26 de dezembro de 2019

Mais um ano chega ao fim. O que você fez?

O tempo é um dos aspectos mais fascinantes da vida e, por incrível que pareça, é único para cada pessoa, mesmo que os relógios sejam iguais e o ano tenha 365 dias para todos. Pois, como cada um lida com ele de um jeito diferente, as experiências também são exclusivas. A Palavra de Deus afirma, em Ecle 3: "que cada coisa é boa e proveitosa quando vivida no seu devido tempo"; e eu acredito nisso. Mas o que fazer quando o tempo passa tão veloz, que nem sequer conseguimos pensar no que seria bom viver naquele momento?

Pensando no ano que termina, podemos analisar o que conseguimos viver e, pelos frutos, elegermos o que devemos cultivar ou lançarmos fora para não perdermos tempo na vida. Aliás, tenho aprendido que o tempo não mudou. Nós é que temos nos ocupado demais, e isso nos dá a impressão de que o tempo é insuficiente para tudo o que queremos realizar. A afirmativa fica ainda mais clara quando, por exemplo, estamos de férias e praticamente nos obrigamos a desacelerar o ritmo das atividades.

Mais um ano chega ao fim. O que você fez?

Foto Ilustrativa: MicroStockHub by GettyImages

No início, podemos até continuar agitados como se estivéssemos fora de órbita, mas, depois de alguns dias, vamos achando nosso lugar e percebemos que, finalmente, voltamos a viver. Já no caso contrário, quando nos colocamos como a pessoa mais indispensável do mundo e tentamos resolver dez situações no mesmo instante, o tempo parece voar. Aí, batemos na conhecida tecla: "A vida é feita de escolhas!". Portanto, ao analisar sua vida nos últimos doze meses, você tem a sensação é de que "o ano passou voando" e não deu tempo para fazer tudo que havia planejado, pode ser um sinal de que tenha cumprido muitas tarefas e vivido pouco. Por exemplo, se os planos que você tinha em viajar de férias, optar pelo amor em vez do sucesso, visitar amigos e serem pacientes foram substituídos por tarefas e horas extras no trabalho, é preciso "recalcular a rota".

O ano passou rápido e, talvez, você nem tenha percebido. Então, pare e faça uma reflexão

Já foi dito que a felicidade é um dom que não se encontra no fim da estrada, mas está distribuída pelo caminho e costuma se esconder nas coisas mais simples. Por isso, se passarmos pela vida sempre com pressa, correremos o risco de não encontrar a felicidade e chegar ao fim da jornada com as mãos vazias e a sensação de ter sido desleal com o próprio coração; e isso, com certeza, não é a vontade de Deus para nenhum de nós. Portanto, a dica é: tenha calma! Por mais difícil que seja, é preciso desacelerar um pouco para não se perder no tempo que é nosso amigo ou nosso rival, dependendo das escolhas que fazemos em relação a ele. Ter calma não é deixar de fazer o que se deve, mas conciliar as possibilidades, respeitar os limites e eleger o essencial a cada instante. Quando começamos a pensar assim, podemos perceber que, muitas vezes, gastamos nosso precioso tempo, que seria dedicado ao descanso, com o uso das redes sociais que nos fazem ficar cada vez mais cansados e sem tempo, simplesmente por falta de disciplina.


Em todo caso, ao pensarmos no ano que passou, podemos rever nossas escolhas e aprendermos algumas lições. O que foi bom deve perpetuar e o que não foi já é passado, temos uma nova chance para acertar. A cada amanhecer recebemos do Criador a capacidade de levarmos ao mundo um sopro de vida, esperança, paz e amor em tudo que fazemos, só é preciso manter o coração unido ao d'Ele, sabendo que tudo o que fazemos é graças à Sua misericórdia.

O Senhor nos enviou ao mundo não apenas para cumprirmos tarefas, e sim, antes de tudo, para sermos canais do Seu amor na vida daqueles que, por um motivo ou outro, entram na nossa história. Desejo que, ao pensar no ano que passou, você possa fazer escolhas que favoreçam sua vida, pois é vivendo cada instante com sentido que experimentamos a ação concreta de Deus. A propósito, Ele está entre nós agora, revela-se a mim enquanto escrevo, e a você enquanto lê. Demos graças a Ele pelo ano que termina!



Dijanira Silva

Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN. Às sextas-feiras, está à frente do programa "Florescer", que apresenta às 18h30 na TV Canção Nova. É colunista desde 2000 do portal cancaonova.com. Também é autora do livro "Por onde andam seus sonhos? Descubra e volte a sonhar" pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/ano-novo/mais-um-ano-chega-ao-fim-o-que-voce-fez/

23 de dezembro de 2019

Viva bem o Natal que se aproxima

Caro internauta, todos os anos, quando da aproximação do Natal, um movimento novo e bem característico começa a tomar forma e se fazer presente em nossa vida. Nalgumas pessoas, ele gera alegria, esperança; noutras, nostalgia e até certo grau de tristeza. A história de vida de cada um influencia muito na maneira como é percebido o tempo natalino. O fato é que, dificilmente, alguém poderia afirmar, verdadeiramente, que o tempo do Natal é um período como qualquer outro. Enfim, o espírito natalino atinge positiva ou negativamente quase a totalidade das pessoas.

Quando as árvores de Natal, recheadas com bolas coloridas, dão às caras nos shoppings, quando os papais-noéis de diversos tipos e tamanhos invadem as prateleiras das lojas, e os contornos das casas ganham metros e mais metros de luzes cintilantes, a nossa consciência é despertada quase que num inesperado chacoalhão e, geralmente, leva-nos à semelhantes exclamações: "Já estamos no final do ano!".

Passado o susto inicial, normalmente, nosso olhar se volta hipnoticamente para as espetaculares e onipresentes decorações natalinas com seus brilhos e cores. Claro que isso não deixa de ter a sua importância, e até faz parte deste período. Afirmarmos o contrário seria, talvez, uma tentativa inútil de evadirmos da realidade que nos cerca.

Viva bem o Natal que se aproxima

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Como afirmei, todo esse movimento é até importante, porém, não essencial. Somente buscando o que é essencial viveremos bem o Natal. Um dos perigos deste tempo é o despertar dos desejos. Não me refiro àquele desejo natural que todos nós possuímos, mas daquele desejo irracional e compulsivo, o desejar pelo desejar. Promoções, liquidações, "bota fora", "pague um e leve cinco" (…), tudo isso alimenta os nossos desejos mais irracionais, ocupam o nosso pensamento, abrevia o nosso precioso tempo e nos faz cativos das ilusões. Tudo isso é gerador de fadiga, preocupações e cansaço. O essencial vai ficando cada vez mais distante dos nossos olhos.

Busque o essencial e você viverá bem o Natal

Certa vez, um grande pensador francês chamado Louis Lavelle afirmou: "O mundo só se torna um espetáculo para nós, porque buscamos nele o desabrochar dos nossos desejos". Diante de tudo isso, posso afirmar: o período natalino também é tempo de permanecermos em constante estado de vigília, afinal, a tendência de todo homem é seguir com os olhos cravados nos espetáculos que o mundo, abundantemente, nos oferece, especialmente neste período.

Caro internauta, viva bem o Natal! Foque no essencial. Estando você feliz ou triste, num ambiente colorido ou acinzentado, com muito dinheiro ou totalmente sem ele, repleto de amigos ou completamente solitário, na pizzaria ruidosa ou numa cama de hospital ouvindo os sinais sonoros dos aparelhos hospitalares, busque o essencial, e você viverá bem o Natal.

No ditado popular, a ocasião pode até fazer o ladrão, mas jamais fará o cristão. O verdadeiro cristão não vive de ocasiões, senão da fé. Portanto, o que faz do cristão um verdadeiro cristão é a consciência de que existe um Deus que está para além de qualquer ocasião. É esse Deus que nascerá nos próximos dias e, dessa forma, é esse Deus que devemos esperar. Existe uma dimensão sobrenatural nesse maravilhoso tempo natalino, tempo que comporta graças excepcionais.


Enfim, celebre este Natal como quem celebra o nascimento de um Deus, o Deus menino, o Deus da promessa. Volte o olhar do seu coração para "aquele que vem" (cf. Ap 1, 4). Nas suas orações até o dia 24 de dezembro, não deixe de clamar: "Maranatha! Vem, Senhor Jesus!" (cf. Ap 22, 20). Saiba que todas as coisas vão passar, mas aquele a quem esperamos jamais passará.

Deus abençoe você. Até a próxima!



Gleidson Carvalho

Gleidson de Souza Carvalho é natural de Valença (RJ), mas viveu parte de sua vida em Piraúba (MG). Hoje, ele é missionário da Comunidade Canção Nova, candidato às ordens sacras, licenciado em Filosofia e bacharelando em Teologia, ambos pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, na Liturgia do Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários. Apresenta, com os demais seminaristas, o "Terço em Família" pela Rádio Canção Nova AM. (Instagram: @cngleidson)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/natal/viva-bem-o-natal-que-se-aproxima/

18 de dezembro de 2019

Fim de ano ou fim do mundo?

Dezembro chegou, e com ele algo surpreendente nos avassala: a "crise do fim do mundo". Como assim "fim do mundo"? Você já deve ter tido a impressão de que dezembro chega com um desespero quase inerente, ou seja, parece que as pessoas ficam mais agitadas, que o tempo se apressa, tudo é para ontem e o mundo tem um dia certo para acabar: 31/12/2019.

No comércio, há um desespero pelo consumo. Com a vinda das parcelas do 13° salário, a economia parece se agitar e se instala a pressão pela compra dos presentes. Existe uma corrida maluca que nos agita a todo tempo: nossa agenda fica tomada de confraternizações, surgem quase que obrigações familiares de visitar todas as pessoas que não conseguimos ver o ano todo.

Faço, porém, uma reflexão: será que todas as visitas, compras, amizades, dietas frustradas, relações quebradas e planos incompletos conseguirão ser cumpridos em 30 dias? Será que nosso planejamento, talvez falho, nos permitirá conseguir tudo isso em tão pouco tempo?

Fim de ano ou fim do mundo?

Foto ilustrativa: jokerpro by Getty Images

Não é o fim do mundo!

Estamos, sim, no último mês do ano, mas precisamos rever como conduzimos nossa vida durante todo o ano, e não apenas em um mês, fato este que traz essa agitação e confusão em nossa vida.

Dezembro parece que leva as pessoas a notarem que têm amigos, vida, saúde ou falta dela, atividade física ou falta dela, necessidade de revisão de hábitos alimentares, e assim por diante. Penso que se dar conta de todas as suas faltas e deslizes durante o ano é muito bom, mas que seja, então, para iniciar um ano com melhor qualidade de vida, sem o desespero, sem o consumismo e dando até um tempo.

Claro que as campanhas publicitárias vão nos empurrar várias promoções, mas não é possível esperar janeiro para consumir? Está aí um bom tempo para revisar hábitos e começar a fazer o novo desde já. Não espere a segunda-feira ou o dia 1º de janeiro para uma "vida nova".

Um corpo agitado e uma mente ansiosa são campos perfeitos para tropeços, desatinos e ações impensadas. Pare um pouco, respire, preste atenção ao seu redor e preste atenção em como você está: vivemos ansiosos por não conseguirmos fazer essas pausas estratégicas e necessárias para a qualidade de nossa saúde física e emocional.

Tivemos 364 dias até início de dezembro para resolver muitas coisas e, por vários motivos, algumas não puderam ser concretizadas. Tente fazer uma pausa: olhe para os prazos possíveis e necessários e para aqueles que serão praticamente impossíveis de serem concretizados.

Muitas vezes, pegamo-nos avaliando o que traçamos para o ano, e, muitas vezes, os resultados não são os esperados. Nessa hora, vale uma avaliação: temos traçados metas realistas ou impossíveis? Se traçamos uma meta, temos dados passos firmes em busca do que desejamos? É mais ou menos como se quiséssemos perder vários quilos ou economizássemos muito dinheiro sem mudar hábitos alimentares ou sem parar de comprar. Não fica impossível? Se eu economizo 100 reais ao mês ou foco em emagrecer 2 quilos ao mês, aí sim será possível guardar 1200 reais no final do ano ou emagrecer 24 quilos durante um ano todo?

Para um fim de ano mais tranquilo, organize-se:

Diga não a alguns convites, mantenha a rotina com relação aos seus horários, observe seu orçamento para não ultrapassar seus limites de compras e, então, ganhar uma dor de cabeça no início do ano. Não coma como se fosse o último dia de sua vida, pois todas as comidas de Natal – como panetone, por exemplo – são vendidas o ano todo. Avalie os compromissos que você possui, como organizará eventuais festas familiares e encontros. Não tenha a necessidade de presentear todos. Seja realista com suas possibilidades, e você aproveitará ainda mais seu Natal. Faça pausas para poder, efetivamente, respirar e sair dessa loucura quase que imposta pelo fim do ano.

Lembre-se: se o que foi planejado não foi concretizado, observe se não houve um exagero nas metas quase que impossíveis, se houve pouco tempo ou ainda muitas coisas. Planos existem para serem revistos, e a rota da vida refeita.


Um feliz 2020 com um sentido real, um Natal cheio da presença de Jesus, e não dos excessos mercadológicos. A presença física certamente será muito mais rica do que qualquer presente que foge das suas possibilidades. Estamos apenas encerrando o ano. Pense nisso!



Elaine Ribeiro dos Santos

Elaine Ribeiro, Psicóloga Clínica pela USP – Universidade de São Paulo, atuando nas cidade de São Paulo  e Cachoeira Paulista. Neuropsicóloga e Psicóloga Organizacional, é colaboradora da Comunidade Canção Nova.


16 de dezembro de 2019

O Senhor nos acompanha em nossos sofrimentos

Jesus nos diz: "O meu Pai até agora está trabalhando e eu também estou trabalhando" (Jo 5,17). Deus não está dormindo. Ele trabalha sempre e está em constante atividade. Ele vê e acompanha os nossos sofrimentos; nos ama e trabalha por nossa causa. Creia: sua necessidade está sob os olhos do Senhor. Nosso Pai e Jesus não cessam de trabalhar por nós.

Exponha-se diante d'Ele. Seja sua causa pessoal ou familiar; seja sua doença física ou espiritual; apresente-se agora para o Senhor. Nada pode impedir a ação de Deus em sua vida. Nada pode roubar sua alegria de ter alguém constantemente trabalhando por sua causa: o Pai e Jesus. Eles não terão descanso enquanto não lhe der o Reino dos Céus. Deus é por nós; somos d'Ele e, por isso, sabemos que: "Tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu desígnio" (Rm 8,28)

O Senhor nos acompanha em nossos sofrimentos

Foto ilustrativa: Andréia Britta/cancaonova.com

Jesus disse: "Enquanto é dia, devo realizar as obras daqu'Ele que me enviou" (Jo 9,4b). Como num dia inteiro de trabalho, o Senhor age em nosso meio, salvando nossas vidas, curando nossos corações, sarando nossos doentes, libertando nossos oprimidos e arrancando da opressão do maligno os que se encontram nas trevas. Se abrirmos o coração e O deixamos trabalhar, veremos aqui, nesta vida, os prodígios do Senhor. Que Ele nos liberte de toda a incredulidade e ação do mal que quer abalar nossa fé!

Proclame a todo instante: "Senhor, eu creio, mas aumentai a minha fé!". Comece agora! Apresente a Jesus o seu problema; diga a Ele que você confia que tudo se resolverá a seu tempo, isto é, no tempo de Deus. Queira ver as situações mudadas de acordo com a hora da providência divina e do jeito de Deus.


Diga a Jesus que você confia n'Ele e, por isso, vai trabalhar por essa causa com determinação e perseverança, como se tudo dependesse de você, mas sabendo que quem realiza tudo é Ele. Não desanime; creia! A vitória já é de Deus.

Texto extraído do livro "Sofrer sem nunca deixar de amar", de Luzia Santiago.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-senhor-nos-acompanha-em-nossos-sofrimentos/

13 de dezembro de 2019

Exame de consciência, o roteiro de uma boa confissão

Homens e mulheres são chamados à salvação pela fé em Jesus Cristo, que é "a luz verdadeira" e "a todos ilumina" (Jo 1,9). Àquele que responde ao chamado se torna "luz no Senhor" (Ef 5,8) e "filhos da luz" (Ef 5,9). A fraqueza da carne nos leva a pecar contra Deus, contra o próximo e contra nós mesmos. Daí surge o arrependimento e o pesar da alma. Perde-se a inocência e a pureza; e se "não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus" (Mt 18,3). Um exame de consciência sincero e profundo é essencial para uma boa confissão.

O roteiro a seguir servirá de orientação no momento de confessar os pecados. É preciso observar, em especial, os pecados cometidos contra Deus, contra o próximo e contra si mesmo.

Exame de consciência, o roteiro de uma boa confissão

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Antes de se confessar, faça um exame de consciência

Pecados contra Deus: Disse o nome de Deus em vão? Desrespeitei algum santo, bispo ou sacerdote? Recusei-me a defender os ensinamos do Cristo? Pratiquei algum ato de superstição? Faltei com respeito com lugares ou coisas santas? Afastei alguém da Igreja por palavras ou exemplo? Faltei com respeito com o Espírito Santo?

Pecados contra o próximo: Fui impaciente? Agi com raiva? Tive inveja? Desencorajei a fé ou a caridade do outro? Proferi ou compartilhei discurso de ódio? Neguei ajuda voluntariamente? Desprezei o mais necessitado? Fui egoísta? Menti? Roubei ou furtei?

Pecados contra mim: Neguei minha fé? Faltei à Santa Missa por preguiça? Recebi a comunhão com pensamentos fúteis? Abusei de bebidas alcoólicas? Usei drogas? Vi vídeos ou sites pornográficos? Faltei com amor para minha família (pais, esposa, marido ou filhos)? Gastei dinheiro com luxo excessivo e esqueci do próximo necessitado? Fui negligente no meu trabalho ou estudos?


No momento da confissão, essa tripartição (contra Deus, contra o próximo e contra mim), além de trazer à memória os pecados que se deseja confessar, ainda facilita que outros surjam pela espontaneidade da alma. Em verdade, o cristão traído pelo pecado percebe a santidade fugir-lhe como água entre os dedos. Perde também a alegria, como um sorriso que se desfaz no rosto. Com efeito, é a partir desse sentimento que se busca a confissão.

Que todos possamos realizar uma confissão autêntica e sincera para regressar ao caminho da salvação. Que assim seja!

Referências:

BÍBLIA SAGRADA. Tradução da CNBB, 18 ed. Editora Canção Nova.

JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Veritatis Splendor. Roma, 6 ago. 1993.



Luis Gustavo Conde

Advogado com atuação na área de Direito de Família e Direito Bancário. Tecnólogo em Gestão Empresarial. Professor de cursos técnicos-profissionalizantes. Catequista atuante na evangelização de jovens e adultos. Palestrante focado na doutrina cristã. Contato: lg.conde@icloud.com Twitter: @luisguconde


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/exame-de-consciencia-o-roteiro-de-uma-boa-confissao/

11 de dezembro de 2019

O sofrimento vai nos acompanhar para o resto da vida?

Todos os dias o sofrimento bate à porta de milhares de pessoas. Todos os dias soluções ou analgésicos são procurados para atenuar a dor. Todos os dias, certamente, nos questionamos sobre o sentido do sofrimento.

São João Paulo II, na Carta apostólica Salvifici Doloris, diz que 'o sofrimento desperta compaixão e também respeito e, a seu modo, intimida. De fato, nele está contida a grandeza de um mistério específico. À volta do tema do sofrimento, há dois motivos que parecem aproximar-se particularmente e unir-se: a necessidade do coração ordena-nos que vençamos o temor e o imperativo da fé fornece o conteúdo, em cujo nome e em cuja força ousamos tocar o que parece tão intangível em todos os homens; é que o homem, no seu sofrimento, continua a ser um mistério intangível' (nº 4).

O sofrimento vai nos acompanhar para o resto da vida?

Foto ilustrativa: Tzido by Getty Images

A verdade é que, o sofrimento, seja ele físico, psíquico ou espiritual, é um companheiro de viagem para toda a vida, quer queiramos quer não. Mas, em caso de dúvida, o melhor é nos prevenirmos, consciencializando-nos de que faz parte da nossa natureza humana.

Sabemos que Deus não quer o sofrimento para os seus filhos. Mas, por vezes, permite a dor para que, por meio da sua pedagogia divina, tenhamos consciência da nossa condição frágil. Experimentemos a recordar: não será nos momentos de maior sofrimento que recorremos mais rapidamente a Ele e colocamos nas Suas mãos o nosso agir? Não será nesses momentos que nos aproximamos d'Ele e Lhe perguntamos o que quer que façamos?


Deus quer a nossa felicidade; e a nossa felicidade é fazer a vontade de Deus. O problema é que, por vezes, teimamos em sermos senhores da nossa vida, colocando-nos no lugar de Deus. Perante o sofrimento é preciso agir. Na dor temos de apostar na vida e sair da doença, da tristeza ou da opressão.

Padre José Carlos Nunes
Fonte: Revista Família Cristã/Portugal


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/o-sofrimento-vai-nos-acompanhar-para-o-resto-da-vida/

6 de dezembro de 2019

Deus faz o possível para revelar Seu amor por nós

Quando estamos distantes de alguém ou de algum objeto, geralmente pedimos para alguém chamar a pessoa ou alcançar o objeto para nós, isso quando não vamos nós mesmos ao seu encontro. Na história da salvação, podemos dizer que, mesmo estando o homem distante de Deus (cf. Gn 3), Este sempre o alcançava por meio dos profetas, até que o Senhor, pessoalmente, veio ao seu encontro e revelou Seu amor de Pai.

Em Romanos 8,15, Paulo mostra que nossa relação com Deus não pode ser de escravidão, mas de filhos, porque recebemos o espírito de Aba Pai. Podemos contemplar o amor dos pais para com Seus filhos, e percebemos até mesmo o sacrifício de amor que muitos deles fazem para seus filhos e para que a família tenha harmonia. É belo, mas se comparado ao amor de Deus, torna-se pequeno. O Catecismo da Igreja Católica afirma que "a linguagem da fé se inspira, assim, na experiência humana dos pais (genitores), que são, de certo modo, os primeiros representantes de Deus para o homem. Essa experiência humana, no entanto, ensina também que os pais humanos são falíveis e podem desfigurar o rosto da paternidade e da maternidade. Convém, então, lembrar que Deus transcende a distinção humana dos sexos. Ele não é nem homem nem mulher, é Deus. Transcende também a paternidade e a maternidade humanas, embora seja a sua origem e a medida: ninguém é pai como Deus o é." (239)

Deus faz o possível para revelar Seu amor por nós

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

O amor de Deus

Embora supere, podemos pensar para compreendermos que o amor de Deus é paterno e materno. Significa que seu amor paterno nos dá segurança, proteção e nos coloca numa atitude de superação. Já seu amor materno é carinhoso, acolhedor, e sabemos que jamais nos abandona apesar dos nossos erros. Ele sabe a medida certa para cada um de nós, porque Ele é amor e nos precede. Em 1 Jo 4,10, encontramos: "Nisso consiste o amor: não fomos nós que amamos Deus, mas é Ele que nos amou."

O rosto desse Deus, que é Pai das misericórdias, é Jesus. Ele é a voz inteira da Escritura quando diz: o Pai vos ama! (Jo 16,27). Ele veio para salvar o homem do pecado, mas, sobretudo, para revelar o Pai. Santo Afonso Maria de Ligório diz que Cristo podia nos redimir sem passar pela cruz. Por que o fez? Para mostrar seu amor: Amou-nos e se entregou por nós. Ele diz que Cristo não via a hora de dar a última prova do seu amor, morrendo na cruz, consumido de dores. Se olharmos para o filme Paixão de Cristo, podemos perceber a determinação na doação de Jesus. Ele é a manifestação do amor do Pai.

Volte para perto do Senhor

Sendo assim, independentemente dos nossos pecados, o Pai nos alcança; e se temos a coragem de abrir as páginas, Seu amor escreve uma nova história em nossa vida. Quem ama deseja estar perto, e o Pai deseja ser próximo do homem, morar no seu coração. Ele não poupa esforços para nos mostrar Seu amor (Rom 8, 32). Por isso, mesmo como filhos pródigos, se arrependidos, podemos voltar para casa, porque somos alcançados pelo Pai.



Ricardo Cordeiro

Ricardo é membro da Comunidade Canção Nova. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP).  Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, Taubaté (SP) e pós-graduando em Bioética pela Faculdade Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/deus-faz-o-possivel-para-revelar-o-seu-amor-por-nos/

4 de dezembro de 2019

O plano de Deus não é predestinação

Assim como o homem rico, você pode aderir ou não àquilo que Deus te chama. Deus tem um plano a seu respeito, mas quem determinará sua vida será Ele mesmo. Descobrir o projeto de Deus não significa predestinação, pois, apesar d'Ele ter uma vontade, um plano a seu respeito, isso não significa que todos os eventos da sua vida estão como que "escritos" e que nada poderá mudar esse roteiro. Não! Não é assim que funciona. Você tem livre-arbítrio sobre sua existência e será você quem determinará seu futuro.

O Senhor tem um plano para você e te deu características, personalidade, temperamento, dons e talentos que fazem de você uma pessoa única, com uma identidade exclusiva, que tem algo específico para cumprir e ser nesta terra e por toda a eternidade. Contudo, é você quem deve escolher aderir ou não ao projeto do Senhor a seu respeito.
Assim como um pai deseja, até planeja, algumas coisas para seu filho, contudo, não pode obrigá-lo, o Criador tem um desejo para sua vida, mas Ele aceita que a palavra final sobre sua existência seja sua.

Por isso, não existe predestinação! Se nem mesmo Deus define uma sina à qual você não tenha escolha, imagine se os astros influenciarão em circunstâncias predeterminadas! Será você quem optará por qual caminho andar e qual destino quer chegar. Não existe trajetória, acontecimentos predeterminados, não existe pessoa destinada a se casar com você (explico isso no livro "As cinco fases do namoro", no subcapítulo – "Um amor escrito nas estrelas?") as pessoas têm vocação ao matrimônio, mas não estão destinadas a um único pretendente, você é quem escolherá com quem concretizará a esse seu chamado, assim como também não existem fatos trágicos que o Senhor envie para castigar quem não fez a Sua vontade (o que existe é o nosso afastamento da graça).

O plano de Deus não é predestinação

Foto ilustrativa: Smileus by Getty Images

Podemos dizer, como Maria, nosso "sim" a Deus e ao Seu intento, como podemos dizer "não". Podemos ainda dizer não num primeiro momento e depois reavaliarmos, como podemos também aderir num instante e depois nos afastarmos da vontade de Deus. Sobre a predestinação, vai dizer o Catecismo: "Os anjos e os homens, criaturas inteligentes e livres, devem caminhar para seu destino último por opção livre e amor preferencial. Podem, no
entanto, desviar-se" (CIC 311). E completa que, Deus se comunica com o ser humano, faz Seus apelos encaminhando o homem por meio da Sua Divina Providência: "chamamos Divina Providência as disposições pelas quais Deus conduz a sua criação […] Deus guarda e governa, pela sua Providência, tudo quanto criou […] mesmo aquilo que depende da futura ação livre das criaturas" (CIC 302).

O plano de Deus para a humanidade pode não cumprir-se?

Os planos de Deus para a humanidade, para o cosmos se cumprirão, porque Ele não depende do nosso "sim" e rege o mundo com Seu poder infinito. Ele é maior do que todo o mal que possa ser feito neste mundo e consegue, por Sua força divina, dar curso à Sua vontade, usando-Se até mesmo do mal e dos "nãos" dos homens. Nós é que necessitamos da Sua graça, para darmos curso em qualquer coisa na nossa vida.

O que existe, portanto, é a graça de Deus manifestada como Divina Providência. O Senhor pode nos fazer entender Seu projeto em nossa vida, pela Sua graça, por meio de fatos que nos acontecem, em entendimentos que possamos ter, em palavras ou por pessoas. Ele pode colocar diante de nós, nos encaminhar a alguém que possa ser um amigo, um cônjuge, que nos leve para Ele mesmo. O Altíssimo pode nos dar uma vivência, uma experiência, algo que nos faça abrir o coração e entender o que Ele está dizendo, sinalizando, o que quer de nós. Entretanto, em tudo isso, seremos nós que escolheremos, que teremos que dizer "Sim, eu quero!" ou "Não, eu não quero!".

Quem assume uma vocação, uma profissão, um matrimônio tem que saber que foi ele mesmo quem escolheu. Descobrir e seguir o plano de Deus é alinharmos o nosso querer ao d'Ele. É nesse contexto que deve entrar o nosso livre-arbítrio, ou seja, existe a parte de Deus, porém, deve existir a sua parte e também a sua adesão por livre e espontânea vontade, pois Ele não vai te obrigar ou forçar a querer o mesmo que Ele quer, mas apenas sugestionará e
tentará convencê-lo aos poucos, por amor e com amor.

A culpa é de Deus?

Caso contrário, se existisse a predestinação, poderíamos nos lamuriar e culpar o Senhor pelas nossas escolhas. Já imaginou alguém decepcionado com o cônjuge, atribuindo a Deus o fardo de ter sido "obrigado" a ter contraído matrimônio com tal pessoa? Ou alguém que desejava ser biólogo, mas teve de ingressar na faculdade de administração porque supôs que Deus assim mandou?


Se você reconhece em si um dom, por si mesmo, pode fazer uma escolha livre em como viver esse dom, doar-se, esforçar-se esmerá-lo. E quem nos faz reconhecermos o dom de nós mesmos é somente o Senhor, reconhecendo-nos n'Ele, alinhando a vontade d'Ele à nossa. "O bonito não é realizar o nosso próprio sonho, mas realizar o sonho de Deus" (Monsenhor Jonas Abib).

Todavia, fica aqui para nós que predestinação, assim como todo tipo de previsão de futuro, não condiz com a verdadeira forma do Senhor interagir conosco.

Texto extraído do livro "Entenda o plano de Deus para você", de Sandro Arquejada.



Sandro Arquejada

Missionário da Comunidade Canção Nova, Sandro Arquejada é formado em Administração de Empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente, trabalha na Editora Canção Nova. Autor de livros pela Editora Canção Nova, ele já publicou três obras: "Maria, humana como nós"; "As cinco fases do namoro"; e "Terço dos Homens e a grande missão masculina".


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-plano-de-deus-nao-e-predestinacao/

2 de dezembro de 2019

Advento, tempo de faxina interior

As estações da natureza nos ensinam a reconciliar, em nosso coração, o tempo dos mistérios que abraçam nossa fé. Advento é tempo da espera. Ainda não é Natal, mas antecipa-se a alegria dessa festa. Viver cada tempo litúrgico com o coração é um jeito nobre de não adiantar um tempo que ainda não chegou. Na sobriedade que este tempo litúrgico exige, vamos tecendo a colcha das alegrias do Cristo que vem ao nosso encontro.

Esperar é uma alegria antecipada de algo que ainda não chegou. A mulher grávida vive na alma a felicidade antecipada pela vida que, em seu ventre, vai sendo gerada no tempo que lhe cabe. A natureza cumpre o ritual das estações para que cada tempo seja único. Os casais apaixonados esperam o momento do encontro. As famílias organizam a casa no cuidado da espera dos parentes que vão chegar. Esperar é uma metáfora do cotidiano da vida. No contexto do Advento, a espera ganha tonalidades alegres e sóbrias.

Casa mal arrumada não é adequada para acolher os amigos e familiares que vão chegar. Jardim sujo não pode se tornar um canteiro para novas sementes. Esperar é também tempo de cuidado e organização. No tempo da espera, o tempo do cuidado na vida espiritual. Chegando ao fim de mais um ano, muitos corações se encontram totalmente bagunçados. Raivas armazenadas nos potes da prepotência, mágoas guardadas nas gavetas do rancor, amizades sendo consumidas pelo micro-ondas da inveja, tristezas crescendo no jardim da infelicidade, violência sendo gerada no silêncio do coração.

Advento, tempo de faxina interior

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

No Advento da vida

Enquanto as lojas fazem o balanço [de seu patrimônio], somos convidados a fazer o balanço de nossa situação emocional. No balancete da vida, o amor deve sempre ser o saldo positivo que nos impulsiona a sermos mais humanos a cada dia.

Casa mal arrumada não é local adequado para receber quem nos visita. Coração bagunçado dificilmente tem espaço para acolher quem chega. Neste tempo do Advento, a faxina da espera deve remover as teias de aranha dos sentimentos que estacionaram em nossa alma. O pó que asfixia o amor deve ser varrido. Tempo novo exige coração novo. Jesus, com Seu amor sem limites, adentrava o coração de cada pessoa e fazia uma faxina de amor; abria as janelas da vida, que impediam cada pessoa de ver a luz de um novo tempo chegar; devolvia às flores, já secas pelas dores e tristezas, as alegrias da ressurreição; semeava nos sertões sem vida as sementes do amor e da paz.


No Advento da vida, as estações do coração se tornam tempo propício para limpar os quartos da alma à espera do Cristo que vem. Se o jardim do coração estiver sendo cuidado, as sementes da esperança vão germinar no tempo que lhes cabe, e o Amor nascerá nas alegrias da chegada.



Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Santa Rita do Sapucaí (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor do livro "Amor Sem Fronteiras" pela Editora Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @padreflaviosobreiroof


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/advento/advento-tempo-de-faxina-interior/ 

27 de novembro de 2019

As pessoas erram por que querem?

Quanto mais faço a experiência de conhecer as pessoas, mais acredito no ser humano. À medida que vou me descobrindo e descobrindo os outros, mais se torna forte em mim a certeza de que as pessoas são boas. Todos recebemos de Deus muitas capacidades e podemos fazer coisas boas, todos somos capazes de acertar. O homem é uma criatura fantástica, dotada de inteligência, bondade, sensibilidade, entre outras virtudes que, se estimuladas de maneira certa, assumem uma fecundidade surpreendente.

Acredito que ninguém erra porque quer, ninguém é infeliz querendo ser, com consciência disso. Todos querem ser felizes, é impossível que alguém goste de ser frustrado, mas nem todos sabem realmente qual caminho trilhar para alcançar a felicidade.

A mentalidade vigente (paganizada e hedonista) ilude por demais as pessoas. Tem gente vivendo o adultério, os vícios etc., acreditando cegamente que está certo, que está no caminho da felicidade, porque aprendeu, a vida inteira, que o que vale é somente o prazer "a todo custo", e que é somente este que vai lhe trazer a autêntica alegria.

A mídia secularizada (e consequentemente paganizada) nos formou, fazendo-nos acreditar que precisamos viver somente o agora (pragmatismo), buscar o prazer agora, sem pensar no amanhã, criando assim uma geração (em grande parte) irresponsável e frustrada, porque, ao buscar uma alegria num imediatismo inconsistente, só encontrou insatisfação e, evidentemente, colhe hoje os terríveis frutos de sua infeliz busca.

As pessoas são formadas por um conjunto de experiências

Foto ilustrativa: georgeclerko / by Getty Images

As pessoas são um conjunto de experiências

É necessário avaliar a formação familiar de cada indivíduo. É difícil para um pai, que foi educado à base de pancadas, entender que é com amor que se educa um filho, e mesmo quando ele entenda, é necessário um esforço enorme para que consiga traduzir em gestos o amor. Para quem nunca recebeu amor, amar e deixar-se amar é uma violência, ainda mais se tal pessoa não tem uma experiência do amor de Deus.

Pessoas que tiveram histórias duras, de desamor, muitas vezes, até tentam amar, mas não conseguem; tentam externar o amor, mas acabam por encontrar-se encarceradas no território da própria limitação. Pessoas assim amam como podem, como hoje são capazes. Uma resposta dura pode ser uma forma de amar, imperfeita sim, mas pode ser uma manifestação de amor. Muitos dos que hoje são considerados ruins, o são por causa das condições e influências que sofreram, outros também sentem-se como que obrigados a serem assim, por medo de serem massacrados pela vida e pela sociedade.

Há quem acorde de madrugada, trabalhe o dia inteiro, depois enfrente o trânsito estressante de uma grande cidade e, quando chega em casa, à noite, não consegue ser gentil com os seus, como gostaria de ser. Entenda-se bem: nossos problemas não podem servir de justificativas para nossos erros, mas não se pode negar que esses são fatos que influenciam nosso comportamento. Isso nos leva à compressão do ser humano em suas diversas características, não encobrindo suas fraquezas, mas o focando com mais misericórdia e paciência diante de seus limites naturais.


Ser cristão

Compreendo que viver bem o Cristianismo é lutar, cotidianamente, para entender as pessoas sem fixar-se na superfície, na aparência, procurando compreender o porquê de cada atitude, de cada reação. Mais uma vez, ouso dizer: ninguém é ruim porque quer, existem fatores condicionantes que levam as pessoas a serem o que são, fatores que podem ser desmistificados e até mesmo extirpados com um pouco de paciência e compreensão. Todos são bons, mas nem todos sabem disso.

Eis aí uma bela forma de ser cristão: levar ao ser humano a consciência do valor que se tem, fazendo-o acreditar na vida e nas próprias potencialidades. Assim, daremos à esperança o direito de se estabelecer vitoriosa, dando à vida a oportunidade de ser mais feliz.



Padre Adriano Zandoná

Padre Adriano Zandoná é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em Filosofia e Teologia, tem quatro livros publicados pela Editora Canção Nova e participação em dois CDs de oração e apresenta o programa "Pra ser Feliz"na TV Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/pessoas-erram-por-que-querem/

26 de novembro de 2019

Presunção e água benta

Os ditados populares são sabedorias inscritas na vida do povo, fonte incontestável de referências e têm a força pedagógica necessária para importantes correções. Por isso mesmo, é oportuno lembrar, aqui, um ditado popular recitado, em muitas oportunidades, por velha amiga com longa experiência de vida, o que lhe confere autoridade: "presunção e água benta, cada um pode ter o quanto quiser". Lembrando que, a escolha equivocada é um risco. Certamente, além de afronta à civilidade, agir com presunção pode trazer prejuízos a diferentes processos, com perdas sociais e institucionais. É preciso, pois, buscar o remédio para esse mal, e a receita vem dos evangelhos, nos muitos ensinamentos de Jesus.

Se a presunção não for tratada, ela se agrava e torna-se soberba, a grande responsável pelas indiferenças que enjaulam o ser humano na incompetência para se relacionar. Distancia-o da sensibilidade indispensável para o exercício da solidariedade. Deve-se buscar a humildade, virtude que é o grande antídoto para curar presunções. Por ser virtude, requer dinâmicas existenciais e espirituais para desenvolvê-la. A referência a húmus, na etimologia do vocábulo humildade, remete ao sentido de "pés no chão", à vida em parâmetros de simplicidade. Para se orientar a partir desses parâmetros, torna-se oportuno cada pessoa reconhecer a sua condição frágil e mortal que é própria
de todo ser humano. Assim, se encontram razões para atitudes e hábitos simples, reconhecendo-se humilde servidor.

Desconsiderar a humildade, nas dinâmicas espirituais e existenciais diárias, é um risco. Pode provocar o desvirtuamento de identidades, da personalidade e, consequentemente, desfigurar o caráter, sustentáculo para o exercício da cidadania e da vivência autêntica da fé cristã. Há de se ter presente que a presunção tem força de
perversão; além de enfraquecer o relacionamento humano, indispensável para o desenvolvimento das iniciativas necessárias ao bem de todos.

Este mal distancia e alimenta a perigosa pretensão: se achar melhor, muitas vezes, a partir da desvalorização do outro. Na esfera religiosa, há de se calcular o prejuízo terrível da presunção, causa de práticas tortas que se dizem ligadas à fé cristã. Presunção é o habitat do orgulho e da ganância. Manifesta-se em disputas por privilégios, na busca egoísta completamente oposta à verdade do Evangelho, que tem por princípio fundamental a igualdade, o sentido de pertencimento e a solidariedade.

Presunção e água benta

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

O que a presunção causa?

A presunção propicia a manipulação das razões e sentimentos religiosos, desfigurando a autenticidade evangélica. É um mal que induz as pessoas a buscarem somente arrebanhar mais, conquistar mais seguidores, arrecadar mais. Os resultados são nefastos pelo desvirtuamento da genuinidade do cristianismo, com a consequente perda de seu valor profético e profundamente transformador de mentes e de dinâmicas culturais. No horizonte da religiosidade, a presunção também impõe atrasos, gera entendimentos rígidos, retrógrados, que buscam alimentar certo domínio
das aparências, servindo apenas para camuflar interesses contrários à fé cristã e ao nobre sentido da religiosidade. Esses entendimentos equivocados dão origem às idolatrias que alimentam perspectivas patológicas. E não se pode considerar normal, especialmente no contexto religioso, a idolatria a pessoas.

No mundo político não é diferente. A presunção também alimenta a inconsciência a respeito dos próprios limites, o que leva à lamentável perda do sentido de realidade. Gera, assim, incapacidade para solucionar, com a necessária urgência, os graves problemas da atualidade. A representatividade no mundo da política, contaminada pelo veneno da presunção, limita-se a agir em favor de oligarquias e na busca por privilégios. A presunção cega a indispensável e saudável capacidade para a autocrítica. Em vez desse necessário exercício, grupos e segmentos se pautam por pretensões inconsistentes, completamente desconectadas da realidade. Contexto que favorece a projeção de ídolos políticos revestidos de feições religiosas. Indivíduos que fazem da política o que ela não deveria ser, com atrasos na promoção da participação cidadã, inviabilizando, inclusive, a renovação dos nomes no exercício da representatividade e a rapidez na solução dos muitos problemas sociais.


Vale avançar no horizonte deste ditado popular – "presunção e água benta, cada um pode ter o quanto quiser"- a fim de se reconhecer patologias que levam aos atrasos civilizatórios, com a incapacidade para se enxergar novos rumos e nomes, novas práticas e respostas para as demandas da sociedade. Quem precisa sair de cena não sai, por não reconhecer que é necessário fechar um ciclo para a abertura de um novo. Alimentar a presunção é permanecer no parâmetro da mediocridade, escondida por muitas roupagens, que apenas enganam para não ter de mudar o que precisa sofrer rápidas e urgentes intervenções. Tudo se justifica pela deliberada falta de consciência clarividente e de autocrítica, porque, "presunção e água benta, cada um pode ter o quanto quiser".


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/presuncao-e-agua-benta/

23 de novembro de 2019

Namoro é tempo de revelar o mistério

O namoro é o tempo de conhecer o outro. Conhecê-lo mais por dentro do que por fora. E para conhecer o outro é preciso que ele "se revele", se mostre. A recíproca é verdadeira.

Saiba que cada um de vocês é um "mistério" desconhecido para o outro. E o namoro é o tempo de revelar (=tirar o véu) esse mistério. Cada um veio de uma família diferente, recebeu valores próprios dos pais, foi educado de maneira diferente e viveu experiências próprias, cultivando hábitos e valores distintos. Então, tudo isso vai ter que ser posto em comum e reciprocamente, para que cada um conheça a história do outro. Há de revelar o mistério!

Se você não revelar, ele(a) não vai conhecê-la(o), pois esse mistério (que é você) é como uma caixa bem fechada que só tem chave por dentro.

É claro que, você não vai mostrar ao seu namorado, no primeiro dia de namoro, todos os seus defeitos. Isso será feito devagar, na medida que o amor entre ambos se fortalecer. Mas há algo muito importante nessa revelação própria de cada um ao outro: é a verdade e a autenticidade. Seja autêntico e não minta. Seja aquilo que você é, sem disfarces e fingimentos mostre ao outro, lentamente, a sua realidade.

Namoro é tempo de revelar o mistério

Foto ilustrativa: Peoplelmages by Getty Images

A mentira destrói o namoro

Não faça jamais como aquele rapaz que, querendo conquistar uma bela garota, garantiu-lhe que o pai tinha um belo carro importado; mas quando ela foi conferir havia só um velho fusca na garagem. A mentira destrói tudo, principalmente o relacionamento. Mas para que você faça uma comunicação de você mesmo é preciso que tenha autocrítica e autoaceitação. Só depois é que você pode se revelar claramente. É preciso coragem para fazer esta autoanálise e se conhecer para, então, se revelar.

Não tenha vergonha da sua realidade, dos seus pais, da sua casa, dos seus irmãos etc.; se o outro não aceitar a sua realidade e deixá-lo por causa dela, fique tranquilo, pois essa pessoa não era para você, não o amava. Uma qualidade essencial do verdadeiro amor é aceitar a realidade do outro. O amor pelo outro cresce na medida que você o conhece melhor. Não se ama alguém que não se conhece.

Não fique cego diante do outro por causa do brilho da sua beleza, da sua posição social ou do seu dinheiro. Isso impedirá você de conhecê-lo interiormente e verdadeiramente. O carro que ele tem hoje, amanhã pode não ter mais. A beleza do corpo dela hoje, amanhã não existirá quando o tempo passar, os filhos crescerem… Mas aquilo que está no ser dele ou dela ficará sempre e, ainda, é isso que dará estabilidade ao casamento e garantirá a felicidade duradoura sua, da família e dos filhos.


Quando alguém lhe abre o coração…

Portanto, conheça a história e o coração da pessoa que está hoje ao seu lado. Quem ele(a) é? É, por isso, que o namoro não pode ser uma brincadeira sem qualquer responsabilidade. Você precisa saber guardar as confidências do outro, mesmo se amanhã o namoro terminar. Há coisas que temos de ter a grandeza de levar para o túmulo conosco, sem revelar a ninguém. Quando alguém lhe abre o coração, está depositando toda a confiança em você e espera não ser traído. Portanto, cuidado com o que você conta a terceiros sobre o seu namoro; nem tudo poderá ser contado aos outros.

Eis uma questão importante: você não pode criar uma esperança vazia no outro, levá-lo às alturas nos seus sonhos e, depois, de repente, jogar tudo no chão. Seria uma covardia! Não brinque com os sentimentos e com a vida do outro, da mesma forma que você não quer que faça assim com a sua. Não alimente no outro uma esperança falsa.

Texto retirado do livro "Jovem, levanta-te", do professor Felipe Aquino.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/namoro/namoro-e-tempo-de-revelar-o-misterio/

21 de novembro de 2019

Quem é Jesus?

Constantemente, essa pergunta sobre a identidade de Jesus deve ser feita pelo cristão. Pois quem se declara ser de Jesus, automaticamente se diz seguidor d'Ele, então, deve sempre conhecer mais sobre aqu'Ele a quem se diz seguir. O evangelista São Marcos também se preocupou com essa questão, afinal de contas, o seu Evangelho foi o primeiro a ser redigido. Ele precisava falar de Jesus para as pessoas, e o grande objetivo do seu Evangelho é o de apresentar a identidade de Jesus, ou seja, responder à pergunta: "Quem é Jesus?".

O Evangelho segundo São Marcos é um texto objetivo, além disso, é o mais curto dos quatro Evangelhos. Nele sequer é apresentada a infância de Jesus. Primeiro, aparece João Batista e, em seguida, Jesus já adulto. E, logo no primeiro versículo, apresenta o tema central do Evangelho que é a identidade de Jesus: "Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, filho de Deus" (Mc 1,1).

Quem é Jesus?

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Nessa frase, cada palavra ou expressão revela um pouco daquilo que São Marcos quer apresentar. E, no desenrolar do seu Evangelho, o leitor que se colocar como um dos discípulos de Jesus, será conduzido a conhecer, mais profundamente, a identidade de Jesus Cristo, filho de Deus.

Trata-se de viver a aventura que viveram os discípulos. Por isso, é importante ler e estudar, calmamente, dia após dia, todos os textos – do primeiro ao último capítulo – desse Evangelho. Experimentando com os discípulos momentos de poder (como na expulsão de demônios); momentos de glória (como nas curas e milagres); momentos de êxtase (como na transfiguração); momentos de aprendizagem (como nos ensinamentos sobre a lei) – mas
também, momentos de ameaça (como nas violações do sábado); momentos de medo (como nas tempestades na barca); momentos de angústia (quando Jesus foi preso); momentos de sofrimento (quando Jesus foi crucificado).


Experimentando a tudo isso, e muito mais, a partir do estudo do Evangelho segundo São Marcos, será possível conhecer melhor a identidade de Jesus e repetir o que disse o soldado romano:

"Verdadeiramente, este homem era filho de Deus" (Mc 15,39).



Denis Duarte

Denis Duarte especialista em Bíblia e Cientista da Religião. Professor universitário, pesquisador e escritor.

Site: www.denisduarte.com
Instagram: @denisduarte_com
Facebook: facebook/aprofundamento


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/estudo-biblico/quem-e-jesus-2/

18 de novembro de 2019

O pouco com Deus é muito

"Evangelho da encarnação, da Palavra que se fez carne, do Deus que se fez gente": é assim que pode ser chamado o "Evangelho segundo João". Ele é o que mais aprofunda a revelação divina nas realidades humanas. Cada uma dessas realidades, tocadas por Jesus, transforma-se em sinais de Sua glória, como o foi a água transformada em vinho, em Caná; a água pedida e oferecida àquela samaritana junto ao poço de Jacó; o paralítico curado à beira da piscina de Betesda; o cego de nascença, na fonte de Siloé; ou ainda, os cinco pães e dois peixes multiplicados para a multidão.

Em especial, a partir do capítulo seis de São João, as narrativas e discursos de Jesus giram em torno da Eucaristia. O próprio sinal da multiplicação dos pães e peixes seria uma prefiguração do seu gesto ápice de partilha: Ele daria a Si próprio pela nossa salvação e como alimento. Um alimento que não perece, o Pão vindo Céu que conduz à eternidade.

O milagre da multiplicação seria humanamente inexplicável. Jesus se compadece da multidão que O seguia, pois essa era como que ovelhas sem pastor. Só que a atitude do Senhor ultrapassa a nossa capacidade de raciocinar. Os Evangelhos nos relatam que Ele, por duas vezes, multiplicou pães e peixes para atender à multidão que O seguiu até uma região "deserta" e ali ficou ouvindo-O e recebendo curas, mas por não estar munida de alimentos, estava a ponto de passar fome.

O pouco com Deus é muito

Foto ilustrativa: Studio-Annika by Getty Images

Assim como Jesus se compadeceu da multidão, também, em nossa vocação cristã, somos chamados a ter compaixão do povo, sobretudo, do povo sofredor. Nossa vida cristã deve conduzir-nos à prática da misericórdia para com os irmãos. Esse é o grande testemunho de que o mundo precisa. É uma exigência que brota das palavras de Cristo no seu Evangelho: "Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor". Ele ensina que a vida é partilha, é um dom que deve ser fomentado. O pouco partilhado pode chegar a muitos; pois há mais alegria em dar do que em receber!

A partilha do pão e da vida

Dos povos que habitam a Terra Santa, entre eles está o povo árabe. Ele tem o costume de comer o chamado "pão pita com húmus", um alimento típico que feito com grão-de-bico; ou ainda, a shawarma produzida com pão de massa bem fina recheado com carne ou frango.

Já na tradição judaica, o pão está intimamente ligado à história de Israel, às festas e ao ciclo natural das produções agrícolas. Cinquenta dias após a Páscoa, em Pentecostes, era celebrada a colheita do trigo e cevada, esses eram oferecidos a Deus como primícias. O pão, portanto, sempre relacionado à experiência de ação de graças nas refeições e atividades diárias.

Ao se pensar na precariedade da cultura antiga e nas situações de guerra e invasões que afetavam a dinâmica social, o pão simbolizava, ainda, a dependência de Deus. Já nos Evangelhos, o pão aparece nas cenas da multiplicação como um alimento fundamental e sinal de confiança em Deus. Depois, na Última Ceia, esse elemento retorna e com um valor ainda mais elevado com a Instituição da Eucaristia.


A cidade do nascimento de Jesus, Belém, em hebraico a "Casa do Pão", também reflete Sua missão: o Verbo encarnado que se torna alimento. Ele utilizou de algo do cotidiano do Seu povo, quase insípido e incolor, para assinalar Sua presença simples mas totalmente concreta e real na Eucaristia. Na Última Ceia, Cristo celebrou a páscoa hebraica, a libertação do povo do Egito, mas, sobretudo, institui a nova Páscoa, ou seja, a nova libertação não mais da antiga escravidão, e sim do pecado e da morte.



Gracielle Reis

Missionária da Comunidade Canção Nova, carioca, jornalista pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e bacharel em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Gracielle já atuou em coberturas jornalísticas nacionais e internacionais, especialmente na Terra Santa. A jornalista tem experiência em rádio, TV e plataformas digitais, além de projetos de evangelização nacionais para a juventude. Atualmente, é jornalista da TV Canção Nova de Portugal.

Contatos:
Instagram: @graciellereiscn


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-pouco-com-deus-e-muito/

13 de novembro de 2019

Qual a importância da reconciliação para o ser humano?

"O amor sofre por muito tempo e é gentil; o amor não inveja;  o amor não se desfila, não é inflado; não se comporta de maneira grosseira, não busca o seu próprio prazer, não é birrento, não pensa mal;  não se regozija na iniquidade, mas se alegra na verdade;  tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O Amor nunca falha."

Imagine dois amigos que têm uma briga ou discordância. O bom relacionamento que eles tinham agora está tenso ao ponto de chegar bem perto de um rompimento. Eles pararam de falar um com o outro, além da comunicação estar muito diferente. Os amigos, gradualmente, tornam-se como estranhos um ao outro. Essa separação só pode ser revertida por uma reconciliação. Reconciliar é restaurar a afeição ou harmonia. Quando velhos amigos resolvem suas diferenças e restauram seu relacionamento, a reconciliação ocorre.

Qual-a-importância-da-reconciliação-para-o-ser-humano

Foto Ilustrativa: AntonioGuillem by Getty Images

A reconciliação é uma das verdades mais importantes do Cristianismo

Em primeiro lugar, o autor da reconciliação é o próprio Deus: "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por intermédio de Jesus Cristo" (2Cor 5,18-19). Na história sagrada vemos a beleza do ofendido que busca o ofensor. Já que Deus é santo, a responsabilidade é toda nossa. Nosso pecado nos separa de Deus.

Romanos 5,10 diz que éramos inimigos de Deus: "Porque, se nós, quando inimigos fomos reconciliados com Deus mediante a morte do Seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida". O homem rejeitou a Deus, e esse Deus busca por aquele homem rebelde para reconciliar-se com ele. "Deus nunca se cansa de perdoar" (Papa Francisco). A reconciliação é o colocar-se diante de relacionamentos quebrados, para deixar brotar amabilidades sinceras.

Onde não há reconciliação sangra-se como tinta na chuva; flores murchas incolores em nossas cinzas. A reconciliação precisa ser incansável.  Ela é possível e, quando bem vivenciada, traz alegria, cura e um senso de pertença renovado. Reconstruir relacionamentos requer um trabalho emocional e disposição de cada pessoa envolvida. Muitas vezes, restabelecer relacionamentos com membros da família pode parecer uma tarefa impossível. A dor é muito grande! O outro não se desculpou! No entanto, as pessoas ficam surpresas quando o caminho para a cura leva a novos começos. Só curvando-se ao Deus da graça e do consolo vestimos de salvação a nossa alma ferida e plantamos, com beleza, confiança e caridade, os jardins férteis da reconciliação. "A reconciliação sempre traz uma primavera para a alma" (Irmão Roger). Dar um pedaço de si para os outros, como Deus deu seu único Filho ao mundo, é a razão para este tempo. Permita-se ser aquele que reflete verdadeiramente o coração de Deus na família e no mundo. Esta é a hora de começar! Quando expulsamos o remorso, grande é a doçura que flui no peito.

Quais são os frutos da reconciliação?

A reconciliação é uma decisão que se toma no coração e traz os frutos do arrependimento, os quais são muito doces. Reconhecer erros e libertar toda a tensão, raiva; todas as lágrimas. Não há razão para que essas lágrimas sejam mantidas. Reabrir os braços e dar as boas-vindas a todos os que haviam despovoado o coração. Deus "nos deu o ministério da reconciliação" (5,18). Deu-nos a diakonia da reconciliação!


Resgatar. Restaurar. Recuperar. Retornar. Renovar. Ressuscitar. Cada uma dessas palavras começa com o prefixo "RE", que significa retornar a uma condição original que foi arruinada ou perdida. Deus sempre nos vê à luz do que Ele pretendia que fôssemos e sempre busca nos restaurar para esse desígnio. Seus braços nos abraçam, Sua alegria enche nosso coração. Com Ele, ao nosso lado, sentimos as peças quebradas começarem a realinharem-se.

O ministério da reconciliação já começou e estamos envolvidos nisso. Isso é extraordinariamente boas notícias, porque, significa que, mesmo em meio aos sofrimentos presentes, podemos confiar que o poder reconciliador de Deus prevalecerá. Podemos respirar novamente.

Reconcilie-se

Agora é o tempo bem aceitável; agora é o dia da salvação. Graças a Deus!

"A reconciliação é a beleza que dá paz à vida. O ritmo suave da água enquanto escorre pelas pedras. O intenso brilho do sol a cintilar na terra. As nuvens que dançam e flutuam no ar. A reconciliação é eterna e pura. O vento que sussurra pelas folhas. Canção do pássaro que preenche espaços. Enche os corações. A canção de ninar que traz a alegria da criança. A reconciliação é inocente e preciosa. A reconciliação é notável e atemporal. O último fragmento de esperança pela paz.  A Reconciliação verdadeira é a beleza que dá paz à vida." 

Padre Rodrigo Natal
Sacerdote da Diocese de Taubaté e pós-graduado em Comunicação

Trecho extraído do livro "Reconciliação: Um caminho de amor e perdão"


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/qual-a-importancia-da-reconciliacao-para-o-ser-humano/

8 de novembro de 2019

Como Deus age através dos sinais sagrados?

Muitos são os significados para a palavra sinal. Se procurarmos em um dicionário o que significa o verbete sinal, tem-se como definição "coisa que chama outra à memória, que recorda, que faz lembrar", obtém-se também o sentido de "indício"; "vestígio"; "rastro"; "traço"; além disso, pode significar uma "marca distintiva". Então, partindo desses conceitos de cunho secular, veremos que sinal sagrado vai além de uma representação.

No ambiente religioso, o sinal sagrado também pode ser utilizado de várias formas e em diversas situações, como, por exemplo, os sinais no Antigo Testamento, os símbolos litúrgicos, os Sacramentos e os sinais que expressam as realidades espirituais.

Como Deus age através dos sinais sagrados?

Foto Ilustrativa: Pexel: Pixabay

A Igreja faz uso dos sacramentais que, também, são sinais. E, na Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium, fica claro a sua finalidade: "[…] São sinais sagrados, pelos quais, à imitação dos Sacramentos, são significados efeitos principalmente espirituais obtidos pela impetração da Igreja. Pelos sacramentais os homens os homens se dispõem a receber o efeito principal dos sacramentos e são santificados as diversas circunstâncias da vida" (n. 60).

A seguir, veremos um pouco do que cada realidade quer expressar, mas notar-se-á que em nenhuma deixará de ter um sentido comum, que é levar o homem a Deus.

O homem necessita de sinais e de símbolos

O homem é, ao mesmo tempo, um ser espiritual e um ser corporal, por isso, as necessidades são tanto corporais como espirituais. Da mesma forma que precisamos alimentar o corpo, cuidar da saúde, precisamos cuidar da alma, por meio  da oração e da busca de Deus. Os sinais são meios para que possamos manter a comunicação com o corpo e, ao termos o conhecimento do significado espiritual desses sinais, comunicamos também com a nossa alma.

Na vida humana, sinais e símbolos ocupam um lugar importante. O Catecismo da Igreja Católica vai nos falar o que os sinais sensíveis podem realizar na vida do homem: "Enquanto criaturas, essas realidades sensíveis podem tornar-se o lugar de expressão da ação de Deus que santifica os homens, e da ação dos homens que prestam seu culto a Deus" (CIC, 1148). Para o fiel crente, os sinais sagrados são os exercícios da sua fé e auxílio no culto divino.

Símbolos do Antigo Testamento

O povo de Israel era constantemente orientado por sinais que representavam a presença de Deus e a Sua manifestação. O livro do Êxodo narra que "Quando Moisés subiu ao monte, a nuvem cobriu o monte. A glória do Senhor pousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu durante seis dias (cf. Ex 24,15-16). A nuvem era o sinal pelo qual o povo de Israel tinha a certeza de que Deus estava atuando naquele momento, era a presença de Deus no meio deles.

A nuvem ora escura, ora luminosa revela o Deus vivo e salvador. A nuvem, por muitas vezes citada nos textos do Antigo Testamento, representa a presença de Deus, como podemos ver na passagem em que Moisés está sobre o Sinai e a glória de Iahweh pousa sobre o monte, cobrindo toda a montanha (cf. Ex 24,15-18). Também, quando Moisés entrava na Tenda do Encontro e a coluna de nuvem parava na entrada da Tenda, e ali Deus falava com o seu servo faca a face (cf. Ex 33,9-11). Como podemos perceber, muitas são as manifestações de Deus por meio dos sinais para falar com o seu povo.


Símbolos e Sinais litúrgicos

A celebração na qual o cristão participa é repleta de sinais e símbolos que, segundo a pedagogia de Deus, são meios de Deus chegar aos homens, sendo, os homens, seres corporais e espirituais como foi dito anteriormente. Em toda a Liturgia sacramental, os símbolos fazem referência à criação, como a luz, o fogo e a água; referem-se também à vida humana, como lavar, ungir, partir o pão; por fim, representam ao mesmo tempo a história da salvação no rito da Páscoa (CIC 1189).

Estão também, na mesma esfera, as imagens sacras que, assim como os itens da celebração liturgia, são relativos a Cristo. As imagens de Nossa Senhora e dos santos servem de sinais para comunicar ao povo de Deus a ação de Cristo na vida de tantos homens e mulheres, que a Igreja reconheceu como verdadeiros cristãos. Todas essas formas são manifestações de Deus que a Igreja usa para comunicar algo; normalmente, são a graça e a presença do próprio Deus agindo no povo.

Sacramentos como sinais

Os sacramentos são verdadeiramente sinais sagrados, por meio deles o Espírito Santo realiza a santificação. A Igreja, em sua sabedoria, dá todo um sentido espiritual e enriquecem os sinais naturais: "Os sacramentos da Igreja não abolem, antes purificam e integram toda a riqueza dos sinais e dos símbolos do cosmos e da vida social (CIC 1152).

A Igreja realiza, por meio dos sacramentos, a santificação dos homens e a edificação da própria Igreja, que é corpo místico de Cristo. Deus age por meio dos sacramentos que são sinais eficazes da graça de Deus, instituídos por Cristo e confiados à Sua Igreja, pela qual é dispensada a vida divina (CIC 1131).

Os sinais servem para entender e expressar as realidades espirituais. É Deus quem fala aos homens por meio de sinais visíveis da criação. Deus comunica, por meio da cosmo, para que cada homem veja os vestígios do Seu criador. Esses sinais sensíveis tornam-se o lugar da ação de Deus (CIC 1148).

Por fim, após essa explanação de maneiras, situações, meios e "artifícios" que Deus, muitas vezes, usa para comunicar, a nós, a sua graça, fica claro que: o nosso Deus (conhecendo o coração humano e a necessidade do homem) usa dos vários sinais para salvar. Deus conhece a nossa pouca fé, como expressaram os apóstolos: "Senhor, aumenta em nós a fé" (Lc 17,5). Os sinais se fazem necessários para que, com a pouca fé, possamos dar passos em direção a Deus. O homem carece de sensibilidade e, portanto, Deus age pelos muitos sinais para ganhar a todos.


 


Fábio Nunes

Francisco Fábio Nunes
Natural de Fortaleza (CE), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Fábio Nunes é também Bacharelando em Teologia pela Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP) . Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/como-deus-age-atraves-dos-sinais-sagrados/

6 de novembro de 2019

Como identificar se tenho descontrole emocional?

Vivemos um tempo da supervalorização da emoção. Tudo passa pelo sentimento, inclusive decisões importantes. A grande maioria das pessoas não sabe mais distinguir razão de emoção, seja ela criança, adolescente, adulto ou até idoso. É impressionante o quanto um comportamento infantil se estendeu para outras etapas da vida e tem cegado quem vive dessa forma. Quando pergunto a uma pessoa o que passou pela sua cabeça quando viveu esta ou aquela situação, a resposta vem imediata: Fiquei com uma raiva! Senti-me abandonada! E tantas outras respostas baseadas na emoção e não na razão.

Onde está o problema? O problema é que a emoção é totalmente vulnerável, ela não tem fundamento sólido. E uma pessoa que vive a partir de suas emoções, vive como em um campo minado, estourando uma bomba aqui, outra ali e conseguindo se salvar de outras. Então, como identificar se tenho descontrole emocional?

Comece por avaliar seu comportamento. Como você tem reagido a situações do dia a dia? De forma normal, esperada? Ou surpreendendo as pessoas a sua volta, causando-lhes espanto? A questão é que, normalmente, quem vive esse descontrole emocional não percebe que o faz. E quando alguém fala para ele, acaba dando uma resposta agressiva, por não reconhecer esse comportamento.

Como identificar se tenho descontrole emocional?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Como controlar a emoção?

A grosso modo, podemos dizer que uma pessoa com descontrole emocional é aquela que apresenta uma reação emocional superior ao que deveria, seja por choro, agressividade física ou verbal, gargalhadas… Explico: em uma conversa, uma pessoa fala assim para você: "Você é igualzinho ao seu pai", e a pessoa que ouviu isso tem uma ferida com o pai; logo, responde com gritos e grosseiras. Essa reação impulsiva e explosiva está diretamente ligada à suas memórias afetivas, que, desajustadas, são ativadas por uma fala ou situação.

Um outro exemplo que pode ajudar seria: uma mãe que vê seus filhos brigando, começa a gritar com eles e a bater de forma agressiva. O que leva essa mãe a ter esse comportamento quando ele não é um comportamento padrão dela? Possivelmente, a cena ativou algo nela, em seu temperamento ou personalidade, pois foi uma reação de total descontrole emocional.


Para ter controle de suas emoções, o segredo é separar sua razão da emoção e passar a ter domínio de tudo aquilo que sua mente produz e que ativa suas emoções de forma descontrolada.



Aline Rodrigues

Aline Rodrigues é missionária da Comunidade Canção Nova, no modo segundo elo. É psicóloga desde 2005, com especializações na área clínica e empresarial e pós-graduada em Terapia Cognitiva Comportamental. Possui experiência profissional tanto em atendimento clínico, quanto empresarial e docência.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/como-identificar-se-tenho-descontrole-emocional/

4 de novembro de 2019

Deus que aparece e desaparece

Quem nunca viveu a experiência de ter épocas da vida em que sente a presença de Deus claramente, percebe Seu Amor por cada um, e tudo brilha e reflete Sua face, tudo parece dar certo, e a vida flui com naturalidade, mas, aos poucos, dias depois ou até horas, o tempo parece virar como uma chuva forte depois de um dia de sol? De uma hora para outra, tudo parece perder o sentido: o belo fica feio, o que nos agradava passa a pesar, as tensões parecem crescer e tudo vai mal aos nossos olhos.

Essa é a experiência que muitos de nós fazemos, senão todos. É a experiência da nossa humanidade, que se encontra com Deus. E porque nossa humanidade é frágil, não conseguimos ser tão dóceis para perceber a ação d'Ele e Sua providência, não só na bonança, mas também na tempestade. Uma vez, ouvi de Márcia Corrêa, consagrada da Comunidade Canção Nova, uma frase que anotei em minha Bíblia: "Precisamos ter a serenidade para perceber Deus nos momentos de alegria, mas também nos momentos de tristeza". Meu Deus, como isso é real!

No livro do Cântico dos Cânticos, também é narrada essa experiência do Deus que "aparece e desaparece". A amada do Cântico dos Cânticos é a nossa alma, e o amado é Deus. Primeiro, a amada diz: "É a voz do meu amado! Ei-lo que vem, saltando pelos montes, pulando por sobre as colinas. Ei-lo de pé atrás do muro, espiando pelas janelas, observando através das grades" (Ct 2,8-9).

Deus que aparece e desaparece

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Vê com que alegria ela percebe a presença do amado que se aproxima? Pois bem, dá para acreditar que, alguns versículos depois, essa mesma amada, que percebe o amado tão claramente, de repente, deixa de vê-lo e se angustia à sua procura? Pois é o que acontece: "…procurei o amado de minha alma, procurei-o e não o encontrei. Vou levantar-me e percorrer a cidade, procurando o amado de minha alma… procurei-o e não o encontrei" (cf. Ct 3,1-3).

Como Deus age?

Acho que Deus age assim conosco para despertar em nós o desejo de buscá-Lo. Assim, não ficamos parados em nossos problemas (ou em nossa comodidade) e O buscamos em toda situação. Então, quando O encontramos, que alegria! É o consolo da nossa alma.


O Senhor nos quer fortes, maduros, crescidos na fé, por isso age assim conosco. Se você também já viveu essa experiência do Deus que "aparece e desaparece", ou se a vive hoje, não se desespere, você é normal! Deus é assim mesmo. Isso é sinal de que Ele é presença na sua vida. Pense nisso! Nos momentos de alegria, colhamos os frutos da bondade de Deus; nos momentos de provação, procuremos perceber onde Ele quer que O busquemos.

Um abraço para você. Que bom que podemos partilhar experiências! Assim fazem os irmãos.

Deus o abençoe.

Francis Résio Torres, missionário da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/deus-que-aparece-e-desaparece/