Como estimular a independência dos filhos?
Diante de notícias em jornais e na televisão, sobre adolescentes envolvidos com situações de infrações e aumento de reincidências, de filhos que matam pais ou irmãos, por motivos considerados, por vezes inexplicáveis, uma pergunta se faz necessária: onde isso tudo começa?
Alguns respondem que começa na vulnerabilidade das famílias, outros dizem que começa no modelo de ensino das escolas, ou numa sociedade onde predomina o ter e não o ser. Os estudiosos, com uma visão sistêmica, observam que todas essas causas impactam, pois vivemos um modelo dicotomizado, no qual, muitas vezes, essas instâncias não se falam adequadamente, não somam, mas dividem forças.
Por isso, a cada dia se faz necessário uma reflexão, sobre os limites que são trabalhados pela família e pela escola. Muitas vezes, os pais terceirizam para a escola, uma postura de tornar as crianças independentes, desde o simples ato de tirar a chupeta, as fraldas, até mesmo lidar com sentimentos de decisões diante de situações da vida.
Conheça os cinco passos:
O primeiro passo é ajudar o filho a construir uma autoimagem boa e, acima de tudo, mostrar a ele que adquirir uma estima adequada ajuda no processo de decisões, facilita a independência, ajuda na hora de se posicionar contra coisas erradas oferecidas por outros. O ensino que é oferecido nas escolas complementa o adquirido no lar e, a partir dos relacionamentos entre familiares e colegas, podemos e devemos exercitar o nosso direito de escolhas.
Não existem fórmulas mágicas, mas um mapa que pode ajudar os pais.
O segundo passo é construir valores que forneçam balizamento no momento de decisão, pois a norma nós podemos burlar, mas é difícil lutar contra valores e crenças introjetadas, pois estas falam sempre mais alto que nossas ações e são mais difíceis de serem derrubadas quando confrontadas com as do mundo.
O terceiro passo é a atitude que a família tem com a criança, que deve ser de ensiná-la no lugar de fazer por ela. No entanto, é mais fácil amarrar o tênis do filho do que ensiná-lo a amarrar; porém, ao longo do tempo, isso o ajudará a ter independência física.
O quarto passo é o corte emocional que muitos pais têm com os filhos. Eles não querem que seus filhos cresçam e construam suas vidas, precisam de filhos infantilizados para se sentirem úteis.
O quinto passo é construir a independência emocional. Segundo Cury (2003): "Hoje, bons pais estão produzindo filhos ansiosos, alienados, autoritários, indisciplinados e angustiados". Muitas vezes, a família, que deveria ser um espaço de aprendizado, torna-se um lugar de apelos para o consumo desenfreado, para a violência, para o sexo sem limites que, na óptica do autor, são "estímulos sedutores que se infiltram nas matrizes de sua memória (…). Os pais ensinam os filhos a serem solidários e a consumirem o necessário, mas o sistema ensina o individualismo e a consumir sem necessidade".
Pais participativos na vida do filho
Não basta, então, ser bom pai, é preciso participar da construção emocional dos filhos, elogiar e criticar o comportamento dos pequenos, como fortalecimento da formação deles. Lembrando que as ações dos adultos são as maiores fontes de aprendizado das crianças.
Nessa construção, existem pais autoritários com dificuldade de diálogo e demonstração de afeto. Esses se apegam às regras e não fazem um trabalho de troca de razões para tomar decisões, gerando crianças com alto grau de dependência e acostumadas a imposições paternas. Por outro lado, temos o inverso: pais muito tolerantes, afetivos e chegados ao diálogo, mas com dificuldade de colocar limites, chegando a ser permissivos diante de desejos e das condutas inadequadas dos filhos.
Portanto, se quisermos ter filhos com atitudes independentes, não devemos ser nem autoritários nem permissivos, mas democráticos, ou seja, demonstrar afeto e diálogo, mas com equilíbrio nas suas ações, estimulando a independência e reforçando valores. Pais democráticos fazem com que os filhos cumpram as regras de acordo com a idade de cada criança, mas demonstram flexibilidade quando é preciso voltar atrás.
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