A comunhão de amor com que Jesus amou a sua Igreja (Efésios 5,31), assim como o do Criador com Israel o seu povo escolhido é expresso através das palavras vivas e vividas pelos esposos no leito matrimonial e depois com sua prole. "O seu vínculo de amor torna-se a imagem e o símbolo da Aliança que une Deus e o seu povo" (Familiaris Consortio).
Essa comunhão de amor torna-se modelo perfeito a ser perseguido. Por existir amor assim tão incondicional, torna-se exigente e não se admite outra forma de existir se não for no plano da reciprocidade. Não há espaço para abjurações temporais, pois o amor de Deus para com seu povo é irrenunciável e não há espaço para retornos. Essa comunhão encontra no matrimônio humano uma imagem mais que perfeita. Deus nos ama como um esposo ciumento. A idolatria é prostituição, a infidelidade é adultério, a desobediência à lei é abandono do amor nupcial para com o Senhor (Familiaris Consortio)
Sem amor, não há nada
Como nos diz a encíclica Redenptor hominis "O homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser incompreensível e sua vida é destituída de sentido, se não for revelado o amor… se não o torna algo próprio" Sendo assim, a família tem como primeira tarefa mostrar ao mundo a realidade para qual ela foi pensada por Deus e a exemplo das primeiras comunidades cristãs, que eram reconhecidas visualmente pelo seu amor recíproco, explicitar seu "princípio interior, força permanente e meta última e dever que é o amor" (Familiares Consortio). Uma autêntica comunhão de amor humana e eclesial.
A igreja renasce em cada família que se forma e é reconstruída a cada dia mediante a regeneração do batismo dos filhos e sua educação da fé. A Família assim é constituída como o lugar natural onde à pessoa humana é inserida na grande família da Igreja, é edificada por ela e reciprocamente torna-se partícipe de sua eficácia salvífica.
Assim como a Igreja expressa à comunhão indivisível entre seus membros e sua cabeça que é Cristo. Também a família, Homem e mulher podem e deve viver essa mesma comunhão. Além de fazer ver a sua complementariedade natural, a família deve ter um projeto de vida sobrenatural confirmando assim a perfeição do sacramento e sua plena eficácia. Longe da tempestade de ideias e conceitos exteriores que tentam impor modelos, que não poucas vezes nos deixam atônitos e surpresos com tamanha criatividade, devemos nos ater ao princípio primeiro de nossa criação. Não somos inimigos nem diferentes e sim complementares, um só corpo e um só Espírito.
O Espírito Santo deve ser o autor da comunhão entre aquela família, corpo de Cristo, e o Próprio Cristo cabeça dessa mesma família. Não só uma comunhão sobrenatural, mas comunhão de corações, inteligências e vontade das almas esposas. "Aqueles que têm desejos espirituais profundos, não devem sentir que a família os afasta do crescimento na vida do Espírito, mas é um percurso de que o Senhor se serve para os levar às alturas da união mística" (Amoris Laetitia).
Claudio Viana
Consagrado Comunidade Shalom casado
Fonte: https://comshalom.org/homem-e-mulher-podem-viver-em-comunhao/
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