Quando estamos distantes de alguém ou de algum objeto, geralmente pedimos para alguém chamar a pessoa ou alcançar o objeto para nós, isso quando não vamos nós mesmos ao seu encontro. Na história da salvação, podemos dizer que, mesmo estando o homem distante de Deus (cf. Gn 3), Este sempre o alcançava por meio dos profetas, até que o Senhor, pessoalmente, veio ao seu encontro e revelou Seu amor de Pai.
Em Romanos 8,15, Paulo mostra que nossa relação com Deus não pode ser de escravidão, mas de filhos, porque recebemos o espírito de Aba Pai. Podemos contemplar o amor dos pais para com Seus filhos, e percebemos até mesmo o sacrifício de amor que muitos deles fazem para seus filhos e para que a família tenha harmonia. É belo, mas se comparado ao amor de Deus, torna-se pequeno. O Catecismo da Igreja Católica afirma que "a linguagem da fé se inspira, assim, na experiência humana dos pais (genitores), que são, de certo modo, os primeiros representantes de Deus para o homem. Essa experiência humana, no entanto, ensina também que os pais humanos são falíveis e podem desfigurar o rosto da paternidade e da maternidade. Convém, então, lembrar que Deus transcende a distinção humana dos sexos. Ele não é nem homem nem mulher, é Deus. Transcende também a paternidade e a maternidade humanas, embora seja a sua origem e a medida: ninguém é pai como Deus o é." (239)
O amor de Deus
Embora supere, podemos pensar para compreendermos que o amor de Deus é paterno e materno. Significa que seu amor paterno nos dá segurança, proteção e nos coloca numa atitude de superação. Já seu amor materno é carinhoso, acolhedor, e sabemos que jamais nos abandona apesar dos nossos erros. Ele sabe a medida certa para cada um de nós, porque Ele é amor e nos precede. Em 1 Jo 4,10, encontramos: "Nisso consiste o amor: não fomos nós que amamos Deus, mas é Ele que nos amou."
O rosto desse Deus, que é Pai das misericórdias, é Jesus. Ele é a voz inteira da Escritura quando diz: o Pai vos ama! (Jo 16,27). Ele veio para salvar o homem do pecado, mas, sobretudo, para revelar o Pai. Santo Afonso Maria de Ligório diz que Cristo podia nos redimir sem passar pela cruz. Por que o fez? Para mostrar seu amor: Amou-nos e se entregou por nós. Ele diz que Cristo não via a hora de dar a última prova do seu amor, morrendo na cruz, consumido de dores. Se olharmos para o filme Paixão de Cristo, podemos perceber a determinação na doação de Jesus. Ele é a manifestação do amor do Pai.
Volte para perto do Senhor
Sendo assim, independentemente dos nossos pecados, o Pai nos alcança; e se temos a coragem de abrir as páginas, Seu amor escreve uma nova história em nossa vida. Quem ama deseja estar perto, e o Pai deseja ser próximo do homem, morar no seu coração. Ele não poupa esforços para nos mostrar Seu amor (Rom 8, 32). Por isso, mesmo como filhos pródigos, se arrependidos, podemos voltar para casa, porque somos alcançados pelo Pai.
Ricardo Cordeiro
Ricardo é membro da Comunidade Canção Nova. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP). Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, Taubaté (SP) e pós-graduando em Bioética pela Faculdade Canção Nova.