A resposta vem por São Tomás de Aquino e o Catecismo da Igreja Católica.
No primeiro domingo da quaresma, a Igreja propõe aos fiéis o episódio das chamadas tentações de Cristo no deserto, logo após o Senhor ter sido batizado por João Batista no rio Jordão. Além disso, os sinóticos nos dizem que foi o próprio Espírito Santo que conduziu Jesus para viver essa experiência.
Como podemos dizer que Jesus foi tentado se não tinha nada de desordenado em Sua Santa humanidade? Vejamos como:
São Tomas de Aquino explica
São Tomás de Aquino nos lembra que a tentação pode vir da carne, do mundo ou do demônio. Ora, possuindo uma humanidade perfeita e sem desordens, Jesus não podia ser tentado pela própria carne, nem pelo espírito do mundo. Mas podia ser tentado pelo demônio, porque "a tentação que vem do inimigo pode ser sem pecado, porque ela é apenas uma sugestão exterior."
São Tomás cita em seguida, no artigo 2 da mesma questão da Suma, São João Crisóstomo, que diz: "O diabo se obstina sobretudo a tentar aqueles que vê na solidão. Por isso, na origem da humanidade, ele tentou a mulher quando esta encontrava-se sozinha." Por isso, podemos concluir que ao ir ao deserto buscar a solidão, o Filho de Deus foi intencionalmente, inspirado pelo Espírito Santo, ao encontro do inimigo para vencê-lo em nome de toda a humanidade que veio representar ao assumir nossa natureza. Mas por quê?
São Tomás explica os vários motivos pelos quais Jesus foi tentado. Primeiro, para nos alertar, a fim de que ninguém, por mais santo que seja, não se julgue em segurança e ao abrigo das tentações. Além disso, Cristo quis ser tentato após o batismo, diz Santo Hilário, porque 'as tentações do diabo se intensificam sobretudo contra os santificados, porque é sobre os santos que o inimigo quer vencer'. Em seguida, São Tomás explica que Jesus foi tentado para nos dar o exemplo de como vencer as tentações. Por fim, para nos mostrar que 'não temos um sumo-sacerdote incapaz de compadecer-se de nossas fraquezas'(Hb 4,15), e devemos, por isso mesmo, ter confiança em Sua Misericórdia.
São Tomás comenta também que Jesus preparou o confronto com o inimigo pelo jejum: "Deu o exemplo, mostrando a todos que devem se premunir contra as tentações pelo jejum, nos ensinando a nos armar pelo jejum contra toda tentação; por isso o Apóstolo enumera o jejum entre 'as armas de justiça'(II Co 6,5.7)."
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O Catecismo da Igreja Católica diz algo muito belo:
"A tentação de Jesus manifesta a maneira própria de o Filho de Deus ser Messias, ao contrário da que Lhe propõe Satanás e que os homens desejam atribuir-Lhe. Foi por isso que Cristo venceu o Tentador, por nós.(…) Todos os anos, pelos quarenta dias da Grande Quaresma, a Igreja une-se ao mistério de Jesus no deserto."
Que neste primeiro domingo da Quaresma nosso olhar se volte para nosso Divino Esposo e deixe-se ensinar por Ele a vencer todo o mal que quer tomar nosso coração. Amém.
Daniel Ramos de Castro
Missionário da Comunidade de Vida Shalom
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