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31 de agosto de 2022

Deus é o melhor conselheiro diante das tribulações da vida

Um país vinha sendo atacado havia vários meses. Os soldados estavam cansados e os oficiais hesitantes. Apesar da grande resistência ser o castelo da fronteira, a tropa já esmorecia. Todos sabiam que, se o castelo fosse tomado, provavelmente a guerra estaria perdida. Por isso, era preciso encontrar o melhor general para seu exército.

Então, o rei propôs: será o novo general o primeiro combatente que resolver o problema que vou apresentar. Ele colocou, sobre uma mesa, um quadro raro, adornado com uma moldura artisticamente trabalhada em ouro puro, era a peça mais cara do castelo, de valor inestimável. O quadro era a pintura de uma cena extremamente bela, em que uma jovem lindíssima caminhava num campo, entre flores, sob o céu de um violento azul. O rei apenas disse: aqui está o problema!

Os soldados ficaram surpresos. Estavam todos ali, parados, olhando o quadro caro com sua esplêndida donzela. O que fazer? Que charada era aquela? Aonde o rei queria chegar com aquilo?

Créditos: Wesley Almeida/cancaonova.com

Aprenda com a história

Na mesma hora, um dos oficiais do rei avançou sobre o quadro e sacando a espada destruiu a pintura, esmagou a moldura e atirou-a pela janela; então, voltou ao seu lugar. O rei suspirou fundo e disse-lhes, confiante: "Eis o nosso novo general!". E, sob o comando daquele homem, guardaram o castelo da fronteira e venceram a guerra.

A coisa mais importante, agora, é a sua atitude, é tomar uma decisão. Não importa qual seja o problema, ainda que seja algo lindíssimo e precioso para você; se for um pecado, precisa ser eliminado. O pecado é sempre um problema, mesmo que se trate de acabar a relação com uma mulher sensacional ou com um homem maravilhoso. Por mais lindo que seja, ou tenha sido, se você percebe que é algo errado e desagradável a Deus, é preciso colocar-lhe um fim.

Existe um provérbio oriental que diz: "Para você beber vinho numa taça cheia de chá, é necessário, primeiro, jogar o chá fora, para então beber o vinho". Deus não se esqueceu de você; Ele quer encher a sua taça com a vida nova, cheia de paz e de alegria que você tanto deseja, mas espera que você tenha coragem de lançar fora o chá da antiga vida e do pecado.


Limpe a sua vida!

Comece pelas gavetas, armários, até chegar às magoas, costumes e vícios que entulham seu coração. Nada nos aproxima tanto de um recomeço como a confissão sincera dos erros e males cometidos. Quem poderá acusar os que se arrependeram e fizeram, humildes, as confissões de sua culpa?

É o próprio Deus quem os defende e tornou-se para eles refúgio seguro em sua aflição: "Deus é nosso refúgio e força; mostrou-se nosso amparo nas tribulações. Por isso, a terra pode tremer, nada tememos: as próprias montanhas podem se afundar nos mares" (Sl 45,2-3). Quando um homem começa a renovar-se espiritualmente, começa também a ser vítima das más línguas e de seus difamadores.

Quem não sofreu essa prova não começou ainda a progredir. E quem não está disposto a sofrê-la, é porque não está decidido a converter-se. O mundo, a carne e a tentação, qual multidão que assiste a uma escalada, não se cansarão de lhe dizer: "Que pena! Você não vai conseguir… Não pode conseguir, não tem como conseguir". Os que lhes dão ouvidos vão ficando pelo caminho, desfalecidos, desanimados, inertes, enquanto continuam a lhes gritar: "Que pena! Vocês não vão conseguir! A escalada é dura e o caminho é difícil. Isso não é para vocês".

Aqueles que, no entanto, taparam os ouvidos e permaneceram surdos a tais investidas poderão dizer na fé aos que tentavam lhes desanimar: "podem gritar com todas as suas forças; pois ainda que emprestassem a voz do trovão não me poderiam convencer do contrário. Estou persuadido de que Deus não se esqueceu de mim. E se, por um momento, fui eu quem o abandonou, agora volto e sei que tudo posso naquele que me dá força. Jesus venceu o mundo e disse-me que tivesse confiança. Sim! Eu confio e também vencerei".


Márcio Mendes

Nascido em Brasília, em 1974, Márcio Mendes é casado e pai de dois filhos. Ex-cadete da Academia da Força Área Brasileira, Mendes é missionário da Comunidade Canção Nova, desde 1994, onde atua em áreas ligadas à comunicação. Teólogo, é autor de vários livros publicados pela Editora Canção Nova, dentre eles '30 minutos para mudar o seu dia', um poderoso instrumento de Deus na vida de centenas de milhares de pessoas.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/deus-e-o-melhor-conselheiro-diante-das-tribulacoes-da-vida/

29 de agosto de 2022

Avós são pais duas vezes!

São Joaquim e Santa Ana são os avós de Jesus, pais de Maria Santíssima. Ela é filha única do casal. Ana era estéril e os dois já estavam em idade avançada; no tempo em que eles viveram, era considerada uma maldição o casal que não tinha filhos, era até mesmo rejeitado pela sociedade. Isso os fazia sofrer muito.

Assim aconteceu com muitos casais. Por exemplo: os pais de Samuel; Zacarias e Isabel – pais de João Batista –, e outros. Joaquim e Ana viviam essa dura realidade. Ana clamou, com muitas lágrimas, pedindo a Deus um filho, pedindo que Deus tirasse da vida deles esse opróbrio. Joaquim também clamava ao Senhor, e Deus concedeu a eles essa graça de serem pais. Deus ouviu as orações do casal e os presenteou com uma filha, a qual recebeu o nome de Maria, que veio a ser a esposa de José, o pai adotivo de Jesus e Seu educador.

É importante refletir sobre este papel tão importante na vida dos netos. Ser avô é uma dádiva de Deus tão importante quanto a dádiva dos pais. Uma grande responsabilidade na vida dos avós.

Créditos: Sanja Radin by Getty Images / cancaonova.com

Ser avô é uma dádiva de Deus

Dizem que o avô estraga a educação dos netos, mas vejo que isso acontece apenas com uma minoria. Os avós já experimentaram, na vida, muitas situações difíceis, momentos de dor que só com a graça de Deus conseguiram vencer.

Os avós tratam seus netos com uma doçura diferente do afeto dos pais. Não é dizer que os avós educaram seus filhos com certa dureza e, hoje, trata diferente os seus netos. Ao contrário, como os avós, hoje, têm muito mais experiência do que então, eles já perceberam que a maioria dos pais poderia educar seus filhos de uma maneira diferenciada; percebem que o amor, o carinho e o diálogo são mais fortes do que certa correção agressiva, que não traz efeitos benéficos na vida dos netos.


O carinho, o diálogo e, principalmente, o amor fazem a diferença! Os benefícios são superiores a todos os tipos de métodos que já foram aplicados na educação.

Os avós são pais duas vezes

O papel dos avós na família vai muito mais além do carinho dado aos netos. A presença dos avós torna-se um suporte afetivo e, às vezes, financeiro dos pais e filhos. É aí que podemos dizer: os avós são pais duas vezes.

A vovó é chamada também de "segunda mãe". Às vezes, elas estão do lado e até à frente da educação dos netos com experiência e sabedoria que vão se acumulando ao longo dos anos. Com certeza, este é um sentimento lindo: estar vivenciando assim os frutos de seu fruto, ou melhor, dando vida às gerações. Digo com muita humildade: nós trazemos uma carga bem grande de riquezas que, com o tempo, fomos acumulando.

Os avós são dotados de sabedoria

Ser avós é muito significativo, pois é reconhecer o valor da sabedoria adquirida, o valor da experiência de vida que foi se acumulando com o tempo. Essa escola de vida se aprende no convívio com as pessoas, com o doar-se inteiramente sem vacilar e em contato com a natureza, que vai nos moldando a cada dia assim. Os avós estão carregados de sabedoria, que foram aprendendo com essa estrada da vida, e hoje é direcionada aos netos.

Aos nossos avós, com todo carinho e amor, queremos dizer: vocês são muito importantes para nós, agradecemos de todo coração.

Obrigado, querida vovó. Obrigado, querido vovô!

São Joaquim e Santa Ana, roguem a Deus por nós!

Equipe Colunista do Formação


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/avos-pais-duas-vezes/

26 de agosto de 2022

Tenha uma vida com sentido e vivida com significado

Uma vida com sentido, diferentemente do que muitas pessoas pensam, não é uma vida cheia de prazeres, e sim vivida com significado. Quando realizamos valores, colocamos sentido em nossa vida.

Viktor Frankl, o precursor da Logoterapia, avalia três categorias de sentido, na forma de criações, vivências e atitudes. Ao inventarmos, criarmos ou realizarmos algo, como um projeto profissional, um livro, um estudo, entre outros, estamos concretizando um valor criador. O trabalho que realizamos, quando o fazemos em prol do bem, ajudando os outros e a humanidade, enche a nossa existência de sentido. Isso traz a certeza de termos contribuído com aquilo que temos de melhor para o bem de outros. Dessa forma, nós nos sentimos realizados e felizes.

Quando amamos e dedicamos nossa vida às pessoas, para as quais este amor é destinado, ou quando nos dedicamos a uma causa como a evangelização, a luta pela vida ou mesmo a preservação da natureza, realizamos os valores vivenciais.

Foto Ilustrativa: by Getty Images / Brenda Sangi Arruda / cancaonova.com

Transforme os sentidos em valores essenciais

Também podemos realizar os valores de atitude, um dos mais nobres, pois, quando não podemos mudar algo ao nosso redor ou nas pessoas que nos cercam, podemos mudar nossa atitude frente à situação. Podemos responder de forma positiva, subjugando-nos ou enfrentando com a cabeça erguida e um sorriso no rosto. Isso é fazer com que o momento difícil se torne fonte de crescimento pessoal e espiritual.

A todo o momento, há valores a serem vividos: grandes e pequenos; em sua maioria, pequenos, mas que tornam nossa vida repleta de significado e cheia de sentido.


Tenha atitude

Se você sente que ainda não encontrou o sentido de sua vida, comece a observar ao seu redor e ver o quanto o mundo e as pessoas precisam de você; o quanto só você pode fazer. E se não há nada a fazer, sua atitude pode ser diferente e especial.

Realizamos valores quando nos voltamos para fora, quando ajudamos os outros, e isso podemos fazer mesmo que imobilizados: rezando e intercedendo pelas pessoas e pelas causas que lutam pela vida e sua dignidade.

Por mais simples que seja a sua vida, há uma missão a ser cumprida; ao realizá-la, você encontrará o sentido da sua vida. E essa missão só você pode realizar.



Mara S. Martins Lourenço

Psicóloga e Membro da Comunidade de Aliança Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/tenha-uma-vida-com-sentido-e-vivida-com-significado/

24 de agosto de 2022

Descubra que nem toda solidão é má


Em todo caso, é importante considerar que nem toda solidão é má, que deve ser curada ou reprimida, pois existem diversos tipos de solidão; alguns são benéficos e até mesmo necessários em nossa vida.

Para discernir isso, você deve se questionar a respeito da raiz da sua solidão, a fonte de onde ela emerge. Por exemplo, será que, mesmo sem perceber, você não está afastando as pessoas da sua vida por existir algo em seu comportamento que precisa ser trabalhado e curado? Às vezes, a solidão é consequência das nossas escolhas desordenadas justamente porque estamos sendo conduzidas por feridas e não por nossas livres escolhas.

Por outro lado, se mesmo em meio a muitas pessoas você continua se sentindo como "um peixe fora d'água", não será porque está inserida em ambientes que não condizem com seus princípios de vida? Pode ser que você esteja forçando um estilo de vida que não tem nada a ver com o projeto de felicidade que Deus sonhou para você, com seus princípios familiares e até mesmo com seus sonhos, por isso você não consegue se "encaixar" nessa realidade. Ou, ainda, você pode observar se à sua volta existem pessoas solitárias que você pode acolher sendo presença e apoio, e, no entanto, está olhando só para si mesma.

Aqui vale lembrar que o amor que nos cura e nos realiza como pessoa é o amor que doamos, e não o amor que recebemos. Por último, mas não menos importante, você deve analisar se sua luta contra a solidão não é uma fuga da sua verdade.

Descubra que nem toda solidão é má

Foto Ilustrativa: by Getty Images / SrdjanPav / cancaonova.com

Enfrente o desconhecido

A nossa verdade está no centro do nosso ser, e precisamos desbravar várias barreiras até chegarmos a ela. Ou seja, ela é o nosso "desconhecido", e isso em muitos casos nos assusta, da mesma maneira que o medo de ficarmos sozinhas no escuro e o medo de monstros nos assustavam quando éramos crianças, por exemplo. No fundo, era o medo do desconhecido que nos assustava, e, em muitos casos, é o que continua nos assustando como adultas, pois temos medo, ainda que de maneira inconsciente, do nosso "desconhecido" interior. Assim sendo, como a solidão é a porta para adentrar nesse território inexplorado, acabamos criando mecanismos de defesa para fugir dela, como mergulhar no trabalho frenético sem pausas para viver de verdade ou curtir "baladas" sem fim. Lançamo-nos na busca desenfreada por dinheiro, diversão e sucesso, tudo isso tendo como raiz o medo de enfrentar a si mesma.


Para quem não quer enfrentar o seu mundo interior, fugir da porta de entrada para ele, que neste caso é a solidão, parece ser a melhor escolha, só que não! Pois é na solidão ordenada, esse espaço sagrado onde Deus habita e nos convida a visitar, que conhecemos nossas forças e fraquezas enquanto nos questionamos e encontramos respostas que nos fazem crescer em maturidade e qualidade de vida; por isso é importante estar atenta e, antes de fugir da solidão a qualquer custo ou classificá-la imediatamente como "coisa do inimigo", é importante conhecer sua raiz e aprender a lidar com ela.

O autoconhecimento da solidão

Como eu já disse, existe a solidão que faz parte do plano espiritual, e nós podemos superá-la nos relacionando com Deus de maneira mais profunda, mas também existe a solidão que faz parte de nossa essência, como explica Santo Agostinho: "Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti".7 Podemos encará-la como oportunidade de crescimento espiritual, pois nos proporciona um "mergulho na alma", onde nos deparamos com características talvez indesejáveis (é verdade), mas também encontramos dons e tesouros escondidos que só Deus, no silêncio da nossa quietude, poderia nos revelar.

"Deus encontra Seu povo no deserto, nas solidões repletas de urros selvagens. Ele o envolve, o instrui, vela sobre ele como a pupila de Seus olhos." (Dt 32,10).

Não tema mergulhar no seu interior! É nele que Deus revela quem você é com amor, e isso faz toda a diferença, pois justamente esse amor incondicional de Deus nos cura da falta de aceitação de nossos limites e nos dá forças para seguir em frente com a certeza de que temos com quem contar. Aquele que é Perfeito nos ama com nossas imperfeições e não nos abandona quando vacilamos! Reconciliados com nossa verdade, ganhamos a paz, e assim Deus preenche o vazio de nosso interior e nos ajuda vencer a solidão ao lembrar que não estamos sozinhas.

Trecho extraído do livro "Você não está sozinha", de Dijanira Silva



Dijanira Silva

Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN.  De segunda a sexta-feira (exceto quinta-feira), está à frente do programa "Florescer", que apresenta às 14h40 na TV Canção Nova. É colunista desde 2000 do portal cancaonova.com. Também é autora de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/descubra-que-nem-toda-solidao-e-ma/


22 de agosto de 2022

Vocação, escolha amorosa de Deus


Os milagres de Deus acontecem no cotidiano, como aquele grão de mostarda que, lançado na terra, cresce sem que o semeador perceba. O trabalho é lançar a semente. Qualquer que seja a nossa vocação, ela só será permeada da contemplação destes milagres, se tivermos sempre a disposição de lançarmos as sementes.

Ao longo deste crescimento da semente, há longa espera consigo mesmo, com os outros, a espera da ação de Deus. Mas é uma espera marcada pela fecundidade, quando regada pelo temor de Deus e pela certeza de Sua ação redentora. Expectativa e contemplação do milagre. Uma espera ativa, de sacrifício, de oferta, de transformação, que vence as paralisias, os retrocessos, que é marcada pelos avanços, pela superação, pela ação de graças na fé, mesmo nas noites escuras porque é o Senhor que a fecunda e a faz crescer.

Vocação, escolha amorosa de Deus

Foto Ilustrativa: Maria Korneeva by Getty Images / cancaonova.com

Seja um semeador

No meio disso tudo está Aquele que chama. O importante não é propriamente o caminho, mas no caminho estar com Aquele que nos faz caminhar. Ninguém é melhor ou pior do que ninguém, todos temos limitações e realidades a crescer na vivência da nossa vocação. O importante, o essencial, o que vale a pena é perceber que uma vida entregue a Deus é fecunda, se for regada pela constante lembrança do Seu amor que é derramado, que chama cada um de maneira única e escolhe a cada um de maneira única. Todos são chamados a semear!


O Senhor não precisaria de nós para mostrar o Seu amor e Suas obras, mas Ele quer precisar. É também um milagre de Deus promover transformações em instrumentos tão insuficientes e frágeis e através deles.

Desafios sempre existirão, mas peçamos ao Senhor a graça de permanecermos firmes e fiéis à nossa vocação. Ele, o Senhor, caminha conosco! Ele é o próprio caminho!



Tarciana Barreto

Natural de Aracaju (SE), Tarciana Matos Barreto é membro da Comunidade Canção Nova há 20 anos. Graduada em Direito pela Universidade Federal de Sergipe, a missionária é formada também em Teologia pela Faculdade Dehoniana de Taubaté e mestra em Direito Canônico pelo Pontifício Instituto Superior de Direito Canônico do Rio de Janeiro. Palestrante de cursos de catequese, formação e espiritualidade, ela também escreve artigos para o Portal Canção Nova e para o site do Santuário do Pai das Misericórdias. Na Canção Nova, ela já participou de vários programas da TV, além de pregar em encontros de evangelização. Tarciana é apaixonada pelo estudo da Palavra de Deus, da Doutrina da Igreja, da formação humana, espiritual e catequética.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/vida-religiosa/vocacao-escolha-amorosa-de-deus/


19 de agosto de 2022

Como é a vida de quem escolhe a vocação do celibato?


"O seu celibato é uma graça para a comunidade: por ele, o Senhor libera, de maneira singular, o coração da pessoa; por ele, ela pode abrir-se ao amor de Deus e aos irmãos todos sem divisão alguma; por ele, ela pode dedicar-se de maneira muito mais livre aos vários trabalhos e atividades apostólicas nos mais diversos lugares e situações." (Estatuto Semente, art. 109).

Logo que ingressei na Comunidade Canção Nova, no ano 2000, Deus começou por meio das pessoas a mexer comigo, dizendo que eu tinha um "jeitinho" de celibatária. Eu só ouvia e ficava quieta, mas dentro de mim eu não aceitava. Recordo-me que, em 2003, em uma jornada espiritual, o Senhor falou muito forte comigo sobre ser celibatária, mas não dei continuidade. Por várias outras vezes, Deus me fazia experimentar algo que fizesse ressoar dentro de mim a vida celibatária, mas eu sempre desviava desse foco. Eu não tinha dentro de mim a clareza sobre o meu estado de vida e também não buscava mergulhar nesta descoberta, porque, no fundo, eu sabia no que poderia dar.

Assumir a vocação

Em 2011, sentindo um profundo incômodo de não ter ainda definido dentro de mim o meu estado de vida, decidi dar passos para essa definição. Foi então que, por meio da direção espiritual, do acompanhamento formativo da comunidade, na busca por meio das leituras, encontro sobre estado de vida e pregações, consegui mergulhar neste discernimento e tocar na minha verdade e no chamado especial de Deus em minha vida. Fiz a leitura de minha vida e percebi que Deus me separou desde sempre. Deus me preservou, me livrou da morte, me colocou em uma família que soube me conduzir para Ele e me apresentou o Carisma Canção Nova.

Como é a vida de quem escolhe a vocação do celibato

Foto Ilustrativa: Patricio Nahuelhual by GettyImages / cancaonova.com

Em 2013, toquei em minha história, percebendo a voz de Deus que, delicadamente, sinalizava este estado de vida desde sempre. Em 2014, no dia de São José Operário, nas palavras do Frei Josué Pereira, meu primeiro compromisso temporário foi marcado por um "tom" de entrega total, pura e fiel. O segundo compromisso, em 2015, no Dia do Imaculado Coração de Maria, pelas palavras do padre Fabrício Andrade, foi marcado pela experiência
de saber aparecer e desaparecer no momento certo, sendo uma árvore de ponta cabeça que tem as raízes no céu e os frutos na terra.

Castidade, obediência e pobreza

Em 2016, no dia de São João Batista, o meu terceiro compromisso foi marcado pelas palavras do padre Arlon Cristian, que fez a junção das três datas e concluiu dizendo: "São José casto, Nossa Senhora obediente e São João Batista pobre". Algo que que falou muito ao meu coração na vivência do celibato em minha vida, pois a mão providente do Senhor conduziu todas as coisas.


No ano de 2017, em um domingo, 'Dia do Senhor", nas palavras do padre Fabrício Andrade, meu Definitivo  Celibato foi marcado pela importância em que o celibatário tem de ser 'porta', não qualquer porta, mas sim a porta que leva as pessoas ao encontro com Jesus. Isso tudo tornou-se o fio condutor para este tempo que me ajuda a mergulhar de forma especial também na maternidade espiritual, no ser intercessora, na intimidade com Deus e no ocupar-me com os interesses do Senhor. Sobretudo, continuo mergulhando nesta vivência, pois há muito a ser desbravado. Tenho ainda mais clareza que o Celibato é a "memória das origens e a Profecia da eternidade". Esse itinerário em minha história celibatária me faz viver, hoje, uma entrega total e indivisa ao Senhor, que transborda na missão que Ele me chama a cada tempo no Carisma Canção Nova.

A vida celibatária é uma graça que, assumida, gera alegria no coração; e a coerência de vida provoca um transbordamento que contagia os irmãos. Na Comunidade Canção Nova, tomamos como modelo a figura de João Batista, em que encontramos uma existência que foi toda permeada pela alegria de uma consagração de vida. Por tudo que ele sinaliza no Carisma, sobretudo no celibato, enxergamos as características necessárias para que, de
fato, sejamos "um farol que aponta para Deus, alguém que vai ao encontro dos irmãos, que sai de si a fim de levar esperança, alegria e confiança, apontando sempre para o centro que é Jesus"(N.D 1505 pág.367).

Celibato como testemunho

Com a vivência coerente do nosso estado de vida, expressada por uma vida de oração cada vez mais encarnada, pela busca de aprofundar no amadurecimento humano, com uma vida ascética e testemunhal para sermos "um sinal visível da feliz expectativa da vinda do Senhor". Pode-se destacar ainda o que nos diz Antonio-Luis Crespo Prieto: "celibatário pelo Reino de Deus é o batizado que tem na sua vida a experiência profunda de Jesus Ressuscitado. Isso converte-o em evangelizador e testemunha. A consagração do seu celibato ao Reino é o seu testemunho". (CRESPO PIETRO, Antonio-Luis. Celibato pelo reino de Deus: Formação e vivência. Lisboa: Paulus, 1996)

À luz da ressurreição, vamos sendo educados para viver a cruz de cada dia com amor, enfrentando sofrimentos, ora para nossa própria purificação e conversão, ora pela salvação dos pecadores do mundo inteiro. E, com a Virgem Maria, o modelo mais elevado de vida celibatária, encontraremos sempre a inspiração para permanecermos fiéis até o fim.

Priscila Graziela Bergamini Almeida
Núcleo dos Celibatário da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/celibato/como-e-a-vida-de-quem-escolhe-a-vocacao-do-celibato/


17 de agosto de 2022

Dom Bosco, educai-nos para a santidade


Dom Bosco nasceu em Becchi, no Piemonte, Itália, a 16 de agosto de 1815. Era filho de uma humilde família de camponeses. Órfão de pai aos dois anos, viveu sua mocidade e fez os primeiros estudos no meio de inumeráveis trabalhos e dificuldades. Desde os mais tenros anos sentiu-se impelido para o apostolado entre os companheiros. Sua mãe, que era analfabeta, mas rica de sabedoria cristã, com a palavra e com o exemplo animava-o no seu desejo de crescer virtuoso aos olhos de Deus e dos homens.

Mesmo diante de todas as dificuldades, João Bosco nunca desistiu. Durante um tempo foi obrigado a mendigar para manter os estudos. Prestou toda a espécie de serviços. Foi costureiro, sapateiro, ferreiro, carpinteiro e, ainda nos tempos livres, estudava música.

Foto Ilustrativa: Bruno Marques / cancaonova.com

Dom Bosco se destaca na história como o grande santo mestre e pai da juventude

Queria vivamente ser sacerdote. Dizia: "Quando crescer quero ser sacerdote para tomar conta dos meninos. Os meninos são bons; se há meninos maus é porque não há quem cuide deles". A Divina Providência atendeu os seus anseios. Em 1835 entrou para o seminário de Chieri.

Ordenado sacerdote a 5 de junho de 1841, principiou logo a dar provas do seu zelo apostólico, sob a direção de São José Cafasso, seu confessor. No dia 8 de dezembro desse mesmo ano, iniciou o seu apostolado juvenil em Turim, catequizando um humilde rapaz de nome Bartolomeu Garelli. Começava assim a obra dos Oratórios Festivos, destinada, em tempos difíceis, a preservar da ignorância religiosa e da corrupção, especialmente os filhos do povo.

Em 1846 estabeleceu-se definitivamente em Valdocco, bairro de Turim, onde fundou o Oratório de São Francisco de Sales. Ao Oratório juntou uma escola profissional, depois um ginásio, um internato etc. Em 1855 deu o nome de salesianos aos seus colaboradores. Em 1859 fundou com os seus jovens salesianos a Sociedade ou Congregação Salesiana.

Com a ajuda de Santa Maria Domingas Mazzarello, fundou em 1872 o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora para a educação da juventude feminina. Em 1875 enviou a primeira turma de seus missionários para a América do Sul.

Foi ele quem mandou os salesianos para fundar o Colégio Santa Rosa em Niterói, primeira casa salesiana do Brasil, e o Liceu Coração de Jesus em São Paulo (onde nos anos de 2000 a 2003 se instalou a produtora da TV Canção Nova). Criou ainda a Associação dos Cooperadores Salesianos. Prodígio da Providência Divina, a Obra de Dom Bosco é toda ela um poema de fé e caridade. Consumido pelo trabalho, fechou o ciclo de sua vida terrena aos 72 anos de idade, a 31 de janeiro de 1888, deixando a Congregação Religiosa Salesiana espalhada por diversos países da Europa e da América.

Se em vida foi honrado e admirado, muito mais o foi depois da morte. O seu nome de taumaturgo, de renovador do Sistema Preventivo na educação da juventude, de defensor intrépido da Igreja Católica e de apóstolo da Virgem Auxiliadora se espalhou pelo mundo inteiro e ganhou o coração dos povos. Pio XI, que o conheceu e gozou da sua amizade, canonizou-o na Páscoa de 1934.

Apesar dos anos que separam os dias de hoje do tempo em que viveu Dom Bosco, seu amor pelos jovens, sua dedicação e sua herança pedagógica vêm sendo transmitidos por homens e mulheres no mundo inteiro.

Dom Bosco e sua devoção a Nossa Senhora Auxiliadora

Hoje Dom Bosco se destaca na história como o grande santo mestre e pai da juventude.
Embora tenha feito repercutir pelo mundo o seu carisma e o sistema preventivo de salesiano, que é baseado na razão, na religião e na bondade, Dom Bosco permaneceu durante toda a sua vida em Turim, na Itália. Dedicou-se como ninguém pelo bem-estar de muitos jovens, na maioria órfãos, que vinham do campo para a cidade em busca de emprego e acabavam sendo explorados por empregadores interessados em mão-de-obra barata ou na rua passando fome e convivendo com o crime.

Com atitudes audaciosas, pontuadas por diversas inovações, Dom Bosco revolucionou no seu tempo o modelo de ser padre, sempre contando com o apoio e a proteção de Nossa Senhora Auxiliadora. Aliás, o sacerdote sempre considerou como essencial na educação dos jovens a devoção à Maria.


Dom Bosco, exemplo para os mais jovens

Dom Bosco ficou muito famoso pelas frases que usava com os meninos do oratório e com os padres e irmãs que o ajudavam. Embora tenham sido criadas no século passado, essas frases, ainda hoje, são atuais e ricas de sabedoria. Elas demonstram o imenso carinho que Dom Bosco tinha pelos jovens.

Entre alguns exemplos:
"Basta que sejam jovens para que eu vos ame"
"Prometi a Deus que até meu último suspiro seria para os jovens"
"O que somos é presente de Deus; no que nos transformamos é o nosso presente a Ele" "Ganhai o coração dos jovens por meio do amor"
"A música dos jovens se escuta com o coração, não com os ouvidos".

São João Bosco, educai-nos para a santidade.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/santos/dom-bosco-educai-nos-para-santidade/


15 de agosto de 2022

Sejamos fiéis na tribulação e confiantes na esperança de Jesus


É a virtude da esperança que nos leva a buscar a Deus sem cessar e sem trocá-lo por nada nesta vida. "É no silêncio e na esperança, que reside a vossa força" (Is 30,15).

O profeta Jeremias exalta esta virtude, dizendo: "Bendito o homem que confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor; é como a árvore plantada junto às águas, que estende as raízes em busca da umidade, por isso não teme a chegada do calor: sua folhagem mantém-se verde, não sofre míngua em tempo de seca e nunca deixa de dar frutos" (Jer 17,7-8).

É a esperança em Deus que faz a diferença dos que creem: "Ó Senhor, Deus poderoso do universo, feliz quem põe em vós sua esperança!" (Sl 83,13); por isso, São Paulo diz que: "A esperança não decepciona" (Rm 5,5).

Créditos: kieferpix by Getty Images/cancaonova.com

A esperança não nos deixa desanimar, mesmo em meio às aflições e tribulações da vida. Santo Agostinho recomendava: "De nada desesperes enquanto estás vivo. Nada estará perdido enquanto estivermos em busca". Quanto maior a esperança, tanto maior a união com Deus. Nossa esperança não pode ser incerta, pois ela se apoia nas promessas divinas, São Paulo disse: "Na esperança é que fomos salvos" (Rom 8,24). Nessa certeza, São Pedro pedia a seus filhos: "estai preparados para dizer aos outros a razão da nossa esperança" (1 Pe 3,15).

A tribulação vencida na fé e na esperança

Mas a nossa grande esperança é a vida eterna em Deus. São Tomás de Aquino dizia que: "A esperança cristã é a espera certa da felicidade eterna". São Paulo disse aos filipenses: "Nós somos cidadãos do Céu! É de lá que, também, esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Ele transformará nosso corpo miserável, para que seja conforme o Seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de submeter a si toda a criatura" (Fil 3, 20-21).

São Paulo mostra que é vazia toda esperança colocada apenas nas realizações terrenas: "Se é para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, nós somos – de todos os homens – os mais dignos de compaixão" (1 Cor 15,19). A esperança do Céu e da sua glória fazia o apóstolo dizer: "Os olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, o que Deus tem preparado para aqueles que o amam" (1 Cor 2,9).

O paciente Jó recomendava: "Crescer na confiança enfrentando as tribulações" (Jó 1,20). Com esperança, as tribulações da vida nos ajudam a crescer na confiança em Deus e nos fortalecem espiritualmente.

Esperança e Fé!

São Paulo mostra os frutos da tribulação vencida na fé e na esperança: "Nos gloriamos até das tribulações. Pois sabemos que a tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade; e a fidelidade, comprovada, produz a esperança. E a esperança não engana" (Rom 5,3-5).

O Apóstolo diz que Deus nos conforta em nossas aflições para que nós também possamos consolar os que sofrem ao nosso lado: "Bendito seja Deus de toda a consolação, que nos conforta em todas as nossas tribulações, para que, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus, possamos consolar os que estão em qualquer angústia!" (1 Cor 1,3-4)


Deus está conosco em nossas tribulações

São Pedro recomenda: "Lançai sobre Deus todas as vossas preocupações, porque Ele tem cuidado de vós. Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé" (1 Pe 5,7s). Mas São Paulo nos conforta: "O Deus da paz em breve não tardará a esmagar Satanás debaixo dos vossos pés" (Rom 16,20).

E São Pedro diz que com perseverança venceremos as tribulações na paciência: "O Deus de toda graça, que vos chamou em Cristo à sua eterna glória, depois que tiverdes padecido um pouco, vos aperfeiçoará, vos tornará inabaláveis, vos fortificará" (1 Pe 5,7-10).

Não podemos desanimar. A Carta aos hebreus nos diz: "Meu justo viverá da fé. Porém, se ele desfalecer, meu coração já não se agradará dele (Hab 2,3s). Não somos, absolutamente, de perder o ânimo para nossa ruína; somos de manter a fé, para nossa salvação!" (Heb 10,39).

São Paulo mostra que jamais Deus nos abandona no meio das tribulações: "Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada?. Mas, em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou" (Rom 8,35-39).

A Providência divina tudo controla; nada escapa de Seus olhos: "Até os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois!" (Mt 10,30-31). Sabemos que "o salário do pecado é a morte" (Rom 6,23), o sofrimento e as tribulações não são castigos de Deus. Mas Deus transformou o sofrimento em matéria prima de salvação com a Paixão de Cristo. "A morte foi tragada pela vitória (Is 25,8). "Onde está, ó morte, a tua vitória?" (1 Cor 15,55-56).

A oração nos faz vencer

O que nos dá forças para vencer as tribulações é a oração. Na verdade, ela é a mais potente das ações. Ela é a nossa força e a fraqueza de Deus, dizem os santos. É preciso rezar sempre: "orai sem cessar!" (1 Ts 5,17), e rezar com o coração; uma oração que seja humilde, fervorosa e perseverante, sem desanimar. A oração nos dá a consciência da nossa fraqueza. Gandhi, que não era cristão disse: "a oração salvou-me a vida".

A oração é a força da alma e da vontade; ela faz os santos. Alguém disse que "o homem só é grande de joelhos".

É próprio do homem rezar, não dos animais. Tudo pode ser mudado pela oração. Ela é a respiração do espírito e a condição para entender as coisas sobrenaturais. O grande microbiologista da Sorbone, Dr. Louis de Pasteur, dizia: "saio mais humano da oração".

Sem a oração não temos forças!

É com a força da oração que conseguimos arrancar os vícios do jardim de nossa alma e plantar as virtudes. Com ela vencemos a tristeza e aliviamos o sofrimento. Sem oração é impossível caminhar na e fazer a vontade de Deus.

O Senhor Jesus nos manda "orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo". A oração é para a alma o que o ar é para o corpo. Uma alma que não reza é uma alma que não respira; não tem vida. Ninguém pode servir a Deus sem muita oração, pela simples razão de que é Ele, e somente Ele, que realiza todas as coisas; nós somos apenas seus instrumentos. "Sem Mim nada podeis" (Jo 15,5). "Tudo o que pedirdes na oração, crede que o tendes recebido, e ser-vos-á dado" (Mc 11,24).

São Paulo recomenda com insistência: "Orai em todo o tempo" (Ef 6,18), "perseverai na oração" (Col 4,2), "orai sempre e em todo o lugar" (1 Tim 2,8). "Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, petições, ações de graças por todos os homens (…)" (1 Tim 2,1).

Certa vez, o Papa Paulo VI disse: "A Igreja é a sociedade dos homens que oram. Seu principal objetivo é ensinar a rezar".


 


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/sejamos-fieis-na-tribulacao-e-confiantes-na-esperanca-de-jesus/


12 de agosto de 2022

O sacerdote e a evangelização por meio da internet

Foi nos Estados Unidos, no ano de 1969, que a internet nasceu. No início, tinha a função de interligar laboratórios de pesquisa. Desde então, a internet se expandiu. Hoje, ela alcança bilhões de pessoas em todo o mundo. Nesse gigantesco número de usuários, estão incluídos os católicos, que, diariamente, utilizam a rede mundial de computadores para pesquisas, informações, entretenimento e formação espiritual.

Sabemos, contudo, que nem sempre o uso da internet é maduro. São Paulo, ao escrever à comunidade dos Coríntios, alerta: "'Posso fazer tudo o que quero'. Sim, mas nem tudo me convém. 'Posso fazer tudo o que quero', mas não deixarei que nada me escravize (1 Cor 6,12)". Com o crescente uso da internet, torna-se cada vez mais necessário que busquemos ambientes seguros para não nos perdermos em um emaranhado de informações (muitas vezes, perigosas), que podem nos escravizar e afastar de Deus.

Nesse cenário virtual, entra em cena a pessoa (real) do padre. Papa emérito Bento XVI, em uma homilia, proferida no dia 7 de maio de 2006, assim se expressou sobre o sacerdote como Pastor de almas:

Créditos: shironosov by Getty Images/cancaonova.com

O padre e a tecnologia

"Um sacerdote, um pastor de almas, deve, em primeiro lugar, preocupar-se com aqueles que creem e vivem com a Igreja, que nela procuram o caminho da vida e que, por sua vez, como pedras vivas, constroem a Igreja e, assim, edificam e ao mesmo tempo sustentam também o sacerdote. Todavia, devemos também, sempre de novo, como diz o Senhor, sair "pelas estradas e caminhos (Lc 14,23)" para transmitir o convite de Deus ao seu banquete, também àquelas pessoas que, até então, nunca ouviram falar dele ou ainda não foram tocadas interiormente por ele".

No ministério de pastorear almas, a missão do sacerdote é sublime: conduzir a Nosso Senhor Jesus Cristo as ovelhas que pertencem, em primeiro lugar, ao Seu rebanho. Contudo, essa missão não se fecha em si mesma, mas se abre a todos, principalmente aos afastados, e até mesmo àqueles que nunca ouviram falar de Jesus Cristo.

O Espírito Santo é quem conduz

A internet é um vasto campo ainda a ser explorado de maneira eficaz e madura. O Espírito Santo sempre nos concede novos dons, alargando e ampliando os horizontes da evangelização. Ele é o protagonista da missão, assim nos recorda a carta encíclica Redemptoris Missio sobre a validade permanente do mandato missionário de São João Paulo II: "Verdadeiramente, o Espírito Santo é o protagonista de toda a missão eclesial: a Sua obra brilha esplendorosamente na missão ad gentes, como se vê na Igreja primitiva pela conversão de Cornélio (cf. At 10), pelas decisões acerca dos problemas surgidos (cf. At 15) e pela escolha dos territórios e povos (cf. At 16, 6 s).


O Espírito Santo age por meio dos Apóstolos, mas, ao mesmo tempo, opera nos ouvintes: "Pela Sua ação a Boa Nova ganha corpo nas consciências e nos corações humanos, expandindo-se na história. Em tudo isto, é o Espírito Santo que dá a vida" (RM,21).

O Espírito prepara

É o Espírito Santo quem conduz a missão, até mesmo quando ela ocorre nos territórios virtuais da internet. Antes que o missionário chegue ao coração das ovelhas, o Espírito Santo já está lá, preparando-o para acolher a mensagem evangelizadora. Ele age por meio de quem evangeliza e, ao mesmo tempo, naqueles que serão evangelizados.

A mesma carta encíclica diz: "O Espírito se manifesta, particularmente, na Igreja e nos seus membros, mas a Sua presença e ação são universais, sem limites de espaço ou tempo (RM 28)". A internet é um território sem fronteiras, e até mesmo podemos afirmar, com caminhos sempre novos a serem desvendados todos os dias. Por isso, a presença dos sacerdotes como pastores de almas, nesta imensa rede mundial de comunicação, é fundamental para que o anúncio do amor de Deus alcance muitos corações.

Internet e evangelização

São João Paulo II, em sua mensagem para a celebração do 36º Dia Mundial das Comunicações Sociais, afirma o valor da internet como espaço privilegiado para a evangelização: "A Internet pode oferecer magníficas oportunidades de evangelização, se for usada com competência e uma clara consciência das suas forças e debilidades. Sobretudo, oferecendo informações e suscitando o interesse, ela torna possível um encontro inicial com a mensagem cristã, de maneira especial entre os jovens que, cada vez mais, consideram o espaço cibernético como uma janela para o mundo.

Portanto, é importante que a comunidade cristã descubra formas muito especiais de ajudar aqueles que, pela primeira vez, entram em contato com a Internet, a passar do mundo virtual do espaço cibernético para o mundo real da comunidade cristã. Numa etapa seguinte, a Internet pode oferecer também o tipo de continuidade requerida pela evangelização. Especialmente numa cultura desprovida de fundamentos, a vida cristã exige a instrução e a catequese permanentes e este é, talvez, o campo em que a Internet pode oferecer uma ajuda excelente".

Sempre pronto para evangelizar

Neste espaço privilegiado de evangelização, que é a internet, o sacerdote é convidado a descobrir meios para que o anúncio de salvação alcance o coração de tantos quanto dela se utilizam para crescerem na vida espiritual. Como escrevia São João Maria Vianney (o Cura d'Ars): "O padre deve estar sempre pronto para responder às necessidades das almas".


 


Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é pároco da Paróquia São José, em Toledo (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor de livros publicados pela Editora Canção Nova, além disso, desde 2011,  é colunista do Portal Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @peflaviosobreirodacosta.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/tecnologia/o-sacerdote-e-evangelizacao-por-meio-da-internet/

10 de agosto de 2022

Ser pai, uma vocação de companheirismo


Certo dia, ao cair de bicicleta, meu filho de três anos cortou a boca e chorou. Eu o acolhi em um abraço, limpei a ferida e me sentei com ele no meu colo. Ele chorava, mas não havia muito mais que eu poderia fazer, além de acolhê-lo. Uma criança alegre, saudável e feliz brincava e, por um descuido, se machucou. Foi então que meu filho pegou minha mão e colocou na ferida, como se eu pudesse simplesmente fazer parar de doer. Mas eu não podia.

Que pai, diante do sofrimento do filho, nunca pediu a Deus que os trocasse de lugar? Que pai nunca orou: "Deus, me põe no lugar do meu filho com um sofrimento muito maior, se necessário for". Deus entende bem o que desejamos, porque, na condição de Pai misericordioso, viu seus filhos atormentados pelos sofrimentos do pecado e cumpriu esse desejo paterno: Deus se fez homem para Ele mesmo sofrer as dores dos nossos pecados [1].

Seja o melhor companheiro para o seu filho

O profeta Oséias fala sobre o carinho de Deus. A descrição do acolhimento do povo de Israel é assim: "Eu os atraí com laços de bondade, com cordas de amor. Fazia com eles como quem levante até seu rosto uma criança; para dar-lhes de comer, eu me abaixava até eles" [2]. Para demonstrar afeto e companheirismo, é muito comum essa imagem do pai que pega seu filho nos braços e o levanta na altura dos olhos. Esse gesto é uma forma de transmitir o sentimento de amor e acolhimento, de mostrar-se presente, companheiro e atencioso. São tantas outras as formas de nos apresentarmos como companheiros aos nossos filhos que, nesse aspecto, não podemos vacilar. Na companhia do filho, o pai deve expressar verdadeira confiança e disponibilidade para que a criança cresça na certeza de que não está só, não está abandonada, mas tem sempre alguém com quem contar.

Ser pai, uma vocação de companheirismo

Foto Ilustrativa: Liderina by GettyImages / cancaonova.com

O convite do pai ao filho deve ser o mesmo que Jesus faz para nós: "Vinde a mim, vós todos que estais cansados e oprimidos e eu vos darei descanso!" [3]. Essa é a vocação de companheirismo de um pai: cativar a verdadeira confiança do filho. Infelizmente, não nos cabe afastar de nossos filhos todo o sofrimento. Ninguém tem o direito de passar pela vida sem alguma dor. Essa dura realidade realça a tarefa do pai que acolhe o filho, que transmite confiança e a certeza de um descanso, de um amparo. Não é uma vocação que se cumpre apenas com palavras, e sim uma construção ao longo da vida, que se faz com dedicação e companheirismo suficientes para que, na escuridão, sejamos a luz que guia nossos filhos de volta ao lar.


Ser como Deus é

"Eis que estarei contigo até o fim dos tempos" [4] é a promessa de Jesus para nós. E eu estarei sempre com meu filho, essa é a minha vocação de companheirismo. Ainda que surja o medo de errar com ele, de não ser suficiente, de não o compreender, eu sei que, assim como Deus é amoroso e misericordioso comigo, eu serei amoroso e misericordioso com meu filho. Estou certo de que como creio na divina providência, me esforçarei para que meu filho acredite que sempre poderei socorrê-lo. Enquanto meu filho ainda é criança, cabe a ele me pedir autorização para tudo e, na maioria das vezes, apenas na minha companhia ele poderá fazer o que deseja.

Logo, ao tornar-se homem feito, essa autorização não será mais necessária. Quando esse dia chegar, tomara que minha companhia e meu conselho sejam para ele uma opção sincera. Eu quero ser para ele um conselheiro, mesmo quando ele for capaz de decidir por si só. Desejo ser para ele um verdadeiro amigo, além daqueles que a vida irá apresentá-lo. A vocação de companheirismo de um pai é isso: ser uma presença escolhida pela confiança do filho.

Deus viu que seus filhos estavam perdidos e sofriam as dores do pecado. Ele pôde se fazer carne e sofrer a condenação dos pecadores em nosso lugar. Eu não posso ocupar o lugar do meu filho para tomar-lhe os sofrimentos, mas posso transmitir a confiança de que Deus agirá em seu favor sempre que minhas limitações humanas não forem suficientes. É também por isso que eu me empenho na missão evangelizadora, para que a presença de Deus seja sempre constante nos corações das pessoas e que haja sempre alguém disposto a ser instrumento de Deus na vida do meu filho quando, eventualmente, eu não estiver lá.

Que Deus abençoe com sabedoria e ternura todos os pais. Que assim seja!

CITAÇÕES DO TEXTO BÍBLICO

[1] (1Pd 3, 18); [2] (Os 11, 4); [3] (Mt 11, 28); [4] (Mt 28, 20).

REFERÊNCIAS

BÍBLIA SAGRADA. Tradução da CNBB, 18 ed. Editora Canção Nova.
FRANCISCO. Meditações matutinas na Santa Missa celebrada na Capela da Casa Santa Marta: Carícia de pai. Vaticano, 10 dez. 2015.
FRANCISCO. Audiência Geral. Vaticano, 19 jan. 2022.
FRANCISCO. Meditações matutinas na Santa Missa celebrada na Capela da Casa Santa Marta: Viver em casa sem se sentir em casa. Vaticano, 14 mar. 2020.



Luis Gustavo Conde

Catequista atuante na evangelização de jovens e adultos; palestrante focado na doutrina cristã; advogado, tecnólogo e professor. Dúvidas e sugestões, fale comigo nas redes sociais: @luisguconde (Facebook, Twitter e Instagram). Agendamento de palestras e cursos: luisguconde@gmail.com


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/paternidade/ser-pai-uma-vocacao-de-companheirismo/


8 de agosto de 2022

O que nos afasta do amor a Deus?

O amor a Deus, ou virtude teologal da caridade, é o hábito que dá forma e estrutura todas as outras virtudes teologais e morais. De fato, vimos que: sem a fé não é possível surgir a esperança e que é essa quem gera a caridade, ou amor a Deus e ao próximo, por causa de Deus. No entanto, à medida que a caridade se desenvolve, ela gera uma fé mais madura e forte e também uma esperança mais profunda.

Santo Tomás de Aquino explica que a caridade gera uma fé e uma esperança informadas, ou seja, colocadas numa nova forma, num novo modelo que as modifica.

Se a caridade é a mais preciosa de todas as virtudes, como vimos no artigo anterior, ela também é a mais frágil. Assim, uma virtude da caridade madura "tudo suporta" (1Cor 13,7), mas ela pode ser minada, descontinuada e suprida rapidamente.

Créditos: ArtistGNDphotography by Getty Images/cancaonova.com

Hábito de caridade

Desse modo, para ser forte, a caridade é um hábito que precisa ser reforçado continuamente direcionando toda a nossa vida para Deus. Ela é a virtude que permite seguirmos os mais importantes mandamentos: "Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo" (Mt 22,37). Inversamente, não vivendo essa dinâmica em todas as situações, nós a estamos fragilizando.

Uma imperfeição, ou seja, não se portar ou fazer algo por total amor a Deus já é uma agressão à virtude da caridade. O que, diremos, então dos pecados? É da própria definição do pecado (erro, tropeço) ser uma falha. Essa falha é, em primeiro lugar, ao amor e reverência amorosa que devemos a Deus. Está na essência do pecado substituir a vontade e condução amorosa de Deus pela própria vontade do homem.

Nas grandes e pequenas coisas, o homem se torna deus de si mesmo, fazendo sua própria vontade. Vontade que contraria a lei ou o conselho de Deus. Dessa nova decisão, que, às vezes, também se torna um hábito, o grau de conhecimento sobre o que se está fazendo, da liberdade com que se faz e da perfeição da advertência sobre o estar fazendo é que diferencia os pecados mortais dos pecados veniais.


Pecados Veniais

Como o próprio nome revela, os pecados veniais abalam a capacidade de amar a Deus, pois, ao cometê-los, o ser humano, como que se autodesculpa ao pecar (vênia = licença). Embora menos graves, os pecados veniais ferem a caridade para com Deus e para com o próximo por causa de Deus.

Aquilo que verdadeiramente destrói a virtude da caridade são os pecados mortais. De qualquer natureza que seja, a violação provocada pelo pecado mortal é um grave atentado à virtude da caridade. Como este tipo de pecado acaba com a união com Deus, é verdadeiramente impossível manter a verdadeira virtude teologal da caridade.

Pecados Mortais

A consequência do pecado mortal é, desse modo, devastadora para as virtudes teologais. Além de destruir a caridade, desinforma a esperança e a , reduzindo-as ao estado de pré-aquisição da virtude da caridade.

Será necessário renascer pela graça e pelo perdão na confissão. A imagem de renascimento é, portanto, bem adequada. Trata-se de um começar de novo. Esse início repete a sequência dada, até aqui, nesta série Virtudes Teologais: Deus infunde uma fé incipiente (ou informada), que se desenvolve e provoca a esperança (também ainda informada). Essa esperança desenvolverá a caridade e a virtude da caridade dará forma ou informará a esperança e a fé.

Se as virtudes teologais são as principais virtudes do ser humano, como vimos anteriormente, percebe-se por que o pecado mortal é tão nocivo: ele quebra o vínculo com Deus, nossa possibilidade de salvação, e se volta constantemente à nossa vida num processo pecado-conversão contínuo, impede a aquisição e progresso nas virtudes.

No próximo artigo, veremos como é possível fazer com que a virtude da caridade cresça cada vez mais, trazendo consigo a própria santidade de vida.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/series/virtudes-teologais/o-que-nos-afasta-amor-deus/

5 de agosto de 2022

O poder da oração da mulher na família


O momento atual pede mulheres que, mesmo diante de um mundo hostil, encontrem tempo para ler a Palavra e obedecer-lhe, para exercitar a oração e o jejum, buscar sempre a Eucaristia em favor de sua família.

Muitas mulheres acreditam que tudo pode ser mudado pelo poder da oração, que nenhuma lágrima cai no chão antes de passar pelo trono da graça no Céu.

Mulheres que, apesar de terem o seu filho desenganado pelos médicos, prostraram-se e voltaram para casa com o seu bebê vivo e sadio; que se dobraram diante da perda de seu filho, mas continuaram intercedendo para que outros vivessem; que serviram incessantemente na sua casa, para que todos pudessem se manter unidos, para que a família não se perdesse e fosse evangelizada e evangelizasse ao seu redor.

Créditos: Mongkolchon Akesin by Getty Images/cancaonova.com

A família precisa aprender o que é fé, aprender a rezar, amar a Deus e as pessoas

Não sei seu nome nem sua história, mas sei que, se você aceitar o chamado de Deus a uma vida de santidade, a uma vida de discípula em constante formação e missão evangelizadora, com certeza Ele entrará na sua casa e na vida da sua família.

Professor Felipe Aquino diz: "Mãe, foste criada não só para dar a vida aos homens, muito mais do que isso, para semear o amor entre eles. Ser mãe é tão digno, que até o próprio Deus quis nascer de uma mãe". Ser mãe é uma vocação, o maior de todos os chamados que chega à vida de uma mulher e nos mostra que temos um ministério a ser exercido, o qual vai além da questão de ser mãe biológica ou jurídica. Esse chamado exige atitudes que caracterizam uma verdadeira mãe, mesmo para aquelas que, por questões profissionais, não conseguem ser mães de tempo integral.

Trabalho Feminino

Num mundo em que a jornada de trabalho feminino é grande e a destruição das famílias é arquitetada e executada com maestria, precisamos de mulheres que se coloquem na linha de frente, combatendo pelos seus, que derramem sua alma, contando para Deus sobre sua família e pedindo que Ele venha em socorro de todas as suas necessidades.

Como cristãs, essas mulheres são chamadas para o compromisso de catequistas, pois a família precisa aprender o que é a fé, aprender a rezar, amar a Deus e as pessoas. Quando nós colocamos os valores cristãos em nossa casa, formamos também o caráter de nossos familiares, semeando bondade e pureza no coração. É Deus dizendo: "Preparem os seus para poderem, um dia, desfrutar do Céu".


Seja a intercessora dos seus

Muitas vezes, perdemos tempo discutindo o tamanho dos problemas, desde os chamados menores como dinheiro, poder e vida profissional, até os problemas maiores como saúde, casamento, drogas, sexo e prisão. Não importa o tamanho do seu problema, todos precisam de alguém que ore por eles. Deus não se detém no tamanho do problema, porque para Ele nada é grande nem pequeno, pois Ele é o Deus do impossível. Por isso, a importância da sua disponibilidade para colocar-se como intercessora da causa do outro, principalmente de sua família.

Não sei qual é o seu problema, mas podemos aprender com histórias bíblicas de várias mulheres que se destacaram no ministério de ser intercessora, cada uma com seu chamado particular, mas também alguns que são comuns.

A Bíblia nos mostra exemplos de mulheres que mudaram a história da vida familiar, encontrando tempo para rezar por eles. Maria foi chamada a abrir mão de seus sonhos para participar do plano de salvação da humanidade e, mesmo sendo uma adolescente, respondeu ao convite de Deus.

Exemplos de mulheres de fé

No Antigo Testamento, uma mulher corajosa enfrentou as ordens do Faraó do Egito, escondendo seu filho para não ser morto e, depois, colocando-o num cesto para que a filha do inimigo o acolhesse e o preparasse sem saber para ser o libertador do povo de Deus da escravidão. Diante desses acontecimentos, essa criança, Moisés, teve sua irmã Mírian velando por ele; e, quando a filha do faraó o resgatou, ela estava ali para lhe propor uma ama judia. Ana esperou vários anos para poder engravidar de Samuel e se desprendeu deste filho tão querido, para que, depois, Deus o usasse como juiz, profeta para o povo hebreu.

Esses exemplos nos ensinam que, com Deus, essas mulheres fizeram a diferença. Quando a mulher coloca os joelhos no chão, muitas vitórias são proclamadas e as graças acontecem para a honra e glória de Deus Pai.

Você, mulher, que quer restaurar a sua vida, a de sua família, ore sempre, sem cessar. A oração é o motor que vai colocar a fé em movimento e impulsionar mudanças.



Angela Abdo

Mestre em Ciências Contábeis pela Fucape, pós-graduada em Gestão de Pessoas pela FGV, Gestão de Pessoas pela Faesa, graduada em Serviço Social pela Ufes e psicanalista. Consultora e Executiva na área de RH e empresa hospitalar. Foi coordenadora do grupo fundador do Movimento Mães que Oram pelos Filhos da Paróquia São Camilo de Lellis, em Vitória (ES) e do grupo de Amigos da Canção Nova de Vitória. Atualmente, é coordenadora nacional e internacional do Movimento Mães que Oram pelos Filhos. Escritora dos livros "La Salette, o grito de uma Mãe!" (2018), "Superação x Rejeição: Aprendendo a ser livre" (2017), "Ser Mulher À Luz da Bíblia: Porque Deus Pode Tudo!" (2016) e "Mães que Oram pelos Filhos" (2016). Participa do programa "Papo de Mãe que Ora", no canal Mães que Oram pelos Filhos Oficial, e do "Mães que Oram pelos Filhos", na Rádio América.  Autora de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-poder-da-oracao-da-mulher-na-familia/


3 de agosto de 2022

Quanto tempo devo dedicar à minha família?

"Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo do céu" (Ecl. 3,1). E sempre é tempo de amar. A forma como amamos as pessoas tem a ver com a qualidade do tempo que a elas dedicamos; e o que torna a nossa vida extraordinária é justamente o período que gastamos fazendo o bem aos outros. Portanto, é preciso tomar cuidado com toda a correria que nos leva a sair do projeto de sermos pessoas capazes de amar.

Não é novidade para ninguém que o ritmo de vida, a rotina corrida ou a falta de rotina têm atropelado muito as relações em família, a ponto de não termos mais tempo para amar e nos deixar amar. Vivemos relacionamentos "líquidos", superficiais, muitos deles até mediados pelas redes sociais! Sim, há pessoas que se relacionam, por meio do celular, com os da própria casa em boa parte do tempo.

Que as mídias sociais, muitas vezes, dificultam a profundidade das relações em família já sabemos, mas o que passa despercebido aos nossos olhos é que isso tem destruído o verdadeiro amor em casa, quando não damos aos nossos o tempo que lhes é devido; e ainda gastamos grande parte de nosso dia conectados em aparelhos, algumas vezes, com coisas pouco relevantes. Além disso, a tentativa de realizar mil tarefas ao mesmo tempo nos impede de refletir sobre qual delas são legitimamente importantes. Uma rotina de trabalho pesada — que adotamos, às vezes, por necessidade; outras, para adquirir algo que julgamos trazer felicidades —, também tem nos tirado da dedicação para o que deveria ter maior significado em nossa vida como o contato com o outro.

Quanto tempo devo dedicar à minha família

Foto Ilustrativa: fizkes by Getty Images / cancaonova.com

Qual tem sido a sua preocupação e prioridade?

Diante disso, precisamos entender que, se a experiência com as pessoas, principalmente com a nossa família, é algo que nos realiza no amor, essa deve ser a maior missão que temos a cumprir. O grande dilema que trazemos é que nos preocupamos mais com o complementar do que com o fundamental. O amor deixou de ser a base e ficou no segundo plano. Alguns se casam e têm filhos para amar e ser amado, porém, com o passar dos anos, isso vira um pequeno horário na agenda. O mesmo acontece na relação com os nossos pais ou irmãos, e assim por diante.

Pensar nessas questões é necessário, a fim de que refaçamos o nosso programa de vida, de modo que tudo esteja ordenado para o amor. Não me refiro a um amor de faz de conta, caricaturado, romântico ou idealizado; falo de doação, de entrega e sacrifícios pelo outro. Para começarmos essa reprogramação, reflitamos sobre alguns caminhos possíveis:

1. Dar tempo de qualidade. Mesmo em meio a uma agenda cheia, se dermos ao outro a atenção que precisa, já seremos um canal para a ação de Deus em sua vida. E não são sempre necessárias tarefas altamente elaboradas. O mais importante é presença, com a disposição de estar inteiro para a pessoa com quem se vive, ainda que por alguns minutos. É atenção como quem contempla o outro em toda a sua riqueza, de modo que se sinta querido e cuidado.


Pequenas ações

2. Antecipar-se em ajudar. É próprio do amor ver e agir antes de ser solicitado, por isso, não podemos improvisar. A caridade precisa estar no programa de todos os dias e se concretizar em ações: é uma ajuda oportuna, sem medir esforços, ou quando vamos ao supermercado e pensamos em levar algo que alguém de casa precisa ou que vai lhe fazer melhor, antes mesmo que ele peça. É como Nossa Senhora que, sem que Lhe fosse pedido, foi estar com Isabel, para ajudá-la na gestação (Cf. Lc. 1,39-40).

3. Rever a agenda. Se refizermos a nossa agenda ou se passarmos a ter uma, podemos colocar nela o tempo e o planejamento de coisas que podemos fazer em ou para a nossa família. Para os pais, o horário com os
filhos precisa estar agendado todos os dias.

Ser paciente também é amar

4. Ter paciência com o tempo do outros. Muitas vezes, queremos que nossos familiares — alguns deles idosos e crianças — façam tudo no nosso ritmo. Com a demora, perdemos a cabeça; e, algo que deveria ser prazeroso, se
torna penoso. Neste caso, a virtude da paciência é um bom sinônimo de caridade.

5. Colocar amor em tudo. Nossos gestos, palavras e atitudes precisam ser permeados disso, a fim de que o outro perceba que são amados. Em alguns casos, as preocupações nos fazem agir com dureza com os que partilham a vida conosco, e isso também atropela o amor.

Esse seria um início básico para viver a vida, tomando posse do nosso caráter de imagem e semelhança de Deus. Que Ele mesmo nos inspire a existir com mais significado e plenitude!



Elane Gomes

Missionária da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Professora de Língua Portuguesa, radialista e especialista em Comunicação e Cultura. Mestra em Comunicação e Cultura. Atualmente trabalha no Jornalismo da TV Canção Nova de São Paulo. Prega em encontros pelo Brasil e atua como formadora de membros da Comunidade. É esposa, mãe e trabalha também com aconselhamento de casais.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/quanto-tempo-devo-dedicar-a-minha-familia/

1 de agosto de 2022

É importante rezar antes de uma viagem?


Se você já passou por situações inusitadas durante viagens, certamente consegue responder essa pergunta. De fato, quando colocamos o pé na estrada, estamos sujeitos a tudo. Seja em uma viagem simples – como aquelas que fazemos no dia a dia para nos deslocar de um lugar a outro da cidade – ou naquelas longas, complexas e planejadas com antecedência. Em todas elas, estamos sujeitos a surpresas agradáveis ou não: problemas com bagagem, com a passagem ou o pagamento, atrasos, dificuldade com o meio de transporte utilizado ou com algum dos passageiros, acidentes, enfim, problemas de qualquer ordem. Mas também podemos nos deparar com situações muito boas: encontrar pessoas interessantes, descobrir lugares que não estavam previstos, conseguir novas oportunidades de emprego ou até conhecer alguém com quem nos casaremos um dia.

O que vai garantir o sucesso da nossa viagem é estarmos bem e em Deus para tomar as decisões certas e reconhecer quando as oportunidades estão sendo dadas a nós pelo próprio Senhor. No meio das situações que fogem ao nosso controle, podemos e precisamos experimentar a força da Providência Divina que conduz, com sabedoria, todas as coisas para o nosso bem.

A Palavra de Deus nos ensina a orar sem cessar e em qualquer situação, e isso inclui as nossas viagens:" Orai sem cessar. Em todas as circunstâncias, dai graças, porque esta é, a vosso respeito, a vontade de Deus em Jesus Cristo. Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo: abraçai o que é bom. Guardai-vos de toda a espécie de mal" ( I Tes 5,17-22).

Créditos: by Getty Images / YakobchukOlena/cancaonova.com

Planejando a viagem

A vida de quem crê no Cristo é e precisa ser embasada na intimidade com Aquele que nos sustenta. Às vezes, rezamos quando estamos em uma situação difícil ou quando queremos alguma coisa, porém, precisamos orar também em nossos projetos para que sejam conduzidos à luz do Espírito Santo. A oração deveria fazer parte da nossa lista de preparação para uma viagem, seja ela de trabalho, lazer ou missão. Assim como planejamos a data, compramos passagem, fazemos programações ou arrumamos as malas, precisamos rezar para que tudo seja feito no Senhor.

Recordando!

Recordo-me de uma viagem que fiz com meu esposo a outro país. No planejamento, iríamos ficar em um determinado lugar e, quando nos colocamos a caminho usando o GPS, percebemos que estávamos indo para um local que não estava previsto. Eu fiquei assustada, porque era noite e já havíamos andado bastante por cidades com ruas estreitas e construções medievais. Parecia um filme. Neste momento, tentei ficar calma e não passar para o meu esposo o quanto estava preocupada para não o atrapalhar na condução do carro. Por outro lado, estava em Deus e sabia que, em algum momento, iríamos entender para onde estávamos indo e o que havia acontecido.

Lembro-me de que, antes de embarcar para esta viagem, providencialmente, encontramos um padre conhecido no voo, que nos abençoou e abençoou uma água que tomamos no caminho. Durante o trajeto, fomos rezando e colocando-nos diante de Deus. Não tenho dúvidas de que essa oração foi o que nos levou a permanecermos calmos, ainda que perdidos numa região distante e desconhecida.


Será que Deus quer que façamos determinada viagem?

Em outra passagem, a Palavra de Deus fala para colocarmos diante d'Ele os nossos projetos, e a viagem é um deles. "Põe tuas delícias no Senhor, e os desejos do teu coração ele atenderá. Confia ao Senhor a tua sorte, espera nele, e ele agirá (Sl. 37,3-5)." Outro ponto que precisamos lembrar é o de que é fundamental perguntarmos ao Senhor se ele quer que façamos uma determinada viagem. Seja ela simples ou não. Se nossa vida está realmente na vontade de Deus, tudo precisa passar por ele.

Talvez, o Senhor não queira, neste momento, essa viagem para você, e saber disso pode tirá-lo de situações difíceis. Quando o profeta Jonas fez uma viagem de barco para fugir de Deus e não ir profetizar em Nínive, foi jogado no mar e engolido por uma baleia. Deus não queria aquela viagem (cf. Livro de Jonas). Isso não quer dizer que se acontecer algo ruim em nossos trajetos, é porque o Senhor não o quer. Não é isso! O que digo é que é importante sabermos se Deus quer ou não que viajemos.

Vontade de Deus!

Às vezes, Deus quer que você vá e, mesmo assim, momentos de adversidade vão ocorrer. O demônio não quer que a vontade do Senhor se cumpra em nossa vida, então fará de tudo para impedir qualquer projeto que seja de Deus. Há um combate espiritual sobre o qual precisamos estar atentos e vigilantes.

Viajar, para alguns, pode ser um ato corriqueiro, sem muitas intercorrências, mas para outros pode definir uma vida inteira como a viagem do jovem Tobias para um lugar distante, a fim de recuperar o dinheiro que seu pai, Tobit, havia emprestado a um parente distante. Por causa da oração do pai, Tobit, e de sua futura esposa, Sara, Deus envia o Anjo Rafael para acompanhar Tobias durante a viagem. No trajeto, o jovem não só recupera o dinheiro como encontra Sara, casa-se com ela, liberta-a de uma maldição e aprende um remédio que trará a cura seu pai. É impressionante a Providência de Deus atuando em toda a viagem! (cf. Livro de Tobias)

Reze!

Assim como no livro de Tobias, tenho a certeza de que Deus envia pessoas (ou anjos) para nos ajudar, com sua Providência e nos conceder o que precisamos em nossos trajetos. Entretanto, para termos esta ação do Céu é mais do que importante a intimidade com Deus. Se o anjo acompanhou e agiu na história de Tobias, quanto mais não agirá na nossa, se nos prepararmos, em oração, para a viagem que planejamos fazer!

Acho que, agora, dá para responder se vale a pena ou não orar antes de viajar! Fica a aqui uma oração que sempre faço em meus trajetos: "São Rafael com Tobias, São Gabriel com Maria, São Miguel com todas as hierarquias, vai à nossa frente, e abri para nós estas vias."

Fique com Deus!



Elane Gomes

Missionária da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Professora de Língua Portuguesa, radialista e especialista em Comunicação e Cultura. Mestra em Comunicação e Cultura. Atualmente trabalha no Jornalismo da TV Canção Nova de São Paulo. Prega em encontros pelo Brasil e atua como formadora de membros da Comunidade. É esposa, mãe e trabalha também com aconselhamento de casais.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/e-importante-rezar-antes-de-uma-viagem/