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31 de maio de 2021

Não consigo vencer meus pecados, o que fazer?


Existe uma passagem muito significativa do Evangelho de São João que coloca cada um de nós diante de uma verdade tão crua e, ao mesmo tempo, tão libertadora, que nenhum de nós deveria ser displicente com relação a ela: Qui sine peccato est vestrum, primus in illam lapidem mittat ("Aquele de vós que estiver sem pecado seja o primeiro a lançar uma pedra" (Jo 8,7)).

Oliver Clemente, um teólogo do oriente, certa vez afirmou: "Ávido de infinito, mas não menos ignorante dele, o homem se ama e se odeia infinitamente. Ele se pretende soberano e se descobre escravo". Em outras palavras, existe uma luta incessante no interior do homem que busca o infinito, o céu, a beleza. Porém, este mesmo homem percebe-se preso num cativeiro de difícil soltura. Assim, quanto mais ele se debate, tanto mais ele se machuca, sangra e, por fim, desiste. Esta é a realidade de qualquer ser humano.

Não consigo vencer meus pecados, o que fazer

Foto Ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Colocando a questão de maneira mais direta, todos nós precisamos travar grandes enfrentamentos contra o pecado todos os dias. Cada um tem a sua luta particular. Quem de nós nunca experimentou o cansaço depois de ter lutado tanto, e mesmo assim perdido a batalha para o pecado? Às vezes, é penoso reconhecer esta realidade, mas aquele que deseja muito a santidade precisará também experimentar o amargor da derrota, porém, o mais importante vem agora: quem busca a santidade deve aprender a levantar-se, seja qual for o tamanho do tombo.

Você sabe reconhecer seus pecados?

Uma vez abatido, duas coisas são fundamentais. A primeira delas é não se comparar, em hipótese alguma, repito, em hipótese alguma, com ninguém. Nem com aqueles que julgamos mais pecadores, porque correríamos o risco de afrouxar a autorreprimenda justa da nossa consciência diante do mal cometido, nem nos comparar com aqueles que julgamos mais santos. Neste segundo caso, poderíamos anular as parcas forças que ainda possuímos. Portanto, este não é o momento de comparações, mas de reconhecimento sincero da fraqueza e do mal cometido.

Dito isso, como vencer aqueles pecados crônicos que, de tão entranhados em nós, julgamos por vezes incorrigíveis? Por mais que possa parecer estranho o que vou dizer agora, creio que a resposta seja: "deixe de preocuparse com este seu pecado como se ele fosse seu baal". Atenção, não se preocupar não significa relaxar a consciência e continuar pecando indiscriminadamente. Isto seria um mal ainda maior, um suicídio espiritual.


Tire o foco do pecado

No século VI, lá no deserto de Gaza, havia um grande e sábio ancião chamado Barsanulfo, e o seu jovem discípulo Doroteu. Este último, por sua vez, era constantemente atormentado por um grave pecado e, mesmo tendo feito tudo o que estava ao seu alcance para superá-lo, não havia logrado êxito. Certa vez, aflito e desanimado com esta situação, Doroteu procura o seu mestre para apresentar o seu caso. Barsanulfo, o mestre, disse a ele que não mais se preocupasse com isso, e pediu que ele reforçasse sua relação com Cristo pelo exercício da humildade, da caridade, da prece confiante e do humilde exercício ao próximo.

Então, o discípulo parou de gastar em vão suas energias com a preocupação do pecado e começou a colocar em prática tudo o que seu mestre havia lhe indicado. Assim, o coração do discípulo se transformou, e com ele, pouco a pouco, toda a sua vida. Uma vida de intimidade com Deus faz reavivar, em cada pessoa, o homem interior e, naturalmente, acontece um despertar de consciência. Onde Deus entra, o pecado naturalmente se afugenta. À medida que Deus vai entrando em nossa vida e nós vamos experimentando a vida d'Ele, a morte do pecado vai se enfraquecendo. Em outras palavras, retire o foco do pecado e coloque o foco em Deus.

Busque Deus

Isto não se dá, porém, numa esfera meramente psicológica. É preciso descer para o domínio da práxis, ou seja, a primeira etapa da vida espiritual é a prática. O esforço humano, portanto, deve ser empregado neste ponto. Para ficar mais claro, o esforço humano deve ser investido no cultivo de uma vida espiritual que se alcança por meio da vivência diária de tudo o que o mestre Barsanulfo nos ensinou acima. Em matéria de vida espiritual, não existe fórmula mágica nem romantismos.

Para finalizar, deixo esse pensamento como matéria de reflexão: quem está apenas fugindo do pecado está fazendo pouco, muito pouco, quase nada. Quem está buscando verdadeiramente a Deus está fazendo muito.

Deus abençoe você e até a próxima!



Gleidson Carvalho

Gleidson de Souza Carvalho é natural de Valença (RJ), mas viveu parte de sua vida em Piraúba (MG). Hoje, ele é missionário da Comunidade Canção Nova, candidato às ordens sacras, licenciado em Filosofia e bacharelando em Teologia, ambos pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, na Liturgia do Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários. Apresenta, com os demais seminaristas, o "Terço em Família" pela Rádio Canção Nova AM. (Instagram: @cngleidson)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/nao-consigo-vencer-meus-pecados-o-que-fazer/

28 de maio de 2021

O que é e como identificar a ansiedade?


Você sabia que a ansiedade é um transtorno psicológico que traz diferentes manifestações? Para esclarecer algumas coisas sobre esse problema, convido você a refletir um pouco mais.

Inicialmente, é interessante saber o porquê da ansiedade ser uma doença. Todo ser humano possui ansiedade. No entanto, apenas uma parcela desenvolve o transtorno. A experiência vivida por um ansioso é a de um medo fortíssimo diante de uma situação. Ter medo de determinadas situações é normal, isto é, se elas forem reais! A grande questão está aqui: o ansioso vive intensamente o medo de algo que ainda está por vir, podendo, muitas vezes, nem acontecer conforme imaginava. É o famoso sofrer por antecipação.

O que é e como identificar a ansiedade

Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com

É possível controlar a ansiedade e viver sem os sintomas que ela gera

Por que o ansioso tem tantas reações físicas como tonteira, visão borrada, nó na garganta, frio na barriga, formigamento, fadiga, palpitações, boca seca, mãos frias e úmidas, tremores, cabeça leve e pernas moles? Essas reações físicas existem no homem desde os primatas. Quando se encontrava diante de uma situação de ameaça real, seu corpo reagia instantaneamente para se defender.

Um exemplo: o homem saía para caçar e ficava frente a frente com um leão; percebia, então, que poderia se tornar a refeição dele. Todo seu corpo reagia para lhe dar condições de fugir ou lutar e, isso incluía a palpitação, que é o acelerar o coração para bombear mais sangue e, assim, ter condições de correr. Já as mãos ficam frias, porque o corpo entende que não precisa de tanto sangue nas extremidades, e desse modo, diminui a vascularização para concentrar maior volume sanguíneo onde precisa, e assim por diante.

Nosso corpo é inteligente e reage conforme nossa necessidade. Tais reações são, no fundo, uma defesa do nosso organismo. A questão toda é que, para os ansiosos, essa defesa é acionada sem necessidade, porque não há perigo real. O que provoca o desconforto, então, são os momentos vividos na expectativa de um perigo imaginário.

Real X Imaginário

Algo que ajudaria muito a diminuir o processo de ansiedade é diferenciar o real do imaginário. O que não é tão fácil, porque, se tem tanta força de ameaça, é porque o imaginário, no fundo, é bem real para o ansioso.

Outro fator importante que precisamos saber é que a ansiedade não vem sozinha. Na verdade, ela possui diversas formas de se apresentar. A pessoa pode ter pânico, agorafobia (medo de multidões), TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizado), fobias específicas, fobia social, ansiedade de separação, mutismo seletivo. Qualquer um desses transtornos são formas diferentes de manifestação da ansiedade. Sendo assim, é um dos transtornos mentais que apresenta maior predominância na população. É comum que, em alguma fase da vida do ser humano, ele apresente um desses transtornos, principalmente as mulheres.


O que fazer diante dessa situação? Já tentou não valorizar seus pensamentos, os quais, normalmente, são trágicos, assim como não focar nas suas reações físicas? Sei que não é fácil, mas não custa nada tentar. Descubra-se e busque fazer coisas que gerem prazer, para não dar vazão a possíveis circunstâncias ansiogênicas.

Acalme-se e aceite a sua ansiedade. Contemple as coisas boas da vida. Reaja às circunstâncias como se não estivesse ansioso. Verifique se seus pensamentos são reais e viva com leveza, sem medo.



Aline Rodrigues

Aline Rodrigues é missionária da Comunidade Canção Nova, no modo segundo elo. É psicóloga desde 2005, com especializações na área clínica e empresarial e pós-graduada em Terapia Cognitiva Comportamental. Possui experiência profissional tanto em atendimento clínico, quanto empresarial e docência. Autora do livro "Conversando sobre ansiedade: aprenda a vencer os seus limites", pela Editora Canção Nova. Instagram: @alinerodrigues.ss


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/o-que-e-como-identificar-ansiedade/

26 de maio de 2021

Minha vocação e o chamado de Deus


O Espírito Santo conduziu-me, em preparação a este mês, à releitura da Exortação Apostólica do Santo Padre sobre 'Os fiéis leigos', sua vocação e missão na Igreja e no mundo. Ao ler, eu agradeci a Deus por me chamar a contribuir com a implantação do Seu Reino.

O Santo Padre nos traz a imagem dos trabalhadores da vinha de que fala São Mateus: "O Reino dos céus é semelhante a um proprietário, que saiu muito cedo, a contratar trabalhadores para a sua vinha. Ajustou com eles um denário por dia e mandou-os para a vinha."(Mt 20,1-2)

A vinha, diz-nos Jesus, é o mundo inteiro, que deve ser transformado, segundo o plano de Deus, em ordem ao advento definitivo do Seu Reino. "Ao sair pelas nove horas da manhã, viu outros que estavam ociosos, e disse-lhes: Ide, vós também, à minha vinha"(Mt 20,3-4). Este convite – "ide vós também, à minha vinha" –, dirige-se a todo homem que vem a este mundo.

Minha vocação e o chamado de Deus

Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Vocação: cada um tem a sua e precisa descobri-la para não se frustrar

O Divino "proprietário" chama os trabalhadores para a sua vinha nas várias horas do dia: alguns ao amanhecer; outros, às nove da manhã; outros ainda por volta do meio dia e das três da tarde; os últimos, cerca das cinco. Os trabalhadores são chamados para a vinha em horas diferentes, como a querer significar que à santidade de vida, um é chamado durante a infância, outro na juventude, outro como adulto e outro até na velhice.

Nos nossos dias, o Pai suscita, na Igreja, uma renovada efusão do Espírito de Pentecostes, que nos leva a ouvirmos a voz do Senhor: "Ide vós também", a chamada não se refere apenas aos pastores, aos sacerdotes, aos religiosos e religiosas, mas se estende a todos os fiéis leigos.


Recordando como se deu em minha vida o chamado

Quando criança, a minha relação com Deus vinha especialmente por parte de meus pais, nas orações realizadas em família. Lembro-me de que, quando íamos visitar minhas irmãs no internato, das Irmãs da Providência, eu ficava encantada com as freiras! Ao entrarmos na Igreja, sentia uma atração pelo altar.

Na adolescência, no tempo da Quaresma, especialmente durante as celebrações de Semana Santa, eu sentia o meu coração como uma brasa viva de amor por Jesus. Mas somente na juventude é que se deu o meu encontro pessoal com o Senhor.

No desejo de fazer da minha vida um instrumento útil aos mais carentes, doentes e abandonados, como assistente social, eu não imaginava que Deus ia me chamar como trabalhadora para a Sua vinha e enviar-me a trabalhar, no anúncio do Evangelho que salva, nos meios de Comunicação Social.

Como nos diz no livro: "Nossa resposta ao amor" (Ed. Loyola): "A vocação é um sim irrepetível de Deus e um sim irrepetível de quem é chamado". Dei o meu 'sim', cheia de desejo de fazer somente o que Deus quer na minha realidade de mulher: "Já que em nossos dias, as mulheres tomam cada vez mais parte ativa em toda vida da sociedade, reveste-se de grande importância uma mais larga participação sua nos vários campos do apostolado da Igreja" (Vaticano II).

Dessa forma, assumo e rezo: 'Maria, Virgem corajosa, inspira-nos força de ânimo e confiança em Deus, para que saibamos vencer todos os obstáculos que encontramos no cumprimento da nossa missão. Ensina-nos a tratar as realidades do mundo com vivo sentido de responsabilidade cristã e na alegre esperança da vinda do Reino de Deus, dos novos céus e da nova terra. Amém!"

Luzia Santiago
Cofundadora da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/testemunhos/minha-vocacao-e-o-chamado-de-deus/

24 de maio de 2021

O fruto não cai longe da árvore


Compaixão. Generosidade. Empatia. Honestidade. Paciência. Respeito.

São essas e outras tantas virtudes que queremos deixar como ensinamento quando o assunto é a criação de filhos. É um desafio muito grande transmitir valores éticos e morais em meio a tantas ofertas vindas de rede social, internet, sociedade e pessoas que pensam diferente, e que acabam influenciando os princípios ensinados pela família.

Afinal, o que é uma virtude? Segundo o dicionário, a definição de virtude é: boa conduta em conformidade com o correto, aceitável ou esperado, segundo a religião, a moral e a ética. O que segue os preceitos do bem, de normas morais.

O fruto não cai longe da árvore

Foto Ilustrativa: SolStock by Getty Images

O bom fruto é consequência de uma formação sólida

Passar aos filhos o que acreditamos ser bom, saudável e certo é muito mais do que passar ensinamentos; é transmitir o que vai gerar boa convivência e felicidade, comportamentos que não sejam ofensivos às pessoas e principalmente a Deus.

Então, para que as crianças tornem-se pessoas de bem, é essencial que tenham uma formação sólida diária, baseada e voltada para o desenvolvimento do caráter, da fé e das habilidades socioemocionais.

Uma coisa é certa: Não funciona a imposição nem a obrigação. O que funciona é o diálogo e a vivência.

Deixar algo como exemplo é mais que falar ou ensinar, é viver, experimentar e mostrar, com a vida, que a vivência das virtudes  faz de nós pessoas de bem, íntegras, capazes de influenciar e educar o outro para que seja como nós.

O fruto não cai longe da árvore

Pois é.
O fruto não cai muito longe da árvore.
Se quisermos ensinar, temos, antes, que aprender.
Se quisermos que façam, temos, antes, que fazer.

A árvore, antes de crescer e tornar-se o que é, era apenas um fruto que cresceu ou uma muda que brotou.


E assim sua árvore há de dar bons frutos!



Paulo Victor e Letícia Dias

Cirurgião-dentista de formação, Paulo Victor foi membro da Comunidade Canção Nova como apresentador, locutor e radialista. Atualmente, ele mora em Campo Grande (MS). É empresário e casado com Letícia Dias.

Letícia Dias é Gerente de Conteúdo e estudante de Letras/Libras com foco na Educação Especial. Foi membro da Comunidade Canção Nova como apresentadora de programas. Hoje, ela mantém uma agitada rotina familiar. Letícia tem um filho caçula que nasceu com Síndrome de Down, e isso a refaz todos os dias.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/educacao-de-filhos/o-fruto-nao-cai-longe-da-arvore/

19 de maio de 2021

Seminarista: quem é e o que faz?


Muitos não conhecem a trajetória de um homem para chegar ao sacerdócio, e quando a descobrem, admiram-se pelo tempo de formação quando seminarista. Para uma melhor compreensão e uma resposta satisfatória, voltemos um pouco na história da Igreja e nas reflexões elaboradas pelos recentes Papas.

Foi a partir do Concílio de Trento (1563) que realmente foram criados os seminários nas dioceses, voltados para a formação da razão e da fé do futuro presbítero da Igreja. Antes disso, o homem que desejasse ser padre, logo recebia as ordens sacras, ajudando seu bispo local. Percebe-se, então, a contribuição desse concílio e mais, especificamente, a sua aplicação na vida de São Carlos Borromeu, que fundou seminários e escreveu regulamentos. Posteriormente, o Concílio Vaticano II e o Código de Direito Canônico elaboraram melhor sobre como deve ser a formação do clero. Atualmente, existem vários documentos que tratam do assunto, como o Decreto Optatam Totius, Pastores Dabo Vobis, Documento 93 da CNBB entre outros.

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova

Não são raras as vezes em que surgem as seguintes dúvidas: Quem é o seminarista? O que ele faz?

Seminarista é aquele que recebeu um chamado de amor de Deus e, na liberdade, responde a Ele. O Papa emérito Bento XVI, no encontro com os seminaristas nos EUA, em 2008, diz que seminaristas são "jovens que se encontram num tempo forte de busca de um relacionamento pessoal com Cristo, um encontro com Ele, na perspectiva de uma importante missão na Igreja".

Nas residências, geralmente seminários que podem ser o Menor ou Maior, os seminaristas recebem formação que convergem para a unidade da pessoa. Viver no seminário é estar neste tempo da descoberta de Cristo. É tempo de acolhimento e amadurecimento do dom recebido da iniciativa de Deus e não por méritos da pessoa. Tempo importante de relacionar-se com Deus, que se expressa de forma significativa na oração para um correto discernimento.

A idade, a retidão dos candidato, a idoneidade espiritual, moral e intelectual, a saúde física e psíquica são critérios examinados pela Igreja na aprovação daqueles que desejam ingressar no seminário. (Optatam Totius, 6).

Quatro pontos importantes aos futuros sacerdotes

De forma simples e direta, o Papa emérito Bento XVI, na carta aos seminaristas, em 2010, ressalta alguns pontos para os futuros sacerdotes:

1- O seminarista deve ser um homem de Deus (1Tm 6,11). Jesus deve ser o ponto de referência de toda a sua vida;
2- Os sacramentos devem ser celebrados com íntima participação da Eucaristia. A penitência leva à humildade, e deixando-se perdoar, aprende-se a perdoar os outros. Também o Papa pede para não excluir piedade popular, porque, por meio dela, a fé entrou no coração dos homens;
3- Estudar com empenho, porque a fé possui uma dimensão racional e intelectual. É importante conhecer a fundo e integralmente a Sagrada Escritura. Amar o estudo da teologia;
4- Ser exemplo de homem maduro.

A formação humana, espiritual, intelectual e pastoral deve ser bem trabalhada pela equipe formativa dos seminários, mas o seminarista deve ser o primeiro interessado por ela.

Formação na Canção Nova

O tempo de formação do seminarista pode variar muito de acordo a realidade eclesial na qual ele está inserido. Hoje, na Comunidade Canção Nova, o candidato ao sacerdócio leva, pelo menos, 12 anos para ordenar-se. Nos dois anos iniciais, ainda dentro da comunidade, ele aprende sobre o carisma Canção Nova. Depois, estuda três anos de Filosofia. Após um ano pastoral numa das casas de missão, ele cursa quatro anos de Teologia. No fim, se a Igreja e a comunidade admitirem, ele receberá as ordens sacras. No decorrer de todo esse caminho, ele precisa ser orante, fraterno e trabalhador.


Papa Francisco

O Bispo de Roma, como sempre, trabalha toda sua reflexão em três pontos. Em 2014, ele disse que o seminarista deve ser fraterno, orante e missionário. Identificam-se com os mesmos princípios da Canção Nova. A fraternidade é parte integrante do chamado, não se pode viver individualmente. A oração deve ser um convite ao Espírito Santo, como no Cenáculo, pois d'Ele depende a construção da Igreja, o guia dos discípulos e o dom da caridade pastoral. A missão deve torná-los discípulos humildes capazes de preferência pelas pessoas marginalizadas, aquelas das periferias. Levar as pessoas a acolherem a ternura de Cristo.

O seminarista não é um "solteirão", mas um homem comprometido com o Senhor e Sua Igreja. Não está preparando-se para receber uma profissão, mas para configurar-se à imagem de Cristo, o Bom Pastor. Por fim, é preciso ter disposição, caso contrário é preciso buscar outra via para a santidade, pois a formação será permanente. É difícil a vida clerical, mas é bela. Quando levada com seriedade, ela é admirável!

 



Ricardo Cordeiro

Ricardo é membro da Comunidade Canção Nova. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP).  Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, Taubaté (SP) e pós-graduando em Bioética pela Faculdade Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/sacerdocio/seminarista-quem-e-e-o-que-faz/

17 de maio de 2021

Sobrenaturalizar todas as nossas ações é se santificar


Quando pensamos nos santos da nossa Igreja, normalmente vêm à nossa mente imagens espetaculares de prodígios, milagres, profecias, êxtases místicos, martírios dramáticos. Santo Antônio, que pregou tão inspiradamente que até os peixes pularam do mar para ouvi-lo; São Pio de Pietrelcina, que recebeu os estigmas de Jesus; São Dionísio de Paris, que depois de decapitado segurou a sua própria cabeça e andou por vários metros até cair; Santa Teresa d'Ávila, com suas indescritíveis experiências místicas; Santa Catarina de Siena, simples e analfabeta, mas que ditava cartas que influenciaram reis e até fizeram o Papa voltar de Avignon para Roma.

"Eu não sou assim", podemos ser levados a pensar.

"Só dá para ser santo quem é escolhido por Deus para fazer coisas assim, minha vida é muito 'sem graça', 'simples', não dá para sonhar com algo elevado como a santidade".

Ledo engano!

Sobrenaturalizar todas as nossas ações é se santificar

Foto Ilustrativa: FG Tradeby/ Getty Images

Sobrenaturalizar o simples de cada dia

A maioria absoluta dos santos tiveram uma vida repleta de momentos comuns, rotina repetitiva e simples, na qual eles encontraram as ocasiões para buscarem a santidade. São João Maria Vianney foi pároco por quase quarenta anos da pequena aldeia de Ars. Nesse tempo, ele cuidou da paróquia, celebrou missa, ouviu confissões e rezou. Santa Dulce dos Pobres passou quase cinquenta anos cuidando dos pobres e dos doentes, sem que nada de aparentemente extraordinário acontecesse. Santa Teresinha do Menino Jesus é hoje uma das santas mais populares da Igreja, mas sua vida foi simples e ordinária dentro do convento carmelita.

Quantas vezes terá o então sacerdote João Maria Vianney varrido o chão rústico da sua igreja? Ou quantas vezes Irmã Dulce ajudou a trocar a fralda geriátrica de um idoso internado ou quantas vezes limpou o chão cheio de vômito aos pés da cama de um doente? Quantas vezes Santa Teresinha rezava enquanto lavava as panelas, arrumava seu quarto, cuidava do jardim ou seja lá qual fossem as obrigações de uma irmã carmelita do fim do século XIX?

Ao falar de santidade, dificilmente pensamos em uma pia cheia de pratos sujos, uma pilha de roupas para passar, um trabalho repetitivo, como ser caixa de supermercado ou motorista de ônibus, ou uma casa totalmente bagunçada para limpar e organizar. Certa vez, Santa Teresa d'Ávila estava preparando ovos para a refeição das monjas quando entrou em êxtase, com a frigideira na mão. Ao voltar a si, ela disse às suas filhas: "em meio às panelas também anda o Senhor". O que nos ensina Santa Teresa com esse episódio? O que São Paulo já havia nos advertido: "Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus" (1 Cor 10,31).

O homem se santifica no amor que coloca nas ações ordinárias

É no específico da sua vida que você encontrará as oportunidades diárias para a sua santificação. "A conclusão que se impõe", nos ensina o padre Adolphe Tanquerey, "é a necessidade de santificar todas as nossas ações, ainda as mais comuns". Sua rotina é cuidar de uma casa, dar banho nos filhos pequenos, cozinhar? Esse é o lugar privilegiado para a sua santificação. Você trabalha como cobrador de ônibus, professor, pedreiro, caixa de supermercado? É nesse lugar que você pode ser santo. Como? Santificando cada ação, sobrenaturalizando os seus atos. O que isso significa? Que tudo que você fizer, faça por amor a Deus. E como você pode fazer isso? Consagrando cada ação, cada gesto, cada palavra, cada ato a Deus. Está cansado de dirigir o ônibus o dia inteiro e lidar com gente mal-educada?

Reze a cada minuto, dizendo: "Senhor, vou ser amável, vou ser educado, vou aguentar esse trabalho por amor a ti, só por amor a ti! Vou dirigir com atenção, com calma, respeitando as leis não porque meu patrão mereça, não porque os passageiros mereçam, mas por amor a ti, somente por amor a ti". A rotina da sua casa é pesada? Você não aguenta mais cuidar de criança, lavar banheiro, fazer comida? Reze a cada minuto, dizendo a Deus que é por amor a Ele que você vai sorrir, por amor a Ele que você vai ser agradável, por amor a Ele que você vai dar o melhor e cozinhar a melhor comida, lavar o melhor banheiro.

Dê um sentido sobrenatural à todas as coisas

Não se trata de dizer isso uma vez, ao acabar de ler esse texto, e depois esquecer, mas sobrenaturalizar cada ato, ou seja, dar um sentido sobrenatural para cada coisa que você fizer. Se meu filho pequeno derrubou a comida no chão logo depois de eu limpar a casa, não vou murmurar, chorar ou gritar de raiva. Vou dizer a Deus: "Senhor, essa é mais uma oportunidade de eu crescer no amor. Por amor a ti, só por amor a ti vou limpar o chão e não vou despejar a minha raiva no meu filho pequeno, que nem sabe o que faz. Vou me manter silenciosa como Jesus diante de seus acusadores. Por amor a ti eu faço isso, Senhor, só por amor a ti".

O mal está em desperdiçarmos todo esse terreno de santificação que é a nossa vida ordinária. No seu Compêndio de Teologia Ascética e Mística, o padre Adolphe Tanquerey nos dá uma lição fantástica:


A perseverança nas pequenas coisas é heroísmo

"Pode-se, pois, dizer com toda a verdade que não há meio mais eficaz, mais prático, mais ao alcance de todos, para se santificar uma alma, do que sobrenaturalizar cada uma das ações; este meio basta por si só para nos elevar em pouco tempo a um alto grau de santidade".

Não espere por grandes acontecimentos para buscar a santidade. Não dê desculpas de que sua vida é puxada demais para se preocupar em ser santo ou que você tem preocupações demais. Viva o hoje, viva a sua realidade. Continue fazendo exatamente as mesmas coisas, mas mude o porquê. Mude a motivação e você encontrará sentido para tudo. Não é por obrigação, não é por dinheiro, não é pelo salário ou para receber elogios. É por amor a Deus. Antes de fazer qualquer coisa, recolha-se um momento, nos ensina Tanquerey.

Renuncie a toda intenção natural ou má (intenção natural é toda aquela que não é ruim, mas não é centralizada em Deus, como o seu próprio bem, o bem do outro, obter sucesso etc.). Ofereça a ação por Cristo, por amor a Ele. Tornar isso um hábito fortalece a nossa abnegação, nossa humildade e o nosso amor por Nosso Senhor Jesus Cristo. Por fim, siga o conselho de São Josemaria Escrivá: "Fazei tudo por amor. Assim não há coisas pequenas, tudo é grande. A perseverança nas pequenas coisas, por amor, é heroísmo".



José Leonardo Nascimento

José Leonardo Ribeiro Nascimento é casado, pai de quatro filhos e membro do segundo elo da Comunidade Canção Nova desde 2007. Natural de Paripiranga (BA), cursou Ciências Contábeis na Universidade Federal de Sergipe e fez pós-graduação em economia por meio do Minerva Program, na George Washington University, nos Estados Unidos. Trabalha, há 18 anos, como Auditor Federal na Controladoria-Geral da União em Aracaju (SE). Ele e sua esposa trabalham, há muitos anos, com a evangelização de casais e de famílias, coordenando grupos e pregando em retiros e encontros.
Instagram: @leonardonascimentocn | Facebook: @leonardonascimentocn


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/sobrenaturalizar-todas-as-nossas-acoes-e-se-santificar/

14 de maio de 2021

Oito dicas para corrigir uma pessoa


Com algumas pessoas, pode ser que uma abordagem direta funcione melhor. Os passos a seguir podem ajudá-lo a ser mais objetivo e eficaz sem ser ofensivo.

Oito dicas para corrigir uma pessoa

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Como corrigir uma pessoa sem ofendê-la nem desanimá-la

1. Escute primeiro

Não comece a dar lições de moral ou a criticar as atitudes de alguém sem antes lhe perguntar por que agiu de tal maneira. Verifique se ele tem noção das consequências de suas atitudes. Deixe que se explique e, até mesmo, se desculpe. Você pode se surpreender com o que vai ouvir.

2. Aconselhe de maneira a encorajar; nunca a desanimar

Comece levantando a autoestima da pessoa, ajude-a a perceber o que ela tem de bom. Fale de suas qualidades e de seus acertos. Ponha em destaque o que ela fez de positivo. Depois, ajude-a a detectar o erro, corrija-a e aconselhe-a. Então, reafirme a sua confiança na capacidade que ela tem de agir bem. Encoraje-a.

3. Ofereça apoio

Esclareça suas intenções. Diga o quanto a estima, o quanto deseja vê-la acertar e que, justamente por isso, está ali para apoiá-la a agir bem.

4. Não force nem fique insistindo para que siga seus conselhos

Permita que a pessoa se decida a fazer o que é certo porque está convencida disso, não porque se sentiu apanhada em flagrante e agora não tem outro recurso senão agir de outro modo. As pessoas amadurecem e se tornam melhores quando são persuadidas a abandonar o erro, mas ficam ressentidas e se tornam obstinadas quando agem por constrangimento.

5. Se a pessoa mostrar abertura, ajude-a a encontrar a solução

Não assuma ares de mestre ou de salvador da pátria. Isso coloca os outros na defensiva. Seja simples e humilde ao dar sua opinião e ajude o outro a encontrar uma saída. Reconheça que já errou e também precisou ser ajudado. Se possível, use exemplos do que foi feito em outras ocasiões para resolver um problema semelhante. Assim que a pessoa descobrir uma solução viável, mostre sua aprovação e incentive-a a agir o quanto antes.


6. Seja discreto

Ninguém gosta de ver a própria incompetência, os erros ou as maldades apontados publicamente. As pessoas se sentem julgadas quando são corrigidas diante de outras pessoas. Portanto, converse em particular e ponha o acento mais na solução do que no problema.

7. Peça um feedback

Deixe que o outro faça uma avaliação daquele momento de diálogo e diga como se sentiu com a conversa, o que entendeu do que ouviu, o que pretende fazer a partir de então e como está se sentindo em relação a você. É a sua chance de eliminar qualquer mal-entendido.

8. Crie entusiasmo

Entusiasmar é inspirar o desejo de viver bem. As pessoas passam por períodos da vida em que se sentem desacreditadas, perdidas, desanimadas e inseguras. Elas não têm o entusiasmo necessário para romper os sentimentos que as prendem e as impedem de fazer todo o bem que poderiam e gostariam de realizar. Então, valorize, elogie, incentive, faça festa e vibre cada vez que um amigo seu aceitar um conselho e se dispuser a mudar, a corrigir um vício, a se tornar um ser humano melhor.



Márcio Mendes

Nascido em Brasília, em 1974, Márcio Mendes é casado e pai de dois filhos. Ex-cadete da Academia da Força Área Brasileira, Mendes é missionário da Comunidade Canção Nova, desde 1994, onde atua em áreas ligadas à comunicação. Teólogo, é autor de vários livros publicados pela Editora Canção Nova, dentre eles '30 minutos para mudar o seu dia', um poderoso instrumento de Deus na vida de centenas de milhares de pessoas.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/amizade/oito-dicas-como-corrigir-uma-pessoa/

12 de maio de 2021

O ressentimento começa através de pequenas coisas


"Vós purificastes vossas almas obedecendo à verdade para praticardes um amor fraterno, sem hipocrisia. Amai-vos uns aos outros de coração puro, com constância, vós que fostes novamente gerados por uma semente não corruptível, mas incorruptível, pela palavra de Deus viva e permanente" (1Pd 1,22).

A conclusão dessa passagem vemos em 1Pd 2,1: "Rejeitai, portanto, toda a maldade e toda a astúcia, toda a forma de hipocrisia, inveja e maledicência".

Foto Ilustrativa: Jorge Ribeiro/cancaonova.com

O ressentimento começa nas pequenas coisas, nas decepções insignificantes

São Paulo disse à comunidade de Efésios: "Estais encolerizados? Não pequeis, não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento. Não deis oportunidade alguma ao diabo" (Ef 4,26-27).

Isso significa que não existe nenhuma pessoa viva, aqui na Terra, que não passe pela experiência de ter um momento de ressentimento e irritação; e o encardido se aproveita disso para tentar nos mandar para o inferno. O que nós temos de fazer é não darmos entrada a ele.

O ressentimento começa nas pequenas coisas, de decepções insignificantes; então, fazemos "tempestade em copo d'água" e transformamos aquilo que era um ressentimento bobo em ira ou ódio. O passo para isso acontecer é remoermos, ressentirmos tudo, ou seja, sentimos tudo novamente, relembrarmos os fatos. Cada vez que fazemos isso, o ódio aumenta. Mas como poderemos lutar contra isso?

Passos contra o ressentimento

O primeiro passo é compreender sempre a atitude daquele que nos ofende, pois nunca sabemos o que ele passou durante o dia. O segundo passo é não ficarmos comentando com as outras pessoas o que passou durante o mal entendido, pois isso ajuda a aumentar nosso ressentimento, criando um círculo vicioso. Você já viu aquelas pessoas que, onde vão, contam a mesma história para todos, sempre se fazendo de vítima, de coitado? Isso acontece  quando tocamos no assunto com a pessoa errada. Sentiu vontade de falar, procure um padre e confesse-se com ele.

Quando você não ama uma pessoa, é o passo para não amar duas, três, quatro e assim por diante. Você briga com a vizinha, já é um passo para ficar de mal com o marido dela, com a avó. Até mesmo o cantor que essa pessoa gosta você passa a detestar.


Tudo isso ocorre pelo desamor que existe entre nós, e as pessoas que mais sofrem são as que não amam. O desamor não é somente não gostar da pessoa, ter ressentimento por ela, pois amar é dar-se sem esperar nada em troca. Quando, no entanto, não amamos, apenas investimos para que possa receber também; e quando não somos correspondidos, começamos a gerar antipatias.

A pessoa que não ama não consegue chegar à cura interior, e quem não passou pela experiência da cura interior não ama, isso vira um círculo vicioso de pecado, de ressentimento e decepção, e tudo isso vai se transformar em ódio.

Necessário é nos purificarmos para praticar um amor verdadeiro, um amor gratuito, somente assim conseguiremos ficar longe do ressentimento.

Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/o-ressentimento-comeca-atraves-de-pequenas-coisas/

10 de maio de 2021

Na maternidade, revela-se o mistério da mulher


O assunto deste artigo corresponde à catequese que São João Paulo II proferiu, em 1980, sobre a Teologia do Corpo. Após 35 anos, suas palavras permanecem como ecos de amor e ternura, revelando-nos o sentido profundo da feminilidade. O que é ser mulher? Quais são as características e os comportamentos próprios da mulher? De maneira bem abrangente, mas certeira, podemos dizer que ela se manifesta por meio de seu ser feminino. Vamos mais fundo? Tendo a mesma humanidade que o homem, a mulher pode fazer as mesmas coisas que ele enquanto ser humano: pensar, rir, correr, tocar música, dar aulas, fazer cálculos, discutir política, cozinhar etc. Certo? Entretanto, a feminilidade é a forma como a mulher se expressa no mundo, a maneira própria de ela cumprir todas as tarefas, fazendo com que sua marca própria deixe rastros de beleza e cuidados. Não há comparação, mas complementariedade com o masculino. Quando comparamos, sempre há perdas, pois é necessário que saia um vencedor e, fatalmente, um perdedor. Ao contrário, quando se complementa, a humanidade inteira ganha.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

A maternidade tem uma plenitude ampla, que se revela no mistério que a mulher possui

Ao olharmos para o corpo da mulher, vemos um ser que foi sonhado por Deus para receber a vida e cuidar dela. O ventre acolhe e deixa crescer o embrião frágil, que já é um ser humano completo, único e irrepetível para o mundo. Após o nascimento, a mulher vai amamentar durante as primeiras fases de desenvolvimento desse bebê tão dependente, tão necessitado dos cuidados da mãe para sobreviver. Não há ser no mundo que não tenha uma mãe, e isso diz muito sobre a forma como dependemos dessa figura materna para sermos pessoas saudáveis. Entretanto, mesmo que você, hoje, não tenha uma mãe, sua necessidade de maternidade permanece aí, no mais íntimo do seu ser. Temos, assim, a possibilidade de encontrar traços da mãe que todos precisamos nas mulheres da nossa vida, havendo laço parental ou não. Uma dica para saborear a maternidade que podemos encontrar no mundo: o amor é o componente fundamental da identidade da mulher, ou seja, ela não conseguirá atingir sua plenitude enquanto não souber amar.

Amor feminino

O amor feminino se manifesta, fundamentalmente, no cuidar, que pode ser de filhos gerados no ventre ou no coração, de irmãos de sangue ou de comunidade, de cômodos da casa ou do escritórios. Amar é cuidar das feridas do corpo e da alma, de pequenos gestos que vão aliviar uma dor e fazer com que outros se sintam simplesmente cuidados. Eis o amor feminino manifestado em atitudes. Sabe aquele "toque feminino" que todos gostamos de apreciar? É isso! Aquela sensação inexplicável que temos, muitas vezes, ao adentrar numa casa perfumada ou no terreno quente de um coração de mãe. Temos sede desses cuidados que toda e qualquer mulher pode ofertar aos que se aproximam dela. São João Paulo II nos lembra que, em Gênesis, ao ver a mulher pela primeira vez, Adão entendeu, profundamente, o significado do próprio corpo. A mulher tem essa missão ainda hoje: auxiliar a humanidade a compreender os significados mais essenciais da existência humana, os quais, fatalmente, a levará a conhecer mais o próprio Deus. Com sua presença, Eva chama o homem para fora e o ajuda a fazer a transição do reconhecer-se na solidão (original) para reconhecer-se na comunhão. Esse novo conhecimento é que gera a vida.

Chamada a gerar vidas novas

Fica evidente assim que toda mulher é chamada a dar à luz os seres humanos, seus irmãos. Se a colaboração do homem está na parceria com Deus para fecundar e gerar toda a humanidade, a cooperação da mulher está no cuidado e na manutenção da vida gerada. Se hoje temos fome e sede de uma humanidade renovada na sua essência, que aparece desordenada pela falta de amor, a mulher é convidada a ser essa ministra do cuidado, da beleza da maternidade que gera vida nova.




Milena Carbonari

Palestrante em empresas, escolas e comunidades, a psicóloga Milena Carbonari é pós-graduanda em Educação e Terapia Sexual e terapeuta de EMDR (tratamento de traumas e fobias). Contato: psicologa@milenacarbonari.com. br

5 de maio de 2021

Jesus Cristo é o nosso melhor exemplo de humildade


Israel, na sua história feita de longos exílios, frequentemente fazia a experiência de total impotência diante de acontecimentos que nenhuma força humana poderia ter mudado. E, assim, adquiria a humildade, ou seja, uma atitude de total dependência e plena confiança em Deus. E, justamente na sua condição de povo humilde e pobre, muitas vezes, Israel encontrava refúgio e acolhida somente n'Aquele que havia feito uma eterna aliança com o seu povo.

Além disso, na perspectiva messiânica, o esperado é um rei humilde que entra em Sião cavalgando um jumentinho, porque o Deus de Israel é, sobretudo, o "Deus dos humildes". Uma vez que todas as expectativas se cumpriram em Jesus, é da sua vida e dos seus ensinamentos que poderemos colher a verdadeira humildade, aquela que torna a nossa oração agradável ao Senhor. "A prece dos humildes atravessa as nuvens" (Eclo 35,17).

Jesus Cristo é o nosso melhor exemplo de humildade

Foto Ilustrativa: PeteWill by Getty Images

A vida de Jesus é uma perfeita lição de humildade

A vida de Jesus é uma perfeita lição de humildade. Ele, embora sendo Deus, primeiro se fez homem no seio da Virgem Maria, depois se fez pão na Eucaristia e, enfim, se fez "nada" sobre a Cruz. Ele dissera: "Sede meus discípulos, porque sou manso e humilde de coração" (Mt 11,29)e, depois, no lava-pés, ele que era o Mestre, se abaixou para fazer o mais humilde dos serviços, também, propôs como modelo as crianças e entrou em Jerusalém montado num jumento. E, no final, se deixou crucificar, anulando-se no corpo e na alma, para conquistar-nos o Paraíso.

Ele não fazia outra coisa senão revelar-nos o seu relacionamento com o Pai; revelar o modo de amar da Trindade que é um mútuo "fazer-se nada" por amor; revelar uma eterna doação de um ao outro. Jesus derrama sobre a humanidade o amor trinitário que alcança o seu auge, justamente, no ato de doar-se de maneira completa na Sua Paixão e Morte na Cruz. Deus mostra, assim, a sua potência na fraqueza. O seu amor é daqueles que elevam o mundo porque se põe no último lugar, no degrau mais ínfimo da criação.

É realmente humilde quem, seguindo o exemplo de Jesus, sabe fazer-se nada por amor aos outros; quem se coloca diante de Deus numa atitude de completa disponibilidade à Sua vontade; quem está vazio de si mesmo a ponto de deixar que seja Jesus a vivê-lo. E, então, a sua oração será atendida, porque, quando pronunciar a palavra "Abbá-Pai", não é mais ele mesmo quem reza e sua oração obtém aquilo que pede, pois essa palavra foi colocada em seus lábios pelo Espírito Santo.

A prece dos humildes atravessa as nuvens (Eclo 35,17)

O ponto culminante da vida de Jesus foi o momento em que Ele "dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas Àquele que tinha poder de salvá-Lo da morte. E foi atendido, por causa de Sua entrega a Deus" (Hb 5,7-8), ou seja, por causa da Sua oração inspirada na total obediência à vontade do Pai, devido ao seu pleno abandono n'Ele.


Eis a oração que atravessa as nuvens e atinge o coração de Deus: a prece de um filho que se levanta da sua miséria para lançar-se confiante nos braços do Pai.

Chiara Lubich – Fundadora do Movimento Focolares


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/jesus-cristo-e-o-nosso-melhor-exemplo-de-humildade/

3 de maio de 2021

O que realmente significa ser um profeta?


"Eu te consagrei; eu faço de ti um profeta para as nações" (Jr 1,5b).

O próprio Deus é quem nos chama a sermos profetas. O chamado é divino, mas a resposta é humana. Deus nos confia a missão de profetizarmos às nações, mas também nos dá a liberdade de aceitarmos ou não esse chamado. Se o aceitarmos, e deveríamos aceitá-lo, precisamos entender o que realmente significa ser um profeta.

O que realmente significa ser um profeta?

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Muitos acreditam que profecia é uma espécie de enigma e que profeta é aquele que adivinha as coisas

Infelizmente, a maioria das pessoas, tem uma imagem deturpada do que realmente é a profecia e, consequentemente, do sujeito que a transmite. Muitos acreditam que profecia é uma espécie de enigma; que profeta é aquele que adivinha as coisas, que tem visões sobre o futuro, algo parecido com cartomantes, videntes e outros que dizem por aí que descobrem coisas relacionadas ao futuro. O profeta e a verdadeira profecia não são nada disso.

Há um tempo, apareceu até novela para confundir ainda mais a cabeça das pessoas. A trama mostrava uma pessoa com um "dom especial" que, na verdade, a transforma num desses adivinhos, uma pessoa que tem visões de fatos que ainda irão acontecer.

Aí temos dois problemas principais: o primeiro é que, dessa maneira, só os que nascem com esse tal "dom especial" é que podem profetizar, e isso contradiz o que a Igreja nos ensina quando nos instrui que todos nós, batizados, participamos do múnus (da função) profético de Cristo, através do qual devemos evangelizar pela vida e também pela palavra. No batismo, Deus mesmo nos faz profetas.

Profecia não é adivinhação

O outro problema é a respeito do conteúdo da profecia. Profecia não é adivinhação, e sim uma forma de se educar para o futuro, de descobrir caminhos para o futuro. Isso é tão verdade que os profetas são, antes de tudo, intérpretes da história do povo. A profecia acaba sendo uma releitura da vida do povo. O profeta parte do presente, volta ao passado, a fim de projetar o futuro.

Exemplo disso são os livros proféticos da Bíblia que nos mostram os profetas nas várias situações de dificuldade enfrentadas pelo povo de Deus. Esses profetas sempre faziam referências ao passado, especialmente ao evento da libertação do povo, ao Êxodo, para que, a partir dali, fizessem essa releitura da história, analisassem o momento presente e educassem o povo rumo ao futuro desejado por Deus.


Faça a experiência. Quando estiver num momento de crise, faça um retrospecto da sua história desde o momento que você considere fundamental para sua vida. Faça a releitura desse momento até a atualidade (momento de crise), e você conseguirá perceber muitos dos motivos que geraram as dificuldades do presente, além disso, conseguirá vislumbrar alguma direção por onde seguir.

São estas as duas coisas que precisamos entender: primeiro, profecia não é para meia dúzia de pessoas consideradas especiais, pois, no batismo, Deus nos consagrou e fez de nós profetas. Segundo: A profecia não é uma adivinhação, e sim inspiração de Deus que, nos momentos difíceis, nos ensina a relermos a história e, dessa maneira, projetar o futuro.

Que cada um de nós assuma a missão profética e ajudemos mutuamente a descobrirmos os caminhos que Deus deseja para o nosso futuro, para a nossa felicidade.

Artigo extraído do livro "A experiência de ouvir e transmitir a voz de Deus" de Denis Duarte.



Denis Duarte

Denis Duarte especialista em Bíblia e Cientista da Religião. Professor universitário, pesquisador e escritor. Autor de livros publicados pela Editora Canção Nova.

Site: www.denisduarte.com
Instagram: @denisduarte_com
Facebook: facebook/aprofundamento


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/o-que-realmente-significa-ser-um-profeta/