Como fazer para que não haja divergência entre pais e avós na criação dos filhos?
É comum, em nosso tempo, que a tarefa de cuidar dos filhos, durante o trabalho dos pais, seja confiada aos avós por diversos motivos: confiança, logística para levá-los e, especialmente, por partilhar valores similares aos dos pais, dentre tantos outros motivos particulares a cada família.
O apoio dos avós traz não apenas a ajuda nas tarefas diárias, mas também na transmissão da história da família, dos hábitos, costumes e regras. A partir daí, estamos diante de um grande desafio: alinhar a comunicação entre pais e avós, para que a comunicação com os filhos seja única. Ou seja, como os avós podem transmitir aos netos as mesmas regras que sua família de origem tem? Como não sentir que existe um desalinhamento entre o que pais e avós dizem aos pequenos?
Qual é a melhor maneira de ajustar tais atitudes?
É comum o relato de mães dizerem que os avós "mimam" os filhos, liberam doces e guloseimas a todo custo e, muitas vezes, elas (as mães) têm dificuldade para alinhar essas regras. Crianças são espertas, e logo percebem se há divergência nessa comunicação e nas regras de pais e avós. Portanto, o primeiro passo importante é manter, dentro do mais próximo possível, as regras que a criança têm em sua casa, quando ficam na casa dos avós, evitando "mandos e desmandos" e uma interferência e quebra de autoridade de cada um deles. As falhas no comportamento precisam ser comunicadas aos pais, bem como qualquer situação que seja relevante.
Uma comunicação clara e aberta entre pais e avós é extremamente importante e reduz consideravelmente qualquer problema. Aliás, é na correria cotidiana que uma boa conversa vai se perdendo em vários ambientes de nossa vida: trabalho, família, amigos e igreja.
Nesse processo de cuidado, é importante e sadio que a criança saiba das figuras de autoridade que os pais e avós assumem. Regras são regras e devem valer em qualquer ambiente, para que essa criança em formação também seja formada nessa convivência. Caso contrário, saberá que, facilmente, poderá dobrar os avós neste cuidado.
Conversar previamente para evitar problemas
É importante também que o diálogo entre os pais e avós se faça presente, pois, quando isso não acontece, as próprias condições desse cuidado ficam desproporcionais. Por exemplo: os pais ajudarão os avós financeiramente, para que essa criança fique lá? Ou ajudará com os lanches, alimento, despesas etc?
Muitas vezes, os avós assumem não apenas a criança, mas as despesas advindas desse cuidado; e quando não existe essa possibilidade, começam aí os primeiros desentendimentos ou a sensação de abuso por parte dos avós. Tudo o que é acordado previamente evita problemas futuros.
A segurança e o apoio emocional de crianças que são cuidadas pelos avós é uma experiência ímpar, que tende a ser muito positiva. Cabe também aos pais avaliar a real possibilidade física e emocional desses avós ao assumirem essa responsabilidade. Não existe uma regra ideal nem uma forma única e específica para essa organização familiar, apenas cabe organizá-la de forma que todos os envolvidos se sintam bem nessa situação.
O desejo com essa reflexão não é impor o que é certo ou errado, pois as famílias encontram formas de estabelecer o cuidado com seus filhos, e isso é essencial. Cada família, em seu formato, compreenderá o que será estabelecido entre as partes, como seus filhos serão cuidados. Esse entendimento, no entanto, é essencial, pois estamos lidando com pessoas em formação, e que, como destacamos, ficam atentas a tudo e a todos. Quanto mais alinhados estivermos, melhor será o resultado das experiências entre pais, avós e filhos.
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