O mistério da Santíssima Trindade é um dos dogmas centrais dentro da Igreja Católica. Por muitos anos, as civilizações acreditaram em uma diversidade de deuses, como, por exemplo, os gregos, bárbaros e celtas.
Por outro lado, os judeus avançaram essa compreensão apresentando o monoteísmo. Com fé em um único Deus, por muitas vezes citada pelos profetas como "Deus verdadeiro, os outros são apenas barro". Ou seja, a multiplicidade de deuses seriam apenas imagens criadas pelo homem, só existe um único Deus. Por fim, a Igreja católica, herdando a herança judaica, desenvolve a doutrina da Trindade.
A Trindade, revelada pelas Sagradas Escrituras e pelo testemunho de Jesus Cristo, se torna um grande escândalo para os judeus e para muitos das primeiras comunidades cristãs.
Nos inícios da Igreja, de tempos em tempos, apareceram diversas heresias sobre essas realidades. Algumas delas são: O modalismo consistiu na opinião de alguns teólogos (Noeto e Praxéias, no século II e Sabélio, no século III) que reduziam as três Pessoas da Santíssima Trindade a simples modo de expressão do único e mesmo Deus; O subordinacionismo foi defendido pelo bispo Paulo de Samósata e pelo padre Ário de Alexandria.
Eles ensinavam que o Pai é o único Deus. Enquanto que o Filho e o Espírito Santo são criaturas subordinadas ao Pai. O triteísmo ensina que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três substâncias independentes e autônomas. Afirma, portanto, que a Trindade, na verdade, são três deuses.
A doutrina da Santíssima Trindade
No Ocidente, Tertuliano, que viveu no século II, foi o primeiro a usar a palavra "Trindade" para se referir a Deus em três Pessoas. No Oriente, esta tarefa coube a Teófilo de Antioquia, que também viveu no século II. A doutrina da Santíssima Trindade foi explicitada no decurso dos primeiros séculos e finalmente definida no Concílio de Nicéia (325 d.C.), onde ficou esclarecida a divindade de Jesus Cristo; e no Concílio de Constantinopla (381 d.C.), quando se defendeu a divindade do Espírito Santo. Cada um desses Concílios procurou responder as heresias de seu tempo, fixando a verdadeira fé católica.
A unidade e a igualdade das três pessoas da Trindade
Um dos principais comentadores da Trindade foi Santo Agostinho, que elaborou sua obra "De Trinitate" (Sobre a Trindade). Santo Agostinho enfatizou a unidade e a igualdade das três pessoas da Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um único Deus em essência. Ele usou analogias, como a mente que pensa, a palavra que é expressa e o amor que une para ilustrar a relação entre as pessoas divinas.
Também ressaltou a importância da analogia da imagem de Deus na humanidade. Argumentava que a capacidade humana de amar e se relacionar espelha, de certa forma, a natureza trinitária de Deus. Assim, Agostinho incentivava os cristãos a viverem em comunhão e amor, refletindo a comunhão divina.
O fato é que a adesão ao catolicismo se dá no Batismo, e um Batismo Trinitário (Pai, Filho e Espírito Santo). A partir disso, somos introduzidos no seio da Trindade e entramos no mistério divino por adoção filial. Sendo o Batismo a porta de entrada, os outros sacramentos também são manifestação da obra Trinitária na alma do fiel, manifestação visível através do rito e uso das matérias.
Por isso, celebrar os sacramentos é celebrar a Trindade. Ser católico é viver essa mística profunda que nos leva à transformação e união com o próprio Deus Trindade! Que Deus, nosso Pai, nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos.
Rafael Vitto
Rafael Vitto, seminarista CN. Graduado em Filosofia e estudante de Teologia. Atuante na paróquia São Sebastião em Cachoeira Paulista.
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