A cura para as doenças espirituais é obra do Espírito Santo
Para que uma doença seja tratada, é preciso descobrir, por meio de exames, o que a causou. Uma vez diagnosticado o problema, aplicam-se os medicamentos necessários para o restabelecimento da saúde corporal.
Nossa vida espiritual passa por esse mesmo processo. Muitas vezes, nossa alma está contaminada por doenças espirituais que, aos poucos, roubam-nos a paz e nos desequilibram espiritualmente, afastando-nos do caminho da santidade e conduzindo-nos ao pecado.
Diante de tal realidade, é preciso diagnosticar quais doenças espirituais estão deixando nossa alma enferma. Contudo, para que o medicamento correto faça o efeito desejado, é preciso nomear essas doenças.
E quais são as doenças espirituais?
São sete: gula, avareza, luxuria, ira, inveja, preguiça e soberba. As doenças espirituais são os sete pecados capitais, os quais, quando não diagnosticados, causam um terrível mal ao coração do ser humano.
Gula é a doença espiritual do desejo insaciável. Sempre é preciso consumir mais para a satisfação própria. Quando essa enfermidade se aloja no coração, faz-nos escravos de uma vontade que nos rouba o direito da liberdade. Tornamo-nos escravos e sempre será preciso ir além do necessário. O remédio para a gula é o autocontrole, é aprender a ficar satisfeito com o necessário e dizer 'não' ao excesso.
Avareza: é o apego ao dinheiro e aos bens materiais. Essa doença escraviza a pessoa, pois faz seu coração prisioneiro de seus desejos, esquecendo-se de Deus e do próximo. Para curar-se dessa doença, é necessário o abandono em Cristo e o desapego de tudo que nos aprisiona.
Luxúria: é deixar-se dominar pelas paixões. Essa doença deixa a pessoa presa aos desejos carnais, à corrupção dos costumes e à sensualidade. Todos esses desejos se agravam com o tempo, caso não seja cuidado com o remédio necessário, que consiste em reconhecer-se Templo do Espírito Santo e recuperar a consciência da dignidade de filho de Deus.
Ira: é o sentimento de raiva, ódio, rancor e vingança. É uma doença complexa, pois, calmamente, vai transformando a pessoa naquilo que ela sente. Ela age aos poucos no coração e, se não for remediada a tempo, pode destruir vidas. O remédio para essa doença é o perdão e a busca da paz para com todos. Muitos se encontram enfermos desse sentimento, por isso faz-se necessário cuidar deles urgentemente.
Inveja: é a cobiça por aquilo que não é seu. Muitos passam pela vida desejando aquilo que não é seu e se esquecem de cuidar da própria vida. Essa doença afasta a pessoa da realidade de sua própria vida e a torna prisioneira do que o outro possui. O remédio para essa enfermidade consiste em retirar o olhar da vida do outro e cuidar de sua própria existência. Somente quem consegue voltar o olhar para sua vida liberta o outro de seus olhares invejosos.
Preguiça: é a doença do desleixo, da moleza, da falta de vontade, da aversão ao trabalho. O preguiçoso vive em estado constante de paralisia. Essa doença faz o ser humano acostumar-se com uma vida medíocre. Para curar essa enfermidade, é preciso sair do espaço de conforto, que criou para si mesmo e ter atitude diante da vida. Muitas pessoas alimentam essa doença em seus semelhantes.
Soberba: essa doença está ligada ao orgulho excessivo, à vaidade e à arrogância. Muitos vivem se achando melhores que as outras pessoas. Olham e expressam em seus semblantes o pouco caso com seus irmãos e irmãs. Para curar-se desta doença, é preciso reconhecer-se pecador e necessitado da misericórdia de Deus. Somente quem se reconhece criatura e não Criador consegue libertar-se dessa enfermidade.
A cura das doenças espirituais é um processo de mudança interior, que acontece com a ajuda do Espírito Santo, o médico das almas.
As pessoas sempre acabam fazendo uma grande confusão entre as dificuldades que estão enfrentado, se é provação ou tentação. Há, no fundo, dentro delas, a dúvida se o que vivem é algo que vem de Deus ou do maligno. A verdade é que, quando falamos de tentação e provação, precisamos entender também que existem diferenças entre ambas, e consequências distintas quanto ao fruto que será gerado em nós, caso não saibamos como enfrentar cada uma delas.
Porque as "fontes" de onde elas sobrevêm são distintas. No entanto, é a própria Palavra de Deus e o Magistério da Igreja que nos ajudam a compreender o que é cada uma dessas realidades e como vivenciá-las. Na Carta de São Tiago, temos uma clara distinção e explicação do que é cada uma delas e suas consequências. Vejamos:
"Considerai uma grande alegria, meus irmãos, quando tiverdes de passar por diversas provações, pois sabeis que a prova da fé produz em vós a constância. Ora, a constância deve levar a uma obra perfeita: que vos torneis perfeitos e íntegros, sem falta ou deficiência alguma" (Tg 1,2). "Feliz aquele que suporta a provação, porque, uma vez provado, receberá a coroa da vida, que Deus prometeu aos que o amam" (Tg 1,12).
É o mesmo Tiago que também nos fala sobre a tentação:
"Ninguém, ao ser tentado, deve dizer: 'É Deus quem me tenta', pois Deus não pode ser tentado pelo mal, tampouco Ele tenta alguém. Antes, cada qual é tentado por sua própria concupiscência, que o arrasta e seduz. Em seguida, a concupiscência concebe o pecado e o dá à luz; e o pecado, uma vez maduro, gera a morte" (Tg 1,13-15). O próprio Jesus foi quem nos ensinou, em Sua Palavra, na oração do Pai-Nosso, uma realidade sobre a tentação quando diz: "não nos deixeis cair em tentação".
Nesse pedido de Jesus, há uma "rejeição" à tentação, um alerta de que há um perigo, pois, logo em seguida, vem um outra súplica, na qual há um vínculo com o pedido anterior, de "não se deixar cair em tentação", que é: "mas livrai-nos do mal". Com tudo isso, podemos, certamente, dizer que há grandes diferenças entre tentação e provação, de onde nascem e os frutos que produzem.
A tentação tem sempre como origem o demônio, nossa carne ou o mundo. Ela tem como objetivo nos levar ao pecado; e ao nos fazer pecar, produz em nós o rompimento do nosso relacionamento com Deus, o nosso afastar-se d'Ele, gerando em nós a morte.
A Palavra de Deus, no entanto, é clara quanto ao caminho que a tentação faz dentro de nós, para que isso venha a se tornar realmente um pecado. A pessoa, quando sente o desejo pelo pecado, precisa, além de sentir, consentir, deixar aquela tentação tomar conta dela, para que surja o ato do pecado, e este cresça, amadureça e gere os frutos de morte. Sendo assim, sentir-se tentado não é pecado, seja qual for o nível de tentação! Pecado é você permitir que essa tentação cresça sem que você lute contra ela. O Catecismo da Igreja Católica (2847) nos ensina que, se a tentação não for consentida, mas combatida, ela também pode nos ser útil, trazendo-nos méritos diante de Deus.
A provação tem sua origem em Deus, na permissão divina
Ainda que determinadas provações possam ter, por detrás delas, o demônio, ela é permitida por Deus para o crescimento e amadurecimento da pessoa. Assim como afirma a Palavra de Deus: "…sabeis que a prova da fé produz em vós a constância. Ora, a constância deve levar a uma obra perfeita: que vos torneis perfeitos e íntegros, sem falta ou deficiência alguma" (Tg 1,2).
Assim foi com Jó! Ele era um homem íntegro, temente a Deus, mas o Senhor permitiu que o demônio lhe causasse incômodos, pois sabia que Jó teria as condições de suportá-los! "Deus é fiel e não permitirá que sejais provados acima de vossas forças. Pelo contrário, ele providenciará o bom êxito, para que possais suportá-la." (I Cor 10,13)
A elegância equivale à sensação do encontro com a harmonia
Lembro-me como se fosse hoje. Eu estava num restaurante, na região do Bom Retiro, em São Paulo, um bairro conhecido por receber pessoas de todo o país para fazer compras de roupas. O espaço era relativamente pequeno para a quantidade de pessoas esfomeadas e apressadas que ali estavam. Eu havia acabado de entrar e estava com sacolas penduradas até o cabelo. Fiquei imensamente feliz ao ver que um senhor de meia-idade havia terminado sua refeição e estava se levantando para sair. Não sentia meus pés de tanto que havia andado até aquele momento! Sentei-me e logo vi uma senhora entrar com duas meninas lindas; eram suas filhas.
Foram em direção a uma mesa que havia acabado de ser desocupada quando, do nada, surge uma moça falando alto: "Esse lugar é meu. Eu vi primeiro". Ela jogou a bolsa sobre a mesa, na tentativa de apropriar-se dela, quando a filha mais nova, de mais ou menos doze anos, a pegou do chão e entregou à moça: "Desculpe, fique à vontade".
Elegância e educação
Ela disse isso na maior educação, realmente desejando que a moça espaçosa se sentisse confortável ali. Logo em seguida, outras cadeiras foram desocupadas ao meu lado, e a mãe, com muita fineza, pediu-me para sentarem-se ali. Conversamos nesse curto espaço de tempo e percebi o quão eram educadas.
Logo em seguida, ouvimos a moça gritando novamente, porque seu pedido havia sido trocado. Esbravejou, dizendo que tinha o direito de ser bem atendida.
Os garçons se entreolharam e, quase que num movimento sincronizado, levantaram as sobrancelhas. Só faltou o balão dizendo: "Para que esse show todo?".
Coincidentemente, a sobremesa que a filha mais velha havia pedido também havia sido trocada. Ela fez sinal com a mão para o garçom, que logo se aproximou. Ela perguntou o nome dele e, educadamente, o questionou se havia a possibilidade de trocar seu pedido, pois havia vindo por engano. Prontamente, ele disse 'sim' e, em questão de segundos, voltou com o pedido certo; enquanto a moça brava continuava falando alto e reclamando, batendo o pé no chão, olhando para o relógio e abanando-se, na esperança de chamar à atenção de alguma forma. Seu pedido ainda não havia sido trocado.
A elegância vem de dentro para fora
Não conheço nada sobre a moça, muito menos sobre a mãe com suas duas filhas, mas, naquele momento, entendi que ser elegante é muito mais do que se pode aparentar externamente por meio de uma postura contida, de falar baixo, de saber portar-se, enfim. Vem de dentro para fora.
É algo harmônico, a ponto de trazer ordem ao caos. Diz de um silêncio que se faz ouvir, de uma delicadeza e discrição que se fazem notar; porém, totalmente sem necessidade de chamar à atenção.
Fiquei com elas por aproximadamente vinte minutos, tempo suficiente para perceber que elas sabiam falar e calar no momento certo. Dar atenção e recebê-la de volta num movimento natural de quem se conhece e, por isso, sabe de sua própria importância, não depende de nada nem ninguém que a convença disso.
Para mim, foi uma aula de elegância. Percebi que posso a desenvolver e que o trabalho para isso se assemelha ao ato de regular a cor na tela da TV por exemplo.
O ponto é o equilíbrio: Se pesar na cor, ficará gritante, a imagem ficará estourada e desconfortável; se tirar toda a cor, ficará sem definição, sem graça e com uma ausência que também desconforta.
Independente da situação, da pessoa ou de sua história, a elegância se mostra por meio da harmonia na forma de ser simplesmente o que é.
Deselegância
A partir de então, tenho prestado mais atenção na minha postura, no meu modo de falar ou calar, de querer chamar à atenção ou de me esconder e de me vestir. E isso tem dado certo! Fácil não é, pois exige esforço tanto para me enxergar na situação quanto para chegar ao equilíbrio, mas que dá resultado, isso dá!
No fundo, sabemos quando passamos do limite, sendo deselegantes. Talvez, o problema seja a falta de agilidade e a rapidez entre o pensamento e a ação coerente, e também da vontade de melhorar a cada dia.
Uma coisa é certa: é praticamente impossível ser elegante quando se tem a síndrome de Gabriela: "Eu cresci assim, vou ser sempre assim, Gabriela, sempre Gabriela..". É como querer juntar água e óleo.
Treino e dedicação
Na dúvida, questione-se. A resposta está aí dentro e, se solicitada, virá para fora com muito gosto e prazer, com a missão de ajudá-la a crescer, descobrir-se, melhorar e se enxergar com mais nitidez. Tudo é questão de treino e dedicação.
Elegância não se compra, vem de dentro, e todas nós somos capazes dela. Às vezes, ela se encontra de forma bruta, mas pode ser lapidada com o simples exercício de olhar para dentro de si mesma, deixando de lado o que as pessoas esperam de você, sendo livre para assumir sua identidade única no mundo.
Dessa forma, saberá como se portar de forma harmônica e elegante em todos os lugares onde estiver e com quem estiver.
A sociedade há de encontrar na fé a nota indispensável e insubstituível da sua sinfonia perdida. Pensam muitos que para se conquistar essa harmonia basta a correção no âmbito da política partidária. Trata-se de aspecto importante, mas que não é suficiente. Há um longo caminho de reconstrução das cidadanias para vencer mediocridades. É preciso reagir, com investimentos urgentes e indispensáveis, na educação, em reformas, no cultivo da sensibilidade social, da consciência de que se pertence a um povo. De modo especial, é importante investir na fé, tesouro que alicerça a vida, ilumina a razão, inspira e equilibra a conduta humana.
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A Palavra de Deus, na Carta aos Hebreus, capítulo 11, bem define esse tesouro: "A fé é a certeza daquilo que ainda se espera, a demonstração de realidades que não se veem". Cultivá-la provoca transformações profundas que são capazes de devolver, a cada pessoa, o brilho sagrado que reside no coração humano. Por isso mesmo, não é permitida a nenhuma confissão religiosa contemporizar com as manipulações a respeito dos entendimentos sobre Deus e a fé n'Ele professada, para alcançar certos objetivos questionáveis.
Cultura e sociedade
Os líderes religiosos têm grande responsabilidade e não podem retardar a reação diante dessas manipulações que ocorrem a partir de meios de comunicação bem estruturados, de certas práticas alicerçadas na irracionalidade que, por isso mesmo, são incapazes de gerar transformações necessárias na cultura e na sociedade. Situações diversas que impedem o surgimento de novos horizontes, só alcançados pela fé, por sua vivência, a partir da coragem profética e mística de seu testemunho.
Compreende-se a fé não como prática piedosa, no sentido de se reservá-la a sacristias, ou como força a ser buscada simplesmente pelo viés milagreiro, conduta que muitas vezes apenas alimenta cofres, justifica nomes e deixa, em segundo plano, o que é essencial e urgente no que se refere a respostas cidadãs. A fé é uma luz que deve incidir sobre todas as relações sociais, desdobrando-se em gestos de solidariedade.
Toda autêntica manifestação da fé é experiência de fraternidade, sustentada pelo reconhecimento da paternidade de Deus. No centro dessa experiência está o amor do Pai, que não deixa obscurecer a preciosidade singular da vida humana. Assim, a fé leva o homem a preservar o seu lugar no universo, sem que se extravie da sua natureza. Quem cultiva a fé torna-se cada vez mais consciente da própria responsabilidade moral, demove-se da pretensão de ser árbitro absoluto de tudo e não corre o risco oneroso e destruidor de achar que tem o direito de manipular outras pessoas.
Justiça
É verdade que a justa ordem da sociedade e do estado é dever da política e, como afirma Santo Agostinho, "um estado que não se rege segundo a justiça, se reduz a uma grande banda de ladrões, porque a justiça é o objetivo e a medida intrínseca de toda política". Na busca pela realização da justiça, a política necessita da fé, que tem propriedades para iluminar a razão a partir da experiência do encontro com o Deus. Essa experiência ultrapassa a dimensão simplesmente racional. Nesse sentido, a fé possibilita à razão realizar melhor a sua tarefa de configurar a cidadania nos parâmetros necessários para a construção de uma sociedade melhor.
Por tudo isso, é possível reconhecer a importância de cultivar e sempre ter apreço pelo patrimônio da fé enraizado na cultura de um povo. Um dom que exige atenção redobrada no seu cuidado. Eis um compromisso de todos, de governos também, para que a genuinidade da fé fecunde cidadanias e reconduza a sociedade aos caminhos da justiça, do bem, às veredas da verdade e da fraternidade.
Padre José Rafael Solano Durán, Doutor em Teologia Moral, especialista em Bioética, Assessor de Bioética do Regional Sul II da CNBB e Pós-doutorado em Teologia Moral e Família pela Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, em seu livro sobre a Ideologia de Gênero (ID), Editora Canção Nova, explica as origens da ideologia de gênero e a agenda montada, com diversos passos, para instaurá-la na mentalidade e cultura das pessoas.
Tudo começou, em 1885, com o trabalho desenvolvido por Lewis Henry Morgan e continuado por Frederich Engels. O objetivo foi colocar em questão o valor da família como estrutura privada e capaz de formar a consciência da pessoa. Eles criaram um modelo no qual as pessoas, dentro da família, não tivessem nenhum tipo de relação. "Eliminando as relações familiares, destrói-se o conceito de pessoa", disse padre Solano.
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O segundo passo foi dado. Em 1968, Robert Stoller colocou a necessidade de fortalecer o conceito e a definição do termo gênero em lugar de sexo. Segundo Stoller, utilizar o termo sexo masculino e feminino constituía uma seria problemática para a identidade sexual do próprio indivíduo. Em 1975, Elisabeth Clarke e Simone de Beauvoir deram um grande impulso à ID. Desde 1999, iniciou-se um quarto momento, aquele no qual nos encontramos, e fortaleceu-se o processo educativo que países como Holanda, Bélgica e Suécia iniciavam a viver.
Qual é o objetivo?
Diz padre Solano que "o objetivo agora é criar um "sistema educativo", pedagógico, dentro do qual um dos passos seja permitir que a pessoa não se sinta reconhecida na sua natureza; que simplesmente, com o passar do tempo, ela mesma possa descobrir qual é o seu estado natural e, assim mesmo, "decidir" se é homem ou mulher. Essa suposta decisão vem acompanhada de um aniquilamento da pessoa, substituindo-a por alguém sem identidade".
Segundo o especialista, há ainda outros passos a serem cumpridos: a desconstrução do significado do termo pessoa e individuo; eliminada a pessoa, eliminam-se suas relações e seus efeitos, dando margem ao chamado "poliamor", onde as pessoas podem estabelecer matrimônios ou uniões de fato, mas sempre abertas a outros tipos de relações. O último dos itens dessa agenda é eliminar todo tipo de relação com a religião e com Deus, o que equivale a implantar o ateísmo.
Então, como mostra doutor Solano, estamos na fase da implantação da ID nas escolas, de modo a formar gerações com a cultura da Ideologia de Gênero. Cabe aqui dizer que o assunto é tão grave, por ser destruidor da pessoa, da família e da religião, que o Papa Francisco já condenou, pelo menos cinco vezes, a ID.
O site da ACI Digital (02/12/2016) apresentou essas condenações do Papa*, que resumo aqui:
1 – É uma colonização ideológica
Dirigindo-se aos bispos da Polônia, afirmou que, "na Europa, na América, na América Latina, na África e em alguns países da Ásia há verdadeiras colonizações ideológicas. E uma dessas – digo claramente com nome e sobrenome – é a ideologia de gênero!". "Hoje, ensinam as crianças – as crianças! – que estão na escola: cada um pode escolher o seu sexo. Por que ensinam isso? Porque os livros são das pessoas e instituições que lhes dão dinheiro. São as colonizações ideológicas, sustentadas também por países muito influentes. Isso é terrível!".
2 – Esvazia o fundamento antropológico da família
Na exortação apostólica Amoris Laetitia, o Santo Padre explica, no parágrafo 56, que a ideologia de gênero "prevê uma sociedade sem diferenças de sexo, e esvazia a base antropológica da família". "Essa ideologia leva a projetos educativos e diretrizes legislativas que promovem uma identidade pessoal e uma intimidade afetiva radicalmente desvinculadas da diversidade biológica entre homem e mulher".
3 – É um equívoco da mente humana
"E há também esse erro da mente humana, que é a teoria de gênero, que cria tanta confusão".
4 – É um passo atrás
Em abril de 2015, em sua Catequese sobre o ser humano criado por Deus como homem e mulher, disse: "… pergunto-me se a chamada Ideologia de Gênero não seja expressão de uma frustração e de uma resignação, que visa cancelar a diferença sexual, porque não sabe mais como lidar com ela. Sim, corremos o risco de dar um passo atrás. A remoção da diferença, na verdade, é o problema, não a solução".
5 – Doutrinar crianças com ideologia de gênero é uma maldade
Na coletiva de imprensa que ofereceu na volta de sua viagem de Azerbaijão a Roma, o Papa falou sobre "a maldade que se faz hoje com a doutrinação da ideologia de gênero". O Papa disse: "Um pai francês me contou que falava, à mesa, com os filhos e perguntou ao menino de 10 anos: "O que quer ser quando crescer?". "Uma menina", respondeu a criança. O pai notou que o livro da escola ensinava a Ideologia de Gênero, e isso vai contra as coisas naturais. Uma coisa é a pessoa ter essa tendência, essa opção, e também quem muda de sexo. Outra coisa é ensinar nas escolas essa linha para mudar a mentalidade. Isso eu chamo de colonização ideológica".
Pelo que foi exposto acima, fica claro que o passo atual da implantação da Ideologia de Gênero é criar uma geração com essa mentalidade, por isso, se insere a ID nas escolas. É importante lembrar que o Congresso Nacional não aprovou sua presença no Plano Nacional de Educação.
Como saber se amo verdadeiramente alguém? O que é amor?
Ama e faz o que quiseres. Essa frase belíssima e significativa de Santo Agostinho, infelizmente, é mal interpretada. Para compreendê-la, deve ser respondida uma pergunta básica: o que é o amor? Muitas pessoas julgam saber da resposta, mas, na verdade, estão enganadas. Como diz o ditado popular, "estão comprando gato por lebre".
É muito comum ouvirmos da boca dos jovens a seguinte frase: "Estou perdidamente apaixonado por minha namorada. Tenho um sentimento imenso de amor por ela!". Façamos uma avaliação dessa frase, de modo a compreender como pensa um jovem sobre o significado do amor.
A primeira coisa a destacarmos aqui é quando o jovem diz: "Estou perdidamente apaixonado por você". A paixão é algo fascinante e belo do ponto de vista humano. Trata-se daquele momento em que predominam os sentimentos, as emoções. Existe até uma dito popular: "Quem se apaixona perde a razão". A partir disso, pode-se concluir que paixão não é amor. Tem seu valor em um relacionamento afetivo, pois é aquela primeira fase, é o encantamento, quando "o mundo gira em torno da pessoa amada". Não existe ninguém melhor, mais belo e inteligente. Porém, a paixão é como a flor que desabrocha, mas não dura mais que uma estação.
Segunda parte da frase: "Tenho um sentimento imenso de amor por ela". Nessa segunda parte, o engano é ainda maior. Muitos acham que amor é sentimento, mas amor não pode ser sentimento, pois estes podem nos trair. Hoje, sentimos algo que, inclusive, pode ser nobre, porém, amanhã, podemos deixar de sentir. É próprio do sentimento não ser duradouro, faz parte de sua essência ser passageiro.
O que é amor?
Se o amor não é paixão, muito menos sentimento, o que ele é afinal? Erich From diz o seguinte: "O amor será essencialmente um ato de vontade, de decisão de entregar minha vida completamente à de outra pessoa. […] Amar alguém não é apenas um sentimento forte: é uma decisão, um julgamento, uma promessa. Se o amor apenas fosse um sentimento, não haveria base para a promessa de amar-se um ao outro para sempre. O sentimento vem e pode ir-se!" (Erich From, A arte de amar, p. 71-72).
O "amor em contraste é a maratona do coração. Exige treinamento, disciplina, paciência e trabalho. Não é um esporte de espectadores nem um evento com o resultado decidido em segundos. É escalar montanhas, sofrer dores e resistir à tentação de se desligar. […] Quando o amor é considerado um ato da vontade […], sobrevive enquanto o coração bater. Em outras palavras, embora estar apaixonado, às vezes, leve o casal ao casamento, é o amor que faz o casamento durar. De modo mais específico, o compromisso deliberado e ativo que o amor faz supor está no centro do arrebatamento conjugal". (Genovesi, 142).
O amor é indispensável para o relacionamento
Sem o verdadeiro conceito de amor podemos ferir muita gente; além do mais, passaremos a vida inteira enganando nós mesmo e os outros. Quantos namoros acabaram, porque faltou amor! Viveram muito tempo junto somente apaixonados, não deram o próximo passo para chegar ao amor maduro e verdadeiro. Muitos casamentos também terminaram por motivos parecidos, pensavam que paixão, sentimento e amor eram a mesma coisa. Por não terem conhecimento, fatalmente o casamento acabou.
Ao tratar-se de um relacionamento, é indispensável o amor, pois ele não existe sem sacrifício. Quem não é capaz de se sacrificar é porque não ama de verdade. Aqui está a necessidade, já no namoro, de ambos abrirem mão de suas vontades em prol do outro, de modo a aprenderem a se sacrificar pelo bem do outro. Quem assim fizer, sem dúvida, terá um casamento feliz e duradouro, porque aprendeu que o verdadeiro amor exige sacrifício.
O ato sexual do casal precisa ser unitivo e procriativo
O ato sexual de um casal tem dupla finalidade: unitiva e procriativa. A moral da Igreja Católica ensina que o ato sexual deve atender a esses dois aspectos. O unitivo reflete o dom de entrega total entre os esposos; o procriativo implica na abertura à geração de filhos.
Diz o Catecismo que "é errado qualquer ação que, quer em previsão do ato conjugal, quer durante a sua realização ou no desenrolar das suas consequências naturais, proponha-se, como fim ou meio, tornar impossível a procriação" (n° 2370).
A Igreja ensina: toda atividade sexual que, artificialmente, é fechada para uma dessas dimensões, torno o ato ilícito. É o caso do coito interrompido, que impede a realização completa do ato conjugal.
O coito interrompido (ou onanismo) consiste em interromper a relação sexual antes da ejaculação. No Antigo Testamento, há uma referência a isso, mostrando que não é lícito: "Então, Judá disse a Onã: "Vai, toma a mulher de teu irmão, cumpre teu dever de levirato e suscita uma posteridade a teu irmão. Mas Onã, que sabia que essa posteridade não seria dele, maculava-se por terra cada vez que se unia à mulher do seu irmão, para não dar a ele posteridade" (Gn 38,6-10). E Deus castigou Onã por essa prática.
O que é coito interrompido?
Além disso, o coito interrompido é um método de contracepção com alta taxa de falha, em torno de 20% (no período de 1 ano, 20 mulheres em cada 100 engravidam utilizando apenas esse método). Ou seja, a capacidade de esse método evitar uma gravidez indesejada é baixa.
Isso pode ser explicado pelo fato de que, no fluido que sai do pênis antes da ejaculação, já pode conter espermas capazes de fecundar o óvulo. Além do fato de que alguns homens não conseguem controlar o exato momento de sua ejaculação, e podem ejacular dentro da vagina, o que perde a eficácia do método.
Outro aspecto negativo dessa prática é que deixa de realizar o aspecto unitivo do ato sexual. A esposa não participa da totalidade do ato conjugal, e, com o tempo, não vai mais estar animada para a sua realização. É um desrespeito com Deus e com a esposa.
Imagina se, no momento do ápice do prazer masculino, ele tiver que se preocupar em interrompê-lo? Vez ou outra, ele ainda vai entender, mas chegará um momento em que ele vai cansar de se preocupar e/ou vai ejacular na vagina, ou vai acabar perdendo a vontade de ter uma relação com a esposa, por não poder relaxar por completo.
Provavelmente, o coito interrompido seja um dos métodos mais antigos de contracepção (com exceção da abstinência sexual). Esse método, embora seja natural, não é aceito pela Igreja, porque interrompe a relação de forma egoísta, muitas vezes, levando à esposa uma frustração. E segundo alguns pesquisadores do assunto, pode levar o homem a ter ejaculação precoce.
Relação sexual completa
A norma moral da Igreja afirma que, para uma relação sexual ser completa, válida e consumar a união de um casal, a ejaculação do esposo deve ser dentro da vagina. No coito interrompido, podemos afirmar, portanto, que a relação sexual não é completa; assim sendo, é moralmente incorreta e não aceita.
Ainda, no Can. 1061, o Direito Canônico admite que um matrimônio é válido e consumado apenas se "o casal realizar entre si, de modo humano, o ato conjugal por si para a geração de prole, ao qual, por sua própria natureza, ordena-se o matrimônio e pelo qual os cônjuges se tornam uma só carne".
Por fim, como disse a Dra. Julie Maria, "o corpo tem um significado esponsal, porque revela o chamado do homem e da mulher a se tornarem dom um para o outro, um dom que se realiza plenamente na sua união de 'uma só carne'. O corpo também tem um significado generativo que, se Deus permitir, traz um 'terceiro' por meio dessa união." (Conferência no I Congresso Internacional de Vida e Família (2008).
Método natural Billings
O que a Igreja recomenda para os casais cristãos, que precisam realizar o controle da natalidade durante um tempo, não definitivamente, é usar o método natural Billings, que funciona muito bem quando é bem aprendido e bem realizado.
Infelizmente, os fabricantes de anticoncepcionais divulgam que o método falha muito, não é verdade, pois, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que a eficiência do método é de 98,5 %. Ele foi testado em diversos países como Filipinas, Índia, Nova Zelândia, Irlanda e El Salvador.
Sim, você pode viver castamente! É possível namorar sem sexo, mesmo que isso tenha se tornado uma espécie de dependência para você
O Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo tem uma força libertadora. Jesus provoca uma revolução na vida daqueles que se deixam atingir por Seu amor. Quem tem um encontro pessoal com Deus muda seus conceitos, sua mentalidade, muda sua vivência, porque sente e experimenta como é ser amado e valorizado no coração do Altíssimo.
O ideal seria que todos nós conhecêssemos a grandiosidade do amor divino nos primeiros anos de nossa vida. Mas a maioria de nós só se deixará envolver pelo amor de Deus depois de adultos ou após a vida ter nos marcado negativamente em algum aspecto. Por isso, vemos muitas pessoas que, primeiramente, vivem a sexualidade do mundo e não como pede o Senhor. Mas quando se deparam com o amor de Deus, resolvem viver a castidade. Que bom que Deus os alcançou! No entanto, a virgindade, que caracteriza a não iniciação da pessoa na vida sexual, tanto no sentido do corpo quanto a sua experiência psíquica, já não existe mais.
Daí, muitos pensam: "Não sou mais virgem, mas quero um namoro santo. Só que, agora, eu conheço o sexo e as carícias. Será que vou aguentar?" Ou: "Será que mereço isso?". Até há aqueles que se perguntam: "Nesta minha condição, será que alguém vai querer namorar comigo?".
Uma boa notícia
Sim, você pode viver castamente! É possível namorar sem sexo, mesmo que isso tenha se tornado uma espécie de dependência para você. Mais ainda: você merece namorar santamente e encontrará quem o aceite como você é e com o que já viveu.
Você só precisa ter em mente que será um desafio; afinal, foi inserido no contexto sexual e o tem registrado em sua memória, de forma muito maior do que antes da perda da virgindade.
Cuidado! Fuja das oportunidades de pecado sempre que elas estiverem à espreita. Toda vez que um pequeno gesto começar a enfraquecer a sua decisão, não o deixe acontecer.
Pureza de coração
Apesar das marcas que você pode ter em si, saiba que para Deus o que importa é a pureza de coração. "O que o homem vê não é o que importa: o homem vê o que está diante dos olhos, mas o Senhor olha o coração" (I Sm 16,7).
Se, no seu coração, você deseja atingir essa pureza, tem tudo para conseguir. Ela é possível em qualquer estágio da vida. Diz o Catecismo da Igreja Católica que a Boa Nova de Cristo restaura constantemente a vida por dentro (interior do coração), restaura as qualidades do espírito e os dotes da pessoa (cf. CIC art. nº2527). Ou seja, a luta pela castidade fará de você uma pessoa pura no corpo e na intenção.
Perdão de Deus
Não importa o seu passado. Deus lhe perdoa sempre. Se você se arrependeu, mas se confessou, Ele o perdoou. "Vai e não tornes a pecar" (Jo 8,11).
Se Deus o perdoa, quem são os homens para condená-lo? Não importa seu passado, porque você é portador de um dom, e "o dom e o chamado de Deus são irrevogáveis" (Rm 11,29). Isso significa que o Senhor não tira as dádivas e as qualidades que Ele mesmo imprimiu nas criaturas, mesmo que essas errem.
Você é uma bênção do Senhor, neste mundo, por tudo aquilo que o Altíssimo depositou em sua essência. Você merece alguém que valorize as belezas que existem em você. Assuma-se assim!
Talvez, seja difícil adquirir a pureza e libertar-se das marcas negativas de uma sexualidade mal vivida; portanto, tenha paciência com você mesmo. Se, por acaso, você tornar a errar, não desista, procure a confissão e recomece.
Decisão pela castidade
Se o ato sexual ou a masturbação tornaram-se um vício, procure ajuda com um profissional ou um diretor espiritual. Tenha sempre um confessor apenas, um sacerdote em que você encontre misericórdia. Conte a ele suas fraquezas, para que entenda melhor seu processo e identifique, na queda, as possíveis circunstâncias. Assim, ele o orientará melhor. Não desista de você, nunca pare de lutar!
A castidade parte de uma decisão por corresponder ao amor de Deus. Jesus entregou não somente Seu corpo, mas se esgotou, esvaziou-se de tudo o que Ele é, até de ser Deus, por causa de você, para que você também ame da forma correta. Então, é olhando para Jesus, principalmente nas horas mais difíceis, que encontraremos forças para não cair no pecado.
Para Deus atuar em nós basta a nossa decisão de deixá-Lo entrar em nossa vida. Você quer ser casto? Então, tome com afinco essa decisão.
O amor requer tempo e conhecimento. Seus caminhos nunca estão prontos, mas, certamente, passam por nossa maturidade
A urgência dos nossos dias nos faz pensar exatamente na urgência do amor. Quando o sentimento se faz presente entre duas pessoas, é muito comum a necessidade imediata de dizer: "Eu te amo". Algumas pessoas dizem: "Que loucura! Isso não é amor"; outras afirmam: "Para que esperar, eu amo e digo que amo!".
Avaliar nossos sentimentos e todas as implicações que ele [amor] envolve também nos faz pensar que os caminhos para o amor nunca estão prontos, mas, certamente, passam por nossa maturidade.
A maturidade biológica nem sempre está relacionada à maturidade psicológica. As expectativas dos pais nem sempre serão concretizadas nos desejos dos filhos. Da mesma forma, o que foi vivido no passado nem sempre será válido para as experiências atuais.
Os gregos diziam que o amor é "uma questão de despertar para a vida" e, com isso, nem todos despertam ao mesmo tempo nem esperam ou se satisfazem com as mesmas coisas.
Quando se acelera o processo do amor, muitas vezes, "mata-se" esse sentimento. É por isso que as pessoas não podem se casar, porque os pais delas se admiram, porque as famílias se dão bem ou porque o namorado tem ou não tem um status ou um tipo de estudo.
Ser amigo do tempo
Amor requer tempo, conhecimento, reconhecimento do que gosto ou não das minhas limitações e das limitações do outro. Amor é como uma construção: escolhe-se o terreno, as fundações e a base para que a obra seja realizada, os tijolos vão sendo colocados um a um, até que a casa seja coberta e todo o acabamento interior seja feito. Depois, virão os jardins, os detalhes e cuidados.
É por isso que o amor não pode ser urgente. Uma casa feita às pressas, com material de qualidade inferior, tende a cair antes do tempo. Imaginem se os tijolos dessa casa, que é o amor, forem assentados com areia e água?
Sonhos são muito bonitos nas novelas, mas, na vida real, os caminhos não são prontos. Os caminhos de um casal se fazem pela descoberta das alegrias e das tristezas que os dois podem viver. Estes se fazem ainda pela capacidade de reconhecer no outro aquele que me faz feliz, mas não apenas a única pessoa do mundo que me faz feliz, mas que me completa em parte da vida, que é muito mais do que apenas uma pessoa ou um único motivo.
Amor é decisão
"Quem quer o amor precisa dar tudo o que tem para possuí-lo" (Mt 13,44), e é por isso que o amor exige dedicação e decisão.
Se você ainda não está pronto para isso, pense se não é tempo de se autoconhecer para conviver com o amor, mas também não espere que esteja 100% pronto para vivê-lo, pois a perfeição não existe, ainda mais quando falamos de seres humanos.
Lembre-se de que para tudo existe um tempo. Amor, afetividade e sexualidade, cada um deve e precisa acordar em seu tempo, até mesmo para que as experiências fora do tempo e erradas não se tornem marcas negativas no futuro.
O suicídio infantil não deve ser compreendido como um desejo de morrer, mas sim de acabar com um sofrimento
Por mais que o título acima pareça ter sido tirado de um filme de ficção ou de uma realidade muito distante da nossa, saiba que não foi não! Posso dizer até que esse assunto sobre o suicídio infantil desfoca-se do imaginário da maioria das pessoas em relação ao mundo da criança, que é sempre pensado como inocente, alegre e cheio de fantasia. No entanto, na realidade, isso não é verdade, pois este assunto sobre o suicídio é atual, urgente e de grande importância; deve ser discutido em casa, na escola e também na comunidade.
O suicídio entre crianças e adolescentes não deve ser visto como um tabu ou algo velado. Mesmo sendo um assunto complexo, deve ser discutido, pois os jovens precisam aprender, desde cedo, a lidar com as questões humanas, as emoções e também frustrações.
Certamente, o suicídio infantil não deve ser compreendido como o desejo de morrer, mas sim de acabar com um sofrimento.
Aumento do suicídio infantil
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), no mundo, o suicídio é responsável por uma morte a cada 40 segundos. Além disso, entre 2002 a 2012, houve um aumento de 40% na taxa de suicídio entre crianças e adolescentes (10 e 14 anos) e de 33,5% na faixa etária de 15 a 19 anos.
Esses resultados são inquietantes e nos colocam algumas questões importantes: o que faz uma criança ou adolescente pensar ou acabar com a própria vida? Seguramente, cada caso é um, e motivos diferentes podem ser apontados; no entanto, alguns fatores de risco para o suicídio entre crianças e adolescentes são reconhecidos pela comunidade científica.
Alguns aspectos psicológicos estão relacionados ao suicídio infantil, como alguns transtornos (principalmente a depressão, que tem acometido cada vez mais crianças da mais tenra idade), a esquizofrenia; sentimentos de desesperança e desamparo (pensar que as coisas nunca se resolverão e que está sozinho no mundo), traços de personalidade como a impulsividade e o uso de substâncias psicoativas (drogas e álcool). Outros aspectos também, como a violência intrafamiliar – aqui entendida de diversas formas, como a psicológica, física, negligente e sexual.
Aspectos para o suicídio infantil
A violência psicológica ocorre quando alguém é submetido a ameaças, humilhações e também privado do desenvolvimento emocional saudável. A violência física envolve maus tratos corporais como o espancamento, queimaduras, fraturas entre outros.
A negligência ocorre quando a criança é privada daquilo que é essencial para o seu desenvolvimento sadio, como alimentação, vestuário, segurança e oportunidade de estudo.
Sobre a violência psicológica associada à relação familiar também podemos destacar as dificuldades de habilidades dos pais para cuidar dos seus filhos, o abuso de substâncias como álcool e drogas (dos pais e pessoas que moram com a criança), a depressão, tentativas de suicídio ou outros problemas psicológicos, como dificuldades nas habilidades sociais, autoritarismo, estresse social, violência doméstica e disfunção familiar.
Violências contra as crianças
É importante pensar que uma criança que cresce em um lar violento está mais exposta a ter problemas mentais, mesmo que ela não seja uma vítima direta da violência. A exposição à violência conjugal também é uma violência contra a criança.
É importante termos em mente que fatores de risco não devem ser entendidos de uma forma isolada, pois, por si só, não constituem uma causa específica. No entanto, interagem num processo complexo que pode justificar o desenvolvimento de doenças mentais e até mesmo contribuir para o suicídio infantil.
Existem também os fatores protetivos em relação ao suicídio, ou seja, aquilo que vai auxiliar na prevenção de doenças e contribuir para uma saúde mental. Discutiremos isso em outro momento, mas, por enquanto, digo que incentivar as crianças e os adolescentes a falarem sobre os seus sentimentos e pedir ajuda é de grande importância!
Lisandra Borges Psicóloga, mestre e doutora em Psicologia, com ênfase em Avaliação Psicológica. Ela se dedica à construção de medidas de saúde mental infantil e é coordenadora terapêutica na Clínica Fênix (instituição especializada no tratamento de autistas). Lisandra é também professora e coordenadora dos cursos lato sensu em Psicologia na Universidade São Francisco.
É possível ser homem de verdade, que expressa coragem, emoção e responsabilidade
Sei que muitos de nós homens temos tendência para sermos mais práticos, para buscarmos as soluções dos problemas em vez de nos envolvermos neles e falar deles. Às vezes, entramos em nossa 'caixinha do nada' para sobrevivermos. Sim, 'caixa do nada'. "Ei, o que você está pensando?" "Nada". "Te fiz algo?" "Nada". Nada é nada mesmo. Isso nos faz viver a vida de maneira mais livre, mas que nosso 'segredo do nada' não nos impeça de nos envolvermos no que vale a pena! Homem de verdade expressa poder e misericórdia. Coragem e emoção!
Fico impressionado com o jeito de Jesus. Ele era amigo, encorajava e ensinava os discípulos, era um Pai para eles e para o povo. Jesus, às vezes, ria com eles, ia para as festas com a galera, mas também batia o pé em questões em que até mesmo os discípulos mais próximos discordavam. Era firme quando preciso e sabia se colocar em cada uma das situações.
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Homem é protetor
Gostamos de proteger o que nos é sagrado e importante, especialmente as mulheres. Temos um desejo de doar nossa vida a ponto de doer! Basta olhar para a maioria dos heróis que foram criados pela nossa imaginação, pela literatura e pelos filmes. Eles dão a vida por amor. Como fazemos para doar nossa vida à nossa maneira? Lembro aqui o que o tio do Homem Aranha disse a ele, no primeiro filme, antes de ser assassinado: "Grandes poderes requerem grandes responsabilidades". É isso mesmo! O "poder" que nos foi dado de sermos homens tem como anexo, "de quebra", grandes responsabilidades. Tá a fim de assumi-las?
Lembre-se de quando era criança e brincava com seu carrinho, que sempre o transportava para outras realidades. Com certeza, você o pegava e imaginava que estava levando alguém dentro dele, não é? Meu primeiro carrinho foi uma ambulância, que acendia as luzes da frente e fazia o barulho da sirene. Sempre pensava: "Saia, saia da frente que preciso chegar até o hospital". Esse desejo de proteção e de responsabilidade é parte de nós homens. Mesmo tendo esquecido, essa sensação está guardada em minha lembrança.
É preciso ser homem de verdade
Lá no fundo do coração, a mulher quer mesmo um homem que a faça feliz e cuide dela. O mundo vive nos dizendo para curtir a vida agora e nos preocuparmos com coisas sérias depois. Mas nosso coração não funciona dessa maneira. Cada pedacinho de masculinidade em nós protesta contra isso! Deus nos criou para sermos guerreiros, para lutarmos pelo que é certo e pelo verdadeiro amor. Isso não é um sonho.
Lembro-me da cena do filme 'Gigantes de Aço', no qual o Charlie entrega seu filho, Max, aos cuidados de sua cunhada por não ter condições nem disposição para educá-lo. Estava literalmente fugindo da luta! Fica bem claro que o garoto já o amava e queria ficar com ele. O pai (Charlie), então, indignado diz: "Você sabe que não consigo cuidar de você. Não sou o que você merece. O que quer que eu faça?". Nessa hora, com os olhos cheios de lágrimas, Max fala algo que tirou meu fôlego: "Eu só queria que você lutasse por mim".
Somos homens livres, racionais, com um pé na terra e outro na eternidade; temos inteligência para influenciar, direcionar e formar este mundo, fazendo-o valer a pena. Qual sua resposta diante dessa proposta? Qual a sua luta? Por onde recomeçar?
Nossa masculinidade não está encerrada em nosso corpo sarado e viril, mas sim em todo nosso ser. Não dá para pensar que o homem é aquele 'ogro' que não sabe ser corajoso e, ao mesmo tempo, acolhedor. Não é irônico que, um dia, o mundo tenha sido convidado a escolher a sua resposta a partir dessas duas visões de homem?
No dia do julgamento de Jesus, diante de Pilatos, foram apresentados dois modelos de homem: Jesus, o revolucionário do amor, homem de coragem e emoção, leão e cordeiro; e Barrabás, um revolucionário e lutador que matou por uma causa pessoal. "Bar Abbas", que em hebraico significa "o filho do pai".
Quem o povo escolheu?
Antes de o povo dar a resposta, Pilatos tentou mostrar quem, de fato, era homem verdadeiro: Ecce Homo! Eis o Homem! Foi o que ele disse. Mas não escolheram Jesus, ao contrário, matara-No!
Tentei mostrar o modelo de homem no qual precisamos nos espalhar, mas a resposta é sua, homem! Então, qual modelo você vai seguir? Dentro de você, quem ficará vivo? Jesus ou Barrabás?
Deixar o filho ser criado por tudo e por todos, menos por você, é o único erro que não deverá haver na educação dos seus filhos
"Sua mãe é quem decide." "Espere. Quando seu pai chegar, você vai ver, vou contar tudo a ele."
Quem nunca disse ou ouviu essas coisas em casa, na criação dos filhos? Crenças e costumes vão tornando a prática educacional, muitas vezes, sem medida, e não se percebe os erros cometidos. A falta dessa percepção persiste e quando os pais se dão conta já é tarde. Os frutos já nasceram e, muitas vezes, só lhes resta colhê-los. Por causa dessa necessidade em perceber o que e como se está fazendo para ver os filhos educados e bem criados é que todos os pais devem render-se a fazer uma constante avaliação da sua prática educacional. Precisaria de uma receita pronta para criar filhos? Mas quem iria prescrevê-la? Pediatras? Padres? Professores? Psicólogos? Avós? Juízes? Conselhos Tutelares? Impossível!
Seria muita pretensão encontrar uma cartilha pronta, escrita por alguém. Talvez, aí esteja um erro possível de não cometer. Ter consciência de que os pais não estão prontos e que não são perfeitos. Essa certeza os tira da condição de culpados por tudo que não deu certo na vida dos seus rebentos. E, esses filhos, por sua vez, vão exigir menos dos seus pais por entenderem que eles também erram ou que tentam evitar ao máximo os piores erros. Erros que afetam o casamento, a vida dos filhos e a si próprios. Então, mesmo sabendo que nenhuma família é perfeita, existem erros possíveis de serem evitados na educação dos filhos.
Errar ou não errar
Errar ou não errar está muito associado à concepção de homem que cada família traz consigo. A forma com que ela enxerga a vida e como ela interage no ambiente será o caminho com que conduzirá a educação dos seus filhos. Os erros que os filhos não deveriam ter persistem nas criações por causa da cultura que as famílias desenvolvem. Portanto, para muitas, não se trata de erros, mas de continuidade de experiências familiares ou da prática de valores que passaram a adquirir pelas possíveis circunstâncias da vida. É muito comum, no ambiente escolar, ouvir de um pai: "Eu bato no meu filho. Meu pai me bateu a vida toda e eu não me transformei numa pessoa ruim".
Para identificar os erros que não deveriam fazer parte da educação dos filhos, faz-se necessário identificar as crenças que também conduzem essa relação; portanto, fiquem atentos:
Os filhos crescem e desenvolvem um comportamento por imitação ou por modelagem. A modelagem é um instrumento de modificar comportamentos por meio de intervenções e orientações da família, da escola e/ou da própria Igreja. A imitação acontece de forma natural quando o organismo seleciona comportamentos a partir do que vê, ouve, sente, toca, cheira, enfim, a partir do que percebe ou do que lhe atinge, mesmo que não tenha ainda construído um valor.
Ainda com os filhos pequenos, os pais apresentam um procedimento inadequado em relação à alimentação. Oportunizando-os a escolher o que querem comer, onde e como comer, fazem desse momento motivos de conflitos em casa, pois permitem que, quando pequenos, comam em frente à TV, deitados no sofá. Mas quando veem seus filhos crescidos, os obrigam a voltar para a mesa, porque lá é o lugar em que a família se reúne. E não era antes? O mimo excessivo gera superproteção; consequentemente, os filhos desenvolvem procedimentos que demonstram fragilidades referentes à autonomia emocional e intelectual. Eles têm quem pensem e quem sintam por eles. Esse erro se torna grave com o passar do tempo. Há pouco tempo, no Instituto de Psicologia, ouvi um pai se redimindo com sua filha: "Filha, desculpe-me por todas as vezes que fiz por você o que você deveria ter feito".
O bom senso é a melhor medida
Os filhos precisam viver experiências mesmo que amargas ou frustrantes. Negar a dor da criança ou do filho adolescente quando acaba o namoro, por exemplo, também pode ser considerado um erro evitável. Este se encontra no campo dos mimos excessivos, mas que acabam por desqualificar o que verdadeiramente o filho está sentindo. Tudo por quê? Porque os pais não conseguem ver filhos sofrendo. Quando o filho cai, a mamãe diz: "Não foi nada, filho. Isso passa!". Se o namorado da filha termina o namoro, a mesma mãe diz: "Que bobagem! Você está novinha, e homem é assim, vai um vem outro. Serviu de experiência!". O que esperar dessa educação baseada na fuga e na esquiva? Também não é possível buscar a radicalidade para ajustar tais comportamentos. Nem oito nem oitenta. Portanto, a linguagem verbal ou não verbal que os familiares fazem uso, poderá ser um grande acerto ou um sério erro para se estabelecer o respeito, o amor, a confiança e a amizade entre os membros. A crítica e o elogio demais e desnecessários maculam não só a educação dos filhos, mas o ambiente doméstico. Pais que se agridem, que não se valorizam, não cuidam um do outro, apresentam aos filhos um comportamento facilmente imitado e reproduzido. O bom senso é a melhor medida. Só não insistam no erro já detectado.
Busquem dentro da família ou peçam ajuda para sair de situações que vocês pais não admitem mais no ambiente familiar. É triste ouvir o quanto os meninos e meninas, os adolescentes, jovens e até mesmo filhos adultos têm recebido rótulos, críticas pesadas por causa de alguns tipos de comportamentos que corrompem o que a sociedade espera, quando eles foram formados para agir de tal forma. Quem quer uma geração de filhos estudiosos, responsáveis, obedientes, amáveis, dóceis, cuidadores do ambiente, da natureza precisará parar de facilitar tudo na vida deles e não os levar à loucura da inabilidade social. A escola, a família, a Igreja, o Estado tendem a apressar o caminho dos homens. É importante não desistir de ensinar.
Ensinar a aguardar o pijama, a pendurar a toalha de banho no varal, tirar a feira do carro, ensinar o filho a fazer um chá quando a mamãe estiver doente, a fazer companhia aos avós. Como diz o ditado, "é de pequeno que se torce o pepino". Em outras palavras, é de pequeno que os pais devem ser para os filhos o que estes esperam que eles sejam: autoridades do amor, da convivência, do limite, do reconhecimento, da evangelização doméstica e do trabalho.
Limites são necessários
Tapar o sol com a peneira, querendo ser amigo do filho e esquecer os limites é um caminho sem volta. Nós precisamos e buscamos limites, e quando não os encontramos em casa, nos diriam os antigos, vamos encontrar na rua e o que tem na rua. E ai está um grande erro: não apresentar aos filhos o que tem na rua. Quando muitos a descobrem, passam a chamá-la de internet, família do vizinho, lugares indevidos, filmes inapropriados para idade do seu filho, área livre do condomínio. Deixar o filho ser criado por tudo e por todos, menos por você, é o único erro que não deverá haver na educação dos seus filhos.
É tempo de sentir-se culpado? Não. É tempo de reagir, de buscar suas próprias melhoras, mudar a forma de pensar, sair da preguiça e transformar. Pais, vocês são autoridades, vocês têm o poder de formar filhos melhores, porque Deus quer assim. Perdoem-se e perdoem aos outros, sigam conduzindo os filhos de vocês sem desistir de ensinar, de escutar, amar, exigir e ser uma família cristã.