Quando um dos maiores medos do brasileiro "bate em nossa porta", fica difícil não desabar. A pergunta que fica é: "E agora?". Com o desespero agindo, a "luz no fim do túnel" parece não surgir. No meu caso, a melhor solução foi recomeçar e construir uma nova porta.
Falo do desemprego. Afinal, estar desempregado pode trazer o mais complicado dos cenários para nossa vida. Os sentimentos de rejeição e incapacidade podem gritar alto dentro de nós. E confesso que comigo foi assim.
Ser desligada de uma empresa onde dei "meu sangue" durante o período mais crítico da pandemia e da minha vida pessoal, me machucou e me derrubou. A sensação era de que, mesmo oferecendo tudo que tinha, não era suficiente.
O beco sem saída
Porém, preciso admitir que também fui tomada por uma sensação de alívio, já que estava liberta de um serviço do qual já me fazia sentir incapaz. Só que esse sentimento acabava engolido pelos medos do desemprego e o desgosto de sentir-se rejeitada.
Na minha vida pessoal, eu passava pela maior perda, a morte de meu avô, que era muito especial para mim. Meu namorado também havia sofrido um grave acidente de trabalho e exigia muito da minha capacidade física e psicológica. Com o profissional também abalado, eu me vi em um "beco sem saída".
Sempre fui muito religiosa, e parte de mim queria acreditar que a salvação seria me apegar a Deus novamente, porém, a minha metade derrotada por tantas perdas e desafios via-se um pouco descrente. Entretanto, aprendemos do jeito mais difícil que poucas são as pessoas que podem jogar uma corda para nos salvar do poço escuro.
O consolo de Deus
Perdida e sem forças, não encontrei outro alento senão minha fé. Eu precisava e queria acreditar novamente. Deus não poderia ter me abandonado, eu tinha que crer que Ele me carregava no colo durante a tempestade, mesmo que não parecesse. Se não fosse Ele, ninguém mais estaria comigo, e eu não queria estar sozinha. Aquela gota d'água do desemprego não poderia me enterrar.
Precisei ser forte, pelos que amava e principalmente por mim. E quando a oportunidade não surge, a gente cria. Focar no profissional me ajudaria na fase ruim do pessoal, e foi isso que fiz. Jornalista formada, era preciso acreditar em meu potencial. A internet estava aí para me ajudar a recomeçar.
Em março de 2020, eu estava no início do meu sucesso com um programa de rádio chamado "Conexão". Resolvi transformá-lo em uma empresa por meio do MEI (Microempreendedor individual). Voltei a prestar serviço, graças a minha empresa, para a Rádio onde fui estagiária.
O recomeço em busca dos sonhos
Comecei também um programa de rádio novamente. Foquei em meu sonho de viajar o mundo e levar cultura e conhecimento para as pessoas por meio do Youtube com o quadro "Por Francisco", uma homenagem para meu avô. E outros projetos vieram por meio do "Conexão".
Pode até parecer pouco, já que o sucesso ainda está meio longe. Mas, hoje, posso dizer, de coração, que esse foi o meu recomeço, e que me salvei do fundo do poço. Talvez, o desemprego tenha sido, afinal, uma coisa boa, pois impulsou-me rumo aos meus sonhos. Nós tropeçamos aqui e ali, mas seguimos. E sei, dentro de mim, que um dia poderei dizer que o que começou como um programa de Rádio tornou-se uma empresa de comunicação inovadora. Pode demorar, mas um dia chego em meus sonhos, mesmo que construindo tijolo por tijolo.
Isabele Campos – Jornalista e criadora do @Jornalismo_Conexao
Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/recomecar-diante-de-um-beco-sem-saida/