"Ide vós também. A chamada não diz respeito apenas aos Pastores, aos sacerdotes, aos religiosos e religiosas, mas se estende aos fiéis leigos: também os fiéis leigos são pessoalmente chamados pelo Senhor, de quem recebem uma missão para a Igreja e para o mundo."
É com este trecho da Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christifideles Laici, escrita pelo Papa João Paulo II, em que ele fala especialmente da vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo, que desejo começar este texto. Ela nos mostra que, como leigos, também temos um chamado de Deus e um papel importante na sociedade. Infelizmente, nem sempre essa realidade foi clara para mim, assim como ainda não é clara para muitas pessoas.
Ser leiga e santa
Pouco tempo depois de ter a minha experiência pessoal com Jesus, aos 16 anos, e repleta de um desejo ardente de santidade, passei a querer entender qual era a minha vocação e assim concretizá-la, pois sempre ouvia as pessoas comentarem que só assim eu seria feliz e santa.
O problema é que a minha compreensão sobre a santidade e as vocações era precipitada. Como via muitas imagens e histórias de santos que eram religiosos e religiosas, passei a achar que para ser santa precisava ser freira. Por um curto período, isso me satisfez. Mas conforme eu ia amadurecendo na fé, ainda havia um forte incômodo no meu coração de que esta ainda não era a resposta de Deus.
Para ter as respostas, são necessárias as perguntas. Nesse processo de discernimento vocacional, eu me permiti ter algumas questões interiores: É possível ser leiga e santa? É possível viver a santidade no matrimônio? É possível ser jovem, leiga, solteira e santa?
Com o passar do tempo, fui conhecendo a história de diversas pessoas que alcançaram graus de santidade em diversos estados da vida laical. Como a Santa Gianna Beretta, Santa Zélia e São Luís (pais de Santa Terezinha do Menino Jesus), que foram casados; ou como a Beata Sandra Sabatini, que foi a primeira noiva a ser beatificada pela Igreja. E também temos jovens como o Beato Carlo Acutis e a Beata Chiara Badano, que eram solteiros e em tudo lutaram pela santidade.
A santidade é um chamado para todos!
Hoje, compreendo que, sem sombra de dúvidas, é possível alcançar a santidade. Independentemente do estado de vida, TODOS SOMOS CHAMADOS A SER SANTOS. Entendi que a santidade é um chamado para todos. Cada um de nós tem um papel especial dentro da Igreja. Nenhuma vocação é melhor nem pior que a outra. São apenas chamados diferentes, e com isso cada uma traz consigo os seus desafios, as suas exigências e graças específicas.
Tal qual escreve o Apóstolo Paulo na 1ª Carta à comunidade de Coríntios. "Porque, como o corpo é um todo com muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo. Em um só Espírito fomos batizados todos nós, para formar um só corpo, judeus ou gregos, escravos ou livres; e todos fomos impregnados do mesmo Espírito.[…] Mas Deus dispôs no corpo cada um dos membros como lhe aprouve. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Há, pois, muitos membros, mas um só corpo."
Desta forma, como leigos, somos chamados, de modo intenso e intencional, a fazer dos lugares que frequentamos – trabalho, faculdade, escola, amizades, pastorais ou movimentos na paróquia – um ambiente de santificação para nós e para os outros. E assim, propagando a fé, a caridade e a esperança, sermos sal e luz para o mundo em que vivemos.
Existem diversos lugares na Igreja e na sociedade que apenas o leigo poderá chegar! São Gregório Magno, ao comentar a parábola dos trabalhadores da vinha em uma pregação para o povo, disse: "Considerai o vosso modo de viver, caríssimos irmãos, e vede se já sois trabalhadores do Senhor. Cada qual avalie o que faz e veja se trabalha na vinha do Senhor".
Seja luz de Cristo para o mundo!
Ester Vieira – Jovens Sarados
Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/vida-religiosa/leigos-um-chamado-a-santidade/