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28 de abril de 2017

O poder de um super-homem

Reconhecer as falhas não é sinal de derrota, mas de continuidade

No convívio do nosso dia a dia, percebemos que, ao contrário das mulheres, são poucos os homens que se dispõem a elogiar o desempenho ou a atitude de um colega de trabalho. Quando estes ousam reconhecer o feito do outro, quase sempre se limitam a fazê-lo por meio de poucas palavras, tais como: "Parabéns!" ou "Foi um bom trabalho!". Talvez, resistam tanto em consequência de uma disputa inconsciente e ainda primitiva herança de seus ancestrais, disputa essa que os obrigava a garantir a supremacia dentro de seu grupo. Ao se depararem com um amigo que se encontra aborrecido com alguma coisa, também reagem de maneira superficial com as palavras. Eles mal se oferecem para escutar o companheiro, mas tentam ajudá-lo com uma outra atitude, na tentativa de desviar a preocupação do colega a respeito do problema.

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Foto: rdonar by Getty Images

Manter as aparências não ajuda

A decisão e a responsabilidade de cuidarem de todas as necessidades da casa como provedores, de dirigirem e gerenciarem seus empreendimentos, geralmente recaem sobre eles. Na vida familiar, diante de um impasse, quase sempre ficará por conta do homem da casa o voto de Minerva. Mas nem por isso essa atitude deve torná-lo alguém absolutista! A flexibilidade para acolher a derrota é ainda um exercício a ser aprendido ou, quem sabe, mais bem trabalhado por esses aspirantes a super-homens.

Embora manifestem autoconfiança, senso de proteção e austeridade, ao vivenciarem suas falhas e limitações, o mundo parece ruir sobre suas cabeças. Diante dos acontecimentos malsucedidos, quando se sentem esmorecidos pelas circunstâncias, a grande maioria dos homens raramente se dispõe a partilhar suas dificuldades. Muitos preferem tentar encontrar a solução de seus problemas por conta própria. Uma simples mudança de planos parece mudar toda a ordem e o equilíbrio natural do universo masculino. Basta que alguma coisa aconteça fora do que havia sido anteriormente planejado para que a autoestima desses caia por terra. O estresse e o medo de se sentir perdedor aflige, com grande facilidade, boa parte da população masculina.

Um erro momentâneo não determina quem você é

Que palavras poderiam fazer um homem se sentir melhor diante do envolvimento numa leve colisão no trânsito? Ninguém é perfeito o bastante, tampouco está livre dos contratempos impostos pela vida. Embora, nessa circunstância, ele possa se sentir o pior dos motoristas, a imprudência momentânea no volante não o destitui de suas capacidades.

Diante da derrota, não importa se é um grande empresário ou um modesto pai de família desempregado, muitos homens enveredam pelos caminhos da depressão ao reconhecerem que não eram tão bons quanto pensavam para um determinado empreendimento.

Todas as mudanças são possíveis ao ser humano quando estas acontecem por meio da valorização daquilo que trazemos como positivo.


Um auxílio necessário: a boa palavra

Assim, cabe às mulheres perceberem que as boas palavras e o voto de confiança manifestados a eles agem tal como adrenalina e parecem ajudar a reafirmá-los naquilo que buscam ser. O apreço às suas capacidades de reação diante dos embates e às suas conquistas, ainda que pequenas, tem o poder de reanimar seus espíritos. Esses estímulos podem ser expressos por meio das recordações de acontecimentos anteriores que também lhes pareciam intransponíveis, contudo, foram superados.

Alguns homens, mesmo sabendo do poder robustecedor de um elogio, ainda relutam em assimilar uma palavra estimuladora diante de suas falhas e dificuldades. Para uma parcela desse grupo, tem-se a impressão de que, se deixar acolher por gestos mais sensíveis, lhes tiraria um pouco do seu ser homem. Há outros que, embora gostem de ser reconhecidos, sentem-se meio desconcertados e encabulam-se quando recebem tal manifestação de afeto.

Não há poder maior de revitalização para os homens do que perceber o apoio incondicional daqueles pelos quais são responsáveis. Isso os faz se sentirem mais fortes e convictos de seus propósitos.

Se há confiança e aprovação naquilo que estão empreendendo, seja na idealização de um novo sonho ou na realização de um novo projeto, os laços existentes dentro de seus relacionamentos tendem a se fortalecer. Consequentemente, o crescimento não deixará de acontecer, tanto em relação àquilo que diz respeito ao seu lado profissional como em relação às mudanças necessárias para o crescimento da vida do casal. Ainda que possam parecer durões, esses super-homens adquirem poderes especiais quando experimentam a sensação de não enfrentarem sozinhos os desafios.

Deus abençoe a todos!

Um abraço,

26 de abril de 2017

Quero ter mais filhos, mas meu cônjuge não quer. O que fazer?

A Igreja ensina que o casamento tem duas finalidades principais: o bem dos cônjuges e a geração e educação dos filhos

Sabemos que existe uma forte cultura no sentido de evitar filhos, e muitos os motivos para isso: medo do futuro, dificuldades financeiras, falta de conhecimento da vontade de Deus sobre o matrimônio e também o egoísmo e o comodismo, uma vez que os filhos exigem dedicação e sacrifícios.


Foto: BraunS

Evidentemente, um casal só deve ter seus filhos de comum acordo, cientes da grandeza que significa dar a vida a um ser humano, "imagem e semelhança de Deus" (Gen 1,26) – "a glória de Deus" (Santo Irineu de Lião) –, e que, um dia, vai viver eternamente com o Senhor. Nós não somos capazes de gerar nada mais belo do que um filho.

A Palavra de Deus diz: "Vede, os filhos são um dom de Deus: é uma recompensa o fruto das entranhas". "Feliz o homem que assim encheu sua aljava…" (Sl 126,3-5). O Catecismo da Igreja diz: "A Sagrada Escritura e a prática tradicional da Igreja veem nas famílias numerosas um sinal da bênção divina e da generosidade dos pais". (Cat.§ 2373)

O amor conjugal tende naturalmente a ser fecundo

"A fecundidade é um dom do matrimônio, porque o amor conjugal tende naturalmente a ser fecundo. O filho não vem de fora acrescentar-se ao amor mútuo dos esposos; surge no próprio âmago dessa doação mútua, da qual é fruto e realização. Chamados a dar a vida, os esposos participam do poder criador e da paternidade de Deus. "Os cônjuges sabem que, no ofício de transmitir a vida e ser educador – o que deve ser considerado como missão própria deles –, são cooperadores do amor de Deus criador e como que seus intérpretes". (n. 2366-7)

O cônjuge que não quer ter mais filhos, quando o casal pode tê-los e quando um deles quer, pode estar movido pelos sentimentos negativos citados; então, a parte que deseja os ter precisa mostrar ao outro a vontade de Deus sobre o matrimônio. Isso deve ser feito com muito amor e carinho, mostrando ao outro o que a Igreja ensina sobre a paternidade responsável.

Há casos em que é lícito o casal espaçar o nascimento dos filhos – não é evitar indefinidamente – quando há sérios problemas de saúde e financeiros, para que o casal se recupere deles, e depois possa ter outros filhos.

Confiança na Providência Divina

Um casal só aceita ter todos os filhos que pode ter se agir segundo a vontade de Deus, na fé, em uma vida de confiança na Providência Divina, que jamais abandona um casal na criação dos seus filhos. São Paulo repete o que disse o profeta Habacuc: "O justo vive pela fé" (Rom 1,17; Hab 2,4). E a carta aos hebreus diz: "Sem fé é impossível agradar a Deus" (Heb 1,6). Portanto, quando um dos cônjuges quer ter um filho e o outro não quer, é preciso que o que quer o filho fortaleça a fé do outro e lhe mostre a vontade de Deus. O sentido mais profundo de gerar e educar os filhos é criar seres que, um dia, vão ocupar um lugar no Céu.

Lá, não se gera mais filhos, não há casamento; só aqui na Terra. Então, Deus quer contar com a generosidade dos pais para gerar os seus filhos que, com Ele, viverão por toda a eternidade, desfrutando de Sua felicidade. Essa é uma missão sagrada e sublime do casal. Só com esse sentimento um casal "aceita ter todos os filhos que Deus lhe enviar", como prometeram a Deus no dia do casamento.

É preciso meditar no que diz a Igreja sobre esse assunto. O Papa Bento XVI disse: "Uma nação que não tem filhos é uma nação sem futuro". É o que acontece com muitos países hoje. É triste ver a situação da Europa, do Japão e outros países envelhecidos, sem braços jovens para trabalhar e continuar a história dessas nações.

Perigos que os métodos contraceptivo

Na década de 60, os pesquisadores inventaram a pílula anticoncepcional. Logo em seguida, em 25 de julho de 1968, o Papa Paulo VI escreveu a Encíclica Humanae Vitae (HV), alertando sobre os perigos que os métodos contraceptivos representavam para a humanidade.

Já se passaram cerca de 50 anos, e o tempo mostra o quanto o Papa Paulo VI tinha razão. Os países da Europa envelheceram; nenhum deles hoje consegue sequer repor a taxa mínima de natalidade para que a população do continente não diminua. Nenhum deles tem taxa de 2,1 filhos por mulher, o mínimo necessário para se manter a população estável. Os governantes agora multiplicam os incentivos para os casais terem filhos, mas sem sucesso.

Isso acontece, hoje, por causa desse drástico controle da natalidade facilitado pela pílula e outros métodos artificiais contraceptivos. Logo no início da referida encíclica HV, Paulo VI destacou: "O gravíssimo dever de transmitir a vida humana, pelo qual os esposos são os colaboradores livres e responsáveis de Deus Criador, foi sempre para eles fonte de grandes alegrias […]. O matrimônio e o amor conjugal estão por si mesmos ordenados para a procriação e educação dos filhos. Sem dúvida, os filhos são o dom mais excelente do matrimônio e contribuem grandemente para o bem dos pais" (n.9).

Paternidade responsável

Uma das advertências que o Papa colocou é que o casal deve viver a paternidade responsável, ter todos os filhos que puder criar com dignidade, sem cair na tentação do medo, do egoísmo e do comodismo de evitá-los.

O Santo Padre insistiu que o ato sexual tem dois aspectos fundamentais e não podem ser separados: o unitivo e o procriativo. Se forem separados, haverá o uso indevido e egoísta do sexo" (n.11).


Paulo VI lembrou também que a esterilização do homem ou da mulher fere o plano de Deus: "É de excluir de igual modo, como o Magistério da Igreja repetidamente declarou, a esterilização direta (vasectomia e laqueadura), quer perpétua ou temporária, tanto do homem como da mulher" (n.14).

Não posso ter filho agora. Existe alguma alternativa?

Para os casais que precisam seriamente evitar uma gravidez por um tempo, o Pontífice recomendou "os métodos naturais" de contracepção. Um exemplo é o conhecido Método Billings, que funciona muito bem quando o casal sabe usá-lo corretamente. A sua grande vantagem é que não fere a vontade de Deus e a mulher não toma medicamentos constantemente, o que pode fazer mal à sua saúde. Além disso, desse modo, estabelece-se entre o casal cristão um clima de amor, compreensão e respeito de mortificação que tanto santifica.

Somente uma reflexão profunda sobre esse tema fundamental da vida pode fazer com que o casal decida, numa expressão profunda do seu amor recíproco e no amor a Deus, aceitar os filhos que Ele lhe enviar.

24 de abril de 2017

O amor tem preço?

Decida-se e não tenha medo de pagar o preço do amor

O amor tem preço? Certamente sim. Acredito que tudo o que é precioso em nossa vida é porque custou sacrifício para nós ou para outros que o adquiriram em nosso favor. Saber dar o devido valor a tudo que temos, no entanto, é o desafio nosso de cada dia.

Acredito que o amor tem seu preço e, aliás, custa caríssimo! Vamos percebendo isso nas inúmeras descobertas que ele nos leva a fazer quando temos a coragem de nos lançar na linda e desafiante "aventura" de amar e ser amados.

Foto: PeopleImages by Getty Images

Padre Kentenich, –no livro ""Santidade de todos os dias", afirma que o verdadeiro amor é como o sol ardente, pois desperta e faz germinar todas as sementes ocultas no homem. Diz também que muitas pessoas não se desenvolvem nem moral nem espiritualmente, porque em vão esperam, saudosos, um simples gesto de amor. Ainda há outras que trazem em si a inclinação ao heroísmo e poderiam elevar-se como águias até o sol, porém, permanecem em planos inferiores, porque não foram amados nem amaram.

Levando-se em consideração a importância fundamental deste dom em nossa vida, percebo que ainda se fala pouco sobre ele. É verdade que vemos a palavra "amor" estampada por todos os lados e ouvimos muitos a pronunciarem, mas ouso dizer que a maioria desconhece esse sentimento. Usam-na como uma expressão bonita, romântica ou algo assim, mas não fizeram a experiência do amor em suas vidas e padecem por isso.

Amor, vocação primeira do homem

Eu desejo exaltar o amor como vocação primeira do homem. "Fomos criados pelo amor e para o amor" e este é o sentido real da nossa existência.

""Como o corpo foi criado para a alma, assim a alma foi feita para o amor"," diz São Francisco de Sales. E Deus, que criou o homem, portanto, o corpo e a alma, por amor e com amor, também espera de nós, no mínimo, a disposição para amar. Conscientes ou não, temos sede do amor puro e verdadeiro e queremos amar na medida certa, mas é raro encontrarmos boas referências.

Jesus Cristo, o Mestre do Amor, por sua vez, indica-nos a direção quando diz ao escriba: ""Amarás teu próximo como a ti mesmo"". Certamente, é esta a melhor referência do amor. Porém, como não posso dar aquilo que não possuo, para amar meu próximo devo ter também um sadio amor próprio. Concorda?


Podemos começar por uma autoanálise, questionando-nos: Será que me amo e me aceito como sou? Ou tenho me desprezado e fugido de mim mesmo enquanto tento amar outros? Que tipo de amor tenho oferecido às pessoas que se relacionam comigo? Já experimentei o amor em minha vida ou o tenho buscado sem jamais o encontrar?

Amar é uma decisão

Tenho descoberto muitas e belas flores no jardim do meu coração desde que decidi amar e ser amada. É que as sementes de tudo o que é bom, nobre e belo desabrocham quando aquecidas pelo sol do amor e nos fazem florescer, tornando este mundo melhor. Amar é um desafio constante é verdade; mas também é uma motivação constante, pois nos remete ao que somos na essência, e aí encontramos Deus, que nos plenifica e nos sacia.

Você também quer fazer essa experiência? Para começar, lembre-se de que o amor que cura e transforma a alma é o amor que damos e não o que esperamos receber. Então, comece agora mesmo a amar e sentirá os efeitos. Outra dica importante nesta arte é que amar é mais que sentimento, é uma decisão. Portanto, decida-se e não tenha medo de pagar o preço do amor. Ele é forte como a morte e até nos faz morrer… Porque o amor também é doação! E é sempre o vencedor e nos ressuscita para vivermos livres e felizes voando alto como águias e alcançando o heroísmo ao qual Deus nos chama.


Dijanira Silva

Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN. Às terças-feiras, está à frente do programa "De mãos unidas", que apresenta às 21h30 na TV Canção Nova. É colunista desde 2000. Recentemente, a missionária lançou o livro "Por onde andam seus sonhos? Descubra e volte a sonhar" pela Editora Canção Nova.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/o-amor-tem-preco/

21 de abril de 2017

Como sofrer sem deixar a felicidade ser comprometida?

Sofrer com alegria e esperança

O sofrimento é inevitável na vida do ser humano. Isso implica em dizer que não existe fórmula mágica para deixar de sofrer nesta vida. Crentes e não crentes, ricos e pobres, poderosos e humildes, ninguém escapa do sofrimento.

Uns sofrem por não possuir, às vezes nem o necessário para sobrevivência, os pobres. Por sua vez, outros sofrem com medo de perder o que tem em abundância, os ricos. Os casados sofrem as dificuldades próprias do casamento, outros sofrem por não conseguirem casar. Sofrem ainda, os problemas provenientes dos filhos, outros, o problema é exatamente não poder ter filhos. Por isso mesmo, todos sem exceção, de algum modo sofrem.

-Como-sofrer-sem-deixar-a-felicidade-ser-comprometida-Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Sendo o sofrimento inevitável à vida de todos nós seres humanos, cabe-nos dar sentido para ele. Dar sentido ao sofrimento significa vivê-lo com alegria e esperança. Isso é possível quando unimos o nosso sofrimento ao sofrimento de Cristo na Cruz. Estas duas palavras, "alegria e esperança", precisam fazer parte do nosso vocabulário de modo que diante do sofrimento não nos desesperemos, pelo contrário, saibamos sofrer com alegria e esperança.

As duas palavras anteriormente mencionadas estão intimamente ligadas uma à outra. Todos que sofrem em Deus conseguem conjugar com estas realidades, aparentemente contraditórias: alegria e sofrimento, sofrimento e esperança. Diz São Paulo "Estou absolutamente convencido de que os nossos sofrimentos do presente não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada". (Rom 8,18). Quem tem Deus, sabe que o sofrimento presente passará, mesmo que seja duradouro. Sua esperança não está aqui neste mundo, mas no céu que a espera.

O Papa São João Paulo II, na Carta apostólica Salvifici Doloris, n 9, ao se referir sobre o sentido cristão do sofrimento humano, diz que, "no fundo de cada sofrimento experimentado pelo homem, […] aparece inevitavelmente à pergunta: por quê? É uma pergunta acerca da causa, da razão e também acerca da finalidade (para que).

De modo geral, toda pergunta sobre o sofrimento é sempre acerca do sentido. Esta pergunta não só acompanha o sofrimento humano, como também determina seu conteúdo. Continua o papa: "A dor, como é óbvio, em especial a dor física, encontra-se amplamente difundida no mundo dos animais. Mas só o homem, ao sofrer, sabe que sofre e se pergunta o porquê; e sofre de um modo humanamente ainda mais profundo se não encontra uma resposta satisfatória".

O cristão encontra na paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo um sentido para o sofrimento. A pergunta "por que?" e "para que?" são respondidas, embora não seja simples e muitas vezes satisfatória.


O sofrimento de Cristo foi redentor. Quando o sofrimento humano, unido ao d'Ele na cruz, também assume um sentido de redenção. Completo na minha carne, diz o Apóstolo São Paulo, ao explicar o valor salvífico do sofrimento, o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo seu Corpo, que é a Igreja. (Col, 1,24). Neste contexto, por amor de Deus, até mesmo o sofrimento tem um sentido, podendo tornar-se acontecimento de salvação. Ainda diz São Paulo "as nossas aflições leves e passageiras estão produzindo para nós uma glória incomparável, de valor eterno". (2Cor 4,17).

Na mensagem de Nossa Senhora de Fátima, no dia 13 de maio de 1917, ela faz uma pergunta para os Pastorinhos: "Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores?". E, no dia 15 de agosto do mesmo ano faz um pedido:"Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas". Com isto entende-se que a redenção através do sofrimento humano é tanto para a pessoa que sofre como também para aqueles nos quais ela queira oferecer.

Portanto meu irmão, não desperdice o teu sofrimento, ofereça em prol da tua salvação e também dos pecadores!

Como vimos, a dor pode ser um grande instrumento de salvação para nós e para os outros. Para a doutrina cristã, a dor, sobretudo a dos últimos momentos da vida assume um significado particular no plano salvífico de Deus, pois, é uma participação na Paixão de Cristo e uma união com o sacrifício redentor que Ele ofereceu em obediência à vontade do Pai. Ao saber disso, agora cabe a nós não desperdiçar nosso sofrimento, em vez disso, unir a Cruz de Cristo, em prol da nossa salvação e do mundo inteiro.

19 de abril de 2017

Como posso fazer para tirar força de minha fraqueza

Na onde posso encontrar  e tirar força para vencer minhas fraquezas

"Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte." (2 Cor 12,10).Esse versículo parece uma grande contradição paulina.

Como posso tirar força de minha fraqueza? Como posso diante de minha impotência ser potente? Isso só é possível dentro da perspectiva de alguém que se reconhece necessitado de Deus. Alguém que, como Paulo, sabe que sem a ação do Espírito Santo não se pode fazer nada.

Como posso fazer para tirar força de minha fraqueza-Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Quem era Paulo de Tarso?

Paulo era um cara muito estudado, de inteligência ímpar. Mas sabia que sua humanidade possuía fraquezas. E como lidava com isso?Somente submetendo tudo a Deus.

Fraco não é aquele que possui fraquezas, mas sim, aquele que se rende a elas.  Tocar em minhas fraquezas, em meu vazio, é perceber que quando não tenho mais nada posso contar com o Tudo de Deus.

Somos humanos, somos gente. Sentimos dor, sentimos sede, nos sentimos impotentes. Até Jesus em Sua humanidade também sentiu dor. E Ele não teve medo de apresentar as fraquezas d'Ele aos amigos e a Deus. No Getsêmani foi isso que nos foi apresentado de forma clara.

Uma história para ilustrar

Lembro aqui uma história antiga:

Um garoto de dez anos de idade decidiu praticar judô, apesar de ter perdido o braço em um terrível acidente de carro. O menino ia muito bem. Mas sem entender o porquê, após três meses de treinamento, o mestre havia lhe ensinado somente um movimento. O garoto então disse a ele:

– Mestre, não devo aprender mais movimentos?
O mestre respondeu ao menino, calmamente e com convicção:
– Este é realmente o único movimento que você sabe, mas também é o único movimento que você precisará saber.


Meses mais tarde, o mestre inscreveu o menino em seu primeiro torneio. O menino ganhou facilmente seus primeiros dois combates e foi para a luta final do torneio. Seu oponente era bem maior, mais forte e mais experiente. O garoto usando os ensinamentos do mestre entrou para a luta e, quando teve oportunidade, usou seu movimento para prender o adversário. Foi assim que o garoto ganhou a luta e o torneio. Era campeão.

Mais tarde, em casa, o menino e o mestre reviram cada luta. Então, o menino criou coragem para perguntar o que estava realmente em sua mente:

– Mestre, como eu consegui ganhar o torneio somente com um movimento?
– Você ganhou por duas razões – respondeu o mestre. – Em primeiro lugar, você dominou um dos golpes mais difíceis do judô. E, em segundo lugar, a única defesa conhecida para esse movimento é o seu oponente agarrar seu braço esquerdo.

Conclusão

A maior fraqueza do menino tinha se transformado em sua maior força. Assim, também nós podemos usar nossa fraqueza para que ela se transforme em nossa força. Não podemos ter medo de deixar o Mestre Jesus trabalhar nossa fraqueza. Ele sabe lidar com nosso "húmus", com aquilo que aparentemente é nossa fraqueza e dela tirar a maior riqueza e fortaleza.

 

 

17 de abril de 2017

O silêncio é o porteiro da vida interior

O silêncio não é somente a ausência de barulho

Muito me incomoda, em nossos tempos modernos, o barulho generalizado, ou seja, a falta de silêncio interior e exterior para podermos rezar, tomar decisões, escutar Deus, escutar a si mesmo e os outros. Outro dia, fui ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida e li, numa das colunas internas do local, o apelo: "Silêncio é também oração!". Parece que, diante de tudo o que vivemos, é necessário falar o tempo todo. Pouco se faz silêncio, e um dos motivos, penso eu, é que, na verdade, nós temos medo do que vamos ouvir, por isso, o silêncio nos incomoda tanto. Também porque, nos tempos de hoje, não educamos as pessoas para ouvir, vivemos em meio a muita informação e pouca comunicação.

O silêncio é o porteiro da vida interiorFoto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Antes mesmo de entrar no tema da oração, nos exercícios espirituais de conversão, percebo o quão necessário é silenciar.

Se a oração é diálogo, é fundamental que ela seja intercalada por profundos momentos de silêncio. Esse tem a função de abrir espaço para a Palavra do Senhor, Sua direção e Suas moções, mas também abre espaço para que ouçamos nós mesmos e os irmãos.

É preciso escutar, calar e ouvir

É verdade que o silêncio é imprescindível para rezar, mas não só para isso. Para qualquer diálogo, é preciso escutar, calar e ouvir o outro. Nós aprendemos a falar, porque escutamos nossos pais e irmãos falando, e começamos a dizer as primeiras palavras. É necessário escutar bem para falar bem e na hora certa. É necessário ouvir para aprender; silenciar para ter coragem de reconhecer o homem interior. É uma viagem tão pequena, que é feita da mente ao coração, mas temos um medo muito grande de realizá-la, porque não sabemos o que vamos encontrar lá. Outras vezes, até sabemos, mas não temos coragem de nos recolher no coração e nos deparar com alguns monstros bem conhecidos.

Há alguns níveis de silêncio que fogem, muitas vezes, do padrão, pois não é somente ausência de barulho.

É verdade que o primeiro nível do silêncio é o exterior, que pode incomodar muito e interferir em nossa vida e em nossa saúde. "Sem recolhimento não há profundidade"; vivemos na superficialidade, fazendo muito barulho para não escutar os gritos do nosso interior. O barulho das grandes cidades, hoje, é um problema até de saúde pública. Vemos muitas famílias procurando residências afastadas dos grandes centros, em sítios e cidades menores. Há necessidade de sossego para descansar o corpo e a alma.

O que é o silêncio interior?

O silêncio interior é, antes de tudo, o mais necessário e imprescindível para o ser humano, para o seu equilíbrio, para discernir e tomar decisões, para ouvir a sua consciência. Mesmo porque, haverá momentos em que, em meio a muitas pessoas conversando, trabalhando ou até se divertindo, isso não vai nos incomodar pelo nível do barulho feito pelo silêncio interior existente em nosso interior.  Por isso, a ausência de barulho interior, a agitação, o nervosismo e a distração são essenciais para a vida de todo ser humano.

Esse estado de espírito se desenvolve em nós quando temos paz.

Essa paz não é somente ausência de guerra, de confusão e brigas, mas provém de um caminho de maturidade e equilíbrio, que vamos fazendo em nossa vida, de escolhas, de pessoas que caminham conosco, pois o grupo ao qual nos associamos pode nos tirar ou nos dar a paz. E isso influência diretamente no nosso interior, no silêncio ou no barulho e confusão que transmitimos.  Daí nós nos tornamos promotores da paz ou da confusão, do silêncio ou do barulho.

"Shalom" é o nome da paz do Ressuscitado, uma paz completa que atinge o corpo e a alma de cada homem e mulher, que ultrapassa as condições externas e nasce de uma experiência interior, de uma coragem de encarar a vida e escutar as vozes de dentro e de fora. Jesus disse aos discípulos, com medo e escondidos no cenáculo, depois da experiência traumatizante da cruz: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração" (Cf. João 14, 27). Quando Deus visita o interior de nosso coração, nasce a paz, o silêncio e a coragem.

Paz interior

Silêncio não é somente uma questão de "psiu"! E como é chato ter a necessidade de fazer ou ver e ouvir alguém colocando o dedo indicador na boca e fazendo esse barulho [psiu], que mais irrita do que resolve. O que resolve, na verdade, é a paz, o "Shalom", que é a mãe do silêncio interior, que transborda para nossa vida exterior.

Desejo para você a paz, para que possa ter o silêncio e as condições de decidir e viver melhor a sua vida!

Se o silêncio é o porteiro da vida interior, façamos com coragem essa viagem preciosa da mente ao coração. Ao mundo desconhecido de nossa alma, de nossa consciência sem medo do que vamos encontrar: dos monstros e das situações do passado e do presente, sentimento de inferioridade e tantas outras coisas que guardamos dentro de nosso interior e que o barulho sufoca essas situações de se manifestar e ser resolvidas.

Sem recolhimento não há profundidade; sem silêncio não se ultrapassa a porta desse mundo interior, que está em nosso coração e precisa vir para fora. E você verá que o conhecendo, encontrará mais surpresas agradáveis.


Convido-o a rezar comigo a oração:

Virgem do Silêncio, tu que ouves nossas vozes, ainda que não falemos, pois compreende no movimento de nossas mãos a linguagem de nossos corações. Não te pedimos, Senhora, que nos dê a voz e o ouvido para nossos corpos, mas sim que nos conceda entender a Palavra do teu Filho e o discernimento dos espíritos e das situações. Chegar a Ele com amor para salvação de nossas almas.

Queremos amar nosso silêncio para evitar a calúnia, o ódio e o pecado, as decisões sem pensar, e calando dar testemunho de nossa fé.

Queremos oferecer-te o silêncio no qual vivemos, para que todos te chamemos de Mãe e sejamos verdadeiros irmãos, sem ódios nem rancores, como filhos teus. Pedimos que traduza nosso arrependimento, nossas palavras quando não conseguimos expressar, diante do teu Filho, na hora das decisões, das escolhas e na hora de nossa morte, para que na outra vida, possamos ouvir e falar cantando tua louvação por toda a eternidade. Amém.

"Sua mãe guardava todas estas coisas no coração" (Lucas 2,51).

Minha bênção fraterna,


    Padre Luizinho

Padre Luizinho, natural de Feira de Santana (BA), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 22 de dezembro de 2000, cujo lema sacerdotal é "Tudo posso naquele que me dá força". Twitter: http://@peluizinho


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/o-silencio-e-o-porteiro-da-vida-interior/

14 de abril de 2017

Sinais que os filhos manifestam de que há algo errado

Precisamos amar os filhos só 100%, o excesso de amor faz tão mal quanto a falta dele

Há filhos que são tão amados, que de príncipes viram os reis da família, definindo tudo: passeios, viagens, cardápio, canal da tv… Crianças assim, perdem a empatia, capacidade de sentir o que o outro sente, capacidade de perceber as necessidades do outro, as carências. Não sabem perder nos jogos, ditam as regras nas brincadeiras, e na medida em que crescem são rejeitadas pelos colegas. Na carreira terão dificuldade de seguir ordens. Tornam-se egoístas, não sabem ser gentis, não sabem mais amar ao próximo.

Se formos para o outro oposto, ou seja, crianças sem direito de escolha, com pais muito autoritários que repreendem duramente quando os filhos erram, tornam-se submissas demais.

Sinais-que-os-filhos-manifestam-de-que-há-algo-errado-Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

O perigo do filho "bonzinho"

Podem parecer filhos "bonzinhos", mas no fundo são fracos. Não sabem se defender das situações adversas com os colegas, fecham-se, engolem os sentimentos, preferem ficar isolados nos jogos individuais. Ouço mães dizendo: "Meu filho não dá trabalho nenhum, fica o dia inteiro no quarto!". Como consequência disso, quando crescem, vão permanecer fechados em si mesmos, com medo de dar passos na vida, com medo de errar. Pensam que precisam ser perfeitas para serem amadas. Como só conseguem "vencer" no mundo virtual dos jogos, podem se tornar dependentes deles. Ou ainda se rebelarão na adolescência, querendo viver a liberdade que acaba se tornando libertinagem.

Crianças muito racionais, que se dedicam só aos estudos ("nerd" ou "cdf"), podem estar escondendo dificuldades nos relacionamentos interpessoais. Elas se desenvolvem cognitivamente, tiram notas boas, no entanto são absolutamente analfabetas no desenvolvimento das emoções.

Essas crianças, geralmente vêm de famílias onde o trabalho e a carreira são os fatores mais importantes. Os pais esquecem de ensinar sobre a vida.

Ensinar sobre a vida

Neste caso, precisamos ajudá-las a desenvolver outras áreas do cérebro. Música e teatro ajudam no desenvolvimento da criatividade, sensibilidade, intuição e nos relacionamentos. Precisamos ajudá-las a sentir. Por exemplo, posso passear com eles em um parque, pedir para fecharem os olhos, sentir os aromas da natureza, o vento, os pés no chão, os sons da vida. Posso ensiná-las a prestarem atenção aos detalhes da vida: ver o amor entre as pessoas, a troca de carinho, o olhar de quem sofre.

Para ensinar sobre a vida, é preciso tempo. Questiono a frase: "O que importa não é o tempo, mas a qualidade do tempo", penso que esta frase é para tentar diminuir a culpa dos pais. As perguntas de nossos filhos, sobre o sentido da vida, o amor, a morte… surgem em momentos inesperados do dia. E espero que quem esteja ao lado para dar as respostas sejam os pais.


Sinal vermelho

Crianças tristes, ou agressivas, sinal vermelho. A tristeza e a agressividade em crianças pode significar depressão. Esses sintomas podem ser originários de traumas agudos, como abuso sexual, abuso verbal, abuso físico. Não só traumas agudos fazem as crianças sofrerem! Os problemas conjugais, traição, frieza, desamor entre o casal, geram dores profundas, levando inclusive crianças a adoecerem fisicamente e, no extremo, desejarem morrer. Em meu livro "Cura dos Sentimentos em Mim e no Mundo"(da Editora Paulinas), isto é explicado em detalhes.

Como saber se está tudo bem com meu filho

Criança é alegre, criança sorri, tem brilho no olhar. Perdoa, logo esquece. Tem empatia desde muito pequena, e chora ao ver outra criança chorando. Crianças são inteligentes, questionam, perguntam. Caem, choram, mas se levantam. Crianças confiam, creem mesmo sem ver. São intuitivas, capazes de sentir o que acontece na família, nascem sábias. Crianças não têm medo de viver, de abraçar, de beijar, de amar. Enfim, crianças são espirituais.

Adriana Potexki
Psicóloga, terapeuta certificada pelo EMDR Institute


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/familia/educacao-de-filhos/sinais-que-os-filhos-manifestam-de-que-ha-algo-errado/

12 de abril de 2017

Baleia Azul: o jogo que tem levado adolescentes ao suicídio

O perigoso jogo chamado Baleia Azul

O jogo "Blue Whale", muito conhecido como o jogo suicida, tem causado polêmica nos últimos dias. Tudo se deu depois que a Polícia da Europa descobriu ligações entre os casos de suicídio de adolescentes e o tal jogo. O Blue Whale, que traduzido significa Baleia Azul é um termo tão inocente mas de consequências trágicas; um jogo viral que tem por detrás um mentor que manipula e dá ordens a serem cumpridas pelos jogadores. Só é possível jogar se receber convite.

Sem entrar nos por menores porque aqui não é o objetivo, quero mais uma vez alertar para o problema que está por detrás do jogo: a vulnerabilidade do mundo adolescente.

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Se olharmos os perfis de quem entra neste caminho encontraremos pessoas humanas desejosas de serem olhadas, ouvidas e percebidas. O simples fato de receber um convite para entrar no "tão seletivo" jogo sacia de forma ou outra este vazio.

O público mais vulnerável é o adolescente, aquele mesmo que há alguns meses praticava o Jogo do desmaio. Vulnerabilidade latente nesta fase e que pode ser percebida na limitação do sono, busca por aventuras (algumas de risco), tédio (característico de uma mudança no sistema de recompensa), necessidade de firmar a identidade, etc.

A limitação e a má qualidade do sono podem ser percebidas nas poucas horas dormidas. Horas a fio em jogos online, ou filmes podem gerar um desgaste emocional e até mesmo um processo psicótico (fuga da realidade) e despersonalização. Nesta hora a fragilidade psíquica instaurada pode ser oportuna para entrar neste perigoso e trágico caminho como o jogo da Baleia Azul.

A busca por aventuras é marca na vida dos adolescentes, é sinal de uma ruptura com o mundo infantil e tentativa de se colocarem no mundo adulto. Infelizmente muitos vivem tal marca de maneira desorientada e até mesmo de risco. Receber um convite personalizado para cumprir várias metas é tocar em cheio na busca por aventura, sem capacidade reflexiva para perceber os riscos em que se encontram, podendo trilhar um caminho sem volta.


No início da adolescência, o sistema de recompensa (área do cérebro responsável pela sensação de prazer) perde mais de um terço da sua capacidade de ativação, como consequência temos o tédio. Apesar de ser ruim a curto prazo, o tédio tem um papel importantíssimo: ele nos faz abandonar os brinquedos da infância e começar a procurar novas atividades. Infelizmente, nesta busca podemos tropeçar e cair num buraco sem fim.

E por último, a necessidade de firmar identidade que existe em qualquer adolescente, encontra na combinação "mestre" x "discípulo" um jeito de se concretizar. Podemos pensar o que leva uma pessoa (adolescente/discípulo) a seguir ordens de alguém (mentor/mestre) que ela não conhece mas que ali funciona como um "desafiador" que precisa ser confrontado e assim a identidade será "firmada", mesmo que deixe de existir, tendo o suicídio como resolução final.

E ai você me pergunta: o que estes jogos têm de novidade? Talvez na essência, nada. Mas em sua construção utiliza o de sempre: a vulnerabilidade de nossos tempos, porém com novas roupagens.

Pais, estejam atentos aos seus filhos! Por mais que eles se achem maduros e crescidos, não entendem que boas (tanto na qualidade, quanto na quantidade) horas de sono são necessárias para o desenvolvimento saudável de sua personalidade, nem mesmo que as aventuras da vida tem consequências e algumas delas são irremediáveis. Que o tédio se supera com tolerância à frustração e que a identidade se firma com boas escolhas. Talvez aqui mais que um mentor detrás da tela que dá ordens a serem cumpridas, necessite de uma orientação para integrar tão paradoxais sentimentos adolescentes.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/baleia-azul-o-jogo-que-tem-levado-adolescentes-ao-suicidio/

10 de abril de 2017

Ser feliz: mais do que um direito, uma vocação

A felicidade, por tantos almejada, não se encontra no instante da realização, mas no processo da busca

A natureza da ação humana desde sempre – e mais intensamente agora – é norteada por um objetivo em comum: a busca da felicidade. Em todas as empreitadas que se propõem, os homens têm como "pano de fundo" a premissa do direito intrínseco e inalienável de serem felizes. E no afã de tal objetivo, lançam mão de todos os recursos, expedientes e vias que julgarem necessárias, pois, como afirmou Nicolau Maquiavel, "os fins justificam os meios". No entanto, até que ponto a busca pela felicidade é parâmetro inconteste para a ação humana? Qual a felicidade que o homem moderno está buscando? Ao lançar-se em busca de ser feliz a todo e qualquer custo, não estaria ele, na verdade, trilhando o caminho inexorável da infelicidade?

A ilusão da felicidade gratuita, descompromissada e perene, tem seduzido a muitos como o canto das sereias na mitologia grega. E tal como no mito, jogando o barco das vidas dos seduzidos nas rochas das frustrações, decepções e tristezas. No âmbito filosófico, a felicidade pode ser descrita como "estado de satisfação devido à situação no mundo", e como tal, é um conceito humano e mundano.

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

A felicidade, dentro desse parâmetro, está alicerçada naquilo que o mundo, dentro de sua materialidade, pode oferecer. As experiências sensoriais são descritas como o ápice da sensação de felicidade. As coisas, o lugar e o alimento constituem-se como as grandes vias de alcance da meta universal que é ser feliz. Não esquecendo que tudo isso deve ser alcançado com o gasto mínimo de energia, dentro da lei do menor esforço.

"O que é bom não pode ser fácil, e o que é fácil não pode ser bom."

A felicidade por tantos almejada não se encontra no instante da realização, mas no processo da busca. Exatamente por isso, mais importante que enrijecer os olhos na meta, é fundamental contemplar o cenário, olhar em volta e apreciar a paisagem, notar as pessoas que dividem conosco a jornada. Tudo isso possibilita a aquisição do cerne, da essência da felicidade: o sentido.


"Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração" (Mt 6,21).

O que tem feito você levantar, a cada dia, e seguir em frente? O que o impulsiona a enfrentar os desafios de cada dia, as dificuldades multiformes do deslocamento, do trabalho, saúde e finanças? O que o faz voltar a acreditar e dizer para si mesmo "não vou desistir" quando os que estão ao seu redor começam a entregar os pontos? O que para você continua fundamental, essencial, basilar, ainda que as pessoas, o mundo, não o percebam assim? Aí está o sentido para você.

Onde depositamos o sentido de nossa vida?

A percepção do sentido é epifânica, reveladora, pois favorece um profundo desnudar de si para si e possibilita contemplar a natureza do próprio sentido assumido. Ou seja, aquilo que nos é mais caro, é onde depositaremos nosso coração, e também o sentido de nossa vida, que é breve e extraordinária. Trágico é equivocar-se nessa ação e eleger como central o que é periférico, como eterno o que é efêmero, como essencial o que é dispensável.

Jesus nunca se impôs, por meio de sua condição divina, a nenhum homem, enquanto aqui esteve em seu apostolado, para que alguém o seguisse. Em sua pedagogia, sempre primou por nossa liberdade, por compreender que apenas nela é possível surgir o verdadeiro amor, capaz de gerar o seguimento, por meio do encontro do sentido, do bem maior, do tesouro.

Santidade, única via para a real felicidade

O encontro com Jesus é capaz de gerar no homem o despertar de sua vocação primeira e original: a santidade. A partir desse encontro de amor, tudo que é vivenciado ganha novas cores, nova conotação. Surge no interior de quem adere a esse caminho uma felicidade que não está no ponto futuro, mas nas opções que faço no hoje. Não se encontra no que ainda verei, mas é assegurada pela convicção ímpar que brota da fé. Para além das transitoriedades do mundo material, onde a felicidade é circunstancial e reativa ao meio e ao tempo, com Jesus ela é perene e contínua, pois é originada no Eterno.

Ser santo é obra de uma vida.

A busca pela santidade é a via única para a real felicidade, que em centelha aqui experimentamos. A certeza de que nos caminhos do Senhor seremos tudo aquilo que podemos e devemos ser. Para além das ilusões, das imperfeições, dos limites, o eterno que está em nós busca o Eterno que é Deus. Nele somos e seremos felizes em plenitude. Para tal basta apenas que renovemos diariamente o nosso sim, a nossa adesão livre e amorosa ao seu convite. Você já deu o seu 'sim' de hoje à felicidade?

"Fé é assim: primeiro você coloca o pé, depois Deus coloca o chão."

7 de abril de 2017

O segredo de Maria nos aprofunda no amor de Deus

O segredo de Maria de nada nos serviria se não o conseguíssemos transpor para nossa vida

Para que uma pessoa exponha seus segredos, é necessário haver certo grau de intimidade com outra. Mesmo que haja laços de parentesco entre elas, é necessário haver intimidade. Assim também acontece entre mãe e filho. Ao pedirmos que Nossa Senhora nos revele, exponha os seus segredos, faz-se necessário que nos coloquemos de pés descalços ou, porque não, de joelhos, como quem pede: "Revela-nos, mostra-nos teu coração!" Só assim estaremos aptos a receber, ou melhor, compartilhar do seu segredo.


Foto: Arquivo/cancaonova.com

Segredo de Maria

Esvaziemo-nos. Façamos silêncio. Aquele silêncio que pairava no mundo em suas origens e que pairou no ventre de Maria. Façamos silêncio. Falemos com nossa alma: Silencia alma minha! Cala ruído de minhas vontades! Silêncio, mundo que me atrai! Alguém que amo vai me contar um precioso segredo. Este, se não mudar o mundo, com certeza mudará o meu mundo, se eu permitir. Mãe, conta-me teu segredo.

É no abismo do bem querer de Deus que começa o segredo de Maria. O que isso significa? Nosso ponto de partida encontra-se no relato do anúncio do Anjo Gabriel (Lc 1,26-38). Nessa passagem, percebemos que a iniciativa da oração sempre parte de Deus. Ele é, de certo modo, o mendigo de Amor, pois se encontra a bater à porta de nosso coração. Em uma constante atitude de espera, de súplica, está sempre pronto a ir ao nosso encontro e convidar-nos para o banquete. Não importa o estado em que nossa alma se encontra nem por quais caminhos tortuosos tenhamos andado. Ele está sempre a nos esperar, disposto a nos enlaçar em seu abraço de Pai.


Ternura do amor de Deus

O segredo de Maria consiste em deixar-se constantemente abraçar e em ser alcançada por esse amor. Consiste, ainda, em permitir que as torrentes da infinita ternura de Deus a surpreenda, como em inúmeras vezes na sua história. Por isso, as gerações a conhecem como a Bem-amada, Bem-aventurada, a Imaculada Maria.

Precisamos redescobrir em nós, em nossa vida, que somos bem amados. A verdadeira oração consiste em, antes mesmo de amar, sentirmo-nos amados. Mais que sentir, sabermos-nos amados, reconhecermo-nos amados. Na Primeira Carta de São João (I Jo 4, 10) está escrito: "Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou e enviou-nos o seu Filho". A experiência inicial e incondicional para qualquer chamado autêntico e essencial é a de ser amado. Sou amado e por isso respondo com amor.

Ao mergulharmos ainda mais no segredo de Maria, a profundidade a que chegaremos somente o Espírito Santo poderá medir. Pensemos que outra característica da iniciativa divina é a liberdade. Deus escolhe quem quer. Ele é livre, ama sendo livre e liberta, porque ama. Nesse âmbito, olhemos para a Imaculada Conceição.

Deus quis fazer Maria sem mancha de pecado, porque Ele é livre. Esse amor a libertou uma vez e para sempre, tornou-a sem mancha, purificou-a e a fez participante por primeiro dos méritos de Seu Filho. Eis que Seu amor profundo cria a Arca da Nova Aliança. Quis deixar-nos marcados não mais pela lembrança daquela humanidade que desejou ser como Deus, e sim, pela mulher que soube encantá-Lo ao se fazer escrava para fazer a vontade do Pai e se tornar a mãe de Salvador. Esse mesmo Deus, em sua liberdade, escolheu você para ser filho de Maria, para ser seu bem amado!

Transpor as dificuldades

O segredo de Maria de nada nos serviria se não o conseguíssemos transpor para nossa vida. Podemos encontrar a presença do amor de Deus nos acontecimentos simples do dia a dia, seja ao receber uma palavra de conforto de um irmão ou a sua oração por nós. São pequenos mimos de um Deus que ama. Muitas vezes, isso acontece não só naquilo que nós desejamos, mas em coisas que nós nem sabíamos que precisávamos. Acontece em dificuldades por vezes nem conhecidas ou em realidades que já conhecemos, mas diante das quais não teríamos coragem de seguir em frente devido às renúncias que nos seriam exigidas. É preciso amar muito para renunciar, para aceitar a correção e para ter a coragem de corrigir, de educar a alma. Deus nos envia provações, porque nos ama.

Às vezes, estamos esperando espetáculos do Senhor. Maria sabia o segredo: Deus é maravilhoso, não mágico. É poderoso, não é fantasia. Ele se revela em gestos constantes de amor, presentes e inesperados. A vontade de recomeçar que temos é Deus amando! É como o amanhecer que renasce todos os dias! Não importa o tamanho da dificuldade que temos em rezar, Deus está nos amando de novo. Eu sou seu bem-amado, sua bem-amada. Ele está tomando a iniciativa. É o silencio da luz que ressurge rompendo as trevas, não importando o quanto dure a noite.


Érika Vilela

Mineira de Montes Claros (MG), Érika Vilela é fundadora e moderadora geral da comunidade 'Filhos de Maria'. Cursou Medicina pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas e, atualmente, faz especialização em Psiquiatria pelo Centro Brasileiro de Pós-graduações.

Érika atua como pregadora, articulista, missionária pela Casa Mãe de Misericórdia e médica na Estratégia Saúde da Família e na Clínica Home-Med. Evangelizadora com fé e ciência, duas asas que nos elevam para o céu, ela tem a bela missão de encontrar, na união mística com a dor salvífica de Cristo, a força para seguir em frente, sabendo que Deus opera sempre as Suas maravilhas!


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/o-segredo-de-maria-nos-aprofunda-no-amor-de-deus/

5 de abril de 2017

Conheça Jeanne, uma mulher que enfrenta o câncer de mama

"Não é um tratamento fácil nem rápido, mas é possível e cheio de momentos de vitórias em Deus", disse Jeanne

O canal de formação traz o testemunho de Jeanne Gomes Pereira, de 42 anos, professora da cidade de Brasília (DF), que foi diagnosticada com câncer de mama, em 2015, mas que buscou forças na oração e na sua família para vencer cada fase do tratamento.

Conheça, Jeanne, uma mulher que enfrenta o cancer de mamaFoto: Arquivo pessoal/cancaonova.com

O diagnóstico em mãos e a força para lutar contra o câncer de mama

Sempre fiz exames de rotina e, por causa do trabalho, estava uns meses em atraso. A primeira coisa que preciso falar é que meu coração (Espírito Santo) me avisou que algo não estava certo.

O médico já ia me liberar para o retorno dos próximos seis meses, dizendo que meus nódulos eram benignos, como os que já acompanho há mais de 20 anos. Eu, no entanto, insisti no incômodo recorrente na minha axila. Então, ele decidiu pedir mais um exame, coletou um material no consultório e enviou para biópsia para desencargo de consciência. No dia da consulta, peguei o resultado, sentei na sala de espera e suportei o máximo que minha ansiedade permitiu para não abrir o exame antes de entrar no consultório médico, o que não foi possível, claro. Li: "carcinoma ductal infiltrante com comprometimento axilar".

Minha mente, e acho que todos os meus sentidos e tudo ao meu redor, silenciou. O médico me chamou, sentei à sua frente, entreguei o exame, ele leu, olhou para mim e perguntou se eu havia lido. Diante da minha afirmativa, perguntou se eu havia entendido, e eu disse que sim também. Ele me perguntou se eu estava só e falei que estava, mas que meu marido trabalhava perto e eu poderia chamá-lo; e assim fiz. Em alguns minutos, Anderson estava lá. Eu já estava trêmula e pensei na primeira coisa difícil: contar para minha mãe – ela não merecia essa dor. Pensei nos meus filhos, no meu trabalho, nos primeiros cinco quilômetros que eu havia corrido (devagar) há uma semana. Quando meu marido sentou, segurou forte minha mão e me deu forças para irmos direto ao que interessava.

Queríamos saber qual era o tratamento, quando começava, qual era o prognóstico de cura. Pego de surpresa pelo resultado, até o médico, começou a nos falar que precisava de exames complementares, mas as chances eram boas e que o caso era cirúrgico, envolveria quimioterapia e radioterapia.

Pegamos os pedidos de exames e saímos meio desnorteados. Já era começo da noite e, neste momento, eu já não controlava mais o choro, por mais que o Anderson tentasse me acalmar e dizer que o tratamento daria certo. Estávamos no meio da rua, e eu liguei para uma amiga, que havia passado por um caso recente de câncer na família. E aí veio a mão de Deus, pela segunda vez, sobre mim. Há muitos anos, eu escutei a seguinte frase: "Tudo acontece igual para os que creem em Deus, as respostas é que são diferentes". Vendo meu desespero, ela pediu que eu aguardasse onde estava. Em alguns minutos, retornou a ligação e me disse que o oncologista que ela conhecia estava me esperando imediatamente no consultório dele. Fomos, eu chorando, Anderson tentando me acalmar. Quando entramos na sala daquele homem, ele sorriu e me abraçou. Era o abraço que eu precisava naquela hora. Como se me conhecesse há anos, ele disse: "Minha querida, você está curada. Eu, você, seu marido e Deus estamos nesta guerra para vencer". E assim, em abril de 2015, começou a nossa batalha.

Desafios psicológicos e físicos ao longo do tratamento

Receber o diagnóstico de um câncer é como sofrer um acidente: você está indo muito bem, trabalhando, cuidando dos seus filhos, na correria do dia a dia, mas, de repente, dá de cara com um "muro de concreto", que o para bruscamente. A primeira coisa que você pensa é que vai morrer; depois, entende que existe muita chance de cura, pela medicina e pela fé, a qual, num primeiro momento, nos falta sim. Eu, que amo meu trabalho – 24 anos como professora –, tive muita dificuldade de me afastar da escola. Mas como comecei o tratamento com quimioterapia, que é muito debilitante, não tinha condições de trabalhar. A imunidade fica baixa, o corpo dói, os cabelos caem, temos enjoos, fraqueza, até a visão fica prejudicada.

Foram seis meses de quimioterapia. Foram seis meses tentando manter a estabilidade emocional dos meus filhos e do meu esposo. Eu "passava mal" quando eles não estavam em casa, era quando eu fazia repouso. Quando chegavam da escola, na medida do possível, eu almoçava junto e ajudava com as tarefas; quando estava bem, levava para os esportes ou apenas ficava assistindo desenho ali do ladinho. Não é fácil ser uma mãe em um tratamento de câncer, administrando a chegada da adolescência de um filho, com todos os seus hormônios, angústias, descobertas, alegrias, tristezas e um caçula cheio de energia e peraltice. Estar debilitada em meio a deveres de casa, advertências, paixonites, pesquisas, futebol, desenhos, skates, bicicletas, lanches, basquete, decepções, alegrias, frustrações, video-games, aniversários, amiguinhos, primos, resfriados, machucados, cáries, furos de orelha, tênis, chuteiras e uniformes. Uma médica da perícia disse que, a partir do diagnóstico, meu mundo deveria ser cor-de-rosa, que eu não deveria me preocupar com mais nada, mas sinto muito, ele continuou azul com bolinhas brancas. E nós continuamos seguindo em frente.

No dia 17 de dezembro de 2015, submeti-me a uma mastectomia radical. Mais um passo para a cura do câncer. Depois da quimioterapia e do repouso para a recuperação e cicatrização, fiquei tentando me reencontrar dentro de um corpo redefinido por uma doença. Não sabia que ia doer tanto! Não consegui me reconhecer no espelho, mas, com a graça de Deus, encontrei-me no olhar das pessoas que me amam.

Apoio da família e dos amigos

Se existe um lado bom na doença, eu já descobri alguns. Eu nunca tive tempo livre para estar com meus filhos e acompanhar a vida escolar deles. Sempre cuidando dos filhos dos outros, sempre uma correria, um estresse. Agora, no entanto, tenho passado muito mais tempo com eles. Segundo: eu sabia que era amada, mas eu não imaginava o quanto!

Desde o momento que contamos para os nossos irmãos de Igreja, eles não rezaram por mim somente, eles me pegaram no colo. Como cantávamos nas Missas e participávamos, há muito tempo, da Renovação Carismática Católica (RCC), da Catequese e do Encontro de Casais com Cristo (ECC), pessoas que nem conheço diziam que rezavam por mim.

Um dia, cheguei para cantar no Encontro de Casais com Cristo e todas – TODAS – as mulheres estavam de lenço (nunca vou me esquecer desse gesto de amor!). Minha família é meu suporte. Meu esposo é quem me ajuda a não fraquejar. E minha mãe? Lembra que eu achava que ela não ia aguentar? Ela e meu pai tomaram para si a obrigação de me levar para a maioria das sessões de quimioterapia e radioterapia. Minha mãe cuidou do meu pós-operatório, dando-me banho e comida. Ficou forte ao meu lado. Minha sogra, meus irmãos, cunhados e amigos se revezaram no cuidado com as crianças, nas atividades que eles precisavam ir, nas minhas rotinas médicas, na minha cozinha. Foi um exercício de amor, humildade e compaixão, que nunca imaginei viver.

A presença de Deus

Não deixei de cantar nas Missas; só faltei quando fiz a cirurgia. Creio na força dos sacramentos: Eucaristia, confissão, unção dos enfermos. Confio muito no poder da oração: na minha e na de todos que estão rezando por mim. Acompanho o 'Sorrindo pra Vida' todas as manhãs, pela TV Canção Nova, e sinto a presença de Maria sempre ao meu lado. Cresci numa comunidade Mariana. Muitas vezes, quando rezam por mim, confirmam a presença dela. Sei que ela intercede pela minha cura e sei que ela me ajuda no dia a dia, nas minhas tarefas, nas minhas dores. Rezo o terço e o ofício. Eu amo Nossa Senhora demais!

Fazer ou não tratamento psicológico?

Faço acompanhamento psicológico, pois, depois de alguma resistência, meu oncologista me convenceu. Estava com dificuldades para dormir e muito fragilizada com todo o tratamento, as mudanças do corpo. Ela me explicou que vivo um pós-trauma, e que é normal precisar de ajuda. Eu acredito que é preciso ser humilde para aceitar que não damos conta só, e que toda ajuda é bem-vinda.

A autoestima da mulher diante do câncer de mama

Quando o cabelo começou a cair, pedi ao meu marido que passasse a máquina. A princípio, usei lenços ou toucas, mas estava muito calor e, muitas vezes, eu andava carequinha mesmo. Chamava a atenção das pessoas, mas eu me acostumei. Algumas pessoas olhavam com estranheza, mas muita gente olha como se dissesse: "Força!". Há dias em que visto um monte de roupas, choro, acho que tudo está feio e não quero sair; mas eu me permito um pouquinho de luto pelo cabelo e a mama. Mas amanhã eu reajo e me acho linda de cabelo curto!

Diante do câncer de mama, não desanime

Não somos apenas uma mama. Somos mulheres inteiras e vai continuar a ser, mesmo depois do câncer. Ele não tem o poder de diminuir nada que somos: mulher, mãe, filha, esposa, amiga e irmã. Não é um tratamento fácil nem rápido, mas é possível e cheio de momentos de vitórias em Deus. Fé, foco e força.



Formação Canção Nova


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/saude-atualidade/conheca-jeanne-uma-mulher-que-enfrenta-o-cancer-de-mama/

3 de abril de 2017

A falta do desejo sexual entre o casal

Diversos fatores causam falta de desejo sexual entre o casal

Ninguém nos conhece melhor do que o nosso cônjuge, pois, diariamente, por meio da vida partilhada, acompanha o desenvolver de nossas capacidades e conhece as nossas limitações. Contudo, desapontamentos hão de acontecer dentro do convívio entre marido e mulher, e para evitar que pequenas brigas gerem grandes "icebergs" nos relacionamentos, os casais precisam entender que, além de suas diferenças, eles estão também em constante formação.

Foto:  gpointstudio by Getty Images

Por natureza, homens e mulheres são diferentes na maneira de pensar e reagir. Não obstante, também o são naquilo que diz respeito ao comportamento sexual.

Desarmonia sexual como causa de desentendimento

Face a uma decepção, a convivência poderá se tornar mais ácida e o ressentimento poderá encontrar nesse terreno as condições ideais para corroer também os afetos e a atração mútua, provocando, consequentemente, a falta de interesse pela vida sexual. Não é difícil encontrar casais cujo motivo do desentendimento seja a desarmonia no que diz respeito ao apetite sexual.

A relação sexual entre marido e mulher traz um significado muito maior, que supera o prazer genital. De maneira divina, o sexo expressa para o outro tudo aquilo que as palavras não mais traduzem; robustecendo, ao mesmo tempo, o vínculo e o comprometimento, os quais fecundam a relação entre ambos. Nisso compreende o casamento, cujo vínculo une corpo, alma e espírito, fazendo com que casais perseverem em seus votos.

Essa sensação de realização do prazer sexual não se prende apenas a alguns momentos que sustentam o ato em si, mas se estende por dias a fio, nos quais o casal ainda alimenta, com gestos de carinho, aquele que muito ama, resgatando sempre as expressões de indivíduos apaixonados.

Dica para os esposos

Alguns maridos esperam que as esposas estejam sempre prontas para seu deleite e, mesmo mal-humorados ou pouco asseados, pensam que a esposa tem a "obrigação" de servi-los no momento em que bem entendem. Para esses homens, infelizmente, o desejo pelo sexo se limita a ocasiões em que estão somente na cama com a esposa, mas distantes do mínimo de romantismo.

Ninguém pode forçar alguém a desejá-lo de maneira mais íntima, pois a relação sexual não se limita apenas ao ato mecânico de movimentos, mas exige uma atenciosa preparação por parte dos cônjuges.

A esposa precisa sentir-se importante para o marido

Para que a intimidade sexual não esfrie, a esposa precisa se sentir próxima do marido; no entanto, na vida conjugal, ser próximo não significa estar perto. Estimular o desejo sexual não se faz com presentes caros, idas a motéis, filmes pornográficos entre outras coisas, mas sim permitindo que a esposa se sinta importante para o marido. Para isso, há a necessidade de fazê-la se sentir cuidada, merecedora da atenção de quem a ama. Se necessário for, expresse o contentamento com elogios, flores, torpedos, bilhetes apaixonados, prestando ajuda nos seus afazeres etc. Sem exercer pressão, a esposa, naturalmente, dará delicados sinais ao marido, de modo que este perceba quando ela estiver pronta para viver esse tipo de intimidade.

Ninguém poderá adivinhar o que se passa com o outro se este não reivindicar as mudanças naquilo que parece ser incômodo. Somente por meio do diálogo os casais podem aprender com as diferenças do sexo oposto, de forma a crescerem juntos no conhecimento almejado.


Assumir as responsabilidades com o cônjuge sobre a situação a que chegou o relacionamento será o primeiro passo para resolver os problemas. Muitas vezes, haverá necessidade simplesmente de quebrar o silêncio nocivo da intolerância e da inflexibilidade para dar chance ao entendimento. Omitir-se ou negar a oportunidade para o diálogo nunca será a melhor opção para evitar que o fogo do desejo se extinga entre os casais.

Deus os abençoe!