É impossível que haja alguém que nunca sofreu na vida. Não importam o tipo e o grau do sofrimento: todos nós já sofremos por algo ou alguém. Não existe um ser humano que não tenha passado ou não irá passar por um momento difícil em sua vida, mas sempre que este dia chega, caímos em nossos questionamentos: "Mas por que estou vivendo isso?"; "Por que existe o sofrimento?", ou ainda, "Por que sofro tanto?".
A princípio, não há uma resposta que possa responder superficialmente a essa situação, tampouco existem explicações e soluções mágicas para isso, como o mundo imediatista nos propõe. Somente olhando para Jesus encontramos o sentido do sofrimento humano. Só o calvário nos revela algo de concreto.
Olhando para Jesus encontramos o sentido do sofrimento humano
Jesus sofreu ao receber a notícia da morte de seu amigo Lázaro; e sofre ao ver que o Seu povo anda como ovelhas sem pastor. O Senhor sofre ao contemplar Jerusalém que não queria escutar os profetas, que lhe eram enviados, assim como sofrera ao contemplar o calvário que Lhe esperava e o peso dos pecados que iria carregar, e mesmo assim decidiu – por amor – subir a montanha do sofrimento. Na Paixão de Cristo, encontramos também a paixão (sofrimento) do homem de todos os tempos. E a montanha do calvário, (antes o lugar de morte) é para o cristão – lugar de encontro com a misericórdia.
O Cristianismo é a religião aparentemente do "absurdo", porque Deus resolveu visitar e salvar o Seu povo através do sofrimento, e é na cruz que temos a prova de que Deus precisou sofrer até a morte, para nos mostrar que o sofrimento é uma via maravilhosa de encontro com Ele. Encontramos em Jesus não somente o Homem dos sofrimentos (Is 53, 3-7), mas o Homem que venceu o sofrimento (Mt 11, 18; Ap 21, 4), e o Homem que declara bem-aventurado todo aquele que sofre e é perseguido (Mt 5, 11; Lc 6, 21).
Experimentando o calvário
Quem disse que sofrimento é motivo para desânimo? A Palavra de Deus nos mostra o exemplo de Cristo: "Em vez de gozo que lhe oferecera, Ele suportou a Cruz e está sentado à direita do trono de Deus. Considerai Aquele que sofreu tantas contrariedade dos pecadores e não vos deixeis abater pelo desânimo" (Heb 12, 2-3).
Quem disse que Jesus está indiferente ao seu sofrimento? A Palavra também nos revela a compaixão de Cristo por nós: "De fato, por Ele mesmo ter suportado tribulações, está em condições de vir em auxilio dos que são atribulados" (Heb 2,18). Em outras palavras, Jesus sofreu muito mais do que você sofreu, por esta razão, sabe o que sente e do que precisa.
Ele venceu o maior de todos os sofrimentos: a morte
Não desperdice seu sofrimento, não jogue fora suas lágrimas. Se Deus escolheu a Cruz de Cristo como ponte de salvação entre Ele e o homem, por qual motivo queremos lançá-la fora? Por que não carregá-la com alegria? Muitos querem fazer a experiência com Cristo, mas poucos querem fazer experiência com o Crucificado.
Não sei qual é o seu sofrimento; só sei que sem ele você não contemplará a aurora de um novo dia. As suas lágrimas não podem impedi-lo de ver o sol que nasce todos os dias. E para nós, que cremos, esse sol é novo, pois faz parte de uma nova criação, inaugurada pela Ressurreição do Filho de Deus, que venceu o maior de todos os sofrimentos: a morte.
Só existe Ressurreição porque um Homem "que se esvaziou de Sua condição divina" decidiu subir a montanha do calvário. Somente os grandes homens sobem as montanhas da vida.
E você? Quer fazer a experiência de subir a montanha do calvário? Se a resposta for sim, seja bem-vindo ao encontro com Cristo. Porém, se sua resposta for negativa, por favor, não vá ao sepulcro, pois a pedra ainda não foi removida. Lembre-se de que o sepulcro só está vazio porque o calvário também o está.
Daniel Machado
Daniel Machado de Assis, natural de São Bernardo do Campo-SP, é membro da Canção Nova desde 2002. Psicólogo formado pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo, também estudou filosofia pelo Instituto Canção Nova. Atualmente é coordenador do Núcleo de Psicologia Canção Nova que tem por objetivo assessorar e auxiliar a formação dos membros desta instituição.
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