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29 de abril de 2019

A importância da educação moral

Os processos educativos são decisivos nos rumos e conquistas de uma sociedade. Essa é uma convicção incontestável que deve incentivar o compromisso de todos com o ensino. Cuidar da educação é tarefa da família, particularmente das instituições educacionais, mas também dos clubes recreativos, empresas, institutos, prefeituras, igrejas, meios de comunicação e até dos organizadores de uma simples festa popular, realizada na rua de um bairro.

A condição determinante dos processos educativos é uma compreensão que deve ser assumida em sentido de alerta, permanentemente, motivando avaliações constantes em todas as instâncias. Assim, são desenvolvidas dinâmicas que qualificam pessoas e os diferentes segmentos da sociedade. Uma preparação necessária para exercícios profissionais e cidadãos com resultados mais efetivos, que são sustentáculos da justiça e da paz.

A importância da educação moral

Foto Ilustrativa: Creative – Touch by Getty Images

Na sociedade, nas instituições e instâncias todas, é verdade que os processos educativos em curso estão atendendo necessidades e criando novas condições. Considerando a conjuntura econômica atual na sociedade brasileira, as oportunidades de avanços e desenvolvimentos, não se pode deixar escapar esse horizonte promissor. Em qualquer tempo, para cada um e para o conjunto da sociedade também, valha como advertência aquele velho e sábio ditado: "cavalo arreado só passa uma vez".

Oportunidades perdidas trazem atrasos e prejuízos. Muitos são até irreparáveis. É necessário ouvir sempre os analistas e críticos quanto às consequências de descompassos nos processos educacionais, como retrocessos culturais e o alto preço pago por defasagens na infraestrutura.

A edificação da sociedade justa depende da educação moral

Devemos ouvi-los, também, para saber o que se pode ganhar a partir do desenvolvimento da educação, seja no campo econômico, cultural e social. O exercício de escuta é indispensável para que a crítica e o debate de ideias impulsionem posturas e comprometimentos mais adequados.

É exatamente devido à falta desse necessário embate de ideias, do melhor conhecimento e tratamento da realidade que a sociedade brasileira sofre com as carências no conjunto dos seus processos educativos. No Brasil, onde esses processos são qualificados – graças a Deus, neste cenário de déficit, temos exemplos exitosos – o rendimento é notável, metas são alcançadas e passos largos são dados no desenvolvimento e nas conquistas. É preciso avolumar o coro das vozes que estão repetindo a antífona de que é preciso investimento e maior qualificação nos processos educativos. Caso contrário, nossa sociedade não vai acompanhar, nos diferentes âmbitos, a rapidez, a multiplicidade e as exigências próprias desse terceiro milênio.

Formação moral do cidadão

Não se pode continuar a perder por falhas na educação. Nas dinâmicas do cotidiano, são imensuráveis os prejuízos de cidadãos que mantêm uma visão acanhada, pouco proativa, gerando uma espécie de malemolência e falta de ousadia. O resultado é a incompetência para fazer frutificar o que se tem como oportunidade, o que a natureza dá e o que a inteligência pode fazer.


Indispensável caminho para alavancar os processos educacionais na sociedade é o investimento na formação moral de todo cidadão. Nesse sentido, o contexto atual presenteia a sociedade brasileira com uma oportunidade ímpar, para dar saltos qualitativos quanto à moralidade. O que está acontecendo na Corte Suprema deve ser acompanhado e percebido como esperança para superar dinâmicas de impunidade, aperfeiçoar funcionamentos que extirpem a corrupção, nas suas mais intoleráveis situações.

É preciso estar atento para a relação desse e de outros processos com a formação. Um autêntico desenvolvimento só pode ser completo se incluir a educação moral. Por falta da moralidade, multiplicam-se os cenários contrários ao bem e à verdade. A edificação da sociedade justa depende da educação moral.


Dom Walmor Oliveira de Azevedo

O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Atual membro da Congregação para a Doutrina da Fé e da Congregação para as Igrejas Orientais. No Brasil, é bispo referencial para os fiéis católicos de Rito Oriental. http://www.arquidiocesebh.org.br


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/educacao/a-importancia-da-educacao-moral/

28 de abril de 2019

Por que entronizar o quadro de Jesus misericordioso na nossa casa?

Muitos carregam dúvidas sobre manter imagem, quadros e pinturas de santos, pois uma mentalidade equivocada e mal instruída diz que não devemos ter nenhuma imagem, pois Deus proibiu, no Antigo Testamento, que tal realidade acontecesse, pois poderia se tratar de idolatria. Contudo, com a encarnação de Jesus, Deus assume um corpo e uma imagem. Ele se torna visível para o mundo. Quem O vê, vê o Pai. Jesus é o rosto divino do homem e o rosto humano de Deus.

No Concílio de Niceia, a Igreja justificou e afirmou que é válido o culto aos ícones, das imagens de Cristo, dos santos, da Mãe de Deus e dos anjos. Ao encarnar, o Filho de Deus inaugurou uma nova "economia" das imagens (Catecismo da Igreja Católica, 2131).

Por que entronizar o quadro de Jesus misericordioso na nossa casa

Foto Ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com

Ainda confirma o Catecismo: "O culto cristão das imagens não é contrário ao primeiro mandamento, que proíbe os ídolos. Com efeito, 'a honra prestada a uma imagem remonta ao modelo original' e 'quem venera uma imagem venera nela a pessoa representada'. A honra prestada às santas imagens é uma 'veneração respeitosa', e não uma adoração, que só a Deus se deve: 'O culto da religião não se dirige às imagens em si mesmas como realidades, mas as olha sob o seu aspecto próprio de imagens que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não se detém nela, mas se orienta para a realidade de que ela é imagem'" (Catecismo da Igreja Católica, 2131).

Misericórdia

As nossas casas são lugares sagrados, pois é lá onde se iniciam as primeiras etapas da nossa formação cristã. Com os nossos pais, aprendemos as principais orações cristãs, aprendemos o Temor a Deus, e assim somos introduzidos na fé. A família é Igreja doméstica, como chamou o Concílio Vaticano II (Lumen Gentium, 11). Se vivermos bem essa realidade, atrairemos para nossa casa a bênção de Deus. Ali, Ele repousa com a Sua Graça e Misericórdia.

Nas casas cristãs, é muito válido que tenhamos quadros, imagens de santos, o crucifixo, pois estes expressam a nossa fé. São sinais visíveis dela. Como acontece com os cristãos do Oriente, no caso dos ícones, eles falam que não se vê os ícones, mas sim leem os ícones, pois existe uma teologia no que foi pintado. Não é muito o nosso caso da Igreja do Ocidente, mas sabemos que temos diversos sinais e símbolos que expressam e representam a nossa fé. Por exemplo, o crucifixo que mostra o amor de Deus pela humanidade, o sacrifício redentor de Jesus. Também a imagens dos santo e de Nossa Senhora, que nos recordam a intercessão daqueles que já estão diante de Deus, isto é, nossa comunhão com a Igreja triunfante.

Podemos e devemos adorar Jesus Cristo presente no Santíssimo Sacramento, mas também podemos prestar culto ao Senhor pela veneração das imagens que o representam, e uma delas é o quadro de Jesus Misericordioso.


Foi o próprio Jesus que, em 22 de fevereiro de 1931, pediu: "Pinta uma Imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: 'Jesus, eu confio em Vós'. Desejo que essa Imagem seja venerada, primeiramente, na vossa capela e, depois, no mundo inteiro." (Diário de Santa Faustina, 47).

Hoje, podemos contemplar e venerar essa imagem, mas não somente, pois podemos e devemos buscar nos configurar a Cristo Jesus e nos transformar todo em Misericórdia. Ao nos colocarmos em veneração dessa imagem, podemos pedir a Jesus a graça de que nossos olhos, ouvidos, língua, mãos, pés e coração sejam misericordiosos também.

A promessa de Jesus a cerca da imagem é muito grande: "Por meio dessa Imagem concederei muitas graças às almas. Que toda alma tenha, por isso, acesso a ela" (Diário de Santa Faustina, 570)."Feliz aquele que viver à sua sombra, porque não será atingido pelo braço da justiça de Deus" (Diário de Santa Faustina, 299).

Domingo da Festa da Misericórdia

Jesus pediu que, no Domingo da Festa da Misericórdia, o sacerdote se reunisse e abençoasse solenemente a imagem. A imagem de Jesus Misericordioso, segundo o que Ele mesmo disse a Santa Faustina, foi a mesma a forma que ele apareceu ressuscitado aos discípulos que estavam trancados em casa, com medo e com a dúvida se Jesus realmente tinha ressuscitado. Diz-nos o Evangelho de São João: "Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: 'A paz esteja convosco'. Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: 'A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós'. Dito isso, soprou sobre eles e disse-lhes: 'Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos" (Jo 20,19-23).

Do mesmo jeito que Jesus se manifestou aos discípulos, entrando naquela casa, assim Ele quer se manifestar nas nossas casas. Ele apareceu ressuscitado, por isso ressuscitou a fé dos discípulos, levou-os à experiência da paz e a receberam a graça do Espírito. Quando entronizamos o quadro de Jesus Misericordioso na nossa casa, pedimos que a ressurreição dele se manifeste, nas nossas casas, e que Ele sempre possa nos surpreender e assim, pouco a pouco, aumentar nossa confiança n'Ele.

Assista

Padre Uélisson Pereira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/devocao/por-que-entronizar-o-quadro-de-jesus-misericordioso-na-nossa-casa/

26 de abril de 2019

O que o sentimento de solidão pode trazer para a velhice?

Não deixe que o sentimento de solidão e o vazio tomem conta da sua vida

A solidão não é apenas a ausência real de companhia, mas um estado de quem se sente desacompanhado, só. Um sentimento que podemos viver em qualquer fase da vida, mas é muito mais comum na velhice. Viver bem a chegada da vida adulta tardia e, logo após, a velhice, é algo desafiante, pois exige uma estrutura psíquica saudável para vencer o desacelerar da vida.

O ser humano tem grande necessidade de fazer algo! Muitas vezes, ele acredita que só é alguma coisa se fizer algo, mas se esquece de que, antes de fazer qualquer coisa, ele é "alguma coisa"! É o quê? Gente! Não uma produção.

O que o sentimento de solidão pode trazer para a velhice?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

E quando eu me aposentar?

Diante dessa realidade, quando é chegada a hora de se aposentar, bate aquele sentimento de inutilidade, de que não é mais importante. Automaticamente, perde-se grande parte do seu convívio social, pois parte dele é fruto do relacionamento no trabalho. Quando esse fato acontece na vida de uma pessoa, ela começa a olhar ao seu redor. Percebe que tudo continua funcionando de forma acelerada, que seus filhos trabalham e, talvez, já nem morem mais em casa com os pais, que a esposa ou o esposo ainda não se aposentaram, que a vida continua lá fora. Agora, no entanto, algo mudou. Principalmente, dentro do coração. É muito comum, nesse momento, o idoso começar a se sentir só, seja por estar verdadeiramente só, nesta fase de sua vida, apenas em algum momento do dia ou até rodeados de pessoas, mas que não são presenças reais, por viverem seu mundo paralelo.

Estar nesse lugar emocional de "vazio", onde nada mais acontece, conduz o idoso a uma viagem, pois a reflexão de um idoso é intensa. Ele começa a refletir muito mais do que antes, e a vida ganha um valor que, talvez, anteriormente, ela não tivesse. Toda essa reflexão leva a pessoa a uma visita interior, em que ela pode se perder se estiver vivendo um sentimento de vazio. Nessa fase, vive-se com mais frequência o luto, a enfermidade, o isolamento social, a depressão, as limitações físicas e o abandono (seja ele propriamente dito ou emocional).


Sentimentos que se destacam na velhice

Em uma pesquisa sobre a depressão e solidão do idoso, foi possível ler relatos de sentimento de ingratidão, de ausência de prazer para comer sua comida preferida, o sentimento de que sua companhia já não é mais agradável, que as pessoas vivem buscando sua sobrevivência e status, e que ele já não é mais parte desse meio. Falas que, se alimentadas, terão forças em seu interior; e não mais terá o desejo de sair dessa solidão, pois se sente inútil por não fazer nada mais.

Existe, no entanto, uma parcela de idosos que conseguem passar bem por essa etapa da vida. Estes têm plena consciência de que a solidão existe e que pode até viver esse sentimento que leva à morte. Por isso, fogem da solidão! E se ela é um sentimento de vazio, de ausência de interação e convívio, o grande remédio é buscar grupos saudáveis. Relacionar-se com pessoas que vivem esse mesmo momento da vida e viver o que de bom a vida tem. Não ficar preso ao que não posso fazer mais, mas sim o que sou capaz de ser e viver no hoje.

Não viva para fazer, viva para ser!



Aline Rodrigues

Aline Rodrigues é missionária da Comunidade Canção Nova, no modo segundo elo. É psicóloga desde 2005, com especializações na área clínica e empresarial e pós-graduada em Terapia Cognitiva Comportamental. Possui experiência profissional tanto em atendimento clínico, quanto empresarial e docência.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/o-que-o-sentimento-de-solidao-pode-trazer-para-a-velhice/

22 de abril de 2019

A misericórdia é a mensagem do coração de Jesus

Uma devoção que nasceu do Coração de Jesus. Desejada e instituída por Ele, a Festa da Misericórdia, celebrada no primeiro domingo após a Páscoa, tornou-se oficial em 2000, quando João Paulo II a incluiu no calendário litúrgico universal. Muito antes de ser oficializada na Igreja, no entanto, a Misericórdia já era celebrada no coração de uma jovem, que teve sua vida transformada a partir do encontro com Jesus Misericordioso.

Polonesa, de família de camponeses, Faustina entrou para o convento quando tinha 20 anos de idade. Ainda jovem, ela fez a experiência com a bondade de Deus, quando, em um baile, foi surpreendida pela voz de Jesus que a chamava para ser inteira d'Ele.

A misericórdia é a mensagem do coração de Jesus

Foto ilustrativa: cancaonova.com

O próprio Jesus indicou que ela deveria seguir para Cracóvia, onde entrou para o convento Nossa Senhora da Misericórdia. Caminhos traçados pelo Amor de Jesus, que quis manifestar ao mundo a Sua face misericordiosa. "Desejo que todo o mundo conheça a minha Misericórdia" (Diário de Santa Faustina, 687).

No convento, começaram as revelações de Jesus à jovem freira. Logo cedo, o diretor espiritual de Irmã Faustina a pediu que escrevesse tudo em um diário. Entre os muitos diálogos de Jesus com Faustina, um se destaca: Ele aparece a ela com uma mão erguida e a outra mostrando o coração, de onde saiam raios vermelhos e brancos. Dizia: "Pinta uma imagem de acordo com o modelo que vês com a inscrição embaixo: Jesus, eu confio em Vós! Desejo que essa imagem seja venerada, primeiro, na vossa capela, e depois no mundo inteiro".

Devotos da Divina Misericórdia

Tantas outras revelações indicaram a forma de viver a devoção à Divina Misericórdia e apresentaram ao mundo o desejo do Coração de Deus por não perder uma só alma, nem a mais pecadora. O quadro se tornou uma expressão visível do amor insondável de Deus pelo Seu povo. Venerá-Lo está entre as orientações deixadas para viver bem a devoção, mas não é a única.

O terço da Misericórdia, às três horas da tarde, a novena e outras práticas fazem parte da dinâmica de encontro com a bondade de Deus. O ápice da devoção está no primeiro domingo após a grande celebração da Páscoa. O próprio Jesus indicou este dia, e sobre ele explicou como deveria ser celebrado: "Neste dia, estão abertas as entranhas da minha Misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha Misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das penas e culpas."


Novas faces da misericórdia

Na mensagem de Jesus à Santa Faustina, Ele demonstra o desejo de tornar o Seu Amor conhecido. Mas essa face amorosa de Cristo, tantas vezes distorcida pelo mundo, ainda hoje precisa ser descoberta.

Papa Francisco, em inúmeros discursos, homilias e catequeses, traz essa verdade do coração de um Deus que não cansa de perdoar, que está à espera dos filhos.

Alessandro Gissotti, jornalista da Rádio Vaticana, convive, diariamente, com as palavras de Francisco. Ele afirma sempre se impressionar com a sensibilidade do Papa, com a capacidade que ele tem de ver a necessidade do mundo e se compadecer. O jornalista destaca ainda mais aquilo que Francisco comunica não com palavras, mas com seu silêncio. "Os gestos do Papa falam da misericórdia de Deus. Por várias vezes, o veem em silêncio, mas agindo com tanto amor. Ao tocar um doente, beijar uma criança, acolher as pessoas. São gestos que revelam o Amor de Deus", afirmou. E ao mesmo tempo que Francisco apresenta essa face de Deus, pede ao mundo que também seja assim: "Deus usa de tanta misericórdia conosco. Aprendamos também nós, a usar de misericórdia com os outros, especialmente com aqueles que mais sofrem".

Santuário Mundial da Divina Misericórdia Cracóvia, Polônia

A igreja foi construída no mesmo local em que viveu Irmã Faustina. A dedicação do Santuário Mundial foi, em 2002, por João Paulo II. O local tem a imagem de Jesus Misericordioso pintada, em 1944, e o túmulo de Santa Faustina. O Santuário já recebeu a visita também de Bento XVI, e foi visitado pelo Papa Francisco, em 2016, durante a Jornada Mundial da Juventude. Por ano, mais de dois milhões de peregrinos visitam o local.

Igreja Espírito Santo em Sassia, Roma, Itália

Em 1994, a Igreja foi instituída, no pontificado de João Paulo II, como Centro de Espiritualidade da Divina Misericórdia. No dia 23 de abril de 1995, João Paulo II celebrou, pela primeira vez, a Festa da Divina Misericórdia neste Santuário, mesmo antes da sua instituição no calendário. Na ocasião, o Papa abençoou a imagem de Jesus Misericordioso. O local abriga também relíquia de João Paulo II e de Santa Faustina.

Lízia Costa – Jornalista – Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/devocao/misericordia-mensagem-coracao-de-jesus/

17 de abril de 2019

Como era a sociedade no tempo de Jesus?

Jesus de Nazaré, ao assumir a natureza humana, compartilhou com o gênero humano de sua história. Essa foi marcada por aspectos religiosos, políticos e culturais. Assim, o Eterno entra no tempo em um lugar marcado por conflitos e turbulências em níveis religiosos e políticos.

O ambiente escolhido foi a antiga Canaã ou Palestina Romana que, na época, vivia sob a ditadura do Império Romano desde o século I A.C., quando foi invadida pelo general Pompeu. Esse império oprimia a população por meio de inúmeras imposições oriundas de diversos impostos, bem como pela cultura da violência, tornando muitos judeus como escravos e cúmplices de sua corrupção. O império era auxiliado por um exército bem formado, o que aterrorizava ainda mais a população. A sua pior ferramenta não era a espada, e sim a crucifixão.

Assim, no tempo de Jesus, a brutalidade fazia parte da vida cotidiana. Esse foi o lugar geográfico em que nasceu, viveu e morreu Jesus de Nazaré, fazendo-se participante das esperanças e dos sofrimentos do Seu povo.

Durante a maior parte de Sua vida terrena, Jesus viveu sob o domínio do imperador Tibério César (14-37 d.C.). As funções das autoridades locais da Palestina Romana eram distribuídas da seguinte forma: Pôncio Pilatos governava a Judeia; Herodes Antipas era o tetrarca da Galileia; e seu irmão, Filipe, tetrarca da Itureia. Os sumos sacerdotes eram Anás e Caifás.

Como era a sociedade no tempo de Jesus

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

A existência judaica se caracterizava principalmente pela religião. A presença dos grupos político-religiosos divergentes entre si era uma realidade proveniente de conflitos perduráveis entre as autoridades religiosas que compunham a história de Israel.

Quais foram as correntes religiosas?

No tempo dos Macabeus, por volta do ano 152 A.C., surgiram as correntes religiosas que perduraram no tempo de Jesus, inclusive, foi neste contexto em que Ele nasceu.

O que é claro ao nível dos princípios para aqueles que, com Matatias, 'têm o zelo pela Lei e sustentam a Aliança' (1Mc 2,27), é menos claro na prática: a fidelidade à Lei exige o fixismo absoluto? E se se admite uma evolução possível, até onde se pode chegar? Aí é que os grupos vão divergir" (c.f. SAULNIER; ROLLAND, 1983, p. 53).

Tais correntes religiosas atuantes no tempo de Jesus são conhecidas como: Saduceus, Zelotas, Fariseus, Essênios, Herodianos e Movimentos Batistas. Em síntese, caracterizam-se da seguinte forma:

Saduceus – Centrados no Pentateuco, desprezavam os escritos dos profetas. Negavam a ressurreição e apoiavam-se numa retribuição imediata e material. Atuavam também na política;

Zelotas – Conhecidos pela ortodoxia e pelo conservadorismo. Apoiavam-se na Lei e consideravam o Templo como instituição divina. Acreditavam que o extermínio dos ímpios tornava iminente a vinda do Messias;

Fariseus – Julgavam alcançar a salvação do povo judeu por meio da vivência da lei escrita e oral, lei essa que deveria ser aprofundada para lhes proporcionar maior piedade. Foram os piores adversários de Jesus no campo da doutrina;

Essênios – Caracterizavam-se como um grupo que buscava dedicar-se inteiramente a Deus e eram rigorosos às regras de pureza. Para eles a santidade de vida era mais importante dos que os holocaustos. Há indícios de que boa parte vivia em Qumrã;

Herodianos – Eram os partidários da dinastia de Herodes o magno. Estavam atentos a qualquer grupo messiânico que se opusesse ao poder Herodiano;

Movimentos Batistas – Conhecidos como seguidores de João Batista e, também, de Jesus, visto que seus discípulos também batizavam. Compreendiam que a salvação era para todos.


Os Samaritanos não pertenciam ao judaísmo e não constituam uma corrente religiosa, porém, faziam parte da Palestina Romana. Além de observadores da Lei de Moisés representada no Pentateuco, mas não aceitam os demais livros do Antigo Testamento. Não reconhecem Jerusalém como capital religiosa e nem o Templo como o lugar central da religião. Para eles o Messias esperado não é descendente de Davi, o que contribuiu para aumentar ainda mais a tensão entre os judeus.

Neste âmbito político-religioso destaca-se principalmente a corte suprema religiosa de Israel conhecida como Sinédrio, composto pelo sumo sacerdote como presidente e por seus assistentes: os anciãos, os sumo sacerdotes destituídos, os sacerdotes saduceus, os escribas e os fariseus. Tinha como finalidade julgar as transgressões contra a lei, estabelecer a doutrina e controlar a vida religiosa. Esse Sinédrio, com um maior números de participantes, vivia em Jerusalém. Porém, constata-se que nas demais localidades da Palestina existiam pequenos Sinédrios e, entre os seus membros, um juiz.

O Templo de Jerusalém destacava-se como o centro religioso de Israel, reconstruído por Herodes, o magno, inaugurado em 515 A.C., após a volta do exílio dos Israelitas. A sua arquitetura mais sóbria que a de Salomão, estava dividida em compartimentos destinado às funções sagradas e de forma hierárquica.

Na participação das celebrações a divisão das pessoas era conforme as classes: sumo-sacerdote, sacerdotes, levitas, homens, mulheres e pagãos. Em certas ocasiões, especialmente nas festas da Páscoa, de Pentecostes e das Tendas, os judeus de todas as regiões costumavam fazer peregrinações ao Templo, para comemorar os grandes feitos de Deus, libertador do seu povo.

Os evangelhos nos mostram algumas visitas de Jesus ao Templo. Vejamos: Maria e José levam-no ao Templo para apresentá-lo ao Senhor (cf. Lc 2,22); por ocasião da Páscoa, quando Jesus tem doze anos, é reencontrado por seus pais instruindo os doutores da lei (cf. Lc 2,46); Jesus expulsa os vendilhões do Templo, também, por ocasião da Páscoa (cf. Jo 2,13-15); por ocasião da festa das Tendas, pelo meio da Festa, Jesus vai ao Templo e se põe a ensinar (cf. Jo 7,1-14).

Economia

Em nível econômico o Templo era fonte de comércio, visto que vendiam animais para os sacrifícios, objetos de grande valor, além de ser o lugar de cambistas. O sumo sacerdote ficava com a maior parte do lucro. Essa realidade comercial tornou-se um meio de corrupção principalmente para as autoridades máximas de Israel.

Como esses meios nem sempre satisfaziam os apetites do sumo sacerdote e os de sua família, às vezes, ele se servia de outros: apropriava-se pela força das peles dos animais degolados que deveriam pertencer aos outros sacerdotes; ia aos sítios roubar o dízimo que lhes é igualmente destinado. Ou usava a intriga, a chantagem e até o assassinato. (c.f. SAULNIER; ROLLAND 1983, p. 39).

As Sinagogas se destacavam nas cidades da Palestina Romana. Elas foram construídas pelos judeus depois da volta do exílio babilônico, e também tinham a sua importância por se tratar do lugar onde era formada a consciência e a piedade do Israelita.

Em termos da agricultura, o trigo; as figueiras; as oliveiras e as vinhas constituíam a base da alimentação. No que diz respeito ao âmbito industrial, destacavam-se as construções; a fiação e a tecelagem; a indústria do couro; a cerâmica; o betume e o artesanato de luxo.

Jesus traz uma nova proposta para o povo

Foi neste contexto que viveu Jesus de Nazaré, além de iniciar o Seu ministério, apresentando-lhes uma nova proposta de vida fundada no amor pela Verdade. Ao Seu encontro, o Nazareno atraía pessoas de todas as classes sociais e hierárquicas, pois trazia na Sua doutrina o selo da Verdade. Enfrentou constantemente adversidades por parte do judeus, principalmente por meio dos fariseus, e os vencia sempre pela força da Verdade, cunhando assim a separação doutrinal com os seus concidadãos.

De acordo com o filme "A Paixão de Cristo", de Mel Gibson, para as autoridades judaicas daquela época, o novo modo de vida apresentado por Jesus de Nazaré, significava uma grande ameaça. A veracidade desse filme mostra que essa nova forma de aprimorar as leis judaicas (cf. Mt 5,17-18), inflamou os "tidos" como "Doutores da Lei" que, tomados pela inveja, tudo fizeram para lhe oferecer o grau máximo da humilhação oferecido pelos Romanos por meio dos seus algozes: a crucifixão.

Verifica-se, portanto, que Mel Gibson demonstrou a Paixão e Morte de Jesus, também, do ponto de vista histórico. Pois retratou fielmente por meio da violência dos algozes, a cultura do Império Romano que se caracterizava por sua dureza, crueldade, violência e pela instabilidade política e religiosa.

Ainda no citado filme, pode-se constatar que as autoridades judaicas tiraram proveito dessa cultura violenta para causar a morte de Jesus, visto que não conseguiam com as suas maquinações calar a Sua voz e nem destruir Sua doutrina.

Assim, sob a autoridade de Pôncio Pilatos, o pragmático que lavou as mãos diante desse crime por medo de perder o seu alto posto, por meio dos algozes do seu império, depois de dura flagelação e outros tormentos, crucificaram a Jesus de Nazaré.

Portanto, conclui-se que esse foi o julgamento mais infundado e injusto da história humana, visto que Jesus foi o Homem mais inocente que passou pela face da terra. A história nos mostra que a Sua voz ressoa até hoje, e que nem os "gritos" da modernidade conseguem silenciá-la. Assim sendo, Jesus de Nazaré sai do tempo histórico e entra o Cristo.

REFERÊNCIAS

A PAIXÃO de Cristo. Direção: Mel Gibson, Produção: Mel Gibson, Stephen McEveety, Bruce Davey, Enzo Sisti. Roteiro: Mel Gibson, Benedict Fitzgerald,William Fulco. Roma: Cinecittá Studios, 2004. 1 DVD.
SAULNIER, Christiane; ROLLAND, Bernard. A Palestina no tempo de Jesus. Tradução de Pe. José Raimundo Vidigal. 5. ed. São Paulo: Paulus,1983.

Áurea Maria,
Missionária da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/historia/como-era-a-sociedade-no-tempo-de-jesus/

15 de abril de 2019

A decisão é um ato de liberdade

O nosso poder de decisão, a nossa vontade, é uma das nossas faculdades que não foram manchadas pelo inimigo de Deus. Nela podemos nos projetar e alçar, à medida da projeção, um voo lindo em direção à meta. Pode ser que, no meio do voo, falte algum pezinho, ou a asa trombe em algum obstáculo, até mesmo num outro da mesma espécie. Isso para dizer que buscar o Alto dói, requer perdas, e podemos nos machucar. Mas para dizer também que a nossa vontade e a nossa decisão por aquilo outrora traçado é a força que nos levanta e que nos faz dar uma nova partida.

A decisão é um ato de liberdade

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Não tenhamos medo de perder, de ter de deixar ou abandonar, pois acreditamos na bondade do Criador e na capacidade de amor que Ele projeta a nossa meta, como um empresário que aposta tudo no seu empreendimento. O amor de Deus e a presença de Jesus Sacramentado é o que, de fato, nos sustentará na hora do desterro, da solidão. Talvez, você não esteja nem entendendo agora, mas tenho certeza que, daqui a pouco, entenderá.

Sei que, a cada dia, temos de morrer, temos de matar o homem velho para dar lugar ao homem novo, que Cristo forma a todo instante. Nós precisamos deixar Deus nascer em nós todos os dias, em todo Santo Sacrifício, em toda situação, no dia a dia. Para isso não é necessário a mudança da essência de nós mesmos, mas, com humildade, simplicidade e docilidade, deixarmos o Criador Recriar.


Que nós estejamos muito dispostos a deixar vir para fora o homem novo ou a mulher nova que Deus quer nos formar. A nossa vontade unida à vontade de Deus para a santidade do dia a dia é uma BOMBA no inferno!

Lembre-se:
"A sua Liberdade é uma joia preciosa que o Senhor pôs em sua mão. A sua decisão é a consequência imediata de quem entendeu que, para ser verdadeiramente livre, tem de ser verdadeiramente de Deus, do Alto, lá onde Ele mora."


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/a-decisao-e-um-ato-de-liberdade/

12 de abril de 2019

Como viver a Semana Santa?

Iniciamos, no Domingo de Ramos, mais uma Semana Santa com a entrada triunfal de Jesus na cidade de Jerusalém. Aí começa uma nova fase na história do povo de Israel, quando todos se voltam para a cena da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.

A Semana Santa deve ser um tempo de recolhimento, interiorização e abertura do coração e da mente para o Deus da vida. Significa fazer uma parada para reflexão e reconstrução da espiritualidade, essencial para o equilíbrio emocional e a segurança no caminho natural da história de vida com mais objetividade e firmeza.

Como viver a Semana Santa

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Lembramos, na Semana Santa, que as dificuldades não são para nos fazer desistir

As dificuldades encontradas não são fracasso nem caminho sem saída; elas nos levam a firmar a esperança na luta por uma vida sem obstáculos intransponíveis. Foi o que aconteceu com Cristo, no trajeto da Paixão, culminando com Sua morte na cruz. Em todo o caminho, Ele passou por diversos atos de humilhação.

A estrada da cruz foi uma perfeita revelação da identidade de Jesus. Ele teve de enfrentar os atos de infidelidade e rebeldia do povo que estava sendo infiel ao projeto de Deus, inclusive sendo crucificado entre malfeitores. Jesus partilha da mesma sorte e dos mesmos sofrimentos dos assassinos e ladrões de sua época.

Associar ao sofrimento de Cristo

Na Semana Santa, devemos associar ao sofrimento de Cristo o mesmo que acontece com tantas famílias e pessoas violentadas em nosso tempo. Podemos dizer da violência armada, dos trágicos acidentes de trânsito, das doenças que causam morte, do surto da dengue, dos vícios que ceifam muita gente etc.


Jesus foi açoitado, esbofeteado, teve a barba arrancada, foi insultado e cuspido. O detalhe principal é que nenhum sofrimento O fez desistir de Sua missão nem ter atitude de vingança. Ele deixou claro que o perdão é mais forte que a vingança.

Devemos aprender com Ele e olhar a vida de forma positiva, sabendo que seu destino é projetado para a eternidade em Deus.

Dom Paulo M. Peixoto, Arcebispo de Uberaba (MG)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/quaresma/como-viver-a-semana-santa/

10 de abril de 2019

Quanto custa a sua paz interior?

Jesus soube ter paz interior

Hoje, deparei-me com uma passagem bíblica que me pareceu cômica. É a passagem em que Jesus, depois de um tempo fora de sua cidade, volta a Nazaré, onde havia crescido. No sábado, ele ensinou no Templo como de costume, quando as pessoas começaram a duvidar d'Ele, e Jesus soltou: "Um profeta não é admirado em sua pátria". Aquele povo se enfureceu e levou o Senhor ao topo de um monte com a intenção de jogá-Lo dali. O que Jesus fez? Gastou energia com raiva? Ficou maquinando se vingar? Ou preocupado com sua autoimagem? Não! "Jesus, porém, passando no meio deles, continuou seu caminho". Simples assim. De "boaça", na paz interior. Vida que segue!

Quanto custa a sua paz interior?

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Jesus sabia qual era o caminho

Ele não estava caminhando como um andarilho, que não sabe para onde vai, que qualquer caminho serve. Ele sabia muito bem onde queria chegar. Havia inteligência, estratégia nas coisas que Ele fazia. Porém, só havia caminho, porque existia meta. E aqui é o ponto mais importante: quando se tem uma meta, as pequenas distrações do caminho não roubam nossa energia nem nossa atenção! Uma pessoa inteligente escolhe por quais causas vale a pena gastar tempo durante o percurso.

Existem pessoas que são ranzinzas consigo e com os outros, e implicam com tudo, mostram-se obcecadas pela lei, exibem uma perfeição vã, uma santidade vazia e autorreferencial. Tem também aquele tipo que coleciona rancores e chateações, que tudo tem de ser do seu jeito, do contrário, não presta! Tudo isso as torna implicantes, julgadoras, maquinadoras, competitivas e petulantes. São pessoas que tem alto consumo de energia e vitalidade; e tudo o que o outro faz de contrário lhe rouba a paz.

Papa Francisco, na  Exortação Apostólica Gaudete et Esultate, diz que se olharmos os defeitos e limites do outro com ternura e mansidão, sem nos sentirmos superiores, podemos dar-lhes uma mão e ainda evitamos gastar energia em lamentações inúteis. Podemos aplicar esse olhar de misericórdia também sobre nós, com os nossos limites. Quantas vezes precisamos dar a mão a nós mesmo e nos dizer: vamos tentar mais uma vez?

Nada vale a nossa paz

Não podemos parar em todos os obstáculos que aparecem à nossa frente. Ainda que o nosso obstáculo sejamos nós mesmos ou o outro com seu modo diferente de fazer as coisas, seus defeitos, sua inveja, seu falar mal de nós, seu desejo de nos matar. Nada disso vale a nossa paz.

Veja a atitude de Jesus diante de quem queria jogá-lo ribanceira abaixo: "passando no meio deles, continuou seu caminho". Às vezes, só precisamos disso, passar, deixar as coisas para trás, não dar valor ao que não merece, parar com as tempestades em copo d'água, pedir perdão, perdoar e nos concentrar no que vale a pena. Naquilo que definimos como meta de vida.


Gente sem meta só empata

Você tem alguma meta de vida? Sem meta empata a própria vida e a vida dos outros. Na exortação aqui já citada, o Papa diz: "Quais são as duas riquezas que não desaparecem? Seguramente duas: o Senhor e o próximo". Veja que não podemos ser uma riqueza para nós mesmos. Portanto, agora sabemos onde devemos ter a coragem de investir a vida.

Se vivermos assim, nada nos tirará a paz!

Rogéria Nair, missionária da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/quanto-custa-sua-paz-interior/

8 de abril de 2019

Busque a verdade no contato com os outros

Como não negar a nossa verdade nem a verdade do outro?

Você costuma dizer sempre 'sim' quando o solicitam, não por uma preocupação com o outro, mas por não saber como se expressar diante daquela pessoa? Sente-se culpado ou irritado depois disso? Quantas vezes você deixou de expressar suas dificuldades, aumentando a pressão sobre você? A verdade é necessária em qualquer relação humana. No entanto, muitas vezes, temos medo de expor nosso ponto de vista, nossa dificuldade.

Por exemplo, será que é possível ser sincero com pais, companheiros ou filhos, em todas as situações? Será que é possível viver uma relação transparente no nosso ambiente de trabalho, de estudo? Mais do que responder a essas perguntas com um 'sim' ou 'não', viver essa proposta é um desafio que pode ser extremamente edificante para qualquer um de nós.

Busque a verdade no contato com os outros

Foto ilustrativa: by Getty Images: laflor

Postura passiva

Para auxiliar nesse desafio, talvez possamos lançar mão de algumas ferramentas, buscando conhecer nossas dificuldades. Por exemplo, existem situações em que temos dificuldade em contrariar os outros. Aceitamos as imposições, as solicitações dos outros, mas nunca falamos uma parte significativa da verdade, que, nesse caso, se refere àquilo que sentimos, que pensamos. Ignoramos a nós mesmos em função do medo de críticas, de broncas ou por medo de perder o afeto, a admiração, o respeito do outro. Essas são características que definem uma postura passiva.

Uma coisa importante para mudar essa condição é avaliar o que, realmente, valemos: Será que só somos dignos de ser amados se formos perfeitos, se não dermos margem para críticas? Deus tem paciência conosco! Será que, uma vez que temos propósitos firmes, concretos, de buscar viver segundo sua vontade, não podemos também ter paciência conosco e transferir isso para o dia a dia? E a partir daí, não mais nos culpar ou esconder nossas imperfeições, mas lidar com elas de forma clara, transparente, e procurar a correção?

Postura agressiva

Existem outras situações em que apresentamos uma postura agressiva diante de qualquer exigência ou solicitação. Falamos a nossa verdade, aquilo que sentimos ou pensamos, mas desrespeitando o outro, não levando em consideração os sentimentos ou a realidade daquele próximo. Impomos nossa vontade, nossa opinião, nossas necessidades.

Nesse momento, fechamo-nos em nós mesmos, tendo nossa visão de mundo como correta, não ouvimos o outro, e quando fazemos isso, fazemos para desqualificar o que fala ou agredi-lo com seus próprios argumentos. Às vezes, isso acontece por uma certa comodidade, que avança para arrogância, autossuficiência; outras vezes, é apenas uma outra maneira de nos defendermos das críticas. Vale a pena lembrar que não somos obrigados a dar respostas imediatas. Podemos respirar fundo, avaliar o que é dito, encarar a correção (Deus corrige a quem Ele ama), aprender com os mais simples (revelastes aos pequenos, e ocultastes aos sábios).

Postura assertiva

Existe uma terceira forma de agir, que poderíamos chamar de assertiva ou afirmativa. Nessa atitude, não negamos parte nenhuma da verdade: Nem a nossa verdade nem a verdade do outro. Não ignoramos a realidade que vive, mas também não atropelamos aquilo que o outro vive. E mesmo quando essas realidades são incompatíveis, busca-se sempre o acordo; busca-se identificar qual o compromisso viável que cada um dos dois pode firmar para que a relação cresça a partir daquela situação. É a busca por um ponto de equilíbrio.


Se você quiser se observar, a cada situação difícil que enfrentar, pergunte a si mesmo:

– Há alguma forma de falar a verdade?
– Estou respeitando a mim mesmo?
– Estou respeitando ao outro enquanto falo aquilo que é necessário?
– Se calo, faço isso por renúncia, ao invés de fazê-lo por comodidade?
– Estou colocando como prioridade o acordo, a conciliação, o crescimento mútuo, em vez de procurar me autoafirmar, provar que estou certo ou fazer prevalecer minha autoridade?

Se você for capaz de responder 'sim' a todas as perguntas, você está no caminho. Ser assertivo implica buscar viver bem com os outros, falando a verdade, respeitando a sua realidade, suas necessidades, por mais difícil que seja, mas sem jamais perder de vista a necessidade de respeitar o outro. Na maioria das vezes, isso pode ser vivido atento à forma como se fala com o outro. Na entonação de voz, na capacidade de olhar no olho do outro, de olhar para o outro antes de falar algo, na postura. Enfim, é hora de praticar a ternura, a caridade, a compreensão, a bondade, a brandura, a humildade. Vamos viver esse desafio: Por hoje, buscar a forma mais adequada e mais terna de falar a verdade que precisamos dizer.

Cláudia May Philippi – Psicóloga Clínica – CRP 2357/1
Kleuton Izidio Brandão e Silva – Psicólogo Clínico – CRP 6089/1


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/busque-a-verdade-no-contato-com-os-outros/

5 de abril de 2019

A autenticidade e a coerência: armas essenciais na sociedade atual

Autenticidade e coerência são valores que devem marcar o selo de qualidade da conduta cidadã, especialmente neste momento desafiador da história. A ausência desses valores pode explicar a grave crise institucional que tem impactado, negativamente, nos segmentos importantes da sociedade. Situação que exige mudança de rumos e, nesse sentido, reformas nos mais diferentes âmbitos da configuração social e política são necessárias, mas insuficientes. Por si, não possuem a força transformadora capaz de resgatar os tesouros existentes na identidade de cada pessoa – valores indispensáveis para se alcançar o sonho de uma sociedade mais justa e solidária. Sem o devido cuidado com a interioridade humana, permanecerá a lista de prejuízos na esfera governamental, no mundo religioso, na educação, na saúde e no cuidado social.

A autenticidade e a coerência: armas essenciais na sociedade atual

Foto ilustrativa: by Getty Hydromet

As derrocadas, cada vez mais frequentes, sofridas por toda a sociedade, exigem novas atitudes, sob pena de aumentar o enorme precipício que se interpõe nos caminhos da humanidade. Não se trata aqui de fazer terrorismo, mas alertar para os prejuízos em decorrência da falta de comprometimento com a autenticidade e a coerência. Não se pode permitir que esses princípios cedam lugar à inversão de valores, a exemplo da idolatria do dinheiro, que faz crescer a indiferença entre as pessoas e à Casa Comum. É urgente que todos reconheçam: buscar somente o próprio bem-estar, de modo egoísta, submetendo tudo à lógica do dinheiro, impede o êxito dos esforços para se alcançar a verdadeira paz. Uma atitude, comum e patológica, que torna a vida um pesadelo, contribuindo, paradoxalmente, para alimentar as mazelas que vão atingir, cedo ou tarde, os que se percebem seguros no seu bem-estar, ancorados somente no que possuem.

Espelhemos a autenticidade e coerência de Jesus

A necessária correção de rumos exige, assim, a superação do egoísmo e da indiferença. Nesse sentido, um caminho seguro e aberto a todos é acolher a convocação redentora deste tempo da Quaresma, que vem do coração do Mestre e Salvador Jesus: convertei-vos e crede no Evangelho. Quem acolhe esse convite com humildade consegue engajar-se, verdadeiramente, nas suas comunidades familiar, religiosa, governamental e em tantas outras, de modo autêntico e coerente, indo além do simples investimento no acúmulo de ganhos pessoais, das ações fundamentadas nas futilidades e vaidades.

Acolher, no entanto, o convite de Jesus é também um desafio neste tempo de tantas polarizações comprovadamente perigosas. Quem age de modo coerente com o Evangelho não pode se enrijecer nos estreitamentos de mentalidades e de juízos tendenciosos, distantes da verdade, da justiça e, consequentemente, do amor. Por isso mesmo, o tempo da Quaresma pede a cada pessoa compromisso com a humildade na vivência do jejum, da oração e da caridade – dedicação, principalmente, aos que mais precisam de amparo. Caminho bem diferente do que é trilhado por quem se contenta com o fracasso dos outros ou se dedica a propagar mentiras para conquistar benesses e comodidades.

Lamentavelmente, a mentira é também um mal que se expande velozmente no mundo contemporâneo, contaminando os mais diversos tipos de relações. As pessoas parecem se habituar, cada vez mais, com a mentira e, consequentemente, distanciam-se da verdade. Oportuno é lembrar o que diz Santo Agostinho, quando relata ter visto muitas pessoas que enganam outras, mas jamais ter encontrado alguém que gostasse de ser enganado. Se todos assumissem o propósito de nunca mentir por não apreciar o prejuízo de ser enganado, a realidade mudaria para melhor e a verdade seria reconhecida, de fato, como bem imprescindível. Há, pois, de se tomar consciência sobre a negatividade ética das mais diversas formas da mentira – a que é dita sobre os outros, a que se propaga para arquitetar a corrupção, a que busca assegurar cargos nas instituições e também a que alimenta ilusões sobre si mesmo.


Enfrentar a mentira e as muitas crises que ameaçam a humanidade é uma urgência. A sincera oração a Deus, inspirada pelas palavras de Santo Agostinho, contribui para a superação desse desafio, qualificando a própria interioridade: "Fazei que eu Vos conheça, ó Conhecedor de mim mesmo, sim, que Vos conheça como de Vós sou conhecido. Ó virtude da minha alma, entrai nela, adaptai-a a Vós, para a terdes sem mancha e sem ruga".

Todos tenham, assim, iluminados pela fé, oportunidade de investir mais na autenticidade e na coerência, alicerces imprescindíveis para a edificação da própria interioridade.


Dom Walmor Oliveira de Azevedo

O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Atual membro da Congregação para a Doutrina da Fé e da Congregação para as Igrejas Orientais. No Brasil, é bispo referencial para os fiéis católicos de Rito Oriental. http://www.arquidiocesebh.org.br


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/autenticidade-e-coerencia-armas-essenciais-na-sociedade-atual/

2 de abril de 2019

Como saber se vivo um namoro abusivo?

Você sabe o que é e como acontece um namoro abusivo?

O namoro é compreendido como um tempo em que os apaixonados se conhecem mutuamente, a fim de alcançar uma maior consciência de si e do outro antes de um compromisso definitivo. Muitas vezes, no entanto, essa paixão pode se transformar numa necessidade de controle e domínio sobre a outra pessoa. É aí que surgem os ciúmes doentios, as brigas intermináveis e, em casos extremos – mas não raros –, a violência física e psicológica.

Em termos gerais, um namoro pode ser considerado abusivo quando o indivíduo perde a sua liberdade e espontaneidade em decorrência da imposição ou intimidação de um dos pares. Por exemplo: se uma moça precisa se distanciar do seu círculo de amigos, porque o namorado simplesmente é ciumento, estamos diante de um mecanismo de controle de um pelo outro. Quando, então, o relacionamento começa a anular a liberdade de um, estamos diante da instrumentalização da pessoa.

-Como-saber-se-vivo-um-namoro-abusivo-Foto: stock-eye

Sinais de um namoro abusivo

O relacionamento abusivo pode apresentar diversos sinais, mas todos eles possuem um padrão comum de manipulação e necessidade de controle. O mais comum nos relacionamentos é o ciúme excessivo.

Por ciúme, entendemos o temor de perder a pessoa amada para um terceiro, tendo como comportamento reativo a esse medo a preocupação constante e exagerada, desconfianças infundadas, comportamentos extravagantes acompanhados de crises de raiva, tristeza, ansiedade e uma compulsividade em checar a vida do parceiro, "bisbilhotando" ou até mesmo invadindo a vida pessoal como checagem de seu perfil nas redes sociais, registro de ligações de celular, conversas no WhatsApp e, em casos extremos, seguir a pessoa para ver se "confirma" uma possível traição.

No fundo, a pessoa ciumenta apresenta um alto grau de baixa autoestima e um sentimento de insegurança emocional, que, na maioria dos casos, têm sua origem na negligência de afeto dos pais na infância.

O abuso pode aparecer sobre forma de imposição de ideias ou pensamento, quando a pessoa se considera sempre certa, nunca cede, não admite erros nem pede perdão, pois isso é visto por ela como sinal de fraqueza; nunca vê as qualidades e virtudes do outro, nunca reconhece, elogia nem motiva o parceiro. Há uma necessidade de ser o centro das atenções no namoro.

Há ainda o tipo manipulador-sarcástico, em que as histórias do parceiro nunca batem, são permeadas de fantasias e discrepâncias. Ele está sempre com uma conversa envolvente para conseguir o que quer.

Violência

Por fim, falamos da violência no namoro, que se manifesta de forma física, verbal ou psicológica. É marcado por troca de agressões, ameaças, xingamentos, constrangimentos (muitas vezes em público) e intimidações. A dinâmica desse relacionamento é em forma de 'montanha russa'. O parceiro tem picos de fúria, seguido de agressões verbais e físicas, mas, depois, se mostra arrependido, faz juras de amor, promete nunca mais fazer novamente; no entanto, infelizmente, volta a fazer.

É muito comum, no atendimento a mulheres casadas que sofrem violência, perceber que já no namoro o parceiro dava claro sinais de agressividade, mas que sempre se mostrava arrependido e prometia mudar. Diante de tais promessas e no medo de permanecer sozinha, muitas seguiram adiante no relacionamento e descobriram, no fundo, um marido perverso e manipulador.


Quais as consequências de um namoro abusivo?

As consequências são diversas, desde um trauma psicológico até uma violência física. No caso de uma pessoa que apresenta comportamento de ciúme doentio, haverá também sofrimento por parte deste abusador, visto que as crises de ciúmes desencadeiam vários fatores de sofrimento emocional e físico, provenientes da ansiedade, como taquicardia, sudorese e palpitações. Nesse caso, é preciso uma ajuda profissional, mas o sofrimento maior ficará por parte da pessoa que está "cativa".

A sensação de aprisionamento, de insegurança e medo aparece como uma violência psicológica. Se a pessoa não tem a maturidade e o apoio necessário para encerrar esse relacionamento, pode desenvolver transtornos psíquicos como pânico, transtorno de ansiedade generalizado, crises de estresse, fadiga e doenças psicossomáticas, além dos prejuízos sociais no trabalho, na escola e o distanciamento da família ou círculo de amigos.

O relacionamento abusivo por si só deixará uma ferida psicológica que deverá ser elaborada para que a pessoa possa adentrar de forma mais saudável em um outro relacionamento.

O que leva uma pessoa a permanecer em um relacionamento abusivo?

Infelizmente, muitas pessoas não conseguem sair ou se dar conta de que estão envoltas nesse mecanismo, ainda que esteja lhe causando certo grau de sofrimento. É muito comum encontrarmos homens e mulheres que possuem um histórico de relacionamento marcados por desejo de controle ou serem controlados.

Na maioria dos casos, as pessoas que se deixam controlar por outras também estão comprometidas psicologicamente, seja porque o parceiro lembra uma figura autoritária como o pai ou a mãe, ou por simples medo de permanecer sozinha e não conseguir um companheiro para apresentar ao seu círculo social.

Muitas mulheres, por exemplo, por causa de uma pressão social de que "precisam se casar", acabam se sujeitando a todo tipo de abuso no relacionamento para sustentar uma falsa imagem de que "mulher realizada é mulher casada". Na maioria dos casos, essa pressão social funciona como uma armadilha que atrai homens neuróticos e controladores.

Como sair de um relacionamento abusivo?

Em primeiro lugar, é preciso perguntar: "Você se sente seguro neste relacionamento? Você se sente livre e respeitado já no namoro?". Se a resposta for 'não', procure colocar em uma lista os motivos de sua insegurança neste namoro, verifique o seu grau de sofrimento e não tenha medo de terminar o relacionamento se detectar que você está preso neste mecanismo de controle.

Um forma de perceber se esse relacionamento está no caminho certo é constatar se ele o aproxima ou afasta das pessoas que você ama, como familiares e amigos. Esse é um bom termômetro. Se mesmo assim estiver difícil de terminar ou se, ao menor sinal de término, você sente medo dele(a), das possíveis consequências, procure ajuda de amigos ou familiares.

Tenha em mente que namoro e noivado não são casamento, que você está num período propício de conhecer alguém a quem se entregará para o resto da vida. O namoro saudável é aquele que o deixa livre para fazer suas escolhas e contribui para a sua autonomia e amadurecimento enquanto pessoa, justamente, porque é com essa liberdade que você dirá 'sim' no altar. O amor só pode ser concebido nessa dinâmica da liberdade, caso contrário, estamos mentindo para os outros e para nós mesmos.

Como dizia o psicólogo suíço Carl Gustav Jung: "Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro".


Daniel Machado

Daniel Machado de Assis, natural de São Bernardo do Campo-SP, é membro da Canção Nova desde 2002. Psicólogo formado pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo, também estudou filosofia pelo Instituto Canção Nova. Atualmente é coordenador do Núcleo de Psicologia Canção Nova que tem por objetivo assessorar e auxiliar a formação dos membros desta instituição.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/namoro/como-saber-se-vivo-um-namoro-abusivo/