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7 de junho de 2023

Estabelecendo Parceria para Formar Discípulos

Autor: Dercides Pires da Silva.
Coordenador da Comissão de Formação da RCCGOIÂNIA.
Goiânia-GO, 23 de julho de 2009.

"Quando Jesus terminou o discurso, a multidão ficou impressionada com a sua doutrina. Admirados, diziam: Quem é este homem a quem até os ventos e o mar obedecem? De sorte que o povo estava admirado ante o espetáculo dos mudos que falavam, daqueles aleijados curados, de coxos que andavam, dos cegos que viam; e glorificavam ao Deus de Israel. Se expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente é chegado a vós o Reino de Deus" (Mt 7,28; 8,27; 15,31; Lc 11,20).

1. INICIALMENTE, O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO
Quando o católico menciona outras crenças ou religiões, o faz com muito respeito e também exercendo o seu direito de expressar sua fé, pois a própria Igreja, considerada institucionalmente, criou, há décadas, um dicastério para promover o diálogo inter-religioso com respeito e fraternidade.
Dicastério está para a Cúria Romano, assim como os ministérios estão para o governo brasileiro.
O direito de expressar a fé, assim como o dever de respeitar a fé e as opiniões de todos está insculpido na Constituição da República Federativa do Brasil (Constituição Federal), quando ela diz que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias" (Constituição da República Federativa do Brasil, artigo 5º, caput e inciso VI).
Assim, respeitosamente, passo a partilhar, em forma de testemunho, um pouco da minha experiência de fé como alguém que aceitou ser discípulo de Jesus, bem como colaborar pela formação de outros.

2. A DESCOBERTA DA PARCERIA
Em 1984, estava eu levando minha vida como muitos homens levam: casado, trabalhando, fazendo faculdade; lendo revistas, livros, jornais e ouvindo músicas, e assistindo a muitos filmes e, claro, futebol. Futebol no rádio, na televisão e no estádio. E também não me esquecia de ir às missas dominicais, como mandam os mandamentos da Lei do Senhor e da Igreja. Além disso, ainda era membro atuante do encontro de casais da paróquia, como coordenador da equipe de vigília. Mas não parava por aí; nos tempos livres — e como eu conseguia tempo livre! — ainda lia literatura espírita, budista, xintoísta, brahmanista, seichonoísta, hinduísta, entre outras do gênero.
Não, ainda não terminou! Há mais: ainda praticava um pouco de ioga, sozinho, no meu quarto, utilizando os manuais iogues.
Já terminou? Não. Infelizmente, ainda existia mais. Eu participava de uma seita ocultista. Ia aos seus cultos aos domingos de manhã; não faltava a nenhum. Naquele tempo eu não admitia que eram cultos, embora existissem ritos litúrgicos incluindo cânticos, reflexões homiléticas e cultos específicos dedicados aos antepassados. Com tudo isso, quando me perguntavam para onde eu ia, sem demora dizia: "Vou pra uma reunião".
Além dos cultos, também lia todos os livros e revistas desta seita; pilhas de livros e de revistas, e participava de todos os seminários realizados em minha cidade; e ainda estava planejando participar de alguns seminários na sede nacional deles. Sim, irmão e irmã! Naquela época eles já tinham uma sede nacional, pelo que ouvia falar. Ir lá... Não fui.
Mais uma coisa: participava também de todos os encontros sobre parapsicologia e poderes da mente; participava e praticava os ensinamentos com exercícios sugeridos nos encontros e nos livros que também lia. Lia todos que meu dinheiro conseguia pagar. Chegava da faculdade depois de 23h e levantava antes das quatro da manhã para fazer meditações, especialmente uma proposta pela seita que eu mais seguia, pois às cinco da matina eu já tinha que estar no ponto de ônibus para tomar o primeiro que passasse. Eu morava longe do meu trabalho e meus chefes não admitiam atrasos. Eu tinha muitos chefes na época. Todos os tenentes, capitães e majores do Exército eram meus chefes. E ainda havia os principais que serviam no quartel: um coronel e um tenente-coronel. Às vezes havia somente um deles. Eu era sargento de infantaria.
Ufa! Ainda bem que tudo isso passou. Hoje me sinto livre. Respeito todas as religiões, mesmo as que vêm disfarçadas de filosofia ou de alguma outra espécie de doutrina; mas, para ser de fato sincero, devo dizer que nada daquilo me fez bem. Bem estou hoje, sendo inteiramente de Jesus, meu Senhor. Bem e livre. Amém!
Naquele tempo (Vixe! Estou falando como evangelista! E agora? Ah! Agora continuo a narrativa.), estava eu saindo de uma missa, quando uma filha de Deus — Maria Ricarda, casada com o Elias. Ele já foi para o lugar que Jesus lhe preparou na cada do Pai. Ambos de minha equipe de vigília do encontro de casais — deu-me um panfleto contendo um convite para participar de um encontro de oração da Renovação Carismática Católica. Era o sétimo encontro realizado em minha cidade, Goiânia. Este foi realizado nos dias 03, 04 e 05 de agosto de 1984. Depois ele se tornou o tradicional Encontrão. Fui, graças a Deus.
Durante o encontro vi muitas coisas belas. Lá o Senhor me libertou do jugo do Mal que me prendia a várias espécies de doutrinas falsamente cristãs. Com sinceridade, admito que até naquele dia gostava daquela prisão, pois ela me dava uma inexplicável espécie de prazer emocional. Admito, um pouco vermelho, um pouco relutante, mas admito...! Talvez fosse alguma espécie de síndrome de Estocolmo ainda não estudada pelos especialistas. Porém, seja lá o que fosse, pela força de Deus não conseguiu me impedir de participar daquele encontro da Renovação. E no decorrer daquele evento, ao ver a alegria do povo, ao admirar como as pessoas oravam e cantavam, e principalmente ao ver as curas e milagres, entre estes a cura de um olho furado duma mulher que recomeçou a enxergar naquele momento, pensei: "Isto aqui é Atos dos Apóstolos no Século XX". Disse isso porque comparava o que via com o que havia lido no Livro de Atos.
Até naquele dia eu não conhecia o Espírito Santo, como Ele se apresenta e se manifesta na Renovação:

"Antes eu te conhecia de ouvir falar,
Mas agora de contigo andar
Eu sei o Deus que tenho
Meu Rei Senhor e Pai,
Te quero em minha vida mais e mais"
(Adhemar de Campos, Antes Eu Te Conhecia
Disponível em http://letras.terra.com.br/adhemar-de-campos/205376/, acessado em 23/7/2010).

Nunca mais fui o mesmo. Troquei todas as leituras de todas as religiões pela Bíblia; inicialmente somente pela Bíblia, depois de quase um ano e meio, quando ingressei num grupo de oração, comecei a ler também os livros espirituais que eram lidos pelos irmãos. Troquei pela Igreja todas as outras religiões que tentava seguir indo aos seus cultos e lendo seus livros. A troca foi integral, de forma que voltei a ir somente à missa, além de começar a ler nossa doutrina e nada mais. Troquei os seminários de poderes mentais e de outras religiões pelos seminários e encontros da Renovação. Tinha o desejo de ser pregador numa das religiões que eu frequentava. Lá, pregador é dito preletor. Era para isso que eu lia seus livros sem parar. Meus sonhos não foram desfeitos, o Senhor substituiu seus conteúdos. Continuei participando intensamente de religião; agora, da verdadeira, somente. Continuei lendo sem parar; agora, os livros certos. Continuei inebriando meu espírito com músicas; agora, com músicas de adoração e louvor:
"Não vos embriagueis com vinho, que é uma fonte de devassidão, mas enchei- vos do Espírito. Recitai entre vós salmos, hinos e cânticos espirituais. Cantai e celebrai de todo o coração os louvores do Senhor" (Ef 5,18-19) .
Hoje, o Senhor fez de mim um pregador que utiliza a doutrina correta.
Em 1988, no Congresso Nacional da Renovação que foi realizado no auditório da Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida, na cidade do mesmo nome, no Estado de São Paulo, na missa de quinta-feira à tarde, após as dezessete horas, enquanto o padre Robert DeGrandis pregava a homilia, ouvi a tradutora dizer: "O Espírito Santo está se manifestando aqui em forma de uma brisa suave". Nesta época eu ainda era prisioneiro de uma praga chamada racionalismo que se disfarça tomando a forma de razão, sensatez, razão esclarecida, senso crítico. Com estes tipos de conselheiros internos eu nunca estava pronto para aceitar nada que contrariasse minha forma de pensar, ou aquilo que minha razão não conseguisse explicar com alguma lógica; a lógica de minha incredulidade. Ao ouvir aquela tradução, imediatamente olhei um pequeno ventilador distante de mim cerca de trinta metros. Ele ficara ligado o dia todo, e até naquele momento eu não havia recebido sequer uma pequenina porção do seu bafo que certamente estava espalhando os odores dos corpos que ali permaneceram por mais de dez horas, sem banho. Mas eu não conseguia aceitar que o leve frescor que senti — não senti um vento sobre mim — era uma manifestação divina; por isso, incontinenti, concluí: deve ser o vento do ventilador.
Logo depois da confusão que fiz entre a Brisa Suave e o ventilador, ouvi um clamor do povo que se iniciou nas primeiras fileiras da frente do auditório e seguiu para o fundo, onde eu estava. Ocupei a última fileira de cadeiras móveis, bem rente à parede do fundo, de modo que recostava minha cabeça naquela parede. Nunca gostei de me expor. Sentia-me muito feio para estar à frente das pessoas. Eu não soube imediatamente a causa do clamor, pois não sei inglês, que era o idioma do padre pregador. Em seguida, veio a tradução: "O Espírito Santo está se manifestando daqui pra lá — a tradutora apontava com a mão a direção percorrida pelo Espírito Santo, que era da frente do auditório para o fundo — em forma de um perfume doce e suave". A tradução me chegou junto com o perfume. Não consigo descrevê-lo a contento, por isso nem vou tentar. Mas posso dizer que era muito agradável. Naquele momento não me contive e disse à Maria José, minha mulher: "Benzinho, o Espírito Santo existe mesmo!" Naquele momento eu não sabia o que fazer de mim mesmo.
Depois, conversando com a Maria José, ela me disse que não lhe falei "Benzinho, o Espírito Santo existe mesmo", pois, em verdade, disse-me ela que eu gritei.
Depois daquele dia nunca mais tive necessidade de ver qualquer prova material sobre Deus. Também não tive qualquer necessidade de participar de eventos para encontrar algo que eu buscasse sem saber o quê. Sem perceber, eu comecei a servir o Senhor com um ânimo que não conhecia, bem como a participar de encontros com a certeza de que neles o Senhor me espera. E muitas vezes em meu coração vou cantando:

"Nesta hora feliz, neste santo lugar
Eu marquei um encontro com Deus
Seu amor é real, sua paz gozarei
Eu marquei um encontro com Deus
Eu marquei um encontro com Deus aqui
Eu marquei um encontro com Deus aqui
Seu amor é real, sua paz gozarei
Eu marquei um encontro com Deus"
(Gilvan, in www.cifraclub.com.br/
gilvan/nesta-hora-feliz/, acessado em
23/7/2010).

Quando dei fé, eu estava com o Senhor e ele estava comigo. O Espírito Santo se fazia sentir em mim e comigo nos meus trabalhos e ações. Comecei a errar menos e a acertar mais. Isso me deu uma enorme esperança de ser de Deus em tudo, até nas mínimas ações da vida prática. Repentinamente comecei a ver os sinais de Deus que agia meu ministério por meio do Espírito Santo. Foi nesta época que comecei a entender o testemunho de Marcos que diz: "Os discípulos partiram e pregaram por toda parte. O Senhor cooperava com eles e confirmava a sua palavra com os milagres que a acompanhavam" (Mc 16,20). Pela primeira vez na vida eu estava experimentando uma parceria eficiente e eficaz que garantiria mudanças efetivas em minha vida, em tudo, além de me conduzir pelos misteriosos caminhos da formação de discípulos para nosso Senhor Jesus Cristo.
Muito obrigado a todas e a todos!
Deus os abençoe! Até outro texto!

Dercides Pires da Silva




Um comentário:

  1. O Senhor diz a Tomé: "Felizes aqueles que crêem sem ter visto!" (Jo 20,29); mas, ainda hoje, tal como fez com Tomé, ele socorre aqueles que não conseguem aceitar o que se narra em qualquer uma das quatro versões do Evangelho.

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