"O amor sofre por muito tempo e é gentil; o amor não inveja; o amor não se desfila, não é inflado; não se comporta de maneira grosseira, não busca o seu próprio prazer, não é birrento, não pensa mal; não se regozija na iniquidade, mas se alegra na verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O Amor nunca falha."
Imagine dois amigos que têm uma briga ou discordância. O bom relacionamento que eles tinham agora está tenso ao ponto de chegar bem perto de um rompimento. Eles pararam de falar um com o outro, além da comunicação estar muito diferente. Os amigos, gradualmente, tornam-se como estranhos um ao outro. Essa separação só pode ser revertida por uma reconciliação. Reconciliar é restaurar a afeição ou harmonia. Quando velhos amigos resolvem suas diferenças e restauram seu relacionamento, a reconciliação ocorre.
A reconciliação é uma das verdades mais importantes do Cristianismo
Em primeiro lugar, o autor da reconciliação é o próprio Deus: "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por intermédio de Jesus Cristo" (2Cor 5,18-19). Na história sagrada vemos a beleza do ofendido que busca o ofensor. Já que Deus é santo, a responsabilidade é toda nossa. Nosso pecado nos separa de Deus.
Romanos 5,10 diz que éramos inimigos de Deus: "Porque, se nós, quando inimigos fomos reconciliados com Deus mediante a morte do Seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida". O homem rejeitou a Deus, e esse Deus busca por aquele homem rebelde para reconciliar-se com ele. "Deus nunca se cansa de perdoar" (Papa Francisco). A reconciliação é o colocar-se diante de relacionamentos quebrados, para deixar brotar amabilidades sinceras.
Onde não há reconciliação sangra-se como tinta na chuva; flores murchas incolores em nossas cinzas. A reconciliação precisa ser incansável. Ela é possível e, quando bem vivenciada, traz alegria, cura e um senso de pertença renovado. Reconstruir relacionamentos requer um trabalho emocional e disposição de cada pessoa envolvida. Muitas vezes, restabelecer relacionamentos com membros da família pode parecer uma tarefa impossível. A dor é muito grande! O outro não se desculpou! No entanto, as pessoas ficam surpresas quando o caminho para a cura leva a novos começos. Só curvando-se ao Deus da graça e do consolo vestimos de salvação a nossa alma ferida e plantamos, com beleza, confiança e caridade, os jardins férteis da reconciliação. "A reconciliação sempre traz uma primavera para a alma" (Irmão Roger). Dar um pedaço de si para os outros, como Deus deu seu único Filho ao mundo, é a razão para este tempo. Permita-se ser aquele que reflete verdadeiramente o coração de Deus na família e no mundo. Esta é a hora de começar! Quando expulsamos o remorso, grande é a doçura que flui no peito.
Quais são os frutos da reconciliação?
A reconciliação é uma decisão que se toma no coração e traz os frutos do arrependimento, os quais são muito doces. Reconhecer erros e libertar toda a tensão, raiva; todas as lágrimas. Não há razão para que essas lágrimas sejam mantidas. Reabrir os braços e dar as boas-vindas a todos os que haviam despovoado o coração. Deus "nos deu o ministério da reconciliação" (5,18). Deu-nos a diakonia da reconciliação!
Resgatar. Restaurar. Recuperar. Retornar. Renovar. Ressuscitar. Cada uma dessas palavras começa com o prefixo "RE", que significa retornar a uma condição original que foi arruinada ou perdida. Deus sempre nos vê à luz do que Ele pretendia que fôssemos e sempre busca nos restaurar para esse desígnio. Seus braços nos abraçam, Sua alegria enche nosso coração. Com Ele, ao nosso lado, sentimos as peças quebradas começarem a realinharem-se.
O ministério da reconciliação já começou e estamos envolvidos nisso. Isso é extraordinariamente boas notícias, porque, significa que, mesmo em meio aos sofrimentos presentes, podemos confiar que o poder reconciliador de Deus prevalecerá. Podemos respirar novamente.
Reconcilie-se
Agora é o tempo bem aceitável; agora é o dia da salvação. Graças a Deus!
"A reconciliação é a beleza que dá paz à vida. O ritmo suave da água enquanto escorre pelas pedras. O intenso brilho do sol a cintilar na terra. As nuvens que dançam e flutuam no ar. A reconciliação é eterna e pura. O vento que sussurra pelas folhas. Canção do pássaro que preenche espaços. Enche os corações. A canção de ninar que traz a alegria da criança. A reconciliação é inocente e preciosa. A reconciliação é notável e atemporal. O último fragmento de esperança pela paz. A Reconciliação verdadeira é a beleza que dá paz à vida."
Padre Rodrigo Natal
Sacerdote da Diocese de Taubaté e pós-graduado em Comunicação
Trecho extraído do livro "Reconciliação: Um caminho de amor e perdão"