As Origens
Historicamente, esta
"devoção" propriamente dita foi precedida pela adoração: os primeiros
adoradores de Jesus menino serão Maria, José, os pastores, Simeão e Ana, os
magos etc, enquanto que dois Evangelistas -- Mateus cap. 1 e 2 e Lucas cap. 2
-- insistirão sobre esta infância.
Santa Catarina de Alexandria, São
Jerônimo foram favorecidos por suas aparições: conhece-se também a
familiaridade de Santo Antônio de Pádua com relação ao Divino Infante.
Santo Ambrósio insistirá sobre o
vínculo pessoal do resgatado com o menino do presépio: "Sou eu que me
aproveito dessas lágrimas de menino chorando".
Santo Agostinho retoma o tema do
presépio, figura da Eucaristia, convidando os cristãos a meditar sobre o canto
dos anjos em Belém.
São Leão, em suas pregações para
o Natal e a Epifania, parece ser um dos primeiros a estabelecer um liame entre
a infância de Jesus e o espírito de infância.
São Bernardo, que teria tido em
sua juventude uma visão da Natividade, aproveitar-se-á de toda ocasião para
celebrar, nas suas homilias, o Menino Jesus: ele trata com pormenores dos seus
traços e lições: doçura, bondade, paciência, humildade, pobreza etc.
Na Itália, Francisco de Assis
será uma das testemunhas mais ilustres desta devoção. São Boaventura,
estendendo-se sobre os mistérios da Infância dá a respeito dela "uma
interpretação alegórica que permite calcar sobre a infância de Cristo as
atitudes de uma ascensão espiritual".
Desde os começos da ordem
franciscana, místicos recebem seus favores: o Menino Jesus deixou-se tomar,
levar, abraçar...
Nos séculos XIII e XIV os autores
espirituais propõem obras populares baseadas nos relatos da Infância, e
Meditações onde a Infância quer suscitar tanto fervor quanto a Paixão.
Santo Inácio, nos seus Exercícios
espirituais, dará grande realce a este tema de meditação.
Desenvolvimento de uma Piedade Popular nos Séculos XV e XVI
Ela se manifesta por
representações da Natividade, na Itália, e do Menino sozinho, principalmente
nos países germânicos. Na Inglaterra, abre-se o colégio São Paulo sob a
proteção de um "Menino Jesus docente", nos Paises Baixos, poemas e
orações celebram, com muita ternura, "o meninozinho"
As Estatuetas do Menino Jesus
A piedade popular vai também se
manifestar em torno desta forma de representação
do Menino Jesus: algumas destas se revelarão miraculosas, elas ocuparão em
breve um lugar privilegiado na devoção à Infância.
O Jesus-kind de Altenhohenhau, o
de Fismoos na Áustria, o Bambino de Ara Coeli de Roma, são objeto de veneração
popular.
Santa Teresa d´Ávila que propaga
o uso das estatuetas, segurava nos seus braços uma representação do Menino
Jesus.
O venerável Francisco do Menino
Jesus (+ 1604), carmelita, recorria "em tudo que fazia ao Menino"
representado por uma pequena estátua.
Evolução da Devoção no Século XVII
O cardeal de Bérulle (+ 1629)
desempenhará um papel importante no desenvolvimento desta devoção.
Tendo encontrado na Espanha,
entre os protagonistas da devoção, Francisco do Menino Jesus, é depois da
introdução na França da reforma teresiana, que Bérulle fará da Infância do
Verbo Encarnado um tema freqüente de seu ensinamento. A difusão de sua
influência é assegurada pelos Carmelos e pelo Oratório.
Formadas por suas mães
espanholas, as carmelitas francesas vão dar à devoção o seu impulso definitivo.
Em Paris, desde 1605, se possui
uma estátua do Menino Jesus enviada pelo Geral das carmelitas da Espanha à
bem-aventurada Ana de São Bartolomeu, favorecida com visões de Jesus Infante.
O carmelo de Beaune dará um
impulso decisivo à devoção com Margarida do Santo Sacramento (1619-1648). Ela
viverá em "familiaridade" com o Menino Jesus que se manifesta a ela
sob os traços de um menino de alguns meses, enfaixado segundo o costume da
época.
Ela recebe do "Pequeno
Rei" a missão de atrair sobre o reino da França a proteção do Menino
Jesus, honrando-o com uma nova devoção e cria para este fim, em 1636, uma
Associação cujo impulso será favorecido pelas circunstâncias: país ameaçado
pela invasão (1636), nascimento de Luís XIV (1638) considerada como uma graça
nacional devida ao poder do Menino Jesus.
A irradiação da devoção de Beaune
será multiplicada pelos Oratorianos, que criam uma confraria em Paris,
rapidamente propagada no interior e da qual um dos mais ativos auxiliares será
o Barão de Penty (+ 1649) que, tendo conhecido Margarida de Beaune, dará ao
mosteiro a célebre estatueta do "Rei da Graça" que aí se continua a
venerar hoje.
A doçura e a graça do
"Pequeno Rei" de Beaune são particularmente comoventes.
Tipicamente carmelitana em suas
origens, esta devoção, entretanto não foi monopolizada por esta Ordem.
Entre os Dominicanos distingue-se
o nome de dezenas de religiosas que têm uma devoção especial ao Menino Jesus e
várias dentre elas, na Espanha, Itália e França, serão favorecidas com
aparições.
Entre as Visitadinas -- cujo
fundador, São Francisco de Sales, encontrava no Menino do Presépio um modelo de
vida religiosa -- Ana Margarida Clemente (+ 1661) estabelece uma associação
idêntica a de Beaune.
As diretivas espirituais da
congregação das Ursulinas francesas recomendarão a união ao Menino Jesus...
Falta-nos espaço para citar todos
os religiosos e religiosas em cuja biografia se fala de uma particular devoção
ao Menino Jesus, ou que foram favorecidos com suas aparições.
O Menino Jesus de Praga
Quando o protestantismo devastava
a Europa, os príncipes que tinham traído a causa do Santo Império se coligavam
contra Fernando II e ameaçavam particularmente Praga e a Boêmia católica, cujo
príncipe eleitor calvinista, Frederico do Palatinado, se havia feito coroar
como rei.
O Imperador Fernando II, já
gravemente atacado pelos príncipes protestantes da Alemanha e da Suécia, obteve
em 1620, do Papa Paulo V, o envio do Padre Domingos de Jesus Maria, terceiro
Geral dos Carmelitas descalços, instalados em Roma desde 1620.
A 20 de junho de 1620, o padre
chegava à Alemanha com outros dois carmelitas. Sua presença fez renascer a
confiança e a esperança nos exércitos católicos que ele acompanhava e cuja
vitória sobre os hereges ele predisse desde 20 de julho.
Ao visitar na Boêmia o castelo de
Starkonitz, devastado pelos protestantes, o Padre Domingos aí descobriu na lama
de um subterrâneo um quadro no qual a Virgem e todos os personagens -- salvo o
Menino Jesus -- tinham tido os olhos furados pelos profanadores heréticos.
Ele fez o voto de restabelecer o
culto desta imagem, que levava consigo no domingo, 8 de novembro de 1620,
durante a batalha da Montanha Branca, onde as tropas calvinistas, apesar de sua
superioridade esmagadora em número, foram dispersas e vencidas pelo exército
católico.
Este quadro se conservou depois
em Roma, na igreja de Santa Maria da Vitória.
Em reconhecimento por esta
vitória, o Imperador, de acordo com seu aliado, o Duque Maximiliano da Baviera,
fundou em 1622 os conventos de Viena e depois os de Praga e de Gratz.
Em Praga, o Imperador e o
conselho municipal adquirem um antigo templo protestante e suas dependências,
que ofereceram ao Padre Domingos para aí fundar o convento; a 8 de setembro de
1624, consagrada com o título de Nossa Senhora da Vitória, esta igreja iria
tornar-se o centro da irradiação da devoção ao "Menino Jesus de
Praga".
Doação
da Estátua aos Carmelitas de Praga
A situação material era todavia
difícil para os Carmelitas de Praga, reduzidos às esmolas dos benfeitores; para
aliviá-la, o Padre João Luís da Assunção, Prior, penetrado da devoção
carmelitana ao Menino Jesus, recebeu do Senhor a inspiração de lhe desenvolver
o culto e ordenou ao seu imediato, o Padre Cipriano de Santa Maria, procurar
uma estatueta do Menino Jesus que seria instalada no oratório.
É então que a princesa Polyxèna
de Lobkowitz, que Fernando II havia feito recuperar a posse de seus bens
confiscados pelos protestantes, oferece em 1628 uma estatueta do Menino Jesus
ao Prior. Segundo a tradição, é a mãe de Polyxèna, Maria Manriquez de Lara,
nascida princesa Pignatelli, que havia trazido esta estatueta miraculosa da
Espanha e lha tinha ofertado como presente de núpcias.
De cera, com 48 centímetros de
altura, ela representa o Menino Jesus de pé, com a mão direita levantada para
abençoar e com a esquerda trazendo um globo. A expressão do rosto é de uma
comovente doçura.
Ao remetê-la ao Prior, Polyxèna
lhe disse: "Eu vos confio o que tenho de mais caro. Honrai esta imagem e
de nada tereis falta." Em breve seguiram-se numerosos benefícios materiais
para os Carmelitas de Praga; um dos quais, o Padre Cirilo da Mão-de-Deus, se
tinha tornado apóstolo da devoção ao Menino Jesus.
Profanação e Esquecimento
Alguns anos após, a Boêmia tornou
a ser o teatro da guerra, e os Carmelitas transferiram o noviciado para
Munique; a devoção caiu no esquecimento
e os Carmelitas foram oprimidos por provações.
Um exército protestante de 18.000
homens abateu-se sobre a Boêmia onde Praga, que não tinha senão 500 homens para
se defender, recaiu sob o jugo dos hereges; 80 ministros protestantes
instalaram-se nas igrejas e a de Santa Maria foi pilhada, a estatueta do Menino
Jesus jogada entre os destroços, atrás do altar.
Todavia, em maio de 1632,
Fernando II recrutou um novo exército que expulsou os saxões de Praga: os
Carmelitas estabeleceram-se novamente em seu convento, mas ninguém se preocupou
com a preciosa estátua.
Ao flagelo da guerra sucedeu o de
uma terrível epidemia da qual o Padre Prior foi uma das vítimas, e a miséria
reinava no Carmelo, enquanto que o inimigo de novo ameaçava Praga.
Reparação
Tal era a situação quando, em
1637, o Padre Cirilo foi chamado de volta a Praga. Ele encontrou a estatueta
danificada, cujas mãos haviam desaparecido, e a expôs novamente no coro à
veneração dos fiéis. O Menino Jesus, que tinha abandonado o convento enquanto
era deixado no esquecimento, manifestou de novo o seu poder: o cerco de Praga
foi levantado ao mesmo tempo que a comunidade dos Carmelitas se achava provida
do mínimo necessário.
Ora, durante uma oração diante da
estatueta mutilada, o Padre Cirilo ouviu distintamente estas palavras:
"Tende piedade de mim e eu terei piedade de vós. Restitui-me as minhas
mãos e eu vos restituirei a paz... quanto mais me honrardes, tanto mais eu vos
favorecerei..."
Preocupado com reunir os fundos
necessários à restauração da estatueta, Padre Cirilo se chocava com a
indiferença de seu Prior até o momento em que o Menino Jesus lhe falou de novo:
"Colocai-me à entrada da sacristia e encontrareis alguém que terá piedade
de mim."
É então que um estrangeiro,
Daniel Wolf, se apresentou e pediu aos Padres que lhe confiassem a estátua, que
ele reparou às suas custas.
Seguiram-se várias peripécias
verdadeiramente sobrenaturais: Daniel Wolf, que havia perdido a sua posição e a
sua fortuna, recuperou uma e outra, e depois, atacado por uma grave doença, fez
voto de mandar construir um altar para a estatueta e foi atendido com a sua
cura.
Proteção
Particular do Divino Infante
Por volta de 1642, ajudado por
donativos e concursos providenciais, o Padre Cirilo viu chegar o momento de
pedir ao seu Prior a construção, no recinto do mosteiro, de uma capela
destinada ao Menino Jesus e cujo local precioso lhe havia sido indicado pela
própria Santíssima Virgem.
A 14 de janeiro de 1644, na festa
do Santo Nome de Jesus, o Prior celebrava aí a primeira Missa e a 3 de maio de
1648, o Cardeal Arcebispo de Praga a consagrava oficialmente.
A estátua miraculosa foi aí
conservada até 1741: entrementes, a devoção popular tinha tomado um tal
desenvolvimento que a capela se revelava demasiado pequena e, a 14 de janeiro
de 1741, a estatueta foi instalada solenemente na própria igreja, à direita do
altar central, no seu lugar atual.
Não nos é possível, no plano
deste curto artigo, relatar mesmo sumariamente a longa crônica dos
acontecimentos que se seguirão, caracterizada por uma alternância de favores
particulares concedidos aos que conservaram esta devoção (seja a título
individual: curas etc. ou coletivo: proteção de cidades por ocasião de
conflitos ou epidemias) e de provações sofridas pelos que a abandonaram.
Declínio da Devoção em Praga no Fim do Século XVIII
Restauração da Igreja
O fiel que visita em 1993 a
igreja de Santa Maria da Vitória se espanta por não ver aí mais que uma ou duas
dezenas de ex-votos.
No fim do século passado, sob a
influência das ordenações do Imperador da Alemanha José II -- o "déspota
esclarecido" -- que quis reformar a igreja -- uma vaga de iconoclastia
varreu das igrejas os quadros e imagens, enquanto que um grande número de casas
religiosas e de conventos eram suspensos.
Em julho de 1794 os Carmelitas
foram desapossados de Santa Maria da Vitória ao passo que os objetos de valor
ou os ex-votos, que ornavam, foram confiscados, vendidos ou roubados.
A Igreja tornou-se paroquial,
servida pelos sacerdotes da Ordem de Malta.
É em 1848 que ela foi restaurada,
assim como o belíssimo altar do Menino Jesus que se vê hoje ali, na parte
direita da nave.
Fazendo-lhe exatamente face, à
direita da nave, se eleva o altar da Virgem, sobre o qual está colocado um
quadro da Virgem em oração, ilustrado por um fato miraculoso.
Por ocasião de perturbações, um
velho soldado deu um tiro de arcabuz neste quadro, que o projétil furou no
lugar do coração de Nossa Senhora: o sangue correu então pelo orifício, para
espanto do soldado sacrílego, do qual a tradição diz que foi imediatamente
confessar-se e se converteu...
Ulteriormente, o religioso
encarregado da igreja declarou: "Convém que a Mãe se torne a unir com o
seu Filho" e fez instalar este quadro no seu lugar atual.
Até uma data recente, dois
quadros colocados de uma parte e de outra representavam o episódio do velho
soldado. Infelizmente, eles foram roubados.
Extensão
da Devoção do Menino Jesus de Praga na Europa
Limitar-nos-emos a evocar
rapidamente esta extensão na França, Bélgica e Itália.
Na França
O Carmelo de Meaux parece ter
desempenhado um grande papel na propagação desta devoção na França: Madre
Gertrudes de Jesus, sub-priora, recebeu em 1885 -- segundo a tradição oral do
Carmelo -- o favor de ver andar na sua cela "um pequeno Jesus que não era
como os outros".
Ela procurou por muito tempo uma
imagem ou estátua representando o Menino com os traços com que Ele lhe tinha
aparecido, até 31 de janeiro de 1886, quando descobriu o histórico do
"Pequeno Grande" de Praga e aí reconheceu o "seu pequeno
Jesus"...
A estátua tão desejada chegou a
Meaux, presente anônimo, a 13 de abril de 1886, e foi solenemente erigida na
capela exterior do mosteiro, a 13 de setembro de 1888, pelo Bispo da diocese.
Até a morte (1 de janeiro de
1905), a Madre Gertrudes de Jesus dedicou-se ativamente a promover o culto do
"Divino Pequeno-Grande" na França e no mundo.
Na Bélgica
O Carmelo de Audenarde ter-se-ia
adiantado a todos os outros: desde 1886 o Menino Jesus miraculoso de Praga tem
um trono na capela e as religiosas distribuíram os primeiros santinhos e
medalhas.
Em 1891, uma bruxelense, Gabriela
Fontaine, inspirada por sua mãe, vai consagra sua existência ao que será sua
profissão de fé: "levar a todos o conhecimento e o amor de Jesus
Menino".
Mulher de fé e de energia, dotada
de um senso particular de organização, seus esforços verão a sua coroação a 18
de outubro de 1906, na consagração da igreja do Santo Menino de Jesus,
edificada por sua iniciativa, em Bruxelas.
No intervalo, G. Fontaine terá
suscitado a criação da confraria da Santa Infância de Jesus, fundado uma
revista, mandado fazer uma cópia da estatueta de Praga difundida em milhares de
exemplares que se encontram em numerosíssimas igrejas e casas religiosas na
França e alhures.
A igreja de Bruxelas foi, desde a
origem, confiada à ordem dos Barnabitas e as centenas de "ex-voto"
que ornam suas paredes testemunham as graças ali obtidas.
A julgar por estes testemunhos
-- freqüentemente muito comoventes -- da
devoção ao Menino Jesus , verifica-se que esta devoção tem nascimento no fim do
último século [Santa Teresinha do Menino Jesus em particular teve uma devoção
muito grande ao Menino Jesus], viu o seu apogeu entre 1905 e 1925, para estiolar-se
logo em seguida.
Na Itália: O Santuário de Arenzano
Os Carmelitas descalços
estabeleceram-se em Arenzano, pequena cidade situada a alguns quilômetros de
Gênova, em 1889. Nesta época, o Santo Menino Jesus de Praga era quase
desconhecido na Itália.
Em 1895, os Carmelitas de Milão
obtém de seu Cardeal a permissão de introduzir em seu santuário uma estatueta
do Menino Jesus de Praga.
Será o ponto de partida de uma
devoção que se espalhará rapidamente pelo povo italiano, através dos Carmelos,
favorecendo sempre o desenvolvimento da espiritualidade carmelitana.
Em 1900, o Prior de Arenzano
instala um pequeno quadro representando o Menino na capela do seu convento e,
desde o ano seguinte, em conseqüência das graças recebidas pelos fiéis que ali
vinham rezar, a afluência surpreende os Padres que decidem substituir o quadro
por uma estatueta.
A marquesa Delfina Gavotti de
Savona lhes oferece então uma cópia do original de Praga, a qual será
substituída pela estátua (de madeira, um pouco maior que o original, mas que é
sua exata reprodução) atualmente venerada.
A afluência aumenta -- assim como
as graças obtidas, confirmando a promessa feita ao Padre Cirilo: "Tanto
mais vós me honrardes, tanto mais eu vos favorecerei" -- e, patenteando-se
demasiado pequena a capela, decidiu-se a construção de um santuário.
A primeira pedra da imponente
basílica será posta a 16 de outubro de 1904 e a benção solene do edifício
realizar-se-á quatro anos mais tarde. O local sobre o qual ele está construído
torna esta visita particularmente atraente.
Uma confraria do Santo Menino
Jesus de Praga, chamada "pia união", foi ali erigida: conta com um
grande número de adeptos e publica um periódico.
A festa principal de Arenzano se
realiza no primeiro domingo de setembro, aniversário da abertura do santuário.
Conclusão
A história desta devoção, cujas
linhas gerais acabamos de traçar, mostra que ela é ao mesmo tempo
teologicamente fundada, uma prática antiga e sobrenaturalmente fecunda.
Fecunda: insistiremos neste
ponto. Como todas as orações de petição, as preces endereçadas ao Menino Jesus
não obtém sempre -- na aparência e literalmente -- as graças pedidas.
Mas nossa curta vista nos
dissimula freqüentemente esta realidade: Deus -- e aqui o Menino Jesus -- sabe
melhor do que nós o que nos é necessário... E quantas vezes a alma, a princípio
decepcionada, e até entristecida por não ter obtido a graça, a cura, o favor
pedido, descobre com o tempo que, enfim, ela recebeu muito mais!
No caso particular da devoção e
do recurso ao Menino Jesus serão os frutos do "espírito de infância":
doçura, paciência, humildade, esquecimento de si...
Resta dizer que, se o Menino
Jesus ainda é honrado em algumas casas religiosas e famílias, o é por exceção:
é forçoso verificar que esta devoção é praticamente ignorada do maior número de
católicos, mesmo os mais fiéis...
Basta visitar as capelas de
Bruxelas, de Beaune ou de Praga -- quase permanentemente desertas -- para se
dar conta disso! Mas retorquir-nos-ão, não acontece o mesmo com a maior parte
das nossas igrejas onde, aí sim, a Presença Eucarística é bem Real?
Certamente. Mas se esta Presença
é igualmente Real no tabernáculo de cada um de seus santuários, o coração de um
cristão se ressente mais afetivamente desta solidão quando ela se manifesta --
além disso -- em torno da comovedora imagem do Menino Deus -- seja a da
criancinha enfaixada de Beaune ou a do "Pequeno-Grande" de Praga...
Os que tiveram a graça de
conduzir seus filhos ou netos a um destes santuários e de observar as reações
deles, compreenderão melhor o que quereríamos dizer aqui.
Assim convém favorecer novamente
esta devoção em nossas famílias, lembrando-nos da promessa do Menino Jesus:
"Quanto mais me honrardes, tanto mais vos favorecerei".
(Revista SIM SIM NÃO NÃO n° 2 ― Fevereiro de 1993)
Fonte: https://permanencia.org.br/drupal/node/5315