A primeira parte do título acima é uma daquelas frases prontas. Um clichê falado e escrito por muita gente em toda virada de ano. Contudo, expressa um desejo de que essa vida nova aconteça, de fato, a partir da mudança de calendário.
Diante da pandemia que o mundo ainda enfrenta, muitos dizem que 2020 foi um ano para ser esquecido. Mas não seria melhor, neste início de ano, ver o ano passado como uma grande oportunidade de revisão de vida e, a partir de agora, estabelecer novas metas e planos para 2021?
Vejamos agora um passo a passo prático para a nossa retrospectiva pessoal:
- Como enfrentei, interiormente, um ano de 2020 tão inesperado? Dei lugar ao medo ou à esperança?
- Tive os devidos cuidados de saúde física comigo, com o outro, minha família e sociedade?
- Fui responsável e empenhado(a) com minhas responsabilidades de trabalho, com os filhos, casa, atividades na Igreja, apesar de todas as adaptações?
- Como organizei meu tempo? Priorizei o que era essencial? Vida de oração, família, leitura, menos tempo no celular etc.
- Mantive minha relação com Deus, na confiança de que Sua Providência rege todos os acontecimentos da história mundial e pessoal?
Que tal um retiro para iniciar o ano?
Pronto! Já temos aí um pequeno roteiro de revisão de vida. Que tal pegarmos estes questionamentos (e outros mais que desejar) para realizar um retiro neste começo de 2021? Sempre é fundamental pararmos, silenciarmos e rezarmos a fim de ouvir de Deus o que ele tem para nós e qual deve ser a nossa parte.
Um pensamento que pode nos encher de ânimo, esperança e disposição vem de Santo Inácio de Loyola: "Ore como se tudo dependesse de Deus e trabalhe se como tudo dependesse de si". Ou seja, vamos arregaçar as mangas para realizar o que a nós compete, contando com a graça e o dom de Deus que nos precedem.
Analisamos o que ficou para trás e nos projetamos para o que há de vir. A partir dessa sugestão de realizar um retiro no início de 2021, podemos estabelecer ainda as nossas metas e planos pessoais. Eis algumas dicas:
- Ainda há incertezas diante do contexto atual. Porém, como posso me planejar e me lançar ao novo?
- Estabelecer metas factíveis e irrealizáveis. Ficar só nos planos das ideias não vai adiantar.
- Lerei mais livros? (Re)começarei atividade física ou algum outro empreendimento?
- Preciso investir e cuidar mais da minha saúde, lado profissional e familiar?
- O que Deus me pede? Necessito perdoar alguém e buscar mais a conversão? Que pontos concretos podem ser transformados em mim?
- O que desejo consagrar a Virgem Maria e, em especial, ao seu esposo, neste Ano de São José?
- Quero cultivar mais a minha relação com Deus? Alimentar a fé e a esperança pode transformar e contribuir consideravelmente em todas as áreas da vida.
Renovação!
Uma inspiração que me acompanhou, desde o início da pandemia, quando as atividades foram encerradas, igrejas fechadas e o mundo se viu no "novo normal", foi de que a humanidade estava toda dentro do sepulcro de Cristo. Ele morreu na Cruz, desceu à mansão dos mortos e, na liturgia do Tríduo Pascal, da Sexta-feira Santa até a Vigília Pascal, no Sábado Santo, não há Missa, adoração ao Santíssimo e os sacrários ficam sem a hóstia consagrada. Um dia de silêncio profundo pela morte de Jesus. Céus e terra aguardam o terceiro dia, quando o Cristo Ressuscitado vence a morte e traz a vida nova!
Portanto, não é só um jargão: "ano novo, vida nova". Estamos todos também, na atualidade, no silêncio, no "confinamento", na interiorização, esperando que morram as atitudes velhas e o medo para, na verdade, tudo isso dar lugar à Ressurreição, à vida nova trazida pelo Cristo Jesus!
Ele não permaneceu na Cruz. Todo sofrimento passou. Tudo passa também em nossas vidas, momentos tristes e alegres. O que não passa e não podemos deixar passar é Deus como o Senhor de nossas vidas, como centro de tudo!
Se não nos afastamos dessa essência, o "ano novo, vida nova" não será mais um clichê, mas a grande certeza de nossa existência e a confiança do Senhor que intervém em nossa história, não importa o tempo, o lugar nem as circunstâncias. Ele é mestre do novo, da novidade, da renovação!
Gracielle Reis
Missionária da Comunidade Canção Nova, carioca, jornalista pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e bacharel em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Gracielle já atuou em coberturas jornalísticas nacionais e internacionais, especialmente na Terra Santa. A jornalista tem experiência em rádio, TV e plataformas digitais, além de projetos de evangelização nacionais para a juventude. Atualmente, é jornalista da TV Canção Nova de Portugal. No país luso, lançou-se em novas atividades, como instrutora do Billings Portugal e consultora de coloração pessoal.
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