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31 de agosto de 2018

Um dia, todos já nos questionamos: qual é o sentido da vida?

A vida tem um sentido? Para onde ela se dirige?

A e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou, no coração do homem, o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio (cf. Ex 33, 18; Sal 2726, 8-9; 6362, 2-3; Jo 14, 8; 1 Jo 3, 2) […] A princípio, a verdade apresenta-se ao homem sob forma interrogativa: A vida tem um sentido? Para onde se dirige? À primeira vista, a existência pessoal poderia aparecer radicalmente sem sentido. Não é preciso recorrer aos filósofos do absurdo nem às perguntas provocatórias que se encontram no livro de Jó para duvidar do sentido da vida.

Um dia, todos já nos questionamos: qual é o sentido da vida?

Foto e arte ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

A experiência cotidiana do sofrimento, pessoal e alheio, e a observação de muitos fatos, que à luz da razão se revelam inexplicáveis, bastam para tornar iniludível um problema tão dramático como é a questão do sentido da vida. A isso se deve acrescentar que a primeira verdade absolutamente certa da nossa existência, para além do fato de existirmos, é a inevitabilidade da morte.

Perante um dado tão desconcertante como este, impõe-se a busca de uma resposta exaustiva. Cada um quer, e deve, conhecer a verdade sobre o seu fim. Quer saber se a morte será o termo definitivo da sua existência ou se algo permanece para além da morte; se pode esperar uma vida posterior ou não […]

Busca pela verdade

Aquilo que é verdadeiro deve ser verdadeiro sempre e para todos. Contudo, para além dessa universalidade, o homem procura um absoluto que seja capaz de dar resposta e sentido a toda a sua pesquisa: algo de definitivo, que sirva de fundamento a tudo o mais. Por outras palavras, procura uma explicação definitiva, um valor supremo, para além do qual não existam nem possam existir interiores perguntas ou apelos.

As hipóteses podem seduzir, mas não saciam. Para todos, chega o momento em que, admitam-no ou não, há necessidade de ancorar a existência a uma verdade reconhecida como definitiva, que forneça uma certeza livre de qualquer dúvida. […]

Outros interesses de variada ordem podem sobrepor-se à verdade. Acontece também que o próprio homem a evite, quando começa a entrevê-la, porque teme as suas exigências. Apesar disso, mesmo quando a evita, é sempre a verdade que preside à sua existência. Com efeito, nunca poderia fundar a sua vida sobre a dúvida, a incerteza ou a mentira; tal existência estaria constantemente ameaçada pelo medo e a angústia. Assim, pode-se definir o homem como aquele que procura a verdade. […]


Todo o homem está integrado numa cultura, depende dela e sobre ela influi. É simultaneamente filho e pai da cultura onde está inserido. Em cada manifestação da sua vida, o homem traz consigo algo que o caracteriza no meio da criação: a sua constante abertura ao mistério e o seu desejo inexaurível de conhecimento. Em consequência, cada cultura traz gravada em si mesma e deixa transparecer a tensão para uma plenitude. Pode-se, portanto, dizer que a cultura contém em si própria a possibilidade de acolher a revelação divina.

Papa João Paulo II
(Equipe Formação Portal Canção Nova)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/um-dia-todos-ja-nos-questionamos-qual-e-o-sentido-da-vida/

30 de agosto de 2018

Catequista, vocação gerada no coração de Deus

Catequista, acolha o afetuoso abraço de gratidão de nossa amada mãe Igreja

Catequista, você é uma pérola especial e um tesouro para Deus e sua amada Igreja. A sua singular vocação foi gerada no coração de Deus Pai, para que pudesse chegar aos corações dos seus filhos e filhas com a mensagem da vida – Jesus Cristo. Catequista, você não é apenas um transmissor de ideias, conhecimentos, doutrina ou, mais ainda, um professor de conteúdos e teorias, mas é um canal da experiência viva do encontro intrapessoal com a pessoa de Jesus Cristo.

Crédito: FatCamera by Getty Images

Essa experiência é comunicada pelo Ser, Saber e Saber Fazer em comunidade, no coração da missão catequética. O ser e o saber do catequista se fundamentam numa dinâmica divina pautada na espiritualidade da gratuidade, da confiança, da entrega, da certeza de que somos impulsionados pelo Espírito Santo, fortalecidos pelo Cristo e amparados pelo Pai.

Catequista, com certeza, são muitos, grandes e difíceis os desafios hoje de nossa catequese. Vivemos numa realidade que muitas vezes é contrária àquilo que anunciamos em nossa missão de levar e testemunhar a mensagem de Jesus Cristo. Mas temos a certeza de que não caminhamos sozinhos, somos assistidos pela grande catequista, a Virgem Santíssima.

Por isso, peço-lhe que a experiência do encontro com Jesus Cristo seja a força motivadora capaz de lhe trazer o encantamento por esse fascinante caminho de discipulado, cheio de desafios, mas que o faz crescer e acabam gerando profundas alegrias.

Catequese, educação da fé

"A catequese é uma educação da fé das crianças, dos jovens e dos adultos, a qual compreende especialmente um ensino da doutrina cristã, dado em geral de maneira orgânica e sistemática, com o fim de iniciá-los na plenitude da vida cristã" (CT). Ensina o Catecismo da Igreja Católica: "no centro da catequese encontramos essencialmente uma Pessoa, a de Jesus Cristo de Nazaré, Filho único do Pai…" (cf. CIC 1992). A finalidade definitiva da catequese é levar à comunhão com Jesus Cristo: só Ele pode conduzir ao amor do Pai no Espírito e fazer-nos participar da vida da Santíssima Trindade. Todo catequista deveria poder aplicar a si mesmo a misteriosa palavra de Jesus: 'Minha doutrina não é minha, mas Daquele que me enviou' (Jo 7,16)" (CIC, 426-427).

Catequista, acolha o afetuoso abraço de gratidão de nossa amada mãe Igreja, nos seus bispos, padres e de milhares de pessoas, vidas agradecidas pela sua presença na educação da fé de nossos catequizandos, crianças, adolescentes, jovens e adultos. Em sua ação se traduz, de uma forma única e original, a vocação da Igreja-Mãe, que cuida maternalmente dos filhos que gerou na fé, pela ação do Espírito.


Poderíamos dizer muitas coisas, palavras eloquentes e profundas, mas uma só é necessária: Deus lhe pague! E que a força da Palavra continue a suscitar-lhe a fé e o compromisso missionário!

Que a comunidade continue sendo o referencial da experiência do encontro com Cristo naqueles que sofrem, naqueles que buscam acolhida e necessitam ser amados, amparados e cuidados.

A ternura amorosa do Pai, a paz afável do Filho e a coragem inspiradora do Espírito Santo que cuida com carinho dos seus filhos e filhas, que um dia nos chamou a viver com alegria a vocação de catequista discípulo missionário, estejam na sua vida, na vida da sua comunidade hoje e sempre!

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/catequista-vocacao-gerada-no-coracao-de-deus/

27 de agosto de 2018

O amor é o que cura

Precisamos ser portadores do amor que cura, salva e liberta

Todos nós somos carentes por receber e dar amor. A história de muitos de nós foi marcada por ausência de amor, tanto materno, paterno, dentre outros. Essa ausência marca toda a vida de uma pessoa.

Muitos, por não receberem amor dos pais desde o ventre da mãe, se sentem rejeitados, não são aceitos pelas pessoas; complicam sua sexualidade vivendo um desequilíbrio. A falta de amor deixa marcas profundas, feridas, que só o amor de Deus e o amor puro das pessoas podem curar.

Foto ilustrativa: Paula Dizaró / cancaonova.com

A falta desse amor genuíno e puro leva a pessoa à angústia, autopiedade, desequilíbrio emocional e psíquico, sentimentos de inferioridade e incapacidade, timidez, fechamento de si mesmo. A pessoa não é bem resolvida interiormente e profissionalmente, fica no pula-pula, nada satisfaz sua vida. O seu relacionamento com Deus Pai é rompido, pois começa a comparação com o pai biológico.

Minha história, minhas feridas

Comigo aconteceu o seguinte: tendo nascido com 7 meses, em casa, nasci muito magro, doente e com poucos quilos. Fui rejeitado pela minha mãe desde o nascimento, pois ela tinha literalmente "nojo" de mim por ser tão pequeno e muito sensível. Quem teve que cuidar de mim foi minha avó, que me dava banho e alimento. Até para mamar minha mãe nem tocava em mim.

Quando cresci e fiquei sabendo de tudo o que aconteceu em minha vida, pude entender toda frieza e rejeição que tinha por minha mãe. E meu pai sempre foi um carrasco comigo e meus irmãos, nunca recebi o amor dele. Cresci um jovem com raiva da vida, fechado em mim mesmo, sem ânimo para viver. Não me aceitava e nem aceitava os pais que tinha. E a minha vida foi marcada por traumas e complexos: inferioridade, incapacidade, rejeição, culpa, etc. Eu não vivia, e sim vegetava sem saber.


Mas, quando experimentei o verdadeiro amor de Deus, as coisas foram mudando e dando sentido à minha vida. Pude encontrar, nos irmãos em Cristo, o verdadeiro amor puro, e esse curou as minhas feridas.

Quando entrei para a Comunidade Canção Nova, tinha muitas feridas em relação ao amor. Era muito fechado, não ria, mas experimentei o amor puro dos irmãos de comunidade. Principalmente quando morei em Palmas-TO, senti-me totalmente curado por tanto amor que tinha recebido por parte dos meus irmãos e irmãs durante aquele tempo. Hoje, sinto-me uma pessoa muito amada. O amor tem realmente o poder de curar. E, por isso, hoje sou portador do amor que cura e tenho ajudado muitas pessoas a descobrirem esse amor de Deus.

Fazer da vida um testemunho de amor

"Tornai-vos, pois, imitadores de Deus, como filhos amados, e andai em amor, assim como Cristo também nos amou e se entregou por nós a Deus, como oferta e sacrifício de odor suave" (Ef 5,1-2).

Quero ser esse imitador de Cristo no amor e na Misericórdia. Tenho procurado andar em amor (que significa estar em estado de amor ou viver o modo de amor). Precisamos ser amor para os outros, injetar amor na vida das pessoas. Ser portadores do amor que cura, salva e liberta.

Não posso ser menos que amor para as pessoas. Dar amor puro, genuíno e sem compromisso.

A sua vida precisa ser um testemunho de amor. Não um amor de interesse ou um sentimento, mas aquele que vai além das palavras e conceitos filosóficos. O amor que é o próprio Deus. Realmente, o amor tem poder de ressurreição; e o amor é o que cura.


Padre Reinaldo Cazumbá

Sacerdote membro da Canção Nova, estudante de psicologia, atua no Instituto Teológico Bento XVI e também exerce a função de diretor espiritual dos futuros sacerdotes da comunidade. Autor do livro: "Onde está Deus?". Acesse: blog.cancaonova.com/padrereinaldo


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/o-amor-e-o-que-cura/

24 de agosto de 2018

O amor recíproco é o distintivo de todos nós cristãos

O mundo, ao ver a unidade, o amor recíproco, acredita em Jesus

"Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15,12). Certamente, você gostaria de saber quando Jesus disse essas palavras de amor. Foi um pouco antes de iniciar Sua Paixão, quando pronunciou um discurso de despedida que constitui o Seu testamento. Imagine, então, como essas palavras são importantes. Se ninguém jamais esquece as palavras ditas por um pai antes de morrer, quanto mais as que foram pronunciadas por um Deus! Portanto, encare-as com grande seriedade e procure  entendê-las profundamente.

O amor recíproco é o distintivo de todos nós cristãos

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

"Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15,12). Jesus está prestes a morrer e tudo o que diz reflete esse acontecimento que se aproxima. Sua partida iminente exige sobretudo a solução de um problema: como permanecer entre os seus para dar continuidade à Igreja? Você sabe que Jesus está presente nas ações sacramentais, por exemplo, na Eucaristia da Missa. Pois bem, Jesus também está presente onde se vive o amor recíproco.

Ser unidade

Ele disse: "Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome (e isso é possível onde existe o amor recíproco), eu estou no meio deles" (Mt 18,20). Portanto, ele pode permanecer eficazmente presente na comunidade, cuja vida se fundamenta no amor recíproco. E, por meio da comunidade, pode continuar a revelar-se ao mundo, a influir no mundo. Não é maravilhoso? Você não sente vontade de viver imediatamente este amor, juntamente com os cristãos que lhe estão próximos? João, em cujo Evangelho encontramos esta Palavra de Vida, vê no amor recíproco o mandamento por excelência da Igreja, que tem como vocação justamente ser comunidade, ser unidade.

"Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15,12). De fato, Jesus diz: "Nisto todos reconhecerão que sois meus discípulos: no amor que tiverdes uns para com os outros" (cf. Jo 13,35). Portanto, se você quiser descobrir o verdadeiro sinal de autenticidade dos discípulos de Cristo, se quiser conhecer o distintivo dos cristãos, deve procurá-lo no testemunho do amor recíproco vivido. Os cristãos são reconhecidos por este sinal. E, se ele faltar, o mundo não mais reconhecerá, nos cristãos, os discípulos de Jesus.

"Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15,12). O amor recíproco gera a unidade. Mas o que é que a unidade realiza? Jesus também diz: "Que sejam um, (…) a fim de que o mundo creia que tu me enviaste" (Jo 17,21). A unidade, revelando a presença de Cristo, convence o mundo a segui-lo. O mundo, ao ver a unidade, o amor recíproco, acredita em Jesus.

Novo mandamento

"Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15,12). No mesmo discurso de despedida, Jesus diz que esse mandamento é "seu". É seu e, portanto, tem para ele uma importância especial. Você não deve encará-lo simplesmente como uma norma, uma regra ou um mandamento como os outros. Com ele, Jesus quer lhe revelar um modo de viver, quer lhe indicar como orientar a sua existência. Os primeiros cristãos colocavam esse mandamento como base da própria vida.

Pedro dizia: "Antes de tudo, tende um constante amor uns para com os outros" (cf. 1Pd 4,8). Antes de trabalhar, antes de estudar, antes de ir à missa, antes de qualquer atividade, verifique se o amor recíproco reina entre você e quem vive com você. Se for assim, sobre essa base, tudo tem valor. Sem esse fundamento, nada agrada a Deus.

"Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15,12). Jesus lhe diz que esse mandamento é "novo": "Eu vos dou um novo mandamento". O que quer dizer com isso? Que esse mandamento não era conhecido? Não. "Novo" significa feito para os "tempos novos". Então, do que se trata? Veja bem: Jesus morreu por nós. Portanto, amou-nos até a máxima medida. Mas que amor era o seu? Por certo não era como o nosso. O seu amor era e é um amor "divino". Ele disse: "Assim como o Pai me amou, também eu vos amei" (Jo 15,9).


Realidade divina

Portanto, ele nos amou com o mesmo amor que existe entre Ele e o Pai. E é com esse mesmo amor que devemos nos amar reciprocamente para atuar o mandamento "novo". No entanto, você, como ser humano, não possui um amor como esse. Mas alegre-se porque, como cristão, você o recebe. E quem é que lhe dá esse amor? O Espírito Santo, que o infunde no seu coração, no coração de todos os fiéis.

Existe, portanto, uma afinidade entre o Pai, o filho e nós, cristãos, devido ao amor divino que possuímos em comum. É esse amor que nos insere na Trindade. É esse amor de Deus que nos torna filhos seus. É por esse amor que céu e terra estão ligados, como que por uma grande corrente. É por esse amor que a comunidade cristã é conduzida até o âmbito de Deus e a realidade divina vive na terra, onde os fiéis se amam. Você não acha tudo isso divinamente belo? E a vida cristã não lhe parece extremamente fascinante?

Chiara Lubich, Fundadora do Movimento Focolare


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/estudo-biblico/o-amor-reciproco-e-o-distintivo-de-todos-nos-cristaos/

22 de agosto de 2018

Católico pode ir a motel?

O casal cristão não precisa de estripulias para viver uma vida sexual harmoniosa

Com os problemas do dia a dia, o corre-corre para dar conta do trabalho, dos filhos e do lar, muitas vezes, os casais acabam se deixando um pouco de lado. É normal que muitos busquem maneiras de fazer com que o relacionamento saia da "rotina"; em certos casos, isso é bom. No entanto, é preciso que os casais católicos tenham certo "filtro", tenham discernimento ao escolher uma maneira de alcançar o resultado que desejam.

Alguns preferem jantar fora, outros deixam os filhos um fim de semana com os avós e vão viajar ou ainda saem a sós, para um simples passeio. Enfim, existem muitas maneiras de fazer "algo diferente" com seu cônjuge. Cada casal deve buscar, em sua realidade, o que é melhor para os dois. Com isso, muitos se perguntam se casais católicos podem ir a motéis. Vou lhe dar minha opinião.

Católico-pode-ir-a-motel

Foto Ilustrativa: DNY59, 15551432, iStock by getty images

Posso ir no motel?

Sinceramente, não aconselharia um casal católico a ir a um motel. Podemos dizer que o motel, no Brasil, não é como nos EUA, por exemplo, um simples hotel de beira de estrada, onde as famílias pernoitam para continuar uma viagem. De modo diferente, embora muitos trabalhadores ainda utilizem o motel para pernoitar, sabemos também que a maioria de seus frequentadores usam desse espaço para a prática da fornicação ou para viver o adultério. Sabemos que ambas as práticas configuram pecados graves: "Não cometerás adultério" (Ex 20,14); ou como mostra o Catecismo da Igreja Católica (CIC):

"O adultério. Essa palavra designa a infidelidade conjugal. Quando dois parceiros, dos quais ao menos um é casado, estabelecem entre si uma relação sexual, mesmo efêmera, cometem adultério. Cristo condena o adultério mesmo de simples desejo. O sexto mandamento e o Novo Testamento proscrevem absolutamente o adultério. Os profetas denunciam sua gravidade. Veem no adultério a figura do pecado de idolatria" (CIC n.2380).

Pecado do adultério

"O adultério é uma injustiça. Quem o comete falta com seus compromissos, fere o sinal da aliança, que é vínculo matrimonial; lesa o direito do outro cônjuge e prejudica a instituição do casamento, violando o contrato que o fundamenta. Compromete o bem da geração humana e dos filhos, que têm necessidade da união estável dos pais" (n.2381).

O Catecismo da Igreja, quando fala dos graves pecados contra a castidade, diz: "Entre os pecados gravemente contrários à castidade é preciso citar a masturbação, a fornicação, a pornografia e as práticas homossexuais" (n. 2396).

Ora, se o motel é um lugar onde esses pecados podem ser cometidos abundantemente, como, então, um católico deveria frequentá-lo? Não vejo o menor sentindo nem necessidade. Você levaria sua esposa, por exemplo, para jantar em um restaurante onde você sabe que é sujo e contaminado por bactérias? Claro que não! Você a respeita e cuida de sua saúde física.

Não há como negar que a maioria dos motéis são usados também para a prostituição, um pecado grave: "A prostituição é um atentado contra a dignidade da pessoa que se prostitui, reduzida ao prazer venéreo que dela se tira. Quem paga, peca gravemente contra si mesmo: quebra a castidade a que o obriga o seu batismo e mancha o seu corpo, que é templo do Espírito Santo (102). A prostituição constitui um flagelo social" (n.2355).


É o amor que gera a união corporal

Cada um de nós precisa cuidar também da sua saúde espiritual. Quando se entra numa igreja, sua alma é envolvida pelo sagrado. Quando você entra num local de pecado, ela é envolvida pela iniquidade e imoralidade. São Paulo recomenda: "Não deis ocasião ao demônio" (Ef 4,27).

O casal cristão não precisa de estripulias para viver uma vida sexual harmoniosa; não precisa de "Kama Sutra" nem de "não sei quantos tons de cinza", vermelho ou roxo. Ele precisa de amor e fidelidade recíproca, de carinho mútuo, atenção um com ou outro. Essa é a melhor preparação para uma boa vida sexual. Ele pode experimentar plenamente o segredo da felicidade sexual no prazer e na alegria, porque sabe combinar na cama, harmoniosamente, o corpo e a alma, o humano com o divino. Sem isso não adiantam hormônios, estimulantes sexuais, técnicas exóticas, bebidas, músicas, danças, sofisticações eróticas nem posições acrobáticas. Algumas dessas coisas, usadas com equilíbrio, até podem ajudar a harmonia sexual do casal, mas se faltar o essencial, que é a conjugação do corpo com o espírito, tudo pode falhar e terminar em frustração.

O ato sexual não é a causa do amor do casal, é o efeito dele. Não é o ato que gera o amor; é o contrário, é o amor que gera a união corporal para celebrá-lo.

Como o ato sexual foi querido por Deus, devemos entender que Ele está junto do casal nessa hora de "liturgia conjugal". Por isso, o casal deve respeitar a presença divina que os uniu em matrimônio, a fim de conseguir realizar em plenitude o que Ele quis para eles. Cristo está presente também nessa hora, pois é nesse momento que um novo ser humano poderá ser gerado, na celebração do amor conjugal. Cristo quer incluir a vida sexual do casal no seu projeto de santificação. Também ai o casal cresce no seu amor, na compreensão mútua, no perdão e na paciência.

O ato sexual em clima de fé santifica

Em outras palavras, o ato sexual em clima de fé santifica. Naquela hora, é como se o casal orasse com o corpo todo. É por isso que, antigamente, após a celebração do matrimônio na igreja, o padre ia à casa do casal benzer a sua cama, pois é no ato sexual que o matrimônio é consumado.

O casal deve vigiar para que a relação sexual não seja mundanizada, isto é, realizada à moda da prostituição vendida em fitas de vídeo de filmes pornográficos. Sabemos que muitos motéis oferecem vídeos pornográficos aos casais, mas estes não precisam disso para se prepararem para o ato sexual.

A Igreja ensina que "a pornografia ofende a castidade, porque desnatura o ato conjugal, doação íntima dos esposos entre si. A pornografia atenta gravemente contra a dignidade daqueles que a praticam (atores, comerciantes e público), porque cada um se torna para o outro objeto de um prazer rudimentar e um proveito ilícito. Mergulha uns e outros na ilusão de um mundo artificial. As autoridades civis devem impedir a produção e a distribuição de materiais pornográficos" (cf.CIC n.2354).

A moral católica ensina que não se pode fazer o bem por meio de um meio mal. Logo, a pornografia e outros meios condenados pela moral não podem ser válidas no fomento do ato sexual do casal cristão. "Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação; que eviteis a impureza; que cada qual saiba tratar a própria esposa com santidade e respeito, sem se deixar levar pelas paixões desregradas como fazem os pagãos que não conhecem a Deus" (1 Tess 4,3-5 – Bíblia de Jerusalém).

Além do mais, se o casal cristão usa de um motel, está fomentando o seu crescimento, quando deveria ser o contrário. Está colaborando formalmente para o mal – o que não é lícito. Há muitas outras formas sadias e legítimas para um casal rejuvenescer sua vivência sexual. É preciso vigiar contra a máquina publicitária, que está montada em cima de um comércio imoral do prazer, e que tende a arrastar também aqueles que amam a Deus.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/vida-sexual/catolico-pode-ir-a-motel/

20 de agosto de 2018

Existe uma coisa que Deus é incapaz de fazer. Você sabe?

Deus nos auxilia, mas não toma a decisão por nós

Existe uma coisa que Deus é incapaz de fazer, mesmo sendo Todo-poderoso: decidir por você! Deus não pode se contradizer, Ele o fez livre e não pode decidir por você.

Muito obrigado pela repercussão do último texto: "Guia prático para definir vocações". Louvado seja Deus!

Existe uma coisa que Deus é incapaz de fazer. Você sabe

Foto Ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com

Recebi perguntas de todos os tipos:

– Será que caso ou compro uma bicicleta?
– Tenho tantos filhos. Será que devo ter mais?
– Devo morar com a sogra?
– Será que devo ser padre?
– Como faço para ser da Canção Nova?
– Compro alianças ou pago a geladeira?
– Posso ser freira?
– Faço o seminário há nove anos, falta só este fim de ano para terminar. Será que continuo e me ordeno ou vou trabalhar no banco?

Confira essas dicas

Pois é… Objetivamente, não respondi a ninguém, não posso. Minha missão é levar até você uma dica, uma experiência de vida, contar um "causo" que os façam ver outros ângulos de uma situação.

A resposta vocacional deve ser e é apenas sua.

Você pode e deve, também, aconselhar-se com seus familiares e com pessoas que tenham maturidade suficiente para expressar uma opinião. Só tome cuidado com "amigos" que se limitam a lhe dizer para fazer as coisas.

Creio, por experiência pessoal, que o verdadeiro amigo não é aquele que diz: "Vai, que vai dar certo!" O verdadeiro amigo diz: "Eu vou junto com você!". A decisão final é sua. Seus verdadeiros amigos irão com você, serão seu apoio, mas a decisão final é sua.


A difícil decisão

É a tal da "solidão da decisão" ou então, "solidão da responsabilidade", e melhor ainda: "solidão da liberdade" – se é que existe solidão para quem crê em Deus.

Quem tem de pesar os prós e contras e medir, na ponta do lápis, as consequências da sua decisão vocacional é você. Se você tiver sensatez e coragem, equilibre essas virtudes e vá. Como diz a canção de padre Jonas Abib: "Não dá mais pra voltar! O barco está em alto mar!".

Só que isso não é mais um peso para carregar; é a liberdade para assumir e usar com responsabilidade.

Boa decisão vocacional.



Paulo Victor e Letícia Dias

Cirurgião-dentista de formação, Paulo Victor foi membro da Comunidade Canção Nova como apresentador, locutor e radialista. Atualmente, ele mora em Campo Grande (MS). É empresário e casado com Letícia Dias.

Letícia Dias é Gerente de Conteúdo e estudante de Letras/Libras com foco na Educação Especial. Foi membro da Comunidade Canção Nova como apresentadora de programas. Hoje, ela mantém uma agitada rotina familiar. Letícia tem um filho caçula que nasceu com Síndrome de Down, e isso a refaz todos os dias.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/existe-uma-coisa-que-deus-e-incapaz-de-fazer-voce-sabe/

16 de agosto de 2018

Prudência, nosso melhor bem

Prudência não é medo, é discernimento. Ela não só nos manda ficar, mas também nos manda ir

"E se alguém ama a justiça, seus trabalhos são virtudes; ela ensina a temperança e a prudência, a justiça e a força: não há ninguém que seja mais útil aos homens na vida. Se alguém deseja uma vasta ciência, ela sabe o passado e conjectura o futuro; conhece as sutilezas oratórias e revolve os enigmas; prevê os sinais e os prodígios, e o que tem que acontecer no decurso das idades e dos tempos. Portanto, resolvi tomá-la por companheira de minha vida, cuidando que ela será para mim uma boa conselheira, e minha consolação nos cuidados e na tristeza" (Sabedoria 8,7-9).

Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com

A crise das virtudes

O mundo de hoje vive uma grande crise de virtudes. Cresce de modo assustador o grande problema dos vícios, seja ele de qual natureza for: vícios de drogas, entorpecentes, cigarro, álcool entre outros. Esse tipo de conduta chegou a atingir um ponto tão alarmante, que, muitas vezes, temos vergonha de fazer a coisa certa.

Não nos é permitido mais fazer o certo, pois, se você está certo, está errado no conceito do mundo. Além dos vícios físicos, ainda há os vícios da alma. Pensa-se: "Perdoar? Imagine! Eu não preciso de ninguém!".

As pessoas acreditam que a virtude deve se dobrar diante do vício, mas é exatamente o contrário que precisa acontecer: é o vício que deve se dobrar diante da virtude. Por isso, há uma necessidade muito grande da presença das virtudes em nossa vida.

Prudência não é sinônimo de cautela

Hoje, vamos nos aprofundar na "mãe das virtudes": a prudência. Não existe nenhuma outra coisa se essa não existe. Pensa-se que prudência é ser cauteloso, mas não é isso que as Sagradas Escrituras nos ensinam. Prudência não é sinônimo de cautela.

Prudência é ver e perceber aquilo que realmente é importante; é perceber as coisas a partir da luz de Deus e dar a resposta certa no momento certo. Prudência não é medo; é discernimento. Ela não só nos manda ficar, mas também nos manda ir.

A sabedoria é fruto da prudência, as duas são iguais. Compreendemos o que é preciso fazer, vamos lá e fazemos. No entanto, para tomarmos essa atitude precisamos enxergar.

As virgens prudentes

A prudência sabe contornar as situações. Vejamos o exemplo da "Parábola das Dez Virgens Prudentes", que se encontra em Mateus 25,1-13:

"Então, o Reino dos Céus será semelhante às dez virgens, que saíram com suas lâmpadas ao encontro do esposo. Cinco dentre elas eram tolas, e cinco prudentes. Tomando suas lâmpadas, as tolas não levaram óleo consigo. As prudentes, todavia, levaram de reserva vasos de óleo junto com as lâmpadas.

Tardando o esposo, cochilaram todas e adormeceram. No meio da noite, porém, ouviu-se um clamor: Eis o esposo, ide-lhe ao encontro. E as virgens levantaram-se todas e prepararam suas lâmpadas. As tolas disseram às prudentes: 'Dai-nos de vosso óleo, porque nossas lâmpadas se estão apagando.' As prudentes responderam: 'Não temos o suficiente para nós e para vós; é preferível irdes aos vendedores, a fim de o comprardes para vós.' Ora, enquanto foram comprar, veio o esposo. As que estavam preparadas entraram com ele para a sala das bodas e foi fechada a porta. Mais tarde, chegaram também as outras e diziam: 'Senhor, senhor, abre-nos!' Mas ele respondeu: 'Em verdade vos digo: não vos conheço!' Vigiai, pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora".


Essa passagem bíblica nos mostra bem o que é a prudência. Às vezes, mesmo que tenhamos vontade de sermos solidários, não podemos dar algo que vá nos faltar. Muitas vezes, damos de graça aquilo que nos era necessário. Prudência é fruto de Deus, é virtude que vem do Alto.

Nem todo bem nos faz bem

É fácil saber o que tem de ser feito, a que horas fazer e como fazer? Claro que não! Para cada momento existe uma decisão diferente. Não é sempre a mesma resposta. Se você dá sempre uma mesma resposta para todos os seus problemas, está na hora de ser mais prudente.

Escolher entre o que é bom e ruim no nosso mundo é fácil. Se eu lhe oferecer um pudim cheio de terra e um limpo, qual você vai escolher? É claro que o pudim limpo. Ninguém quer aquilo que não é bom. Então, por que as pessoas escolhem coisas ruins? "A escolha entre o bem e o mal é questão apenas de inteligência", lembra-nos Santo Inácio de Loyola.

Por isso, escolher entre o bem e o mal é questão apenas de sobrevivência. Mas a vida não está baseada, simplesmente, na escolha do bem. É preciso saber que nem todo bem nos faz bem, nem todo bem faz bem a todos. Isso é o discernimento, é preciso saber escolher entre o bem e o bem devido.

Se olharmos, por exemplo, o açúcar, ele é um bem, é bom, mas não faz bem a quem é diabético nem a quem se recupera de cirurgias. Ou seja, nem todo o bem nos faz bem o tempo todo.

Saber fazer as escolhas

Escolher entre o bem e o bem devido é questão de prudência. Para ser feliz é preciso saber romper com o apego das coisas que são incompatíveis com nossa vida. Essa é a vontade de Deus!

Precisamos amadurecer para as escolhas mais difíceis como essa, escolher entre tudo que é bom e encontrar a vontade do Senhor, o bem que nos é devido. Acertar nessa escolha é questão de realização.

A prudência é a mãe de todas as virtudes, e é nela que nos encontramos com o Senhor. Ser de Deus não é fácil, mas é possível. Peçamos a Jesus Cristo prudência para nossas decisões.



Padre Xavier

Padre Antônio Xavier Batista, sacerdote na Comunidade Canção Nova ordenado em 16 de dezembro de 2007, é formado em Filosofia, Teologia e Mestre em Ciências Bíblicas e Arqueologia pela Pontifícia Universidade Antoniana (Studium Biblicum Franciscanum de Jerusalém). Twitter: @padrexaviercn


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/prudencia-nosso-melhor-bem/

14 de agosto de 2018

Jovem, vale a pena esperar e guardar a castidade

Não quero ter relações sexuais até que me case. Prefiro esperar

Assistimos, nos meios de comunicação, a uma intensa propaganda do preservativo para prevenção da AIDS. Trata-se, porém, de uma propaganda enganosa promovida por organizações e instituições internacionais interessadas no controle populacional. O uso do preservativo (camisinha) leva à promiscuidade e à disseminação das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), principalmente entre os jovens. As pesquisas demonstram alto índice de falha do preservativo.

Usado para evitar a gravidez, a falha é de 15 a 25%, segundo dados obtidos. Sua falha é bem maior no que se refere a prevenção da AIDS. O espermatozoide humano é 450 vezes maior que o vírus HIV e a fissura do látex (poros), de que é feito o preservativo, é de 50 a 500 vezes maior que o tamanho do vírus.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com

Uma pesquisa realizada em Seattle (EUA) chegou à conclusão de que não se pode dizer que o uso do preservativo é melhor do que nada para prevenir a AIDS. Depois de analisarem as várias fases de produção, de armazenagem, de comercialização e uso da "camisinha", os pesquisadores chegaram à conclusão de que a prevenção da AIDS deveria ser orientada para o comportamento das pessoas.

Além da possibilidade de o vírus HIV passar pelos poros do preservativo, este pode se romper ou se soltar durante o ato sexual. Além disso, nem sempre as pessoas usam adequadamente a "camisinha". Há falha de uso e falha do material.

Em virtude disso e do alarmante aumento de doenças sexualmente transmissíveis, entre estas a AIDS, o governo americano investiu 500 milhões de dólares em um programa para pregar a abstinência sexual e a castidade entre os jovens de suas escolas. Outros programas semelhantes, promovidos por entidades cristãs, naquele país, levou a centenas de adolescentes à "segunda castidade" nos chamados "clubes de castidade".

Quem ama espera

Jovens que tinham sexo livre passaram a ser castos até o casamento. O slogan do programa "Quem ama espera" serviu de motivação para a formação desses grupos. Inicialmente, eles fazem um exame completo de saúde, submetendo-se a um tratamento, se necessário. Depois, solenemente, fazem, perante seus colegas, um voto solene de guardar a castidade.

Muitos jovens são levados a ter relações sexuais por pressão de colegas ou de grupos. É preciso que o jovem saiba dizer 'não': "Não quero ter relações sexuais até que me case. Prefiro esperar. Não tenho por que lhe dar explicações de não querer ter relações sexuais. Ainda não estou preparado para ter relações sexuais. Não me pressione, decidi não ter relações sexuais. Se você é realmente meu amigo, respeite minha decisão".


Muitos jovens inteligentes têm decidido não ter relações sexuais antes do casamento. Não é fácil, diante de tanta propaganda de sexo livre, mas é assim que acontece com várias coisas que valem a pena na vida. Se o jovem quer triunfar na vida, nos estudos, no trabalho, no esporte, no domínio de um instrumento musical, deve esforçar-se.

Prof. Humberto L. Vieira Presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família
Membro da Pontifícia Academia para a Vida, Consultor do Pontifício Conselho para a Família


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/castidade/jovem-vale-a-pena-esperar-e-guardar-a-castidade/

10 de agosto de 2018

A força da moral católica

A moral católica não muda ao sabor da vontade dos homens, porque a Verdade não muda, seja ela qual for

A moral católica é a base do comportamento do cristão, segundo a fé que ele professa recebida de Cristo e dos apóstolos. No Sermão da Montanha, Jesus estabeleceu a "Constituição" do Reino de Deus, e, em todo o Evangelho, nos ensina a viver conforme a vontade d'Ele.

Para quem vive pela fé, a moral cristã não é uma cadeia; é, antes, um caminho de vida plena e felicidade. Deus não nos teria deixado um código de moral se isso não fosse imprescindível para sermos felizes. As leis morais podem ser comparadas às setas de trânsito, que guiam os motoristas, especialmente em estradas perigosas, de muitas curvas, neblinas e lombadas. Se o motorista as desrespeitar, poderá pagar com a própria vida e com as dos outros.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com

Para crer nisso e viver com alegria a moral, é preciso ter fé, acreditar em Deus e no Seu amor por nós; e acreditar na Igreja Católica como porta-voz de Jesus Cristo. É preciso ser guiado pelo Espírito Santo.

Igreja Católica, sacramento universal da salvação

Cristo nos fala pelo Evangelho e pela Igreja. Ele a instituiu sobre Pedro e os apóstolos, para ser a nossa mãe, guia e mestra. Jesus disse aos apóstolos: "Quem vos ouve, a Mim ouve; quem vos rejeita, a Mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita Aquele que me enviou" (Lc 10,16).

Cristo concedeu à Igreja parte de Sua infalibilidade em matéria de doutrina (fé e moral), porque isso é necessário para a nossa salvação; e instituiu a Igreja para nos levar à salvação. Por isso, o Senhor não pode deixar que a Igreja erre em coisas essenciais à nossa salvação. O Concílio Vaticano II disse: "a Igreja é o sacramento universal da salvação" (LG,4). É por ela que Jesus continua a salvar os homens de todos os tempos e lugares por meio dos Sacramentos e da Verdade que ensina. São Paulo disse a São Timóteo que "a Igreja é a coluna e o fundamento (alicerce) da verdade" (cf. 1 Tm 3,15) e que "Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade" (cf. 1 Tm 2, 4). Essa "verdade que salva" Deus confiou à Igreja para guardar cuidadosamente, e ela faz isso há vinte séculos. Enfrentou muitas heresias e cismas, muitas críticas dos homens e mulheres sem fé, especialmente em nossos dias, mas a Igreja não trai Jesus Cristo.

Cristo está permanentemente na Igreja: "Eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo" (Mt 28,20). E ela sabe que embora os seus filhos sejam pecadores, ela não pode errar o caminho da salvação e da verdade.

Na Última Ceia, o Senhor prometeu à Igreja (Pedro e os Apóstolos), no Cenáculo, que ela conheceria a verdade plena: "Ainda tenho muitas coisas para lhes dizer, mas vocês não estão preparados para ouvir agora; mas quando vier o Espírito Santo, ensinar-vos-á toda a verdade" (Jo 16,12-13).

Ao longo dos vinte séculos, o Espírito Santo foi ensinando à Igreja esta verdade, através dos santos, dos Papas, dos Santos Padres.

Se Cristo não concedesse à Igreja a infalibilidade em termos de doutrina (fé e moral) de nada valeria ter-lhe confiado o Evangelho, pois os homens o interpretam de muitas maneiras diferentes e criaram muitas outras "igrejas", sem o Seu consentimento, para aplicarem a verdade conforme o "seu" entendimento e não conforme o entendimento da Igreja deixada por Ele. A multiplicação das milhares de igrejas cristãs e de seitas é a consequência do esfacelamento da única Verdade que Jesus confiou ao Sagrado Magistério da Igreja (Papa e Bispos em comunhão com ele) para guardar e ensinar a todos os povos.

A Igreja continua firme e forte

Além de confiar à Igreja a Verdade eterna, Cristo lhe garantiu a vitória contra todos os seus inimigos. Disse a Pedro: "As portas do inferno jamais a vencerão" (Mt 16,17).

Já se passaram vinte séculos, inúmeras perseguições (império romano, nazismo, comunismo, fascismo, ateísmo), e a Igreja continua mais firme e forte do que nunca. Quanto mais é perseguida, tanto mais corajosa se torna; quanto mais apanha, tanto mais se fortalece; quanto mais é caluniada, tanto mais sábia se torna.


Tertuliano de Cartago (+220), um dos apologetas da Igreja, escreveu ao Imperador Romano da época, Antonino Pio, o qual perseguia os cristãos, dizendo-lhe que não adiantava os perseguir nem os matar, porque "o sangue dos mártires é semente de novos cristãos". O império romano desabou, o comunismo sucumbiu, o nazismo acabou, mas a Igreja continua mais firme do que nunca! Nenhum chefe de Estado tem tantos embaixadores (Núncios Apostólicos) em outros países como o Vaticano; são cerca de 180.

O mundo chama, hoje, a Igreja Católica de obscurantista, retrógrada, etc., por ela ser fiel a Jesus, mas ela não se curva diante do pecado do mundo moderno, da mesma forma que não se curvou diante dos carrascos dos seus mártires.

A Igreja não busca a glória dos homens, mas somente a glória de Deus, por isso não se intimida nem desanima diante das ameaças dos infiéis. Ainda que ela fique sozinha, não negará a verdade do seu Senhor.

A moral católica não é uma moral provisória

A moral católica não muda ao sabor da vontade dos homens, nem com o passar do tempo, porque a Verdade não muda, seja ela qual for. O teorema de Pitágoras e o princípio do empuxo, de Arquimedes, são os mesmos que esses gregos descobriram vários séculos antes de Cristo. A verdade que foi revogada, nunca foi verdade; pois a verdade, de fato, não pode mudar. Cristo não nos deixou uma moral transitória, passageira, provisória. Não! Ele nos deixou uma Verdade eterna. Ele mesmo é a Verdade.

As questões morais não dependem da "opinião da maioria" nem se alteram com os avanços científicos. A moral é que deve dizer quais descobertas da Ciência são válidas para o progresso do homem, e não o contrário. Uma lei moral não se torna lícita só porque é aprovada pelo Governo ou pelo Parlamento.

Muitas vezes, a confusão moral e os erros são cometidos por causa de uma incompreensão insuficiente dessas questões. A Igreja, de sua parte, examina com profundidade as questões morais, olhando não apenas o conforto do homem, mas, principalmente, a sua dignidade humana.

Diante das leis que não estão de acordo com a moral católica, os fiéis precisam se manifestar com viva voz, porque, se ficarmos calados e submissos, em breve, poderemos ter em nosso país muitas leis imorais. Já aprovaram o divórcio, a manipulação e a morte de embriões (vidas humanas!). Em breve, poderão aprovar o aborto, a eutanásia.

Papa Leão XIII disse que "a audácia dos maus se alimenta da covardia e omissão dos bons". Não podemos mais viver um catolicismo de sacristia; a maioria do povo brasileiro é católica (cerca de 73%) e tem direito de viver em um país com leis católicas, mas isso só acontecerá se fizermos isso acontecer. Jesus já tinha avisado que "os filhos das trevas são mais espertos que os filhos da luz".



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/a-forca-da-moral-catolica/

8 de agosto de 2018

Será que mudar de profissão pode ser um bom negócio?

A escolha de uma profissão e a construção de uma carreira nem sempre são ações definitivas

Sílvio Santos, um dos comunicadores de maior prestígio no Brasil, foi comerciante antes de se tornar empresário no ramo da comunicação. Sebastião Salgado, fotógrafo conhecido mundialmente, deixou a profissão de economista para se dedicar a um universo que antes era apenas diversão na vida dele. Esses exemplos mostram que a escolha de uma profissão e a construção de uma carreira nem sempre são ações definitivas. Mudanças profissionais precisam acontecer para quem está insatisfeito e em busca de oportunidades. A grande dúvida, que incomoda as pessoas, é definir o momento certo de romper com o antigo e partir para um desafio incomum.

Será que mudar de profissão pode ser um bom negócio?

Foto ilustrativa: adrian825 by GettyImages

Especialistas em recursos humanos e gestão de pessoas aconselham o indivíduo a fazer uma avaliação da atual situação que enfrenta no trabalho. Caso perceba que parou de aprender e está mergulhado numa repetição de tarefas, sem evoluir e com baixas perspectivas de crescimento, então é chegada a hora de ampliar os rumos, buscar uma nova atividade.

É preciso ação e vontade!

Sair da zona de conforto, onde o salário que recebe é suficiente para pagar as contas, e se arriscar requer coragem. Há mitos que prendem a evolução como: eu não tenho mais idade para isso, não quero arrumar problemas para minha cabeça ou para homem é mais difícil. Ninguém melhor que a pessoa que sofre para tomar essa decisão.

Enfrentar o incerto é mais prazeroso do que ficar na morosidade, fazendo as tarefas por obrigação, sem vontade de levantar da cama para ir ao trabalho. As consequências de não agir diante da insatisfação são o surgimento de doenças psicossomáticas, tarefas mal feitas e problemas de relacionamento no local de trabalho. A apatia desenvolvida passa a afetar também colegas e familiares.


A transformação começa quando a pessoa incomodada se conscientiza de que precisa fazer algo. O processo de tomada de decisão não é curto nem pode ser impulsivo. Buscar uma atividade complementar auxilia neste período. Paralelo ao trabalho fixo que desenvolve, procure fazer algo secundário. Vender doces, artesanatos, cosméticos, ser voluntário em alguma instituição são ações que ajudarão a se descobrir em outras habilidades.

Querer o melhor, ter prazer em fazer parte de uma equipe de sucesso não pode ser considerado um sonho inatingível. A mudança está em você, não nos outros. Existem infinitas opções para quem está disposto a trabalhar com afinco e responsabilidade. É preciso ação e vontade. Comece a se preparar.



Ioná Piva

Atualmente é professora da Faculdade Canção Nova (Jornalismo e Rádio e Televisão). Mestre  em Comunicação Social pela  linha de pesquisa  Inovações Tecnológicas na Comunicação Contemporânea


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/profissao/sera-que-mudar-de-profissao-pode-ser-um-bom-negocio/

6 de agosto de 2018

Qual atitude o nosso Senhor Jesus espera de você?

O Senhor nos aponta a vivência da humildade

Meus caros, contextualizando-nos com a Palavra do Senhor: "Nestes dias, que são os últimos" (Hb 1,2), podemos compreender melhor o que Jesus vem falar aos discípulos desse nosso tempo. Os quais são chamados a cultivar características fundamentais que remetem ao estilo de vida e missão do próprio Mestre, Salvador e Senhor.

Percebermos, na revelação de Jesus, a verdade que liberta! Palavra que tem o poder de nos salvar de toda e qualquer ilusão. Tem o poder de nos salvar do triunfalismo e "joios semeados", constantemente, no campo deste mundo. E, já sabemos quem é o grande e mau semeador de todas as espécies de vícios.

Foto ilustrativa: Paula Dizaró / cancaonova.com

Voltando ao Bom Semeador, a Palavra nos releva, de diferentes formas, que Ele nos quer participantes ativos de Sua evangelização, sempre antiga e nova. E, também, perseverantes em todas as circunstâncias, inclusive nas mais exigentes que podem se apresentar a qualquer momento do nosso dia. Isso não significa que temos a capacidade de nos proteger completamente, ou seja, nos autossalvarmos. Pelo contrário, o Senhor nos aponta a vivência da humildade que precisa nos ajudar a nos percebermos "como ovelhas no meio de lobos".

É assim que Ele nos envia, como seres vulneráveis e necessitados de guias, ou seja, necessitados de um Bom Pastor, que também é Bom Semeador. Para esboçarmos um Mundo Novo, a Palavra também nos promete o Espírito Santo, capaz de nos exercitar em qualidades. Essas nos diferenciarão sempre daqueles destiladores ou semeadores dos venenos, próprios dos espertos de um mundo feito na mentira.

Não há verdadeiro discípulo sem um relacionamento com o Pai

O Senhor nos quer "prudentes como as serpentes e simples como as pombas". O Paráclito prometido por Jesus (cf. Jo 16) é como o cajado do Bom Pastor a nos auxiliar no deserto desta vida, num caminho ladeado por perigos. O cristão vive desta esperança e experiência já expressada pelo salmista: "Ele faz descansar em verdes prados, em águas tranquilas me conduz. Restaura as minhas forças, guia-me pelo caminho certo, por amor do seu nome" (Sl 23,2-3).

Como pensarmos em tranquilidade diante de um Evangelho tão dramático em várias partes? Jesus não aponta as hostilidades que acompanham e seguem os discípulos verdadeiros nos espaços religiosos, familiares e sociais? É verdade! Mas, com o assemelhar-se radical a Cristo, vem a certeza da presença e salvação experimentada por aquele ou aquela que viveu o nome e por Ele sofreu. "Vós sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas, quem perseverar até o fim, esse será salvo."

Por isso, não há verdadeiro discípulo sem um relacionamento crescente e crente com o Pai, pelo Filho (Mediador) e no Espírito Santo. Com Deus desejaremos, cada vez mais, as pastagens eternas da Casa do Pai; e deixaremos o Bom Pastor nos conduzir numa vida de Igreja peregrina. Assim, teremos a certeza de que temos a nossa disposição e, em nós, a Água Viva do Espírito. Ela nos reconforta e inspira: "Então, naquele momento, vos será indicado o que deveis dizer. Com efeito, não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai é que falará através de vós".

O mundo novo virá!

Tempos atrás, ouvindo um bispo ameaçado de morte, ele testemunhava sobre a perseguição do pensamento de morte por assassinato. Falava do quanto que o Espírito Santo não o deixava se angustiar perante essa possibilidade. Pelo contrário, dizia que, se isso acontecer, seria o dia mais feliz de sua vida, pois o seu ministério sacerdotal estará completo. Porque o Bom Pastor dá a vida pelas Suas ovelhas!


Sinceramente, ao ouvi-lo, não desejei que isso acontecesse por meio de sua morte! Mas quem sou eu? No entanto, perante as exigências do Evangelho, do testemunho de muitos, ao longo da história da Igreja e na vida do próprio Jesus, não vejo um cristão em santidade que não admita essa possibilidade. Quem não se abre a um futuro e possível dom do martírio, possivelmente, no hoje, se fechará ao desejo e ação semelhante a Cristo, Bom Pastor e Bom Semeador.

Então, como nos apresentaremos naquele dia que não tarda? Como Cristo, profética e misteriosamente, anunciou: "Em verdade vos digo, vós não acabareis de percorrer as cidades de Israel, antes que venha o Filho do Homem". O tempo é breve, estamos nos últimos dias! É tempo de ser Igreja no mundo e para o mundo, pois o mundo novo virá!

Padre Fernando Santamaria

3 de agosto de 2018

A beleza da moral católica

Viver a moral católica é ser fiel a Jesus Cristo e a tudo o que Ele ensina por meio da Sua Igreja

A moral católica tem como objetivo levar o cristão à realização da sua vocação suprema, que é a santidade. Ela tem como objetivo dirigir o comportamento do homem para o seu fim supremo, que é Deus, o qual se revelou ao homem de modo especial em Jesus Cristo e Sua Igreja.

A moral vai além do Direito, que se baseia em leis humanas; mas nem sempre perscruta a consciência. Pode acontecer de alguém estar agindo de acordo com o Direito, mas não de acordo com a consciência. Nem tudo que é legal é moral. A moral cristã leva em conta que o pecado enfraqueceu a natureza humana e que ela precisa da graça de Deus para se libertar de suas tendências desregradas e viver de acordo com a vontade de Deus.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com

A moral cristã, portanto, e a religião estão intimamente ligadas, tendo como referência Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Ser cristão é viver em comunhão com Cristo, vivendo n'Ele, por Ele e para Ele. É de dentro do coração do cristão que nasce a vontade de viver a "Lei de Cristo", a moral cristã, e isso é obra do Espírito Santo. Não é um peso, mas uma libertação.

A moral cristã é uma resposta de amor

O comportamento do cristão é uma resposta ao amor de Deus. Dizia São João da Cruz que "amor só se paga com amor".

"Deus é amor" (1 Jo 4,16) e Ele "nos amou primeiro" (1 Jo 4,19).

Ninguém deve viver a Lei de Cristo por medo, mas por amor ao Senhor, que desceu do céu e imolou-se por cada um de nós. Nosso amor a Deus não deve ser o amor do escravo que lhe obedece por medo do castigo, nem do mercenário; que o obedece por amor ao dinheiro, mas sim o amor do filho que obedece ao pai simplesmente porque é amado por ele.

São Paulo dizia: "O amor de Cristo me constrange" (2 Cor 5,14).

Ninguém será verdadeiramente espiritual enquanto não viver a lei de Deus simplesmente por amor a Deus e não por medo de castigos.

Moral católica, caminho para a verdadeira felicidade

Por outro lado, devemos viver a lei de Deus porque ela é, de fato, o caminho para a nossa verdadeira felicidade. Ele nos ama e é Deus; não erra e não pode nos enganar; logo, sua Lei, é o melhor para nós.

Quem não obedece ao catálogo do projetista de uma máquina, acaba estragando-a; assim, quem não obedece a Lei de Deus acaba destruindo a sua maior obra, que é a pessoa humana.

A Lei de Cristo se resume em "amar a Deus e amar ao próximo como a si mesmo" (cf. Mt 22,37-40). Mas esse amor ao próximo não é apenas por uma questão de simpatia ou afinidade com ele, mas pelo exemplo de Cristo, que "nos amou quando ainda éramos pecadores", como disse São Paulo. Por isso, o cristão odeia o pecado, mas sempre ama o pecador. A Igreja ensina que não se deve impor a verdade sem caridade, mas também não se deve sacrificar a verdade em nome da caridade.

Deus sempre exigiu do povo escolhido, consagrado a Iahweh (cf. Dt 7,6; 14,2.21), a observância das Suas Leis, para que este povo fosse sempre feliz e abençoado.

"Observareis os mandamentos de Iahweh vosso Deus tais como vo-los prescrevo" (Dt 4,2).

"Iahweh é o único Deus. Observa os seus estatutos e seus mandamentos que eu hoje te ordeno, para que tudo corra bem a ti e aos teus filhos depois de ti, para que prolongues teus dias sobre a terra que Iahweh teu Deus te dará, para todo o sempre" (Dt 14,40).

Colocar Deus em primeiro lugar

Deus tem um grande ciúme do Seu povo, e não aceita que este deixe de cumprir Suas Leis para adorar os deuses pagãos.

"Eu, Iahweh teu Deus, sou um Deus ciumento…" (Dt 5,9).

O Apóstolo São Tiago, lembra-nos esse ciúme de Deus por cada um de nós ao dizer que: "Sois amados até ao ciúme pelo Espírito que habita em vós" (Tg 4,5).


Deus não aceita ser o segundo na nossa vida, Ele exige ser o primeiro, porque para Ele cada um de nós é o primeiro. Esse amor a Deus se manifesta exatamente na obediência aos mandamentos: "Andareis em todo o caminho que Iahweh vosso Deus vos ordenou, para que vivais, sendo felizes e prolongando os vossos dias na terra que ides conquistar" (Dt 5,33).

As bênçãos que Deus nos promete são abundantes: "Se de fato obedecerdes aos mandamentos que hoje vos ordeno, amando a Iahweh vosso Deus e servindo-o com todo o vosso coração e com toda a vossa alma, darei chuva para a vossa terra no tempo certo: chuvas de outono e de primavera. Poderás assim recolher teu trigo, teu vinho novo e teu óleo; darei erva no campo para o teu rebanho, de modo que poderás comer e ficar saciado" (Dt 11.13-15; Lv 26; Dt 28).

Jesus disse aos apóstolos: "Se me amais guardareis os meus mandamentos" (Jo 14,23). "Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai" (Mt 7,21) .

O perigo da Ditadura do Relativismo

Papa emérito Bento XVI falou do perigo da "ditadura do relativismo". Na homilia que proferiu, na Missa que precedeu o início do Conclave que o elegeu, ele deixou claro as suas maiores preocupações:

"…que nos tornemos adultos em nossa fé. Não devemos permanecer crianças na fé, em estado de menoridade. Em que consiste sermos crianças na fé? Responde São Paulo: 'Significa sermos arrastados para lá e para cá por qualquer vento doutrinário'. Uma descrição muito atual! Quantos ventos doutrinários experimentamos nesses últimos decênios, quantas correntes ideológicas, quantos modos de pensamentos… O pequeno barco do pensamento de muitos cristãos se viu frequentemente agitado por essas ondas, arremessado de um extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo, e até mesmo à libertinagem; do coletivismo ao individualismo radical; do agnosticismo ao sincretismo, e muito mais. A cada dia nascem novas seitas, e as palavras de São Paulo sobre a possibilidade de que a astúcia nos homens, seja causa de erros são confirmadas. Ter uma fé clara, de acordo com o Credo da Igreja, muitas vezes, foi rotulado como fundamentalista. Enquanto que o relativismo, ou seja, o "deixar-se levar" «guiados por qualquer vento de doutrina», parece ser a única atitude que está na moda. Vai-se construindo uma ditadura do relativismo que não reconhece nada como definitivo e que só deixa como última medida o próprio eu e suas vontades. Nós temos outra medida: o Filho de Deus, o verdadeiro homem. Ele é a medida do verdadeiro humanismo. «Adulta» não é uma fé que segue as ondas da moda e da última novidade; adulta e madura é uma fé profundamente arraigada na amizade com Cristo."

O relativismo religioso é aquele em que cada um faz a sua própria doutrina moral, e não mais segue os mandamentos dados por Deus. E quem não age segundo esta perversa óptica, é então menosprezado e chamado de retrógrado, obscurantista etc.

A Igreja nunca trairá o seu Senhor. Viver a moral católica é ser fiel a Jesus Cristo e a tudo o que Ele ensina por meio da sua Igreja.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/a-beleza-da-moral-catolica/

1 de agosto de 2018

Luz da Fé: Perseverar na fé

Peça a Deus a graça de perseverar numa fé que deve ser carregada pela esperança

Neste programa 'Luz da Fé', quero refletir com você sobre o número 162 do Catecismo da Igreja Católica, que nos ensina o seguinte:

A perseverança na fé

162. A fé é um dom gratuito que Deus concede ao homem. Podemos perder este dom inestimável. São Paulo alerta Timóteo sobre isso: "Combate… o bom combate, com fé e boa consciência; pois alguns, rejeitando a boa consciência, vieram a naufragar na fé" (1Tm 1,18-19). Para viver, crescer e perseverar até o fim na fé, devemos alimentá-la com a Palavra de Deus; devemos implorar ao Senhor que a aumente; ela deve "agir pela caridade" (Gl 5,6), ser carregada pela esperança e estar enraizada na fé da Igreja.

Foto ilustrativa: Luciano Camargo / cancaonova.com

A Igreja vem nos alertar para esse grande risco de perdermos esse presente que Deus nos concede, que é a fé. Ao longo da nossa caminhada, podemos nos recordar daqueles que, infelizmente, já não estão mais conosco no serviço ao Reino: irmãos e irmãs que, atualmente, não participam da Igreja, não vão mais à Santa Missa, ao Grupo de Oração, que já não servem mais naquela determinada pastoral. Muitas vezes, isso acontece por causa de um esfriamento na própria fé. Por meio disso, a pessoa acaba por largar tudo, abandonar a caminhada com Cristo e voltar à vida velha.

Esse é um risco terrível que corremos? É evidente que sim! Por isso a necessidade de perseverarmos na fé.

Eu tive a oportunidade de pregar um encontro na minha cidade natal, Santos (SP), exatamente na paróquia da qual eu fazia parte antes de ingressar na Comunidade Canção Nova. Ali, o meu coração se encheu de alegria, pois reencontrei irmãos e irmãs na fé, os quais, há 21 anos, eu deixei por causa do meu chamado. Eles estavam ali, perseverantes na fé, servindo a Deus na comunidade paroquial. Que belo testemunho!

Diante disso, eu quero me dirigir a você, meu irmão, e lhe pedir: Persevere! As pessoas precisam desse seu testemunho de perseverança. O mundo, a Igreja, a sociedade contam com o testemunho de alguém que persevera na fé. Então, nada de "jogar a toalha"! Não é hora de você desistir da Igreja e das coisas de Deus.


Mesmo que as pessoas não reconheçam sua dedicação e empenho, mesmo que você não receba elogios nem "tapinhas nas costas" por causa daquilo que realiza, isso não importa. O que importa é que Deus vê tudo. E Ele sabe como você O tem servido dia após dia; portanto, combata o bom combate até o fim!

A Última Ceia

Conta-se que Leonardo da Vinci, antes de pintar "A Última Ceia", foi procurar pessoas que servissem de modelos para ele começar a execução de sua obra. Ao procurar alguém que servisse de modelo para representar Jesus, ele encontrou um jovem de belas feições rezando no interior de uma igreja. O rapaz aceitou o convite de Leonardo da Vinci e, a partir desse jovem, Leonardo foi convidando outros para representar cada um dos apóstolos.

Chegou a vez de pintar Judas, o traidor. Leonardo da Vinci foi procurar o tal modelo no lugar mais promíscuo e degenerado da cidade. Ali, encontrou um rapaz com as feições totalmente estragadas pelo vício e por uma vida desregrada no pecado. Convidou esse rapaz para fazer parte da sua obra de arte. Porém, ao começar a pintá-lo no afresco, Leonardo notou que os traços desse modelo para Judas eram os mesmos daquele que servira de modelo para Jesus. Afinal, o que havia acontecido?

Aquele rapaz chamava-se Pedro Bandinelli. E ele contou a Leonardo da Vinci sua triste história de como havia se afastado da caminhada com Deus por causa do prazer e do vício e, assim, passou "de Jesus a Judas".

Peçamos a Deus a graça de perseverar numa fé que, como nos ensina o Catecismo da Igreja, deve ser "carregada pela esperança e estar enraizada na fé da Igreja". Que o Senhor nos faça perseverar e, assim, as pessoas possam ver o rosto de Jesus (e não de Judas) em cada um de nós.

Um forte abraço!



Alexandre Oliveira

Membro da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Alexandre é natural da cidade de Santos (SP). Casado, ele é pai de dois filhos. O missionário também é pregador, apresentador e produtor de conteúdo no canal 'Formação' do Portal Canção Nova.