10 de outubro de 2018

Quais são os traços que a santidade dos nossos dias nos trazem?

Precisamos atualizar a santidade

Neste artigo, vamos continuar nosso caminho rumo à santidade proposto pelo Papa Francisco na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate. Percebemos, nos artigos anteriores, que o caminho de santidade consiste no mandamento do amor. Nas Sagradas Escrituras, o próprio Senhor deixou claro ser este o maior mandamento: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com todo o teu entendimento; e teu próximo como a ti mesmo." (Lc 10,27).

É mais do que importante sabermos as características ou os traços que podem fazer de nós santos nos tempos atuais. Bem sabemos que o contexto sociocultural no qual estamos vivendo não é nada fácil. Atualmente, temos desafios próprios, relacionados à maneira de pensar, às ideologias que surgem e um contexto humano específico dos nossos dias.

Quais são os traços que a santidade dos nossos dias trazem?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

O Papa nos alerta dos riscos

Talvez, a sua vida seja tão corrida devido aos afazeres de casa, do trabalho, dos estudos, filhos e compromissos sociais, que você tenha certas atitudes que não fazem bem para você e muito menos para os outros que convivem com você. Às vezes, você nem percebe tais atitudes. Contudo, o Papa Francisco nos lembra atitudes que são comuns a nós, mas precisamos evitar "a ansiedade nervosa e violenta que nos dispersa e enfraquece; o negativismo e a tristeza; a acídia (preguiça) cômoda, consumista e egoísta; o individualismo e tantas formas de falsa espiritualidade sem encontro com Deus que reinam no mercado religioso atual". (n. 111).

O Papa nos alerta sobre uma espiritualidade sem Deus. Parece algo paradoxal e até estranho aos nossos ouvidos, "como podemos ter uma espiritualidade cristã sem Deus?". Podemos comparar com uma festa de casamento sem os noivos. É absurdo! Mas Francisco deixa claro que acontece. Como características contrárias a essas atitudes, o Papa nos deixa cinco formas de manifestarmos o amor a Deus e ao próximo.


Cinco manifestações do amor

O primeiro ato de amor é: "permanecer centrado, firme em Deus que ama e sustenta". Essa primeira característica nos permite suportar as dificuldades e até mesmo as agressões que se apresentam a nós, afirma Francisco. (Cf. n. 112). Permanecer centrado e firme em Deus, que nos ama, será o motivo da nossa paz, e fará de nós testemunhas de uma santidade possível. Lutar contra as nossas inclinações agressivas e egocêntricas, combatendo-as com a firmeza interior que procede de Deus, eis o segredo para conservar-nos centrados na busca pela santidade. Peçamos a Deus o dom da firmeza interior.

O segundo ato consiste em "viver com alegria e sentido de humor". A santidade não consiste em ser triste ou amarga, desanimada, mas a nossa alegria contagiará os outros e atrairá a esperança. O Papa, no n. 122, utiliza de São Tomás de Aquino na Suma Teológica e nos diz: "do amor de caridade, segue-se necessariamente a alegria. Pois quem ama sempre se alegra na união com o amado". Meus irmãos, o amor é o fundamento da alegria. Se amamos a Deus, não podemos ser tristes. Ainda temos a possibilidade de amar fraternalmente e assim nos alegrar, ou seja, a alegria do outro alegra-me também. "Alegrai-vos com os que se alegram". (Rm 12,15).

Como terceiro ato, Papa Francisco traz a parresia, que significa ousadia e ardor, como impulsos do evangelizar cristão. É próprio de quem experimenta o sabor da santidade, mesmo que de forma limitada a desejar que outros também experimentem essa graça, e esse desejo é evangelização com parresia. E quem nos dá a parresia? Ela é própria do Espírito Santo, por isso peçamos o Espírito, a fim de que nos dê ousadia e ardor na evangelização.

Corremos o risco de cairmos em um comodismo, procurando as nossas próprias seguranças, afirma o Papa. Porém, Deus se faz novidade e a seu exemplo nos quer tirar da vida cômoda: "Ele próprio se fez periferia. Por isso, se ousarmos ir às periferias, lá o encontraremos […]" (n. 135). Jesus está naqueles irmãos que estão feridos e excluídos da sociedade. (Cf. n. 135).

O quarto ato de amor que nos leva à santificação é a vida em comunidade. É fato que, quando estamos sozinhos, corremos mais riscos de cairmos e sucumbirmos à tentação. Além disso, a vida comunitária também proporciona o crescimento espiritual, pois é a oportunidade de exercitarmos as virtudes. Francisco nos diz: "A comunidade é chamada a criar aquele espaço teologal onde se pode experimentar a presença mística do Senhor ressuscitado. Assim como viver os sacramentos. A comunidade é guardiã do amor.

Por fim, o quinto e último ato de amor é o que o nosso Papa chama de oração constante. Não podemos ser santos sem ter um espírito orante. Gosto da definição de oração de Santa Teresa quando ela diz: "oração é um trato de amizade, estando muitas vezes a sós com quem amamos." O santo tem necessidade de estar nessa relação com Deus. Mas para isso precisa que nós tiremos um tempo do nosso dia para estarmos com o Amado de nossas almas. Procuremos ocasiões e momentos para estar a sós com Ele, o silêncio é o nosso amigo para que esse diálogo aconteça.

Espero que, com a ajuda do nosso amado Papa Francisco, seguindo os passos indicados nesta exortação apostólica, cheguemos à santidade tão desejada por Deus para as nossas vidas. Que encarnemos essas características e busquemos a vontade de Deus no nosso dia a dia.



Fábio Nunes

Francisco Fábio Nunes
Natural de Fortaleza (CE), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Fábio Nunes é também Bacharelando em Teologia pela Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP) . Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/quais-sao-os-tracos-que-santidade-dos-nossos-dias-nos-trazem/

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