Já pensou se vivêssemos, neste mundo, sem poder tocar, enxergar, cheirar ou sentir? Já pensou se quiséssemos cheirar uma flor ou abraçar alguém e não pudéssemos? O mundo virtual nos aproximou de quem está longe, deu-nos maior possibilidade de conhecimento, mas, toda hora, esse mundo, que nos aproxima do longínquo, tem a capacidade de nos roubar quem está perto, rouba-nos a capacidade de sorrir para o outro, de olhá-lo, percebê- lo e, mais que isso, rouba-nos a possibilidade de encontrá-lo. Quanta indiferença e quanta falta de posse de si mesmo! Quantos quilômetros caminhamos neste mundo sem, de fato, habitá-lo! Aqui está uma das maiores dores do mundo virtual: sensação de estar em todos os lugares, menos naquele que, de fato, estamos!
"Os meios de comunicação digitais podem expor ao risco de dependência, isolamento e perda progressiva de contato com a realidade concreta, dificultando o desenvolvimento de relações interpessoais autênticas." ( Christus Vivit 88).
O mundo virtual nos trouxe inúmeros benefícios, mas será que ele só tem lado bom?
O virtual nos trouxe tantas riquezas, mas toda hora ele nos rouba de alguém, de enxergar e tocar nesse Deus que se manifesta em tudo e em todos.
Papa Francisco, na sua encíclica Christus Vivit diz: 90. A imersão no mundo virtual favoreceu uma espécie de «migração digital», isto é, um distanciamento da família, dos valores culturais e religiosos, que leva muitas pessoas para um mundo de solidão e autoinvenção, chegando a ponto de sentir a falta de raízes, embora fisicamente permaneçam no mesmo lugar. A vida nova e transbordante dos jovens, que impele a buscar a afirmação da própria personalidade, enfrenta, atualmente, um novo desafio: interagir com um mundo real e virtual no qual se entra sozinho como num continente desconhecido.
De que vale, então, tudo alcançar e se perder? De que vale ficar próximo de quem está distante e distante de quem está próximo? De que vale enxergar beleza do outro lado do continente se os olhos estão fechados para quem está do lado?
O mundo virtual nos enriquece, forma-nos, mas ele deve ser um meio e não um fim. Devemos, toda hora, educarmo-nos para não vivermos presos a um celular, a uma TV. Os meios não podem nos roubar do fim último: encontrar o outro e ser testemunha da vida nova dada por Cristo. Usemos os meios, mas não sejamos usados por eles. Usemos os meios, mas não paremos neles.
Brigite Cortez
Brigite Cortez, natural de Portugal, é missionária na Comunidade Canção Nova onde atua no setor de Eventos.
Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/tecnologia/existem-maleficios-na-vida-virtual/
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