19 de abril de 2018

Ensino uma coisa e, com o coleguinha, meu filho aprende outra

Como agir diante desses confrontos?

Quantos pais investem tempo e energia para educar seus filhos! Quantos buscam introjetar valores que eles acreditam serem certos e importantes, tais como "quem fala a verdade não merece castigo!". Porém, quando os filhos começam a ter contato com valores externos, esses parecem ter uma força maior do que a dos familiares. Os filhos aprendem com os colegas que a mentira pode ser uma forma de fugir de conflitos e fazer aquilo que querem.

Como agir diante desses confrontos? Não há receita pronta, mas há trilhas que ajudam. Conquistar o coração é o início do processo para modelar a mente e a alma de seu filho, e não deixar que outros conquistem esses lugares.

Ensino uma coisa e, com o coleguinha, meu filho aprende outra-artigo

Foto Ilustrativa: kali9 / by Getty Images

A base de tudo é lembrar que as pessoas é quem decidem de quem vão aceitar a educação e como isso se dará. Portanto, todo trabalho da família deve ser buscar, junto aos filhos, ser essa pessoa para eles. A pergunta principal é: como conseguir que os filhos deleguem para você o direcionamento do processo de aprendizagem?


É preciso criar laços fortes com os filhos

Para que o filho delegue aos pais e não ao colega o ensino, o primeiro passo é criar laços fortes com ele. As crianças aprendem e assumem como verdade os ensinamentos de pessoas com as quais possuem laços afetivos e relação de confiança. Se a convivência familiar é pior do que a convivência com os amigos, o filho começa a rejeitar o processo de aprendizagem interno. Ele vai se tornando indócil, rebelde e desinteressado na fala com os pais. Mas, se no relacionamento entre eles existir o diálogo, será possível resolver as discordâncias entre a educação dada pelos pais e pelos colegas.

O segundo passo é trabalhar o canal da comunicação. É importante escutar o aprendizado externo e mediar com o interno, mostrando ganhos e perdas. Conversar sobre consequências sem moralismo é um caminho para o esclarecimento. Lembre-se de que, muitas vezes, eles trazem novidades que vão mexer com o status atual da família, os quais precisarão ser revistos. Não assuma posições radicais. Ouça, encontre as causas do conflito e busque concordâncias.

A flexibilidade dos pais pode ajudar

Outro passo é saber que, os pais não são donos da verdade; eles precisam reconhecer a necessidade de mudanças. Mostrar flexibilidade naquilo que não é importante, e firmeza em relação àquilo que é fundamental para o bem-estar dos filhos, sabemos que é uma linha tênue e difícil de ser definida. Não desanime, concentre esforços nos itens que têm alto impacto no caráter das crianças.

Outra dica importante é: trazer para dentro de casa os coleguinhas de seus filhos, conhecer com quem eles estão convivendo. Usando o conhecimento anterior, de que laços afetivos e confiança aproximam pessoas e permitem influência sobre elas, busque isso junto aos colegas de seus filhos. A prática nos ensina a usar o ensino por tabela. Às vezes, é mais fácil influenciar os coleguinhas para que, esses, atuem melhor sobre nossos filhos.

Outras pessoas podem ajudar os pais na educação dos filhos

Lembra-se de que a educação não é uma ação solitária. Os pais podem e devem buscar apoio da escola, dos colegas e de profissionais nessa tarefa. O importante nesta caminhada não é ter razão, e sim, conseguir que seu filho seja uma pessoa feliz, saudável, realizada como pessoa, ele precisa lembrar-se de que não está só no planeta. Assim, ele poderá contribuir para que outros, também, possam alcançar esse mesmo patamar. Neste processo, a caminhada espiritual ajuda muito, ela imprime valores coletivos: de perdão mútuo; de verdade que liberta; entre outros.

Nossa missão não se restringe aos nossos filhos, mas à educação de gerações. Eles serão futuros educadores de seus filhos, e como foram modelados por seus pais, provavelmente modelarão os outros.


Ângela Abdo

Ângela Abdo é coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) e assessora no Estudo das Diretrizes para a RCC Nacional. Atua como curadora da Fundação Nossa Senhora da Penha e conduz workshops de planejamento estratégico e gestão de pessoas para lideranças pastorais.

Abdo é graduada em Serviço Social pela UFES e pós-graduada em Administração de Recursos Humanos e em Gestão Empresarial. Possui mestrado em Ciências Contábeis pela Fucape. Atua como consultora em pequenas, médias e grandes empresas do setor privado e público como assessora de qualidade e recursos humanos e como assistente social do CST (Centro de Solidariedade ao Trabalhador). É atual presidente da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) do Espírito Santo e diretora, gerente e conselheira do Vitória Apart Hospital.

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