"Não podemos garantir melhor a nossa salvação do que vivendo e morrendo a serviço dos pobres."
A liturgia faz memória hoje de São Vicente de Paulo, nascido na região de Aquitânia, França, em 1581, século em que havia muitos pobres e desvalidos naquele país, devido às guerras e revoluções que dizimavam a população, gerando uma verdadeira multidão de crianças órfãs, mulheres prostituídas e enfermos abandonados pelas ruas.
Foi neste cenário que Deus inspirou o padre Vicente de Paulo, vindo ele mesmo de uma família humilde, a iniciar uma grande obra de caridade, fazendo resplandecer aos mais necessitados a face da misericórdia divina.
Uma vida voltada às obras de caridade
Na paróquia que administrava, deparava-se constantemente com a miséria de seu povo, pois muitos vinham ao seu encontro para pedir socorro e isto o estimulava a ajudar a todos, na medida do possível. Entretanto, em meio a uma viagem pastoral, padre Vicente foi preso e vendido como escravo, vivendo humildemente a serviço de seu patrão por dois anos, até que foi libertado após catequizá-lo. Quando retornou à sua paróquia, decidiu encabeçar uma grande reforma no clero, por meio da qual realizou muitas obras de assistência social e combateu o jansenismo, heresia que negava o livre-arbítrio e afirmava que o ser humano não era capaz de fazer o bem.
Desse modo, o padre Vicente acabou provando concretamente, com o seu testemunho de amor e solidariedade, que, embora todos tenhamos as marcas das concupiscências em nós, a graça é capaz de superar todas as nossas más inclinações e fazer prevalecer a bondade à qual fomos vocacionados por Deus, como um povo criado à Sua imagem e semelhança.
São Vicente fundou ainda duas ordens religiosas: a Congregação da Missão, conhecida como Lazaristas, e, em cofundação com Santa Luísa de Marillac, as Filhas da Caridade, também chamadas de Irmãs Vicentinas. Ele teve uma vida longa, vindo a falecer com quase oitenta anos, em 27 de setembro de 1660, tornando-se, após sua canonização, o padroeiro das obras de caridade.
O testemunho deste santo que nasceu pobre, foi escravizado por dois anos e sofreu vários ataques à sua fé, é como um brado ao mundo, de que as nossas escolhas não devem ser guiadas por aquilo de ruim que nos acontece, mas que, por graça de Deus, podemos, como nos diz São Paulo, livremente optar por vencer o mal pelo bem (cf. Rm 12,21).
São Vicente de Paulo, rogai por nós!
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