14 de março de 2025

Da Aldeia da Cova da Iria para o mundo, a serva de Deus Irmã Lúcia de Jesus

Uma camponesa escolhida por Deus

Seu nome de batismo é Lúcia de Jesus Rosa dos Santos, a mais nova dos sete irmãos, filha de gente simples, seu pai Antônio dos Santos e sua mãe Maria Rosa Ferreira. Uma camponesa que não sabia ler nem escrever. Ela não esperava que, juntamente com os primos, os irmãos Francisco e Jacinta Marto, encontrariam graça diante de Deus, e que lhes seriam revelados os mistérios do Reino dos Céus através das aparições: as do Anjo da Guarda de Portugal, em 1916, e de Nossa Senhora em 1917.

Créditos: Domínio Público

Os três pastorinhos videntes de Fátima

Em cada tempo, Deus tem a pedagogia adequada para atuar no mundo, que passa por pessoas e lugares. E foram as crianças, conhecidas como os três pastorinhos, que Ele quis contar e os fez videntes das Aparições de Fátima. Lúcia, com apenas 10 anos de idade, foi a que via, ouvia e falava com Nossa Senhora, sinais importantes que ajudariam na divulgação da mensagem que recebiam do céu.

Iluminados pelas sagradas escrituras, compreendemos que a lógica da manifestação de Deus é oposta à do mundo: "… o que para o mundo é loucura, Deus o escolheu para envergonhar os sábios, e o que para o mundo é fraqueza, Deus o escolheu para envergonhar o que é forte" (I Cor 1,27).

A missão revelada a Lúcia

Na aparição de 13 de junho, Nossa Senhora pediu para aprenderem a ler e escrever, revelou que Jacinta e Francisco iriam em breve para o céu, e a missão que Deus tinha para Lúcia: "A Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração". Lúcia pergunta se ficará sozinha e a querida Mãe do céu responde: "Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus".

Fátima, lugar de fé e conversão

Como em Nazaré, um lugar pequeno, inóspito, desconhecido, terra de agricultores, Deus fez da Cova da Iria a mensagem de Fátima ecoar nos corações de milhares de pessoas e se alastrando pelo mundo, tornando Fátima lugar de forte apelo e grande manifestação de fé, conversão, sacrifícios e orações.

A fidelidade de Lúcia após a morte dos primos

Após a morte dos primos pela gripe espanhola, Francisco em abril de 1919, e Jacinta em fevereiro de 1920, coube a Lúcia permanecer fiel a Deus diante do legado dado por Ele através das Aparições. Os sofrimentos não eram poucos: a morte dos primos, a multidão que a procurava, a liberdade restrita, a incompreensão da mãe que não acreditava, as visitas dos enviados pela Igreja para a interrogar. Para poupá-la do assédio das pessoas, o Bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, a orienta a partir para a cidade do Porto para estudar.

A sétima aparição, o consolo de Nossa Senhora

Para Lúcia, deixar a sua terra, a casa paterna, o lugar bendito das aparições, desencadeou no seu interior conflitos de sentimentos, e foi tentada a não partir. Nesse momento de conflito interior, Nossa Senhora cumpre a promessa feita a 13 de Maio de 1917: "…voltarei ainda aqui uma sétima vez."


No seu diário de Carmelita, Lúcia registrou esse acontecimento, que só foi revelado após a sua morte: Estava nesta luta, quando foi à Cova da Iria: Assim solícita, mais uma vez desceste à terra, e foi então que senti a Tua mão amiga e maternal tocar-me no ombro; levantei o olhar e vi-Te, eras Tu, a Mãe bendita a dar-me a mão e a indicar-me o caminho; os Teus lábios descerraram-se e o doce timbre da tua voz restituiu a luz e a paz à minha alma: "Aqui estou pela sétima vez, vai, segue o caminho por onde o Senhor Bispo te quiser levar, essa é a vontade de Deus."

Repeti então o meu "sim", agora bem mais consciente do que o do dia 13 de maio de 1917, e enquanto que, de novo, Te elevavas ao Céu, como num relance, passou-me pelo espírito toda a série de maravilhas que naquele mesmo lugar, havia apenas quatro anos, ali me tinha sido dado contemplar.

A vida religiosa e as memórias de Fátima

Lúcia partiu para o Porto, onde estudou e sentiu o chamado à vida religiosa contemplativa carmelita. Porém, nesse período, houve a extinção das Ordens religiosas em Portugal, que a levou a entrar para as Irmãs Doroteias. Foi em Vilar, no Porto, que escreveu, a pedido do Bispo Dom José Alves, "As memórias da Irmã Lúcia I", onde relatava a vida dos primos e as suas virtudes heroicas, os santos Francisco e Jacinta. Irmã Lúcia escreveu também outros livros.

Aparições em Pontevedra e Tuy

Ela viveu em Tuy e Pontevedra, na Espanha, onde aconteceram algumas aparições: Em Pontevedra, a 10 de dezembro de 1925, Nossa Senhora pediu que "durante cinco meses, ao primeiro sábado, se confessarem, receberem a Sagrada Comunhão, rezarem o Terço e me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes, na hora da morte, com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas. Em Tuy, a 19 de junho de 1929, lhe apareceu a Santíssima Trindade e Nossa Senhora, trazendo a mensagem que Deus pedia para o Santo Padre fazer, em união com todos os Bispos do mundo, a consagração da Rússia ao Seu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio.

A vida no carmelo e a devoção ao Imaculado Coração de Maria

A 25 de março de 1948, Lúcia ingressou no Carmelo de Santa Teresa em Coimbra, Portugal, e, mesmo no claustro do Carmelo, viveu a Prática Reparadora dos Cinco Primeiros Sábados, conforme lhe pediu Nossa Senhora. Do silêncio do Carmelo, realizou a sua missão de levar a Devoção ao Imaculado Coração de Maria ao mundo. De vida simples, alegre e serviçal, viveu como todas as outras irmãs, porém única portadora da Mensagem recebida do céu. Conforme os escritos no seu diário espiritual, a Solicita Mãe Celeste nunca a deixou e continuou lhe aparecendo no Carmelo.

Guardiã da mensagem de Fátima

Foi guardiã da Mensagem de Fátima, uma profeta da graça e misericórdia que Deus quer derramar sobre o mundo. A sua vida foi sempre oferecida em união com Jesus Eucarístico e com o Coração Imaculado de Maria, pela Igreja e pela conversão dos  pecadores. Diante dos sofrimentos interiores que vivia, Ir. Lúcia permaneceu dócil e obediente à voz de Deus através da Igreja até os últimos momentos de sua vida no Carmelo de Santa Teresa em Coimbra, partindo para o céu a 13 de Fevereiro de 2005, aos 97 anos, após escutar a leitura do telegrama de São João Paulo II.

O caminho para a santidade

Pela vida virtuosa e exemplar, foi reconhecida Venerável, e para alcançar a honra dos altares e ser declarada santa, precisará de um milagre reconhecido e aprovado pela Igreja para ser Beatificada, como também outro milagre para a canonização.

Venerável Irmã Lúcia de Jesus, rogai por nós!

Nilza Pires 
Misssionária Núcleo da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/santos/da-aldeia-da-cova-da-iria-para-o-mundo-serva-de-deus-irma-lucia-de-jesus/

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