O assunto deste artigo corresponde à catequese que São João Paulo II proferiu, em 1980, sobre a Teologia do Corpo. Após 35 anos, suas palavras permanecem como ecos de amor e ternura, revelando-nos o sentido profundo da feminilidade. O que é ser mulher? Quais são as características e os comportamentos próprios da mulher? De maneira bem abrangente, mas certeira, podemos dizer que ela se manifesta por meio de seu ser feminino. Vamos mais fundo? Tendo a mesma humanidade que o homem, a mulher pode fazer as mesmas coisas que ele enquanto ser humano: pensar, rir, correr, tocar música, dar aulas, fazer cálculos, discutir política, cozinhar etc. Certo? Entretanto, a feminilidade é a forma como a mulher se expressa no mundo, a maneira própria de ela cumprir todas as tarefas, fazendo com que sua marca própria deixe rastros de beleza e cuidados. Não há comparação, mas complementariedade com o masculino. Quando comparamos, sempre há perdas, pois é necessário que saia um vencedor e, fatalmente, um perdedor. Ao contrário, quando se complementa, a humanidade inteira ganha.
A maternidade tem uma plenitude ampla, que se revela no mistério que a mulher possui
Ao olharmos para o corpo da mulher, vemos um ser que foi sonhado por Deus para receber a vida e cuidar dela. O ventre acolhe e deixa crescer o embrião frágil, que já é um ser humano completo, único e irrepetível para o mundo. Após o nascimento, a mulher vai amamentar durante as primeiras fases de desenvolvimento desse bebê tão dependente, tão necessitado dos cuidados da mãe para sobreviver. Não há ser no mundo que não tenha uma mãe, e isso diz muito sobre a forma como dependemos dessa figura materna para sermos pessoas saudáveis. Entretanto, mesmo que você, hoje, não tenha uma mãe, sua necessidade de maternidade permanece aí, no mais íntimo do seu ser. Temos, assim, a possibilidade de encontrar traços da mãe que todos precisamos nas mulheres da nossa vida, havendo laço parental ou não. Uma dica para saborear a maternidade que podemos encontrar no mundo: o amor é o componente fundamental da identidade da mulher, ou seja, ela não conseguirá atingir sua plenitude enquanto não souber amar.
Amor feminino
O amor feminino se manifesta, fundamentalmente, no cuidar, que pode ser de filhos gerados no ventre ou no coração, de irmãos de sangue ou de comunidade, de cômodos da casa ou do escritórios. Amar é cuidar das feridas do corpo e da alma, de pequenos gestos que vão aliviar uma dor e fazer com que outros se sintam simplesmente cuidados. Eis o amor feminino manifestado em atitudes. Sabe aquele "toque feminino" que todos gostamos de apreciar? É isso! Aquela sensação inexplicável que temos, muitas vezes, ao adentrar numa casa perfumada ou no terreno quente de um coração de mãe. Temos sede desses cuidados que toda e qualquer mulher pode ofertar aos que se aproximam dela. São João Paulo II nos lembra que, em Gênesis, ao ver a mulher pela primeira vez, Adão entendeu, profundamente, o significado do próprio corpo. A mulher tem essa missão ainda hoje: auxiliar a humanidade a compreender os significados mais essenciais da existência humana, os quais, fatalmente, a levará a conhecer mais o próprio Deus. Com sua presença, Eva chama o homem para fora e o ajuda a fazer a transição do reconhecer-se na solidão (original) para reconhecer-se na comunhão. Esse novo conhecimento é que gera a vida.
Chamada a gerar vidas novas
Fica evidente assim que toda mulher é chamada a dar à luz os seres humanos, seus irmãos. Se a colaboração do homem está na parceria com Deus para fecundar e gerar toda a humanidade, a cooperação da mulher está no cuidado e na manutenção da vida gerada. Se hoje temos fome e sede de uma humanidade renovada na sua essência, que aparece desordenada pela falta de amor, a mulher é convidada a ser essa ministra do cuidado, da beleza da maternidade que gera vida nova.
Milena Carbonari
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