Os santos da nossa Igreja foram homens e mulheres que nunca desistiram da vontade de Deus e, por isso, tiveram de passar muitas vezes por grandes desafios ao longo de suas vidas. Seguir Jesus é, muitas vezes, passar pela via crucis, é carregar a cruz a cada dia com paciência e sem esmorecer; mas é carregar a cruz com confiança e olhando sempre para Jesus que é nosso grande modelo. A vida dos santos nos evangeliza, nos dá esperança, pois vemos que eles foram gente como nós, mas que se deixaram transformar pela graça de Cristo e, com isso, se tornaram pessoas melhores para eles mesmos e para a sociedade.
Recordo-me da grande apóstola do Sagrado Coração de Jesus, a Beata Italiana Madre Clélia Merlone, que, diante de tantas injustiças, decepções, falsos testemunhos levantados ao seu respeito, suportou tudo em silêncio, sem reclamar, mas, ao mesmo tempo, confiando em Deus, e sabia que no devido tempo o Senhor seria sua justiça. Madre Clélia soube, diante de toda dor, esperar em Deus.
E nós sabemos esperar em Deus? Diante das injustiças da vida, sabemos esperar e confiar em Deus? Clélia, mesmo diante da dor, não perdeu tempo, não parou na sua dor, não permitiu que tudo aquilo que fizeram com ela a tornasse amarga, triste, mas, ao contrário, no coração de Clélia vivia Jesus, no coração dela estava o Sagrado Coração que a fortalecia em sua caminhada, não parava, dava catequese para as crianças, ajudava na paróquia. E, anos depois, a verdade apareceu, viram a grande injustiça que fizeram com essa mulher que só fez o bem. Madre Clélia foi experimentada na vida, foi forjada no sofrimento. Porém, soube transformar as amarguras que lhe davam em pérolas a Jesus e em caridade para com o próximo.
Outro grande testemunho é a vida simples e extraordinária da Beata Ana Maria Taigi, uma simples esposa, mãe e dona de casa, que, no dia a dia como mulher simples, soube viver o evangelho com sua família. Suportou com paciência e com amor os quarenta e nove anos de vida matrimonial com Domingos Taigi, um homem extremamente violento e que não era fiel a ela. Nada disso roubava a sua paz, mas, diante dos sofrimentos da vida, a fazia confiar mais em Deus. Quanta coisa essa mulher viveu no silêncio da sua casa, quantas lágrimas não derramou em seus rosários! Mas o Senhor não abandona quem Nele confia.
Como posso experimentar a vida em santidade?
O que leva uma pessoa igual a mim e a você perdoar ao extremo, amar sem limites aqueles que não mereciam amor, dar uma resposta diferente diante de toda dificuldade? Só existe uma explicação: a graça de Deus. As Beatas citadas encontravam forças em Deus para vencer a todo obstáculo. Ser santo não é viver de espetáculos, não é curar o mundo. Ser santo é mudar a si mesmo, é viver o amor e o perdão de forma extraordinária na vida. Vemos as imagens dos santos lindos em nossos altares, em nossas Igrejas, mas só Deus sabe o que eles viveram para chegarem ali, foram provados na vida. A Palavra de diz: "Quem perseverar até o fim esse será salvo".
A verdadeira santidade se dá no dia a dia na sua casa, sem ninguém ver, sem ser notado, fazendo tudo por amor, suportando tudo pela glória de Deus, mas, acima de tudo, tendo o coração unido ao coração de Deus. E, diante de cada realidade que aparecer a você, se perguntar: "O que faria Jesus no meu lugar? O que diria Jesus estando ele no meu lugar? Como Jesus reagiria diante desta situação ou diante desta determinada pessoa?".
A santidade tem o poder de transformação
Não creio numa santidade que não te faça mais gente, mais misericordioso, mais terno, mais de oração. Ser santo não é rezar direto ou passar o dia inteiro numa Igreja; ser santo é viver direto em oração no teu coração, tendo teu coração unido a quem tanto te amou na cruz, é colocar amor em tudo que fazes, é ter bondade, é ter gestos de carinho, principalmente com aquelas pessoas mais difíceis. É saber que nada escapa do olhar de Deus e ter sempre a certeza de ele te vê, nada que sofre ou que vive é indiferente a Ele.
A pessoa que luta pela vida de santidade não se preocupa com fama, não faz nada para ser aplaudido ou visto; suporta tudo por amor, passa pela provação com alegria e lágrimas, mas confiando sempre "No amanhã de Deus". Ensina-nos tão bem o grande e pequeno São Rafael Barón Arnaiz: "Quero ser santo, diante de Deus, e não dos homens; uma santidade que se desenvolva no coro, no trabalho, sobretudo, no silêncio; uma santidade conhecida somente de Deus e da qual nem mesmo eu me dê conta, pois, então, já não seria verdadeira santidade".
Que a graça de Deus nos auxilie a cada dia e que, em meios às provações e sofrimentos que passamos na vida, esperemos sempre o socorro do Alto. Que a fé seja a nossa fortaleza e alegria sempre!
José Dimas
José Dimas da Silva é seminarista e candidato às Ordens Sacras da Comunidade Canção Nova. Natural de Gravatá (PE) e graduando do curso de Filosofia (licenciatura) pela Faculdade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP). Atua na liturgia durante os eventos e é produtor de conteúdo para este canal formativo.