28 de dezembro de 2018

O que me levará à salvação: fé ou obras?

A fé e as obras são vindas de Deus

Na história cristã, existe este duplo caminho: o da fé e o das obras. E não é por menos que existe a preocupação se seremos salvos pela nossa fé ou pelas nossas obras, pois foram nada mais nada menos que São Paulo e São Tiago que trouxeram essas posições tão necessárias para o cristianismo. Vamos compreender, neste artigo, que tanto a fé quanto as obras procedem de Deus.

São Paulo, na sua carta aos Efésios 2,8-9, escreve assim: "É pela graça que fostes salvos, mediante a fé. E isso não vem de vós: é dom de Deus! Não vem das obras, de modo que ninguém pode se gloriar". Nessa passagem, o apóstolo coloca a fé como o fundamental para a salvação de todo cristão, e ainda escreve como dom de Deus, para que ninguém corra o risco de rogar para si os méritos de sua salvação.

O que me levará à salvação fé ou obras

Foto llustrativa: Andréia Britta/cancaonova.com

São Tiago, ao contrário de Paulo, concebe o seguinte na carta de Tiago 2,14: "Meus irmãos, de que adianta alguém dizer que tem fé quando não tem as obras? A fé seria capaz de salvá-lo?". Com isso, São Tiago destaca a ação como necessária para se alcançar a salvação. Ele chega a alegar que a fé sem obras é morta.

A voz do Pastor

Trago a você, amigo leitor, o ensinamento que o Papa Emérito Bento XVI apresentou para a Igreja durante o seu pontificado no ano de 2008. Na audiência geral, em 26 de novembro, Bento XVI faz referência, nessa audiência especificamente, ao que o Papa chama de "mal-entendido" neste duplo entendimento entre fé e obras. Ele nos orienta para não cairmos no mesmo engano de pensar que existe uma contradição entre elas.

Papa Bento XVI, antes mesmo de tratar do tema fé e obras, faz referência à Encíclica Deus caritas est (Deus é amor), lembrando aos cristãos que, no amor recíproco entre os homens, encarna-se o amor de Deus e de Cristo por meio do Espírito Santo. Com isso, o Papa quer deixar claro que, justificados pelo dom da fé em Cristo, somos chamados a viver o amor de Cristo no próximo.

Com essa orientação, conseguimos interpretar que a fé e o amor podem ser entendidos como molas propulsoras para as nossas ações. Se as nossas obras não tiverem como pano de fundo o amor a Cristo e a fé em Deus, pode ser obras não de salvação, mas de perdição.

Encarnar a fé

Um dos perigos, no tempo de Jesus e também no dias atuais, é uma fé desencarnada. Na mesma audiência geral, o Papa escreve: "São desastrosas as consequências de uma fé que não encarna no amor, porque se reduz ao arbítrio e ao subjetivismo mais nocivo para nós e para os irmãos. Por isso, precisamos da fé traduzidas em obras e digo mais, em obras de amor ao nosso próximo.

Sem a vivência de uma fé encarnada podemos perguntar nos apropriando das palavras de São Tiago: existe algum proveito na fé sem obras? Porém, notamos que a contradição não pode existir, mas sim uma completude, nem somente a fé nem somente as obras.


O erro farisaico e legalista

Consideremos, agora, a exortação feita por Jesus, quando corrigindo os fariseus por eles apenas ficarem nas ações sem ter o amor como causa de suas ações. No Evangelho de São Lucas 11,42: "Ai de vós, fariseus, porque pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as outras ervas, mas deixais de lado a justiça e o amor de Deus". Como vimos anteriormente, o amor a Deus é também amor aos irmão e precisa ser externalizados pelas ações.

O que Jesus reivindicava aos fariseus e mestres da Lei não era o fato de eles realizarem a observação dos preceitos, como o pagamento do dízimo, mas porque a Lei não estava sendo encarnada em obras na vida dos que mais necessitavam. Não podemos separar amor, obras e fé do cotidiano cristão.

Por Cristo no outro

A fé e as obras são as duas asas que capacitam todo cristão a herdar a salvação e alçar voos para configurar-se a Cristo. A fé justifica as obras, e as obras, por sua vez, dão testemunho da sua fé. São os frutos, as atitudes, e a vida de cada pessoa que tornará possível dizer: eis um autêntico cristão.

Encerro com o pedido do Papa Bento XVI: "Deixemo-nos, portanto, alcançar pela reconciliação, que Deus nos deu em Cristo, pelo amor "louco" de Deus por nós: nada nem ninguém jamais nos poderá separar do seu amor (cf. Rm 8, 39). Vivamos nesta certeza. É esta certeza que nos dá a força para vivermos concretamente a fé que realiza o amor".]



Fábio Nunes

Francisco Fábio Nunes
Natural de Fortaleza (CE), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Fábio Nunes é também Bacharelando em Teologia pela Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP) . Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-que-levara-salvacao-fe-ou-obras/

26 de dezembro de 2018

Devemos trabalhar por Jesus e manter sempre a fé n’Ele

Amigo internauta, chegamos ao último artigo desta série. Nela, tivemos a oportunidade de apresentar algumas das maiores lutas travada pelos cristãos; e as armas que estão à disposição deles para combater nessa guerra. Se, de alguma forma, esses artigos ajudaram você, não deixe de indicá-los a alguém.  No artigo anterior trabalharmos a importância de se ter uma "vida de sacramentos". Descobrimos que existe um sacramento para cada etapa da nossa vida. Eles são, ao mesmo tempo, alimento e remédio para cada um de nós. Neste artigo, trataremos do seguinte tema: "trabalhar por Jesus". Veremos a sua importância para a vida de fé.

Trabalhar por Jesus é um meio muito eficaz para o nosso fortalecimento na luta contra as tentações do inimigo. Nenhum soldado vai para a guerra sem estar fisicamente preparado. Certamente, ele faz uma boa preparação física antes de encarar o inimigo. Com base nesse pensamento proponho-me a fazer a seguinte analogia: se o soldado ganha músculos na academia, o cristão ganha resistência nos trabalhos próprios da Igreja.

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Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

O trabalho pode ser uma pedagogia de Deus para sua vida

Quero iniciar este artigo fazendo uma breve partilha de como Deus me fisgou por meio do trabalho. Certa vez, um amigo me convidou para acompanhá-lo em uma reunião que ele teria com alguns jovens da Igreja. Esse grupo estava organizando um Kairos na minha cidade. Eu, que não tinha proximidade com aquele grupo nem tinha planos de os ter, aceitei o convite.

Encurtando a história, entrei naquela reunião sem nenhum compromisso com as coisas de Deus e saí de lá cheio de responsabilidades. Dali para frente, acabei assumindo outros compromissos no grupo e na comunidade. Quando me dei conta, já estava envolvido em diversos trabalhos da paróquia e servindo no ministério de música do grupo de oração. Não posso negar que o "trabalhar por Jesus" foi de fundamental importância para minha vida e para a descoberta da minha vocação.

Posso testemunhar que, a partir daquela bendita reunião, a alegria entrou na minha vida. Com eles eu sorri, chorei, briguei, alegrei-me e amei. Com eles, eu encarei a chuva, o sol, o frio, o cansaço, a doença, a morte; e posso testemunhar: valeu a pena! Contudo, uma verdade precisa ser dita: não fui eu quem os escolhi por primeiro, Deus precedeu essa escolha. Hoje, o tempo se passou, e a distância em que me encontro deles não nos tona afastados. Os laços que criamos ainda estão vivos e latentes.

É Deus quem escolhe os nossos companheiros de Missão

Trabalhar por Jesus, como já afirmei, pode ser muito satisfatório e recompensador. O tamanho e a intensidade dessa gratificante experiência estão diretamente ligados à disposição do nosso coração em amar. Amar, afinal, a quem? O nosso próximo, quer dizer, todos aqueles a quem o próprio Senhor escolheu e colocou ao nosso lado. A escolha, na maioria das vezes, não é feita por nós, mas pelo próprio Jesus.

Na dinâmica de Deus, "escolhe-se amar", e não "a quem amar". Em outras palavras, precisamos fazer a opção pela ação de amar, sem colocar condições para isso. Amor que exige condição não é amor, é puro interesse. Diante dessa realidade, muitos até afirmam que "amar é uma decisão". Sem contrariar essa máxima, quero abrir uma nova perspectiva: amar é, antes de tudo, fruto de um amadurecimento humano-espiritual favorecido pela graça de Deus.

Chegamos ao ponto central de nosso artigo. Só se chega a esse amadurecimento por meio do "relacionar-se". Experimentar os próprios limites e os limites dos outros nos liberta dos nossos egoísmos. Isso se dá somente estando em relação.


O crescimento humano se dá na convivência com alguém que nos desinstala o tempo todo

Preciso ser bem honesto, trabalhar na messe de Deus, nunca foi e nunca será fácil! É uma tarefa enormemente árdua. Aqueles que já estão nessa aventura sabe muito bem a que me refiro. Toda essa dificuldade se dá em função da nossa humanidade ferida pelo pecado que nos dificulta no obedecer, no dobrar-se, no submeter-se.

Para alguns, se torna muito penoso conviver com o "mandão", aquele que dá ordem o tempo todo. Para outros, difícil mesmo é conviver com alguém exageradamente devagar, aquele que possui um tempo interno diferente dos demais. O que dizer dos mais escorregadios que tentam dar "jeitinhos" para não se comprometer? Tem também os que, de tão comprometidos, centralizam todo o trabalho e impedem o bom andamento das atividades. Na realidade de Igreja existem todas essas pessoas e muito mais.

Antes que você desista de reservar um tempo de sua vida para colaborar nos trabalhos da Igreja, quero afirmar que existem pessoas maravilhosas trabalhando na messe de Deus. Encontramos pessoas generosas, altruístas, que nos ensinam a arte de viver. Ganhamos novos pais, irmãos, amigos, tios. Conheço muitos que encontram até mesmo seus cônjuges na lida de Deus e formam lindas e santas famílias.

O crescimento espiritual acontece quando entendemos que as cruzes não são males

Trabalhar para Deus, seja qual for a atividade, exercita a nossa perseverança e paciência, ajuda-nos a dar passos em direção à resiliência. Não é por acaso que o Evangelho de Mateus apresenta uma fala de Jesus a Seus discípulos: "se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me (cf. Mt.16,24).

O sinal do cristão, aliás, é a cruz. Certa vez, Papa Francisco enfatizou que não pode haver vida cristã sem a presença da Cruz. Desde os primeiros séculos do cristianismo, a cruz esteve presente na vida daqueles que se propunham seguir "o caminho" (assim era chamado o cristianismo nos seus inícios).

Ser cristão, portanto, significava correr riscos, ter a espada sempre próxima ao pescoço. Na Igreja antiga, todo cristão era missionário e empenhado em testemunhar a própria e a identidade de cristão. Se, na igreja primitiva era assim, por que não haveria de ser nos dias de hoje? Não estaríamos muito molengas e acomodados?

O que fez com que os primeiros cristãos permanecessem firmes na fé não foi somente a experiência de Deus, mas o fato não terem deixado essa experiência morrer com o passar do tempo. A experiência que fazemos com Deus precisa ser fomentada, alimentada a cada dia, repito, todos os dias. Colabore na missão de evangelização e o beneficiado será você.

Dizer que não sabe como ajudar é desculpa

Na sua comunidade, na sua paróquia, na sua diocese, existe um lugar preparado para que você. Compartilhe os dons que você recebeu de Deus. É uma grande falta dizer que não possui dons, afinal, ninguém nasceu sem eles. É colocando-se à disposição que você descobrirá novos dons e aprimorará outros. Além disso, colocar-se à disposição de Deus para o trabalho é um "tapa na cara" do inimigo.

Com este artigo, encerramos esta série de oitos artigos. Espero que eles possam tê-lo ajudado de alguma forma.

Deus abençoe você. Até a próxima!



Gleidson Carvalho

Gleidson de Souza Carvalho é natural de Valença (RJ), mas viveu parte de sua vida em Piraúba (MG). Hoje, ele é missionário da Comunidade Canção Nova, candidato às ordens sacras, licenciado em Filosofia e bacharelando em Teologia, ambos pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, na Liturgia do Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários. Apresenta, com os demais seminaristas, o "Terço em Família" pela Rádio Canção Nova AM. (Instagram: @cngleidson)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/academia-soldado-cristao-trabalhar-por-jesus/

24 de dezembro de 2018

O ventre da Virgem Maria é a porta de acesso ao céu

A Virgem Maria nos aproxima de Jesus e dos seus ensinamentos

Caro internauta, logo no primeiro capítulo do Evangelho de São Lucas, encontramos a magnífica narrativa do anúncio mais importante que já poderia ter existido. Trata-se do anúncio do nascimento de Jesus. Narra o texto que o anjo Gabriel foi enviado, por Deus, até a pequena cidade de Nazaré a uma virgem que estava prometida em casamento a um homem chamado José. O anjo se colocou na presença daquela jovem e disse: "Alegra-te cheia de graça! […]. Conceberás e darás à luz a um filho, e lhe porás o nome de Jesus" (cf. Lc. 1, 28.31).

Foi ou não foi o maior e mais importante anúncio que o mundo pôde testemunhar? Esse anúncio do Anjo Gabriel, que se deu na nossa história, fez com que a Virgem Maria ficasse grávida do próprio Filho do Deus Altíssimo. Realizou-se, naquele momento, aquilo que fora profetizado por inúmeros profetas veterotestamentários, a saber, o Mistério da Encarnação.

O ventre da Virgem Maria é a porta de acesso ao céu

A Mãe do Salvador

A partir desse anúncio do anjo Gabriel à Virgem Maria a humanidade tomou conhecimento de uma grande novidade: Deus é Pai, ou seja, Ele possui um Filho e o amor entre Eles é o Espírito Santo. A esse respeito, Santo Agostinho afirma que o Espírito Santo é um ato de amor que o Pai e o Filho têm em comum. Ato esse pelo qual se amam reciprocamente, quer dizer, o amor une o amante ao amado.

O anúncio do Anjo Gabriel, portanto, nos deu a consciência da existência da Santíssima Trindade. Até então se sabia que Deus existia, mas não se sabia desveladamente que esse único Deus era, também, trino. O véu se rasgou! Os nossos olhos e a nossa consciência se abriram! A Virgem Maria foi a primeira pessoa a conhecer essa luminosa verdade. Por meio do Anjo, Deus Pai anunciou o nascimento do Filho que foi gerado no ventre de Maria por obra do Espírito Santo (cf. Lc. 1, 35).

Aquilo que se realizou "na" e "com" a Virgem Maria é, de certa forma, a prefiguração daquilo que iremos contemplar, um dia, no céu. Lá, iremos contemplar a Deus Pai que gera o Filho no amor do Espírito Santo.


Maria nos aproxima de Deus

Nessa perspectiva, caro internauta, penso que poderíamos afirmar, sem que tal afirmação seja caracterizada como uma hipérbole, que o ventre da Virgem Maria não apenas representa o ambiente celeste, mas trata-se propriamente do céu. Além disso, o ventre de Maria é a porta que permitiu que cada um de nós tivesse a possibilidade de acesso a Deus.

Por causa do "sim" dessa grande mulher o que era temporal foi alargado pelo que era eterno. Dessa forma, celebrar o nascimento de Jesus é celebrar o céu que se fez presente aqui na terra. Podemos, então, afirmar: fomos visitados pelo céu e esse mesmo céu está aberto para nós. É por esse motivo que a Virgem Maria é a "cheia de graça".

Podemos, assim, exclamar: "Gloria in excelsis Deo!", glória a Deus nas alturas!, glória a Deus no mais alto dos céus!.

Deus abençoe você e até a próxima!



Gleidson Carvalho

Gleidson de Souza Carvalho é natural de Valença (RJ), mas viveu parte de sua vida em Piraúba (MG). Hoje, ele é missionário da Comunidade Canção Nova, candidato às ordens sacras, licenciado em Filosofia e bacharelando em Teologia, ambos pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, na Liturgia do Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários. Apresenta, com os demais seminaristas, o "Terço em Família" pela Rádio Canção Nova AM. (Instagram: @cngleidson)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/devocao-nossa-senhora/o-ventre-da-virgem-maria-e-porta-de-acesso-ao-ceu/

21 de dezembro de 2018

Deus faz o possível para revelar Seu amor por nós

Não se afaste de Deus, e sim experimente Seu amor

Quando estamos distantes de alguém ou de algum objeto, geralmente pedimos para alguém chamar a pessoa ou alcançar o objeto para nós, isso quando não vamos nós mesmos ao seu encontro. Na história da salvação, podemos dizer que mesmo estando o homem distante de Deus (cf. Gn 3). Este sempre o alcançava por meio dos profetas, até que o Senhor, pessoalmente, veio ao seu encontro e revelou Seu amor de Pai.

Em Romanos 8,15, Paulo mostra que nossa relação com Deus não pode ser de escravidão, mas de filhos, porque recebemos o espírito de Aba Pai. Podemos contemplar o amor dos pais para com Seus filhos, e percebemos até mesmo o sacrifício de amor que muitos deles fazem para seus filhos e para que a família tenha harmonia. É belo, mas se comparado ao amor de Deus, torna-se pequeno. O Catecismo da Igreja Católica afirma que "a linguagem da fé se inspira, assim, na experiência humana dos pais (genitores), que são, de certo modo, os primeiros representantes de Deus para o homem. Essa experiência humana, no entanto, ensina também que os pais humanos são falíveis e podem desfigurar o rosto da paternidade e da maternidade. Convém, então, lembrar que Deus transcende a distinção humana dos sexos. Ele não é nem homem nem mulher, é Deus. Transcende também a paternidade e a maternidade humanas, embora seja a sua origem e a medida: ninguém é pai como Deus o é." (239)

Deus faz o possível para revelar Seu amor por nós

Foto Ilustrativa: Andréia Britta/cancaonova.com

O amor de Deus

Embora supere, podemos pensar para compreendermos que o amor de Deus é paterno e materno. Significa que seu amor paterno nos dá segurança, proteção e nos coloca numa atitude de superação. Já seu amor materno é carinhoso, acolhedor e sabemos que jamais nos abandona apesar dos nossos erros. Ele sabe a medida certa para cada um de nós, porque Ele é amor e nos precede. Em 1 Jo 4,10 encontramos: "Nisso consiste o amor: não fomos nós que amamos Deus, mas é ele que nos amou."

O rosto desse Deus, que é Pai das misericórdias, é Jesus. Ele é a voz inteira da Escritura quando diz: o Pai vos ama! (Jo 16, 27). Ele veio para salvar o homem do pecado, mas, sobretudo, para revelar o Pai. Santo Afonso Maria de Ligório diz que Cristo podia nos redimir sem passar pela cruz. Por que o fez? Para mostrar seu amor: Amou-nos e se entregou por nós. Ele diz que Cristo não via a hora de dar a última prova do seu amor, morrendo na cruz, consumido de dores. Se olharmos para o filme Paixão de Cristo, podemos perceber a determinação na doação de Jesus. Ele é a manifestação do amor do Pai.


Volte para perto do Senhor

Sendo assim, independentemente dos nossos pecados, o Pai nos alcança; e se temos a coragem de abrir as páginas, seu amor escreve uma nova história em nossa vida. Quem ama deseja estar perto, e o Pai deseja ser próximo do homem, morar no seu coração. Ele não poupa esforços para nos mostrar seu amor (Rom 8, 32). Por isso, mesmo como filhos pródigos, se arrependidos, podemos voltar para casa, porque somos alcançados pelo Pai.



Ricardo Cordeiro

Ricardo é membro da Comunidade Canção Nova. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP).  Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, Taubaté (SP) e pós-graduando em Bioética pela Faculdade Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/deus-faz-o-possivel-para-revelar-o-seu-amor-por-nos/

19 de dezembro de 2018

Natal, a resposta de Deus às nossas dúvidas

A partir do Natal, ninguém tem mais o direito de afirmar sua solidão

Celebrar o Natal do Senhor é a maior oportunidade que temos de também celebrarmos o nosso Natal. Deparamo-nos, nessa época encantadora, com a maravilha da encarnação, e a alegria nos invade a alma, retirando todos os vestígios de solidão e tristeza, pois, a partir do nascimento de Cristo, não somos mais solitários, mas solidários, uma vez que Deus veio ao nosso encontro.

Natal, a resposta de Deus às nossas dúvidas

Foto ilustrativa: Monique Oliveira

A partir do Natal, portanto, ninguém tem mais o direito de afirmar sua solidão. Para o universo de nossas interrogações, agora temos uma resposta: o Menino Jesus nasceu e está no meio de nós. Ele veio nos ensinar que somente quando nos doamos e fazemos os outros felizes é que conquistaremos nossa própria felicidade e celebraremos verdadeiramente o Natal de Cristo, pois ninguém pode ser feliz sozinho!


O salmista, no Salmo 8, chegou a dizer: "Ao contemplar o universo, quem é o homem, Senhor, para você lembrar dele?" E a resposta do Criador vem de maneira tão concreta e singular na chegada do Menino Jesus.

Apesar de sermos no universo cósmico, um pontinho de luz, como somos importantes diante de Deus!

Um sentimento duplo permanece conosco: por um lado, reconhecemos a nossa grandeza, pois Deus soprou seu "hálito" dentro de nós e ainda fez sua tenda em nosso meio. Por outro, reconhecemos a nossa pequenez diante da grandeza de Deus e da grandiosidade de Sua obra, que é o universo. Neste tempo belo e propício à oração, elevemos a Deus nossa prece com a Igreja:

"Ó Deus, que admiravelmente criastes o ser humano e mais admiravelmente restabelecestes a sua dignidade, dai-nos participar da divindade do Vosso Filho, que se dignou assumir a nossa humanidade." (Oração do Dia de Natal).

Que haja paz na terra e em seu coração!
Um Feliz Natal!



Dijanira Silva

Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN. Às sextas-feiras, está à frente do programa "Florescer", que apresenta às 18h30 na TV Canção Nova. É colunista desde 2000 do portal cancaonova.com. Também é autora do livro "Por onde andam seus sonhos? Descubra e volte a sonhar" pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/natal/natal-a-resposta-de-deus-as-nossas-duvidas/

17 de dezembro de 2018

Matricule-se na escola do perdão

O perdão é uma escola?

Se partirmos do princípio de que numa escola se aprende, se é lá o local de saber o que é e como fazer, então, afirmo que sim, o perdão é uma verdadeira escola de formação permanente com lições que se aprendem na prática da vida e não com teorias.

O perdão não é um sentimento, mas uma decisão. Ele exige de nós uma atitude que nos "rasga" o coração, diminui nosso orgulho e derruba nossas razões. Certamente, não é esquecer o fato ou a pessoa que o machucou. Por mais que se tente, não é possível fazê-lo. Perdoar é colocar entre você e quem o feriu o Mestre do perdão e do amor. Sabe perdoar quem aprende a amar.

Matricule-se na escola do perdão

Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

É possível perdoar!

No Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, no número 595, temos esta instrução: "Ora, mesmo se para o homem pareça impossível satisfazer essa exigência, (o perdão) o coração que se oferece ao Espírito Santo pode, como Cristo, amar até o extremo do amor, mudar a ferida em compaixão, transformar a ofensa em intercessão. O perdão participa da misericórdia divina e é um ponto alto da oração cristã" (conf. CIC 2840-2845-2862).

Posso acreditar nisso quando contemplo histórias de vida, como a sua, como a minha, que são repletas de exemplos de superação, nas quais o perdão parecia impossível de acontecer, mas ele aconteceu. Aquele pai que perdeu as duas filhas, por exemplo, e perdoou o assassino, poderia ser você ou eu.

Quem não conhece uma história dessas também? É provável que você se recorde de alguém que conheça ou você mesmo tenha passado por situações semelhantes ou muito próximas a essas, pois as situações da vida acabam sendo enormes salas de aula, nas quais somos convidados a viver o ensinamento do perdão ou sair da sala e enfrentar as consequências do não aprendizado. São histórias reais, de pessoas reais. O que as torna diferentes? Aquela escola de perdão onde estão matriculados.


Quer fazer parte dessa escola?

Mateus 18,21: "Senhor, quantas vezes devo perdoar? Até sete vezes?". "Digo-te, não até sete vezes, mas até setenta vezes sete".

Eis o segredo: perdoar a vida inteira. Nas pequenas circunstâncias ou nas grandes, na circunstância máxima da sua vida, perdoar. Nessa escola não há "cola", mas a prática. Porém, atenção: essa não é uma escola para os fortes, mas para os fracos, que precisam do auxílio da graça divina para superar as fraquezas e fortalecer os propósitos.

Essa escola está sempre de matrículas abertas, não há número de vagas, e o ano letivo durará a vida inteira, pois sempre teremos uma lição nova a aprender, sempre teremos uma pessoa nova a perdoar. Eu espero encontrá-lo na próxima aula.

Equipe de colunistas do Formação Portal


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/matricule-se-na-escola-perdao/

14 de dezembro de 2018

Por que o Santo Rosário é uma arma contra o demônio?

O rosário pode ser uma arma de destruição das artimanhas do demônio

O rosário é a maior arma contra o demônio, pois ele odeia a oração do rosário! Infelizmente, muitos de nós não entendem a força nem o poder da oração do rosário ou até o acham sem graça e repetitivo, mas essa é a oração que faz o inimigo fugir.

A oração do rosário é a graça de vivermos conectados com Deus, porque Ele, quando recitado diariamente, é uma arma poderosíssima contra todo dardo inflamado do maligno.

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Santo Rosário

Na meditação do rosário, vivemos toda a vida pública de Jesus, por isso ele tem de ser rezado diariamente.

Quantos lugares do mundo Nossa Senhora aparece e em todos ela pede para rezarem o Santo Rosário. A minha vida missionária e todo o meu ministério é baseado e sustentado pela força do rosário, pois é com Maria, por Maria e em Maria que venceremos todas as batalhas em Deus.

Meditação

Nós contemplamos a anunciação do anjo a Maria, a visita dela e de sua prima Isabel, o nascimento do Menino Jesus na gruta de Belém e a apresentação de Jesus no templo. Que momento magnífico a profecia de Simeão e a graça de Jesus perdido e encontrado no templo entre os doutores.

Depois, a agonia de Jesus no Horto das Oliveiras, a flagelação de Nosso Senhor Jesus Cristo atado a uma coroa, a coroação de espinhos, o caminho doloroso do calvário, a crucificação e a morte de Jesus. Assim, contemplamos Jesus batizado no Rio Jordão, o milagre nas bodas de Caná, o anúncio da Boa Nova, a transfiguração de nosso Senhor Jesus Cristo, a instituição da Eucaristia, a ressurreição de Jesus e a Sua ascensão ao Céu.

Maria é essa portadora da vinda do Espírito Santo, pois ela está no cenáculo com os apóstolos. Depois, Maria é assunta ao céu, e há a sua coroação como Rainha do Céu e da Terra.


A força de Maria

Maria é aquela que tem o poder de esmagar a cabeça da serpente, aquela que tem o poder de antecipar o milagre de Deus como fez nas bodas de Caná.

Com Maria, aprendemos, no rosário, a dizer sim a Deus, sim aos irmãos por causa d'Ele; e quando dizemos sim a Ele e aos irmãos por causa de Deus, nasce Jesus. Podemos até perder Jesus pelo caminho como Maria O perdeu no templo, mas não descasaremos enquanto não O encontrarmos novamente.

Podemos passar por dores, padecimentos, açoites, humilhações e por algozes da vida, mas venceremos, porque sabemos que logo chegará a ressurreição.

Quando recitamos o rosário diariamente, somos revestidos do manto de Nossa Senhora, e satanás se afasta, porque Maria coloca a mão sobre nós; e onde ela coloca a mão, o demônio não coloca a pata.

Desafio

Eu desafio você à oração do rosário diária, não só do terço. E digo que não faltarão bênçãos e milagres na sua vida.

Com o rosário, tiramos o foco da derrota, da miséria, da dor, do sofrimento, e visualizamos a bênção, a graça, o milagre, a cura e a libertação; além de tocarmos no invisível e no impossível, porque Maria é a medianeira de todas as graças e de todas as bênçãos.

Os santos recitavam o rosário todo os dias. Um dia, perguntaram ao padre Pio como ele podia rezar tantas Ave-Marias durante o dia e por que ele rezava o rosário. Sua resposta foi: "Como um cristão consegue viver sem rezar uma Ave-Maria?".

Que o bom Deus o abençoe e faça de você uma pessoa que ora o rosário todos os dias.



Ironi Spuldaro

Ironi Spuldaro é Membro do CAE (Comissão de Ação Evangelizadora) da diocese de Guarapuava. Membro do conselho diocesano, estadual e nacional da RCC (Renovação Carismática Católica) movimento do qual participa desde 1987. Ironi exerce o ministério de pregação em todo o Brasil e em outros países, como Argentina, Paraguai, Bolívia, Estados Unidos, Itália, Coréia do Sul, Inglaterra e Suiça. Fundador da Missão Há Poder de Deus, escritor e apresentador do Programa Há Poder de Deus.

Site: www.ironispuldaro.com.br


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/devocao-nossa-senhora/por-que-o-santo-rosario-e-uma-arma-contra-o-demonio/

12 de dezembro de 2018

A esperança é uma virtude?

A esperança em Deus precisa fazer parte da nossa vida

Frequentemente, tratam a esperança como sinônimo de otimismo. É utilizada, assim, para designar um certo sentimento de que tudo irá se resolver ou dar certo. Uma noção de que as coisas não podem estar tão ruins como aparentam ou que, embora tudo indique uma dificuldade de resolução, no fim tudo vai dar certo.

Entretanto, como já apontado nesta série Virtudes Teologais, a esperança é a segunda virtude teologal. Isso quer dizer que, como virtude, trata-se de um hábito que deve ser alimentado e fortalecido em nossa vida. Diferentemente de outros hábitos, este não pode ser criado pelo ser humano, pois compete a Deus dá-lo por meio da infusão da graça santificante. É teologal também não só porque é infundido por Deus, mas por se tratar de uma virtude que tem como fim último o próprio Deus. Esses hábitos predispõem o homem a agir segundo o desígnio do Criador, conseguindo concretizar suas inspirações.

Esperança é uma virtude

Foto Ilustrativa: by Getty Images Hobo_018

Isso quer dizer que, quando se espera coisas humanas ou materiais, não se trata da virtude da esperança. Pode-se, realmente, esperar conseguir um emprego, esperar ir bem numa prova ou concurso, bem como, esperar ser bem recebido por certa pessoa num determinado lugar. Mas, que fique claro, nada disso trata da verdadeira esperança, a virtude teologal.

Virtude da esperança

A esperança é aquela virtude que faz nos esperar Deus e Suas promessas. A partir daí, fica claro por que, nos artigos anteriores, revelou-se que a primeira virtude teologal a ser cultivada precisa ser a , pois dela provém a esperança. De fato, é necessário conhecer Deus, suas características, seu imenso amor pelo ser humano, a maneira como, através da história, preparou a salvação da humanidade para poder esperá-lo. Uma fé que se desenvolve, que provoca o aperfeiçoamento da virtude da esperança.

A esperança, por sua vez, faz com que todas as coisas da vida e o mundo sejam colocados nos seus devidos lugares. Ela fornece a meta que explicita para onde todo homem e mulher devem direcionar a própria vida.

Esperar em Deus

Esperar em Deus é, assim, não só uma atitude passiva de quem vai receber algo, mas uma certeza de onde olhar, para onde colocar o foco de nossa atenção e atividade. O Salmo que diz "olho para os montes, de onde virá o meu socorro?" (Sl 121), responde apropriadamente: não é do mundo, não é dos homens, "o meu socorro virá do nome do Senhor, que fez o céu e a terra".

Ricardo de São Vítor, em seu comentário ao Apocalipse de São João, explica que uma interpretação de o "nome do Senhor" é de que esta se refere à maneira como conhecemos Deus, pois se conhece alguém através do seu nome. Como é a virtude da fé que faz conhecer Deus, ele entende que se pode, corretamente, entender que o "nome de Deus" é a fé. Com essa referência, vê-se que as virtudes da fé e da esperança precisam caminhar juntas: aquele que conhece Deus sabe que deve esperar n'Ele. Para ter verdadeira esperança, somente com verdadeira fé.

Aproxime-se de Deus

A virtude da esperança é, desse modo, aquela que faz ver o mundo com outros olhos. Embora não se ignore a vida material, ela deve ser colocada sob a perspectiva da eternidade e do espiritual. Tal projeto leva para Deus? Preciso realmente disso ou daquilo? Esses bens ou atitudes me preparam para a vida eterna e para aumentar o contato com Deus em minha vida? Onde coloco minha esperança? Olho para os montes esperando que um exército virá me salvar ou espero no Senhor?

Aqueles que não perseguem os títulos, glórias e honras do mundo, mas caminham rumo à santidade de vida, sabem que serão consolados. Possuem uma verdadeira esperança, pois a fé ensina que Deus não decepciona quem constrói sua vida sob esses princípios.

A virtude da esperança também provoca (e alimenta-se para crescer) da disposição do homem de consolar-se diante da doença, da morte, da perseguição e da injustiça quando provocada pelo seguimento de Deus. Afinal, aquele que estabelece como meta a convivência com Deus e a vida eterna não pode considerar a morte como um castigo. O que possui a virtude da esperança, da mesma forma, vê a doença como uma oportunidade de renúncia, expiação e entrega que o aproximará da meta da eternidade.

No próximo artigo, veremos os pecados e atitudes que acabam com a virtude da esperança. Eles são graves, pois colocam o ser humano contra o projeto divino e, por fim, impedem que a maior de todas as virtudes se manifeste: a caridade.



Flávio Crepaldi

Flavio Crepaldi é casado e pai de 3 filhas. Especialista em Gestão Estratégica de Negócios, graduado em Produção Publicitária e com formação em Artes Cênicas. É colaborador na TV Canção Nova desde 2006 e atualmente cursa uma nova graduação em Teologia com ênfase em Doutrina Católica.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/series/virtudes-teologais/esperanca-e-uma-virtude/

10 de dezembro de 2018

A pessoa que ama tem coragem para confiar no outro

Quem ama confia

Ela o segurava nos braços debaixo de um sol forte e em meio à agitação própria da cidade grande, ele dormia sereno e calmo, pois estava seguro de que nada poderia atingi-lo. Esta cena não faz parte de um filme, é real, e apesar de a ter contemplado há algum tempo, ainda hoje me recordo claramente dela. No ponto de ônibus, uma mãe, com ar de preocupada, segurava seu filho nos braços enquanto mantinha os olhos fixos nos ônibus que chegavam e saíam sem parar. Um deles poderia ser o seu e ela não poderia nem sequer pensar em perdê-lo. Observei que, apesar da agitação própria do local e da preocupação aparente da mãe, a criança dormia tranquila e sossegada. Sem palavras, parecia dizer: "Nada temo, pois os braços que me seguram são de alguém que me ama".

A pessoa que ama tem coragem para confiar no outro

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Deus fala nos fatos

Naquele dia, a cena foi um pretexto para Deus falar comigo. Já observou que quando não paramos para ouvir a voz de Deus por meio da oração, Ele nos fala pelos fatos? No meu caso, eu estava vivendo um tempo de muita correria no trabalho, já não conseguia rezar como antes e queria resolver todas as coisas com minhas forças. Quando ocupamos o lugar de Deus, é isso que acontece. Com aquela situação, o Senhor foi me mostrando que eu precisava confiar mais no amor d'Ele. Precisava viver a atitude daquela criança, ou seja, abandonar-me. Na verdade, precisava amá-Lo mais e deixar-me amar por Ele, pois só confia quem verdadeiramente ama, e quem ama consequentemente confia.

E mais: Deus Pai abriu meus olhos para eu perceber que a raiz da minha agitação era também falta de amor-próprio e má interpretação do Seu amor por mim. Eu estava me comportando como serva de Deus e não como Sua filha. E isso faz uma grande diferença em nossa vida como cristãos. O próprio Senhor disse em Sua Palavra: "Já não vos chamo servos, mas amigos […]" (João 15, 15). Ou seja, o Senhor nos elegeu, nos amou, não quer apenas o nosso serviço, mas nosso amor. Isso é próprio de uma relação de amizade. Amamos e somos amados, e o amor vai além do fazer.

Atitude de confiança

Hoje, por providência, contemplei uma cena semelhante e lembrei-me das lições de outrora. Já não estou tão agitada como antes, vivo uma fase diferente. Mas uma coisa é certa: preciso continuar na escola da confiança. Devo aprender mais de Deus na matéria do amor. "O amor lança fora todo temor, é paciente, tudo suporta, tudo crê, tudo espera […]" (I Coríntios 13,4-7). É por isso que quem ama confia!

Quanto mais amamos a Deus e nos deixamos envolver por Sua misericórdia, tanto mais vamos encontrando a harmonia que tanto desejamos, e que, muitas vezes, buscamos nas pessoas, nos cargos, no poder, no ter ou de tantas outras formas aparentes de segurança neste mundo.

O abandono é, antes de tudo, uma atitude de confiança, fruto da maturidade, e a maturidade não se alcança de uma hora para outra, é preciso ter paciência com o tempo, dar passos e superar os obstáculos. É por isso que quem já teve sua fé provada tem mais facilidade em confiar em Deus, tem forças para ir mais longe mesmo quando tudo parece perdido.


Abandonar-se em Deus

Aquela criança, provavelmente, sentia-se amada; por essa razão, as circunstâncias não a impediam de confiar e repousar tranquilamente no regaço acolhedor de sua mãe.

São Francisco de Sales faz uma interessante comparação quando falou da alma recolhida em Deus. De fato, diz ele, "[…] os amantes humanos contentam-se, às vezes, em estar junto da pessoa que amam, sem lhe falar nada e sem nem sequer pensar em outra coisa que não seja estar ali… Sentem-se amados e isso basta. É assim que acontece com a alma que se entrega aos cuidados do Criador. Repousa sossegada, mesmo em meio aos constantes desassossegos que vive no dia a dia".

Compreendo, cada vez mais, que a experiência do abandono em Deus passa pela descoberta do Seu amor incondicional por nós. Peço ao Senhor que, hoje, ele lhe permita viver essa experiência e o cure profundamente de toda falta de amor, devolvendo-lhe a serenidade e a paz, fruto da confiança n'Ele.

Assim como a mãe segura em seus braços o filho amado, Deus hoje o segura. Não tema. Nos braços do Pai, nada poderá atingi-lo, e quem ama confia.



Dijanira Silva

Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN. Às sextas-feiras, está à frente do programa "Florescer", que apresenta às 18h30 na TV Canção Nova. É colunista desde 2000 do portal cancaonova.com. Também é autora do livro "Por onde andam seus sonhos? Descubra e volte a sonhar" pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/testemunhos/pessoa-que-ama-tem-coragem-para-confiar-no-outro/

6 de dezembro de 2018

Entenda os princípios éticos do bem

Fazer sempre o bem e fazer bem o que se faz

Fazer sempre o bem e fazer bem o que se faz. São esses os princípios éticos que devem orientar a vida de todos, para que floresçam as potencialidades sociais, políticas e culturais da sociedade. A simplicidade desses princípios tem força para operar transformações e recompor a moralidade no tecido cultural. Pois, a cultura desprovida de
moralidade conduz a sociedade rumo aos fracassos. Acirra disputas predatórias, acentua o desrespeito às instituições.  Produz destruição pelas ações dos que se consideram "os donos da verdade". Reconhecer o bem, como princípio ético, permite a cada indivíduo avaliar prioritariamente a própria interioridade, ao invés de, sempre, julgar o outro.

Entenda os princípios éticos do bem

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Estar atento ao próprio interior é dinâmica educativa indispensável. Fazer bem e promover o bem são atitudes que dependem do cuidado com a dimensão interior, conquistando clareza de consciência. É preciso reconhecer o papel que se tem no mundo. Identificar, também, os parâmetros ideológicos que moldam a própria mentalidade, ou seja, aquilo que permite a cada pessoa fazer escolhas com mais lucidez.

E, todo cuidado é pouco, no sentido de evitar impor ao outro, ou mesmo às instituições, certas perspectivas que são apenas convicções pessoais, traços da própria identidade, muitas vezes, problemáticos. Quem age sem observar esses princípios, distancia-se da tarefa de exercer nobre missão, prejudicando contextos pessoais, comunitários e institucionais.

Campo de batalha

E, é, especialmente, nas redes sociais que, hoje, evidencia-se a necessidade de se cultivar o bem como princípio ético, capaz de orientar todas as atitudes. O ambiente digital abre novas e bem-vindas possibilidades de interação, mas, ao mesmo tempo, torna-se verdadeiro "campo de batalha". As recorrentes agressões, cada vez mais presentes na internet, obscurecem o caminho da verdade, inviabilizando o bem.

Com frequência, indivíduos assumem falsa autoridade, apresentam-se como detentores da verdade, e sentem-se no direito de proferir vereditos. Porém, por serem incapazes de fazer distinções, promovem uma mistura que coloca, no mesmo quadrado, "ovelhas, bois e carneiros", como se diz proverbialmente.

Há um agravante a ser considerado: para muitas pessoas, falta formação humanística, ética e espiritual. São necessários investimentos para corrigir essa carência, para que todos possam oferecer contribuições relevantes às instituições e ao mundo. Se essa necessidade não for reconhecida, continuarão desvirtuados sentidos intocáveis, no
âmbito político, cultural e, muito gravemente, no contexto religioso, que não pode se deixar corromper, justamente, por ser referência para a ética e a moralidade.

Por isso mesmo, não basta apenas o grande volume de informações que circula no planeta para construir um futuro melhor. É fundamental dedicar atenção ao desenvolvimento cognitivo de cada indivíduo, cultivando o princípio ético que inspira todos a fazerem o bem – e a fazer bem o que fazem.


Reconhecer que é bom ser bom

O horizonte pluralista do contexto contemporâneo permite à humanidade reconhecer e apontar para tudo, mas, ao mesmo tempo, não se comprometer com nada. Uma situação que precisa ser superada, pois, o princípio ético alicerçado no bem, convoca cada pessoa a tornar-se força transformadora que modela nova cultura. Essa cultura renovada, urgente, está exatamente na contramão de escolhas bizarras que assombram a sociedade e deterioram boas práticas. Passo decisivo para a requerida mudança é promover sempre o bem, dedicando-se a cumprir adequadamente as próprias tarefas e responsabilidades.

Ajuda a moldar novas práticas e, consequentemente, constituir uma cultura renovada, deixar-se guiar por nobres princípios: promover sempre o bem e fazer bem o que se faz.  Não se deixar vencer pelo mal, mas vencer o mal com o bem. Reconhecer que é bom ser bom. Saber que o bem se promove com o bem. Esses princípios, se aprendidos,
permitem superar o circuito vicioso formado por perversidades, inveja, incompreensões, descompromisso com referências fundamentais.

Não se transforma a realidade buscando apenas os melhores índices da economia, nem só pela força da política, ou pela influência de confissões religiosas. Urgente é o despertar da consciência cidadã a partir do compromisso com a ética. É tempo de escrever, não em páginas de livros, mas no coração humano, a gramática da lei moral. Uma atitude prioritária para conquistar o desenvolvimento integral e configurar uma qualificada cidadania.



Dom Walmor Oliveira de Azevedo

O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Atual membro da Congregação para a Doutrina da Fé e da Congregação para as Igrejas Orientais. No Brasil, é bispo referencial para os fiéis católicos de Rito Oriental. http://www.arquidiocesebh.org.br


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/entenda-os-principios-eticos-bem/

3 de dezembro de 2018

A coroa do Advento e seu significado

A coroa ou a grinalda do Advento é o primeiro anúncio do Natal

Deus se faz presente na vida de todo ser humano. E, de todas as formas, Ele nos deixa sentir o Seu amor e desejo de nos salvar. A palavra Advento é de origem latina e quer dizer chegada. É o tempo em que os cristãos se preparam para a vinda de Jesus Cristo. O tempo do Advento abrange quatro semanas antes do Natal.

Atualmente, há uma grande preocupação em reavivar esse costume muito significativo e de grande ajuda para vivermos esse tempo. A coroa ou a grinalda do Advento é o primeiro anúncio do Natal. É um círculo de folhagens verdes, sua forma simboliza a eternidade e sua cor representa a esperança e a vida. Vem entrelaçado por uma fita vermelha, símbolo do amor de Deus por nós como, também, do nosso amor que aguarda com ansiedade o nascimento do Filho de Deus.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Velas do Advento

No centro do círculo, colocam-se as quatro velas para se acender uma a cada domingo do Advento. A luz das velas simboliza a nossa fé e nos leva à oração. Simbolizam, também, as quatro manifestações de Cristo:

1° Encarnação, Jesus Histórico;
2° Jesus nos pobres e necessitados;
3° Jesus nos Sacramentos;
4° Parusia: Segunda vinda de Jesus.

No Natal, pode-se adicionar uma quinta vela branca, até o término do tempo natalino. E, se quisermos, podemos colocar a imagem do Menino Jesus junto à coroa: temos de nos atentar, porém, que o Natal é mais importante do que a espera do Advento.

História da coroa do Advento

Essa coroa é originária dos países nórdicos (países escandinavos, Alemanha), a qual contém raízes simbólicas universais: a luz como salvação, o verde como vida e o formato redondo como eternidade.

Simbolismos esses que se tornaram muito adequados ao mistério natalino cristão e, por isso, adentraram facilmente nos países sulinos. Visto que, se converteram rapidamente em mais um elemento de pedagogia cristã, para expressarmos a espera de Jesus como Luz e Vida em conjunto com outros símbolos, certamente mais importantes, como são as leituras bíblicas, os textos de oração e o repertório de cantos.

O comércio e o sistema deste mundo fazem questão de esquecer o verdadeiro sentido do Natal. E, nós, podemos cair nessa, mas é possível dar presente e celebrar o verdadeiro sentido: o Menino Jesus é o nosso grande presente!

Sugestão: você pode fazer uma coroa do Advento em sua casa e celebrar, com sua família, à luz da nossa fé, a chegada de Jesus Cristo nosso Salvador. A cada domingo, pode acender as velas, convidando seus familiares para rezar.

Oração

Senhor Jesus, celebrar o Teu Natal é fazer da minha vida, da minha casa, um lugar de eternidade e salvação. Que a Tua luz brilhe em cada coração. Ao acender cada vela, desta coroa do Advento, queremos acender a esperança, o amor, a fraternidade e a salvação, que é o grande presente que queremos dar a todos os que amamos, por intermédio do Menino Jesus, que nascerá em nossa família.

Como você se prepara para celebrar essa grande festa do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo? Clique nos comentários e responda: "Como você vive esse tempo litúrgico?".

Natal feliz é Natal com Cristo!



Padre Luizinho

Padre Luizinho, natural de Feira de Santana (BA), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 22 de dezembro de 2000, cujo lema sacerdotal é "Tudo posso naquele que me dá força". Twitter: http://@peluizinho


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/advento/a-coroa-do-advento-e-seu-significado/

30 de novembro de 2018

Correr, parar, prosseguir: o itinerário de todo o cristão

Às vezes, é preciso de um momento de parada para tomar um novo fôlego

Correr… Pode ser que esse não seja o verbo mais conjugado nas rodas literárias. Mas, atualmente, com toda a certeza, é a ação mais praticada. Corremos o tempo todo de um lado para o outro. Corremos da casa para o trabalho; do trabalho para a faculdade. Corremos da faculdade para a Igreja; da Igreja para casa. Corremos, corremos, corremos!

A sensação é a de que estamos estrangulados o tempo todo pelos ponteiros do relógio. Pare agora por um instante e pergunte a si mesmo: "Dentro de tudo o que eu preciso fazer durante o dia – trabalhar, estudar, descansar, alimentar-me (…) – tenho reservado um tempo suficiente para estar com o Senhor?".

Correr, parar, prosseguir o itinerário de todo o cristão

Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Perceba que não estou determinando uma quantidade de tempo específico, afinal, cada um tem a sua necessidade, mas, também, não estou falando daquelas sobras de tempo entre um afazer e outro. Enfim, se você percebe que sua vida de oração, de diálogo com Deus está negligenciada, chegou o momento de fazer um "pit stop" para recobrar o fôlego, antes de retomar a corrida.

A vida espiritual, também, carece de "paradas", mas de uma forma muito específica

Todos nós temos ciência do quão importantes são aqueles pequenos momentos de parada em meio aos afazeres diários. Eles, de fato, são essenciais. Servem para percebermos se estamos caminhando bem, se devemos refazer a rota, reorganizar os próximos passos. Esse, talvez, seja o momento ideal para nos perguntarmos se Deus está encontrando espaço nas nossas ocupações diárias.

Também, na vida espiritual, esses instantes de parada são tão necessários quanto na vida concreta. Acontece que, esse verbo "parar" deve ser vivido de forma bem diferente dentro dessas duas realidades.

Se, na vida material, podemos e devemos, por exemplo, dormir; na vida espiritual, não. Um lindo trecho de Cântico dos Cânticos, no início do sexto poema, aponta-nos para este fato: "Eu dormia, mas meu coração velava e ouvi o meu amado que batia". (cf. Ct. 5, 2). Muito embora o corpo da amada estivesse repousando, quer dizer, em estado de parada, seu coração estava desperto, aguardando a chegada do amado. Portanto, "parar" na vida espiritual requer alguns cuidados.

Afinal, como o cristão deve viver os momentos de "parada" na vida espiritual?

Uma máxima muito conhecida de Santo Agostinho diz que: "No caminho espiritual, não andar adiante é voltar atrás". São Gregório explica isso muito bem, usando de uma imagem: "Se alguém, embarcado numa canoa, rio acima, deixasse de remar, e quisesse parar onde está, sem se adiantar nem recuar, iria necessariamente para trás, porque a correnteza o arrastaria".

Esses dois ensinamentos já seriam o bastante para responder a pergunta acima. Mas, quero utilizar-me de outro exemplo bem didático, para explicar como esse momento de parada na vida espiritual deve ser vivido pelo cristão.

Imaginemos um jovem montado em sua bicicleta, fazendo seu passeio numa manhã ensolarada. Para que a bicicleta não perca o impulso, o jovem não pode parar totalmente de pedalar. É verdade que, em alguns momentos, ele pode interromper as pedaladas, porque a bicicleta ainda possui algum impulso das pedaladas anteriores.


Atenção! Chegamos ao ponto central do nosso artigo!

De uma maneira bem direta, a mensagem é a seguinte: "Não pare de pedalar, não pare de remar, não desista!". É possível interromper as pedaladas ou as remadas por um breve instante para ganhar fôlego, mas desistir, nunca. Se o ciclista desistir de pedalar, fatalmente perderá o equilíbrio e cairá. Se você se cansou, interrompa por um instante as pedaladas, respire e volte a pedalar.

A primeira formadora que tive na Canção Nova,  deu-me um ensinamento muito importante. Lembro-me como se fosse hoje: "Se hoje você consegue correr na vida espiritual, corra; caso contrário, caminhe, mesmo que lentamente, mas caminhe". No fundo a mensagem é a mesma: "Não desista de caminhar".

Que tal otimizar esse momento de parada, buscando um retiro espiritual? Hoje, graças a Deus, os diversos movimentos da Igreja Católica nos oferecem infinitas possibilidades de retiro. Portanto, se você perceber que está cansado, busque se retirar para estar a sós com o Senhor. Respire, encha os pulmões!

Após o momento de parada, é preciso continuar

Depois que você já correu, se cansou e tomou novo fôlego, chegou a hora da decisão mais importante: prosseguir. Segundo um dicionário da Língua Portuguesa, "prosseguir" é retomar uma atividade momentaneamente interrompida, ou seja, voltar a pedalar, voltar a remar, voltar a correr. Lembrado-nos de que estamos falando da vida espiritual.

O apóstolo Paulo nos dá um excelente conselho: "Esquecendo o que fica para trás, lanço-me para o que está à frente" (cf. Fl. 3,13). Quem quer chegar a algum lugar, não o fará se não caminhar.

Para finalizar, quero fazer um pequeno alerta, caminhar sem rumo também não dá. Os nossos olhos, pensamentos, sentidos e vontades devem estar fixos no alvo: o Senhor. Sem propósito, objetivo e meta, ninguém chega a lugar algum.

Deus o abençoe e até a próxima!



Gleidson Carvalho

Gleidson de Souza Carvalho é natural de Valença (RJ), mas viveu parte de sua vida em Piraúba (MG). Hoje, ele é missionário da Comunidade Canção Nova, candidato às ordens sacras, licenciado em Filosofia e bacharelando em Teologia, ambos pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, na Liturgia do Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários. Apresenta, com os demais seminaristas, o "Terço em Família" pela Rádio Canção Nova AM. (Instagram: @cngleidson)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/correr-parar-prosseguir-o-itinerario-de-todo-o-cristao/

28 de novembro de 2018

Que pecados podem matar a fé?

O mais grave dos pecados contra a fé é a infidelidade

Vimos, no artigo anterior, que a Virtude da Fé é chamada de Teologal por se orientar a Deus e ser dado por Ele para o ser humano. Embora essa virtude seja dada em semente por Deus, é dever do homem permanecer unido a Deus e trabalhar pelo seu crescimento. Desse modo, a fé cresce do perfeito para o imperfeito, ou seja, pelo estímulo de Deus para o ser humano e do imperfeito para o perfeito, isto é, do esforço do homem para chegar a Deus. No entanto, embora Deus dê a fé gratuitamente, o ser humano pode negá-la em si mesmo e, até mesmo, destruí-la. Como aquilo que se opõe a Deus é o pecado, quais são os pecados que destroem a fé?

Que pecados podem matar a fé?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

O mais grave pecado contra a fé é a infidelidade (ST II-II Q10A3). Por ele o homem voluntariamente resiste a fé, não querendo recebê-la, crescer nela ou a distorce. Assim, aquele que procura não conhecer melhor a fé professada pela Igreja, com medo de ser cobrado por esse conhecimento em alusão à palavra "a quem muito for dado, muito será cobrado" (Lc 12,48), peca contra a fé. Essa infidelidade é uma cegueira voluntária, que corrompe e destrói a virtude da fé. A fé deve ser estimulada a crescer e não ser combatida ou cerceada.

Heresia e a apostasia

Dentre os modos do pecado da infidelidade estão a heresia e a apostasia. A heresia, que vem do grego "eleição", tem esse nome porque o herege escolhe ou elege a doutrina que julga ser melhor ou mais adequada para si mesmo. Nega-se, assim, que existe uma doutrina verdadeira que deve ser seguida e defendida, não importando a opinião pessoal que tem-se sobre ela. A partir do momento que se arbitra sobre o que se deve ou se quer crer, escolhendo no que acreditar e no que não acreditar da fé ensinada pela Igreja, adota-se a postura do herege e se destrói a fé. Aquele que já ouviu a expressão: "- Sou católico, mas não concordo com isso e aquilo que a Igreja diz", conheceu um herege de perto. Pode ser um herege que não entrará para os livros de história mas, fatalmente, destruirá a própria fé (e de quem der ouvidos às suas "opiniões" ou "eleições").

A apostasia, por outro lado, é uma forma de infidelidade de quem se afasta completamente da fé em Deus (ST II-II Q12A1). Aquele que teve uma formação católica, foi introduzido nos sacramentos e abandona a Igreja e a fé, é um apóstata. A consequência da apostasia é a morte da fé de um modo mais rápido e eficaz do que a heresia, pois, essa ainda procura conservar alguma coisa da fé, embora a distorça. O apóstata, no entanto, tem como objetivo (e consegue) destruir a própria fé.

Como a fé exige um aplicar-se, conscientemente, no aprendizado das coisas de Deus para se desenvolver, a cegueira ou embotamento da mente é outro vício que destrói a fé. Ou seja, aquele que se aplica a entender, usufruir e aperfeiçoar-se nas coisas terrestres ou materiais, deixando de lado o aprendizado da fé, comete um erro que mata a sua fé. Afinal, acumular títulos acadêmicos após décadas de estudo e permanecer no "jardim de infância" da fé é uma distorção intelectual extraordinária. O conhecimento e aprofundamento em relação à fé tem de caminhar no mesmo tom e qualidade dos outros aprendizados intelectuais. Quando, por negligência, deixa-se de se aprender e aprofundar as verdades de fé, cria-se o pecado da cegueira intelectual que faz a fé ficar débil até morrer.


Entre os inúmeros dons recebidos de Deus, a inteligência é um dos maiores

Por outro lado, o embotamento da mente, causado por uma falta de vivência intelectual em qualquer área, não é menos danoso ou menos problemático. Se aquele que desenvolve toda sua capacidade intelectual em várias áreas, menos no conhecimento da fé, peca; aquele que não desenvolve, também, peca. Entre os inúmeros dons recebidos de Deus, a inteligência é um dos maiores. Ela nos dá a capacidade de ver e compreender o mundo, além de receber e entender a revelação de Deus que contém as verdades de fé. Aquele que embota (debilita, insensibiliza) a sua própria inteligência, não só destrói suas capacidades de viver melhor em sociedade como, também, se priva de aprender a revelação de Deus.

Procurando corrigir-se desses erros voluntários, isto é, os pecados; e dos involuntários, que são os vícios adquiridos por maus hábitos, conseguimos preservar a fé dada, gratuitamente, por Deus. Mas, como se pode aumentar a nossa fé? No próximo artigo nos deteremos nos passos que podemos dar, conscientemente, para aumentar a nossa virtude da fé.



Flávio Crepaldi

Flavio Crepaldi é casado e pai de 3 filhas. Especialista em Gestão Estratégica de Negócios, graduado em Produção Publicitária e com formação em Artes Cênicas. É colaborador na TV Canção Nova desde 2006 e atualmente cursa uma nova graduação em Teologia com ênfase em Doutrina Católica.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/que-pecados-podem-matar-fe/

26 de novembro de 2018

Será que o casamento está fora de moda?

O casamento precisa ser uma relação de troca e cumplicidade vivida pelo casal

Vivemos o que muitos sociólogos dizem: uma pós-modernidade, caracterizada por mudanças drásticas no modo de se colocar no mundo. E, nisso, o homem pós-moderno não é o mesmo que o de antes, ele é fortemente influenciado por essas mudanças caracterizadas pela desconstrução de certezas como relativismo, pluralismo, falta de referências, crises afetivas, consumismo desenfreado, superficialidade, culto ao corpo, perda total de sentido entre outras coisas; porém, o individualismo parece assumir um lugar de destaque.

O que essa aula de sociologia tem a ver com o verdadeiro amor? Tudo, pois ele também sofre com tais mudanças. Percebemos esse resultado na dinâmica do casamento. Casar-se é ter disposição de viver a conjugalidade, porém, essa tem sido ameaçada pela valorização da possível liberdade, a satisfação de cada cônjuge em detrimento do outro, a perda de uma zona de interação entre eles e, assim, uma consequente dependência doentia.

Será que o casamento está fora de moda

Foto ilsutrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

O desafio do casamento

Se a pós-modernidade favorece ao indivíduo o relativismo no pensar, cada um pode agir como lhe convém, o que leva cada um a criar sua ideia e regra a respeito do amor, do homem, da mulher, da família e da fidelidade; entre outras ideias, a própria ideia sobre o casamento. Se podemos ser tudo, acabamos não sendo nada; e o nada é vazio, por isso, acompanhamos tantos casamentos vazios.

Estamos, de tal forma, vivendo esse vazio do pensamento, de que tudo pode, que acabamos vivendo a vida da forma que convém, não nos prontificando a viver as exigências de uma vida a dois. Dessa forma, corremos o risco de valorizar o casamento, somente quando ele nos proporciona uma sensação de bem-estar. Não possuindo a força interior para enfrentar as experiências difíceis que fazem parte do estar a dois sendo um.

Sei que casar é bom demais, mas como tudo que é bom tem seu valor, logo, haverá um preço a ser pago! Como é doloroso acompanharmos casais que se casam, mas, infelizmente, continuam com a cabeça de solteiros. São casais que não são casais. Os homens querem continuar com a vida como era antes e as mulheres reivindicam o direito de ser o que querem e fazer o que lhe "der na telha". Não conseguem harmonizar a individualidade e a conjugalidade e acabam por viver o individualismo.


Ser um só sem perder a essência

O individualismo é destrutivo ao amor verdadeiro, pois, faz com que olhemos somente para nosso umbigo, enquanto a individualidade nos leva a sermos nós mesmos para o outro.

Quando estou no individualismo, busco caminhos fáceis, torno-me imaturo e infantil, não permito que o outro apareça, pois isso é me tornar "não visto" e, logo, se instala o conflito conjugal. Nem de longe há lugar para a belíssima experiência de conjugalidade. O casamento é utilizado para satisfazer somente necessidades individuais, sem compromissos duradouros, tendo como resultado pessoas fragmentadas.

O casamento é fonte de integração. Quando há amor verdadeiro, duas pessoas inteiras podem ser elas mesmas, são livres e autênticas no que têm de bom e não tão bom, mas ambas saem enriquecidas com essa relação. A construção da conjugalidade torna-se fonte de sustento para o amor e jamais um campo minado onde, a qualquer momento, acontecerá uma mega explosão!

Como ser dois sendo um, e um sendo dois? Eis o desafio! Eis a aventura a se viver, rimar individualidade com conjugalidade.

Obs: Quer saber mais sobre esse assunto? Adquira o livro 'Agora e para sempre', de Adriano e Letícia Gonçalves.




Adriano Gonçalves

Mineiro de Contagem (MG), Adriano Gonçalves dos Santos é membro da Comunidade Canção Nova. Formado em filosofia e Psicologia. Atuou na TV Canção Nova como apresentador do programa Revolução Jesus. Hoje atua no Núcleo de Psicologia que faz parte da Formação Geral da Canção Nova. É autor dos seguintes livros: "Santos de Calça Jeans", "Nasci pra Dar Certo!", "Quero um Amor Maior" e " Agora e Para Sempre: como viver o amor verdadeiro".


Fonte: 

23 de novembro de 2018

Luz da Fé: Anjos, mensageiros da Salvação de Deus

Como temos nos relacionado com nosso anjo da guarda?

O Catecismo da Igreja Católica, do número 328 ao número 336, traz-nos o seguinte ensinamento de Santo Agostinho: "Anjo (mensageiro) é designação de encargo, não de natureza. Se perguntares pela designação da natureza, é um espírito; se perguntares pelo encargo, é um anjo: é espírito por aquilo que é, é anjo por aquilo que faz". Por todo o seu ser, os anjos são servidores e mensageiros de Deus. Porque contemplam "constantemente a face de meu Pai que está nos céus" (Mt 18,10), são "poderosos executores de sua palavra, obedientes ao som de sua palavra" (Sl 103,20).

Como criaturas puramente espirituais, eles são dotados de inteligência e de vontade: são criaturas pessoais e imortais. Superam em perfeição todas as criaturas visíveis. Disto dá testemunho o fulgor de sua glória […]. A vida da Igreja se beneficia da ajuda misteriosa e poderosa dos anjos. Desde o início até a morte, a vida humana é cercada por sua proteção e por sua intercessão. "Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida" (São Basílio).

Foto ilustrativa: Andréia Britta / cancaonova.com

A partir desse ensinamento fica claro que: todos nós temos um anjo, o chamado anjo da guarda.

Padre Pio e seu anjo da guarda

Monsenhor Jonas Abib escreveu um livro a respeito dos anjos intitulado "Anjos, companheiros no dia a dia". Nessa obra, ele escreve, também, a respeito de alguns santos da nossa Igreja que viveram uma profunda intimidade com os anjos. Um exemplo disso é o Padre Pio que viveu um relacionamento com o seu anjo da guarda, mesmo trazendo consigo um temperamento muito forte. Durante sua vida, Padre Pio foi, por diversas vezes, atacado pelo demônio, chegando ao ponto de ser até mesmo agredido fisicamente pelo inimigo.

Monsenhor Jonas escreve o que aconteceu numa dessas ocasiões: Quando o anjo demorava a intervir, Padre Pio, confidencialmente, sabia dirigir-lhe uma reprovação áspera e fraterna: Nem imaginam como aqueles infelizes têm me machucado. Algumas vezes tenho a impressão de que vou morrer. Sábado, pareceu que queriam acabar comigo. Não sabia nem qual santo invocar. Volto-me para meu anjo. Depois de esperar algum tempo, ei-lo enfim a voar ao meu redor e, com sua voz angelical, cantar hinos à divina Majestade. Então, eu o repreendi duramente por ter demorado tanto, enquanto eu não me esquecera de chamá-lo em meu socorro. Para castigá-lo, recusei-me a olhar seu rosto, queria afastar-me dele, queria evitá-lo, mas ele, coitadinho, alcançou-me quase chorando, até que, elevando o olhar, vi seu rosto e o encontrei todo desgostoso. "Estou sempre perto de você" ele disse, "nunca o abandono, esta minha afeição por você não terminará nem mesmo com a vida".

Como temos nos relacionado com nosso anjo da guarda?

Quero dizer a você, meu irmão, que o nosso anjo da guarda age conosco do mesmo jeito que o anjo da guarda do Padre Pio agia com ele, ou seja, o nosso anjo da guarda está sempre ao nosso lado. Diante disso, vamos refletir: Como temos nos relacionado com nosso anjo da guarda? Será que apenas nos lembramos de que ele existe quando "nosso calo aperta", na hora da dificuldade ou nos momentos de combate espiritual?

O Catecismo da Igreja e, também, monsenhor Jonas, no seu livro, nos convidam a um relacionamento com o nosso anjo da guarda, gerando, assim, uma intimidade com ele. E "intimidade" não é algo que surge da noite para o dia… Requer que seja trabalhada diariamente. Então, comece agora!


Se, até hoje, você não cultivou um relacionamento com o seu anjo da guarda, não se desespere. Comece a partir desse momento! E, cultive esse relacionamento com seu anjo, dia após dia.

Convido você a rezar comigo essa simples oração, suplicando o poderoso auxílio e proteção desse nosso bom amigo que vem do Céu, oração essa que, muitos de nós, aprendemos com os nossos pais e avós: Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me guarde, me governe e me ilumine. Amém.

Um forte abraço!

Assista ao programa:


Alexandre Oliveira

Membro da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Alexandre é natural da cidade de Santos (SP). Casado, ele é pai de dois filhos. O missionário também é pregador, apresentador e produtor de conteúdo no canal 'Formação' do Portal Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/series/luz-da-fe/luz-da-fe-anjos-mensageiros-da-salvacao-de-deus/