Brainspotting. Participou de diversos programas de TV e rádio, inclusive como apresentadora do programa "Psicologia e Arte" e "Psicologia e Espiritualidade". Autora do livro "Cura dos Sentimentos – em mim e no mundo", (Editora Paulinas), "A cura dos Sentimentos nos Pequeninos – Papai e Mamãe brigaram" e "Vencendo os traumas que nos prendem – descubra os primeiros passos para recomeçar" (Editora Canção Nova). É palestrante internacional, psicóloga clínica e colunista do Formação Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/saude-atualidade/bipolaridade-sintomas-diagnostico-e-acolhimento/

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